Francisco José Ribeiro de Vieira e Brito: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
Linha 2:
'''Francisco José Ribeiro de Vieira e Brito''' ([[Rendufinho]], [[6 de Junho]] de [[1850]] — Rendufinho, [[12 de Julho]] de [[1935]]) foi o 30.º bispo da [[Diocese de Angra]], nos [[Açores]], e depois o 74.º [[Diocese de Lamego|bispo de Lamego]].
==Biografia==
Francisco José Ribeiro de Vieira e Brito nasceu a [[6 de Junho]] de [[1850]] em [[Sobradelho]], freguesia de Santa Maria de [[Rendufinho]], do concelho da [[Póvoa de Lanhoso]]. Era filho do dr. Francisco Hilário Ribeiro de Sousa e Brito e de D. FelisardaFelizarda Rosa Vieira de Campos.
 
Estando destinado à vida eclesiástica, ingressou no liceu e no seminário de Braga, onde concluiu o curso de [[teologia]]. Entretanto, recebera aos 12 anos a ''prima [[tonsura]]''.
Linha 13:
 
A [[13 de Janeiro]] de [[1892]] foi apresentado para o lugar de bispo de Angra, para o qual foi confirmado a [[5 de Março]] imediato e sagrado a [[27 de Março|27]] daquele mesmo mês e ano. Tomou posse, pessoalmente, da sua Diocese a [[11 de Abril]] de [[1892]], dia em que fez a sua entrada solene na cidade de [[Angra do Heroísmo]].
 
Logo no início do seu episcopado teve de enfrentar sérios problemas resultantes da poderosa oposição que era movida ao bispo sempre que este pretendia permutar padres entre as diversas paróquias. Ficou célebre a disputa entre o bispo e as elites de [[Santa Cruz (Praia da Vitória)|Santa Cruz]] da [[Praia da Vitória]] sobre a transferência do ''Padre Santo'', alcunha pela qual era conhecido o sacerdote Francisco da Rocha e Sousa, muito querido naquela localidade.
 
Promoveu um encontro geral do clero, tendo nele feito aprovar importantes orientações sobre vários temas pastorais, incluindo normas sobre o culto do [[Espírito Santo]] e sobre o relacionamento com as [[Irmandades do Divino Espírito Santo]], então em fase de grande renascimento e de construção de Impérios.
 
Por Provisão de [[17 de Janeiro]] de [[1894]] separou da ouvidoria de [[Vila Franca do Campo]] as freguesias que constituíram a ouvidoria do [[Nordeste]], num território correspondente ao respectivo concelho.
 
Criou no [[Seminário Episcopal de Angra]] aulas de Liturgia e Cantochão (1899-1900) e pôs em execução um novo plano de estudos, onde, com a disciplina de Introdução às Ciências Naturais, se formou o chamado Museu do Seminário, que teve como orientador o cientista Dr. [[José Augusto Nogueira Sampaio]], então Reitor do Liceu de Angra, que doou várias peças da sua valiosa colecção de História Natural.
 
Durante o seu episcopado nos Açores acentuou-se o clima de conflito entre o Estado português e a Igreja Católica, o qual se agudizou em Fevereiro de [[1901]] com o despoletar no [[Porto]] do escândalo conhecido pelo [[caso Calmon]], o qual levou à aprovação pelas Cortes, sob grande pressão mediática, dos decretos de [[10 de Março]] de [[1901]] e [[18 de Abril]] de [[1901]], reforçando a proibição da existência de conventos e outras formas de comunidade religiosa, já banidos pelo liberalismo inicial, mas que entretanto tinham sido reticentemente tolerados. Em consequência daquele decreto, a existência de instituições religiosas foi novamente proibida, tolerando-se apenas aquelas que tinham como finalidade a ''instrução ou beneficência ou a propaganda da Fé e civilização no Ultramar''. O reflexo imediato na diocese açoriana foi o encerramento forçado e a expulsão do arquipélago de dois sacerdotes [[jesuíta]]s que há anos viviam isoladamente no antigo Convento da Graça, no Alto das Covas da cidade de [[Angra do Heroísmo]] (no lugar da actual Escola Infante D. Henrique).
 
Apesar da sua saída iminente, ainda acompanhou a visita real realizada pelos reis D. [[Carlos I de Portugal]] e D. [[Amélia de Orleães]] aos Açores, tendo estado na recepção real então realizada em [[Ponta Delgada]], figurando em posição proeminente na pintura alusiva, da autoria de [[Ernesto Ferreira Condeixa]], que existe no hall da entrada do [[Palácio de Santana]], naquela cidade.
 
Numa decisão polémica, que provocou fortes reacções entre a população, os padres Francisco Pereira e Bernardino de Araújo, assim se chamavam aqueles clérigos, apesar de declararem não formar comunidade, foram considerados pelo governador civil como sendo estabelecimento de catequese, propaganda e doutrinação, logo incorrendo na extinção decretada. Não obstante as razões invocadas pelo bispo e as considerações, enérgicas e seguras, do Cabido expressas num documento notável, a forte agitação popular e da imprensa católica, foram os dois padres intimados a sair de casa e metidos ''em carro fechado e debaixo de custódia'', sendo assim conduzidos até ao [[Fortaleza de São João Baptista|Castelo de São João Baptista]] do [[Monte Brasil]], de onde embarcaram, à noite, pela baía do Fanal, para bordo do vapor ''Açor'', que os levou para a metrópole.
Linha 20 ⟶ 30:
A desautorização sofrida pelo bispo neste processo, e o consequente agudizar do conflito religioso entre as autoridades governativas, o bispo e a fortíssima maioria católica local, envenenou o resto do episcopado deste bispo, que obteve a apresentação para bispo da [[Diocese de Lamego]] logo em Dezembro daquele ano de [[1901]]. O incidente foi um prenúncio dos grandes conflitos que se desencadeariam nos Açores com a [[Proclamação da República Portuguesa|implantação da república portuguesa]] e com a nacionalização dos bens da Igreja que se lhe seguiu.
 
Saiu da [[Diocese de Angra]] em princípios de [[1902]] para tomar posse da [[Diocese de Lamego]], tendo recebido uma ''despedida afectuosa''. Ficou como governador do bispado de Angra o deão Reis Fisher, que pouco depois foi por votação eleito vigário capitular.
 
Em Lamego instituiu as [[Conferências de São Vicente de Paulo]].
 
Estando D. Francisco José Ribeiro de Vieira e Brito em [[Lamego]] e, depois, em [[Rendufinho]], ainda conferiu ordens presbiterais a novos sacerdotes dos Açores, que ali tinham de se deslocar devido à longa vacância da Sé de Angra que se seguiu.
 
{{esboço}}
Faleceu a [[11 de Julho]] de [[1935]], aos 85 anos de idade, na sua freguesia natal de [[Rendufinho]], onde residia desde o ano de [[1922]] em que renunciara a diocese de Lamego.
 
=={{Links}}==
*[http://www.agencia.ecclesia.pt/diocese/pub/11/noticia.asp?jornalid=11&noticiaid=22071 Nota biográfica de Vieira e Brito na página da Diocese de Angra]