Invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos: diferenças entre revisões
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|combatente1 ={{flag|Estados Unidos|1960}}<br />{{flag|Reino Unido}}<br />{{flag|Austrália}}<br />{{flag|Canadá}}<br /> {{flagicon|Afghanistan|1992}} [[Aliança do Norte]]
|combatente2 ={{flagicon|Afghanistan|Taliban}} [[Emirado Islâmico do Afeganistão]]<br>
:[[Taliban]]
[[File:Flag of al-Qaeda.svg|border|23px]] [[al-Qaeda]]
|comandante1 ={{flagicon|Estados Unidos|1960}} [[George W. Bush]]<br />{{flagicon|Estados Unidos|1960}} [[Tommy Franks]]<br />{{flagicon|Reino Unido}} [[Tony Blair]]<br />{{flagicon|Afghanistan|1992}} [[Burhanuddin Rabbani]]<br />{{flagicon|Afghanistan|1992}} [[Mohammed Fahim]]<br />{{flagicon|Afghanistan|1992}} [[Abdul Rashid Dostum]]<br />{{flagicon|Afghanistan|1992}} [[Karim Khalili]]
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A '''invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos''' ocorreu após os [[ataques de 11 de setembro]] no final de [[2001]] <ref>Peter Dahl Thruelsen, From Soldier to Civilian: DISARMAMENT DEMOBILISATION REINTEGRATION IN AFGHANISTAN, DIIS REPORT 2006:7, 12, supported by Uppsala Conflict Database Project, Uppsala University.</ref>, apoiado por aliados próximos. O conflito também foi conhecido como '''guerra dos Estados Unidos no Afeganistão'''.
O [[presidente dos Estados Unidos]] [[George W. Bush]] exigiu que o Taliban entregasse [[Osama bin Laden]] e expulsasse a al-Qaeda, bin Laden já estava sendo procurado pela ONU desde 1999. O Taliban se recusou a extraditá-lo, a menos que lhes fossem dado o que eles consideravam provas convincentes do seu envolvimento nos ataques de 11 de setembro <ref>{{
▲A '''invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos''' ocorreu após os [[ataques de 11 de setembro]] no final de [[2001]] <ref>Peter Dahl Thruelsen, From Soldier to Civilian: DISARMAMENT DEMOBILISATION REINTEGRATION IN AFGHANISTAN, DIIS REPORT 2006:7, 12, supported by Uppsala Conflict Database Project, Uppsala University.</ref>, apoiado por aliados próximos. O conflito também foi conhecido como '''guerra dos Estados Unidos no Afeganistão'''. <ref>{{cite web |url=http://www.cfr.org/afghanistan/us-war-afghanistan/p20018 |title=U.S. War in Afghanistan: 1999-Present |author=<!--Staff writer(s); no by-line.--> |date=2014 |website=cfr.org |publisher=Council on Foreign Relations |accessdate= }}<br/>{{cite web |url=http://www.nbcnews.com/id/33210358/ns/world_news-south_and_central_asia/t/us-war-afghanistan/#.VOj0EHzF-8A |title=U.S. War in Afghanistan |author=<!--Staff writer(s); no by-line.--> |date=2015 |website=NBCNews.com |publisher=NBC News Digital |accessdate= }}<br/>{{cite news |last=Lamothe |first=Dan |title=This new graphic shows the state of the U.S. war in Afghanistan |url=http://www.washingtonpost.com/news/checkpoint/wp/2015/01/06/this-new-graphic-shows-the-state-of-the-u-s-war-in-afghanistan/ |publisher=Washington post |date=6 de janeiro de 2015 |accessdate= }}<br/>{{cite book|author1=Matt Doeden|author2=Blake Hoena|title=War in Afghanistan: An Interactive Modern History Adventure|url=http://books.google.com/books?id=gbxLAgAAQBAJ&pg=PT2|date=1 January 2014|publisher=Capstone|isbn=978-1-4765-5221-7|page=2}}<br/>{{cite book|author1=David P. Auerswald|author2=Stephen M. Saideman|title=NATO in Afghanistan: Fighting Together, Fighting Alone|url=http://books.google.com/books?id=XXtAAQAAQBAJ&pg=PA87|date=5 de janeiro de 2014|publisher=Princeton University Press|isbn=978-1-4008-4867-6|page=87}}<br/>{{cite book|author1=Michael Cox|author2=Doug Stokes|title=US Foreign Policy|url=http://books.google.com/books?id=9nGmUJ9HwwgC&pg=PA140|date= |publisher=Oxford University Press|isbn=978-0-19-958581-6|page=140}}<br/>{{cite book|author=Robert M. Cassidy (Ph.D.)|title=Peacekeeping in the Abyss: British and American Peacekeeping Doctrine and Practice After the Cold War|url=http://books.google.com/books?id=wEvUeAAXjHQC&pg=PA243|year=2004|publisher=Greenwood Publishing Group|isbn=978-0-275-97696-5|page=243}}</ref> Os seus objetivos públicos eram desmantelar a [[Al-Qaeda]], e negar-lhes uma base segura de operações no [[Afeganistão]] removendo o [[Taliban]] do poder. <ref>{{cite news|author1=Darlene Superville and Steven R. Hurst|title=Updated: Obama speech balances Afghanistan troop buildup with exit pledge|url=http://www.cleveland.com/nation/index.ssf/2009/12/obamas_speech_on_adding_30000.html|agency=Associated Press|publisher=cleveland.com}} and {{cite news|last1=Arkedis|first1=Jim|title=Why Al Qaeda Wants a Safe Haven|url=http://www.foreignpolicy.com/articles/2009/10/23/got_safe_haven|accessdate= |publisher=Foreign Policy|date=23 de outubro de 2009}}</ref> O [[Reino Unido]] foi um aliado fundamental dos [[Estados Unidos]], oferecendo suporte para a ação militar desde o início dos preparativos para a invasão. Em agosto de [[2003]], a [[OTAN]] envolveu-se como uma aliança, que assumiu o comando da [[Força Internacional de Assistência à Segurança]].
▲O [[presidente dos Estados Unidos]] [[George W. Bush]] exigiu que o Taliban entregasse [[Osama bin Laden]] e expulsasse a al-Qaeda, bin Laden já estava sendo procurado pela ONU desde 1999. O Taliban se recusou a extraditá-lo, a menos que lhes fossem dado o que eles consideravam provas convincentes do seu envolvimento nos ataques de 11 de setembro <ref>{{cite news |title=Bush rejects Taliban offer to hand Bin Laden over|url=http://www.theguardian.com/world/2001/oct/14/afghanistan.terrorism5|accessdate= |publisher=The Guardian}}</ref> e ignoraram demandas para fechar bases terroristas e entregar outros suspeitos de terrorismo além de bin Laden. O pedido foi indeferido pelos Estados Unidos como uma manobra dilatória sem sentido e lançaram a [[Operação Enduring Freedom]] em 7 de outubro de 2001 com o Reino Unido. Os dois se juntaram posteriormente a outras forças, incluindo a [[Aliança do Norte]]. <ref>{{cite news |url=http://www.guardian.co.uk/world/2001/oct/07/politics.september11 |title=After the September Eleventh Terrorist attacks on America, "It's time for war, Bush and Blair tell Taliban – We're ready to go in – PM|Planes shot at over Kabul" |publisher=The Guardian |date= 7 de outubro de 2001|accessdate= |location=London |first1=Ed |last1=Vulliamy |first2=Patrick |last2=Wintour |first3=Ian |last3=Traynor |first4=Kamal |last4=Ahmed}}</ref><ref name="Canada in Afghanistan 2001">{{cite news |title=Canada in Afghanistan: 2001|url=http://afghanistan.nationalpost.com/canada-in-afghanistan-2001/|accessdate= |publisher=National Post}}</ref> Os Estados Unidos e seus aliados expulsaram o Taliban do poder e construíram bases militares perto de grandes cidades em todo o país. A maioria dos membros da al-Qaeda e do Taliban não foram capturados, fugindo para o vizinho [[Paquistão]] ou se retirando para regiões montanhosas rurais ou remotas.
Em dezembro de 2001, o [[Conselho de Segurança das Nações Unidas]] criou a Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF), para supervisionar as operações militares no país e treinar a Força de Segurança Nacional Afegã. Na [[Conferência de Bonn]], em dezembro de 2001, [[Hamid Karzai]] foi escolhido para chefiar a [[Autoridade Interina Afegã]], que depois de uma ''loya jirga'' de 2002 em [[Cabul]] tornou-se a [[Administração Transitória do Afeganistão]]. Nas [[Eleição presidencial no Afeganistão em 2004|eleições populares de 2004]], Karzai foi eleito presidente do país, agora nomeado República Islâmica do Afeganistão.<ref name="dx">Felbab-Brown, V. 2012. "Slip-Sliding on a Yellow Brick Road: Stabilization Efforts in Afghanistan." ''Stability: International Journal of Security and Development'' 1(1):4–19, DOI: http://dx.doi.org/10.5334/sta.af</ref>
Em 2003, a OTAN assumiu a liderança da ISAF .<ref>{{
== Antecedentes ==
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Após a [[Retirada soviética do Afeganistão|retirada dos militares soviéticos do Afeganistão]] em maio de 1989, o regime do PDPA sob [[Mohammad Najibullah]] foi mantido até 1992, quando o [[colapso da União Soviética]] privou o regime de ajuda, e a deserção do general uzbeque [[Abdul Rashid Dostum]] removeu a aproximação para Cabul. Com o cenário político livre dos socialistas afegãos, os demais senhores da guerra islâmicos disputavam poder. Até então, bin Laden havia deixado o país e o interesse dos Estados Unidos no Afeganistão também diminuiu.
Em 1992, Rabbani se tornou oficialmente presidente do [[Estado Islâmico do Afeganistão]], mas teve que lutar com outros senhores da guerra pelo controle de Cabul. No final de 1994, o ministro da Defesa de Rabbani, [[Ahmad Shah Massoud]] derrotou Hekmatyr em Cabul e encerrou o bombardeamento contínuo da capital.<ref name="Afghanistan Justice Project">{{
Em 1994, [[Mulá Omar]], um mujahideen pashtun, que ensinava a uma [[madrassa]] paquistanesa, voltou a [[Kandahar]] e fundou o [[Taliban]]. Seus seguidores eram estudantes religiosos, conhecidos como ''Talib'' e buscavam acabar com senhores da guerra por meio da adesão rigorosa para a [[lei islâmica]]. Em novembro de 1994, o Talibã capturou toda a província de Kandahar; recusou uma oferta do governo para participar em um governo de coalizão e marchou em Cabul, em 1995. <ref name="Webster University Press Book">{{cite book | last = Marcela Grad| title = Massoud: An Intimate Portrait of the Legendary Afghan Leader|date=1 March 2009 |page=310 | publisher = Webster University Press| isbn= }}</ref>▼
▲Em 1994, [[Mulá Omar]], um mujahideen pashtun, que ensinava a uma [[madrassa]] paquistanesa, voltou a [[Kandahar]] e fundou o [[Taliban]]. Seus seguidores eram estudantes religiosos, conhecidos como ''Talib'' e buscavam acabar com senhores da guerra por meio da adesão rigorosa para a [[lei islâmica]]. Em novembro de 1994, o Talibã capturou toda a província de Kandahar; recusou uma oferta do governo para participar em um governo de coalizão e marchou em Cabul, em 1995.
=== Emirado do Taliban vs. Aliança do Norte ===
As primeiras vitórias do Talibã, em 1994, foram seguidas por uma série de derrotas dispendiosas.
Em 27 de setembro de 1996, o Talibã, com apoio militar do Paquistão e o apoio financeiro da Arábia Saudita, tomou Cabul e fundou o [[Emirado Islâmico do Afeganistão]]. {{sfn|Coll|2004|p=14}} Eles impuseram sua interpretação fundamentalista do [[Islã]] em áreas sob seu controle, emitindo decretos proibindo mulheres de trabalhar fora de casa, frequentar escola, ou deixar suas casas a menos que acompanhadas por um parente do sexo masculino.
Massoud e Dostum, antigos arqui-inimigos, criaram uma Frente Unida contra o Taliban, vulgarmente conhecida como [[Aliança do Norte]]. Além da força tajique de Massoud e da força uzbeque de Dostum, a Frente Unida incluiu facções [[hazaras]] e forças pashtuns, sob a liderança de comandantes, como [[Abdul Haq]] e Haji [[Abdul Qadir]]. Abdul Haq também reuniu um número limitado de pashtuns desertados do Taliban.
O Taliban capturaria [[Mazar-i-Sharif]], em 1998, e Dostum passaria para o exílio.
De acordo com a [[Organização das Nações Unidas]] (ONU), o Talibã, enquanto tentava consolidar o controle sobre o norte e oeste do Afeganistão, cometeu massacres sistemáticos contra civis. Oficiais da ONU afirmaram que houve "15 massacres" entre 1996 e 2001. O Taliban visava especialmente os hazaras [[xiitas]].
Em 2001, o Talibã controlava até 90% do país, com a Aliança do Norte confinada a cantos no nordeste do país. Lutando ao lado das forças do Talibã estavam 28.000-30.000 paquistaneses e 2.000-3.000 militantes da al-Qaeda.
=== al-Qaeda ===
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=== Mudança na política dos Estados Unidos em relação ao Afeganistão ===
Durante o governo Clinton, os Estados Unidos tendem a favorecer o Paquistão e até 1998-1999 não tinham uma política clara em relação ao Afeganistão. Em 1997, por exemplo, [[Robin Raphel
A política dos Estados Unidos para o Afeganistão mudou após os ataques às embaixadas dos Estados Unidos em 1998. Posteriormente, Osama bin Laden foi indiciado por seu envolvimento nos atentados às embaixadas. Em 1999, tanto os Estados Unidos como as Nações Unidas adotaram sanções contra os talibãs através da [[Resolução 1267 do Conselho de Segurança das Nações Unidas]], que exigia que o Taliban entregasse Osama bin Laden a julgamento nos Estados Unidos e fechasse todas as bases terroristas no Afeganistão.
Em 2001, a mudança de política buscou por agentes da CIA que sabiam Massoud estava a caminho. {{sfn|Coll|2004|p=720}} Juristas da CIA, trabalhando com oficiais na Divisão do Oriente Próximo e Centro Contra-Terrorista, começaram a elaborar uma conclusão formal para a assinatura do presidente [[George W. Bush]], que autoriza um programa de ação secreta no Afeganistão. Seria o primeiro de uma década para procurar influenciar o curso da guerra afegã em favor de Massoud. {{sfn|Coll|2004|p=14}} [[Richard A. Clarke]], presidente do Grupo de Segurança de Contra-Terrorismo, sob a administração Clinton, e mais tarde um oficial da administração Bush, alegadamente apresentou um plano para entrada da [[Conselheiro de Segurança Nacional|Conselheira de Segurança Nacional]] de Bush, [[Condoleezza Rice]], em janeiro de 2001.
Uma mudança na política dos Estados Unidos foi realizada em agosto de 2001. {{sfn|Coll|2004|p=14}} O governo Bush concordou com um plano para começar a apoiar Massoud. Uma reunião de altos oficiais de segurança nacional concordaram que seria apresentado um ultimato para os talibãs para que entregassem bin Laden e outros agentes da al-Qaeda. Se o Taliban se recusar, os Estados Unidos iriam fornecer ajuda militar secreta a grupos
=== Aliança do Norte às vésperas do 11 de Setembro ===
[[File:Afghanistan map civilwar01.png|thumb|Área controlada pela Aliança do Norte antes da intervenção dos EUA em outubro de 2001.]]
Ahmad Shah Massoud era o único líder da Frente Unida no Afeganistão. Nas áreas sob seu controle, Massoud estabeleceu instituições democráticas e assinou a Declaração dos Direitos das Mulheres.
No final de 2000, Massoud oficialmente reuniu esta nova aliança em uma reunião no norte do Afeganistão para discutir "uma Loya Jirga, ou um conselho tradicional de anciãos, para resolver a turbulência política no Afeganistão".
No início de 2001, Massoud, com outros líderes étnicos, dirigiu-se ao [[Parlamento Europeu]] em [[Bruxelas]], pedindo à comunidade internacional para fornecer [[ajuda humanitária]] ao povo do Afeganistão. Ele disse que o Talibã e a al-Qaeda haviam introduzido "uma percepção muito errada do Islã "e que, sem o apoio do Paquistão e Osama bin Laden, o Talibã não seria capaz de sustentar a sua campanha militar por mais um ano.<ref name="nome">[http://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/1340726/Ahmad-Shah-Massoud.html Ahmad Shah Massoud] - The Telegraph</ref> Nesta visita à Europa, ele alertou que sua inteligência tinha recolhido informação sobre um ataque iminente em grande escala em solo americano.
Em 9 de setembro de 2001, Massoud foi gravemente ferido em um ataque suicida por dois árabes que se apresentaram como jornalistas e detonaram uma bomba escondida em sua câmera de vídeo durante uma entrevista em Khoja Bahauddin, na [[Takhar|província de Takhar]], Afeganistão.
== Ataques de 11 de Setembro ==
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[[File:WTCgroundzero.jpg|thumb|[[Ground Zero (Nova Iorque)|Ground Zero]] em Nova Iorque após os ataques de 11 de setembro de 2001.]]
Na manhã de 11 de setembro de 2001, a al-Qaeda realizou quatro ataques coordenados em solo estadunidense. Quatro aviões comerciais de passageiros foram sequestrados.
No total, 2.996 pessoas, incluindo os 19 sequestradores, morreram nos ataques.
Em 11 de setembro, o ministro das Relações Exteriores do Talibã [[Wakil Ahmed Muttawakil]] "condeno[u] o ataque terrorista, quem está por trás disso" <ref>[http://edition.cnn.com/2001/WORLD/europe/09/11/trade.centre.reaction/ "World shock over U.S. attacks", CNN] - 11 de setembro de 2001</ref>, mas o Mulá Omar emitiu imediatamente um comunicado dizendo que bin Laden não era o responsável.
[[File:President George W. Bush address to the nation and joint session of Congress Sept. 20.jpg|thumb|left|Em um discurso a uma sessão conjunta do [[Congresso dos Estados Unidos]] em 20 de setembro de 2001, o [[presidente dos EUA]], [[George W. Bush]] exigiu que o Talibã entregasse Osama bin Laden e destruísse as bases da Al-Qaeda.]]
O Departamento de Estado, em um memorando de 14 de setembro, exigiu que o Talibã entregasse todos os associados conhecidos da al-Qaeda no Afeganistão, fornecesse informações sobre bin Laden e seus afiliados e expulsasse todos os terroristas do Afeganistão.
[[File:Osama bin Laden portrait.jpg|thumb|upright|Nos dias e semanas imediatamente após o 11 de Setembro, quando o Talibã procurava evidências de seu envolvimento nos ataques, Osama bin Laden negou várias vezes ter qualquer ligação.]]
No mesmo dia, um [[shura|grande conselho]] de mais de 1.000 [[Ulema|clérigos muçulmanos]] de todo o Afeganistão, que tinha sido convocado para decidir o destino de bin Laden, emitiu uma [[fatwa]], expressando pesar pelas mortes nos ataques de 11 de setembro, recomendando que o Emirado Islâmico "persuadisse" bin Laden a deixar seu país, e convidando as [[Nações Unidas]] e a [[Organização para a Cooperação Islâmica]] para conduzir uma investigação independente sobre "os eventos recentes para esclarecer a realidade e impedir perseguição de pessoas inocentes".
[[File:Colin Powell official Secretary of State photo.jpg|thumb|left|upright|[[Secretário de Estado dos Estados Unidos]] [[Colin Powell]]]]
Em 21 de setembro, representantes do Talibã no Paquistão reagiram às exigências dos Estados Unidos com desafio. Zaeef disse que o Talibã estava disposto, se necessário, a uma guerra com os Estados Unidos. Seu adjunto Suhail Shaheen advertiu que uma invasão norte-americana poderia partilhar o mesmo destino que se abateu sobre a [[Grã-Bretanha]] e a [[União Soviética]] nos séculos anteriores. Ele confirmou que a decisão dos clérigos "foi apenas uma recomendação" e bin Laden não seria solicitado a deixar o Afeganistão. Mas sugeriu "se os americanos fornecerem provas, vamos cooperar com eles... Na América, se eu acho que você é um terrorista, é suficientemente fundamentado que você deveria ser punido sem provas?", ele questionou. "Este é um princípio internacional. Se você usa o princípio, por que não aplicá-lo para o Afeganistão?" Como formulado anteriormente por Mulá Omar, a exigência de provas foi anexada a uma sugestão de que bin Laden fosse entregue para um julgamento perante um tribunal islâmico em outro país muçulmano.
Em 28 de setembro, Bush comentou: "Em primeiro lugar, não há negociações com o Talibã. Eles ouviram o que eu disse. E agora podem agir. E não é apenas o Sr. bin Laden que nós esperamos ver e ser entregues à justiça... são os todos associado com sua organização que está no Afeganistão. E não apenas aquelas diretamente associadas com o Sr. bin Laden, qualquer terrorista que está abrigado e alimentado no Afeganistão precisa ser entregue. E, finalmente, esperamos que haja a completa destruição dos campos de terroristas. Isso foi o que eu disse a eles... isso é o que eu quero dizer. E nós os esperamos — esperamos que não só ouçam o que eu digo, mas que façam algo sobre isso." <ref>[http://www.presidency.ucsb.edu/ws/index.php?pid=64217&st=&st1= Remarks Prior to Discussions With King Abdullah II of Jordan and an Exchange With Reporters] - 28 de setembro de 2001</ref>
Em 24 de setembro, Mahmoud contou ao embaixador dos Estados Unidos para o Paquistão que, embora o Talibã estivesse "fraco e mal preparado para enfrentar a investida americana”, a "vitória real virá através de negociações", pois se o Talibã for eliminado, o Afeganistão reverteria para senhores da guerra.
[[File:Rumsfeld1.jpg|left|thumb|upright|[[Secretário de Defesa dos Estados Unidos]] [[Donald Rumsfeld]]]]
Em 1
Um porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos em resposta a uma pergunta sobre o compartilhamento de provas com o Talibã afirmou: "Minha resposta, em primeiro lugar, é que me parece um pedido para retardação e prevaricação ao invés de qualquer pedido sério. E em segundo lugar, eles já estão em atraso. Eles já estão obrigados pelas resoluções das Nações Unidas, que dizem respeito com os atentados no leste da África, a entregar a al-Qaeda, a entregar a sua liderança, e até o encerramento da rede de operações em seu país. Não deveria haver mais atrasos. Não há qualquer motivo para pedir qualquer outra coisa. Eles já estão sob essa obrigação internacional e eles têm que atendê-la." <ref>[http://avalon.law.yale.edu/sept11/state_dept_brief025.asp State Dept. Daily Briefing] - 2 de outubro de 2001</ref> O primeiro-ministro britânico [[Tony Blair]] apelou ao Talibã para "entregar os terroristas ou entregar o poder".
No entanto, alguns indícios do envolvimento de bin Laden nos ataques de 11 de setembro foram mostrados para o governo do Paquistão cujos líderes mais tarde afirmaram que os materiais que tinham visto "fornece[ram] base suficiente para a acusação em um tribunal de justiça".
Em 5 de outubro, o Talibã se ofereceu para julgar bin Laden em um tribunal afegão, contanto que os Estados Unidos fornecessem o que chamaram de "evidência sólida" de sua culpa.
Em 11 de outubro, Bush disse aos talibãs: "Vocês ainda tem uma segunda chance. Basta trazê-lo e trazer seus líderes e tenentes e outros bandidos e criminosos com ele." <ref>[http://www.presidency.ucsb.edu/ws/index.php?pid=73426&st=&st1= The President's News Conference] - 11 de outubro de 2001</ref> Em 14 de outubro, [[Abdul Kabir]], o terceiro líder no escalão do Talibã, ofereceu para entregar bin Laden a um país neutro, se o governo dos Estados Unidos fornecessem provas de sua culpa e suspendessem a campanha de bombardeio. Ele, aparentemente, não respondeu à demanda para entregar outros suspeitos de terrorismo além de bin Laden. O presidente Bush rejeitou a oferta como inegociável.
=== Base legal para a guerra ===
Em 14 de setembro de 2001, o Congresso aprovou uma legislação intitulada [[Autorização para Uso de Força Militar Contra Terroristas]], que foi assinada em 18 de setembro de 2001 pelo presidente Bush. Ela autorizou o uso das [[Forças Armadas dos Estados Unidos]] contra os responsáveis pelos Ataques de 11 de Setembro e aqueles que os abrigaram.
O Artigo 2(4) da [[Carta das Nações Unidas]], pelo qual todos os países da coalizão são signatários e pelo qual sua ratificação pelos Estados Unidos a torna "lei nacional" <ref name="jurist.law.pit.edu">{{
Os defensores da invasão argumentaram que a autorização do CSNU não era necessária, uma vez que a invasão foi um ato de autodefesa coletiva prevista no Artigo 51 da Carta das Nações Unidas.<ref name=UK /><ref>{{
Em 20 de dezembro de 2001, mais de dois meses após o ataque, o Conselho de Segurança autorizou a criação da Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF) para ajudar a Autoridade Interina Afegã na manutenção da segurança.
== 2001: derrubada do Taliban ==
[[Ficheiro:Opérations majeures de la campagne d'Afghanistan d'octobre-décembre 2001.PNG|thumbnail||esquerda|Principais operações da campanha do Afeganistão de outubro-dezembro 2001.]]
Fracassadas as negociações entre o governo americano e os talibãs, no domingo, [[7 de outubro]] de [[2001]], as [[Forças Armadas dos Estados Unidos|forças armadas dos Estados Unidos]] e do [[Forças armadas do Reino Unido|Reino Unido]] começam a bombardear o Afeganistão, com o objetivo de atacar o Taliban e a al-Qaeda. As operações foram precedidas e complementadas pelo trabalho da [[Agência Central de Inteligência]] (CIA) e das forças de operações especiais (SOF), com grupos de oposição afegãs, em particular, a [[Aliança do Norte]]. Além do Reino Unido, [[Canadá]], [[França]], [[Austrália]] e [[Alemanha]] também declararam o seu apoio aos Estados Unidos. O presidente do [[Paquistão]] - General [[Pervez Musharraf]] - também manifestou o seu acordo, apesar da falta de entusiasmo dos Estados árabes, relativa à eliminação da al-Qaeda do Paquistão. O Paquistão abre as suas fronteiras às ondas de refugiados provenientes do Afeganistão. Os ataques foram registrados na capital, Cabul, onde a eletricidade foi interrompida, em [[Candaar]], onde vivia o líder taliban, o [[Mohammed Omar|mullah Omar]], e campos de treinamento, na cidade de [[Jalalabad]].<ref>First In: An insiders account of how the CIA spearheaded the War on Terror in Afghanistan by Gary Schroen, 2005</ref><ref>Jawbreaker: The Attack on Bin Laden and AL Qaeda: A personal account by the CIA's field Commander by Gary Berntsen and Ralph Pezzulla, 2005</ref><ref name="ghostwars">Ghost Wars: The Secret History of the CIA, Afghanistan, and Bin Laden, from the Soviet Invasion to September 10, 2001, by Steve Coll, 2004</ref><ref name="archives_cnn_com9">{{
Às 17:00 UTC, cerca de 45 minutos após o bombardeio, [[George W. Bush]] e [[Tony Blair]] confirmaram que seus respectivos países estavam efetuando um ataque aéreo contra o Afeganistão, mas que os alvos eram exclusivamente militares, e, no entanto, também foram lançados alimentos, medicamentos e suprimentos para "homens, mulheres e crianças famintas e sofridas do Afeganistão".
Um dia antes do bombardeio começar, a [[Human Rights Watch]] publicou um relatório em que exortou que nenhum apoio militar deviria ser dado à Aliança do Norte, devido à sua situação dos direitos humanos.<ref>{{
Pouco antes do ataque o canal de informação por satélite nas línguas árabe [[Al Jazeera]] recebeu um vídeo pré-gravado de uma mensagem por Osama bin Laden. Neste, o líder da al-Qaeda condena qualquer ataque contra o Afeganistão, afirmando que os EUA falharão no Afeganistão e, em seguida, iriam desmoronar, tal como a [[União Soviética]]. Então, bin Laden lançou uma [[jihad]] contra os [[Estados Unidos]]. {{Carece de fontes|data=fevereiro de 2010}}
Em solo, as equipes da Divisão de Atividades Especiais da CIA chegaram primeiro. Eles logo foram acompanhados pelas [[Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos]] a partir do 5º Grupo das Forças Especiais e outras unidades do [[Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos]].
[[File:US Special Forces on horseback, Afghanistan, 2001.jpg|thumb|[[Boinas Verdes|Forças Especiais do Exército]] e [[Equipe de Controle de Combate da Força Aérea dos Estados Unidos]] com as tropas da Aliança do Norte a cavalo]]
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As forças especiais do Reino Unido e dos Estados Unidos se juntaram à Aliança do Norte e outros grupos de oposição afegãs para tomar [[Herat]] em novembro de 2001. Canadá e Austrália também destacaram forças. Outros países forneceram suporte, acesso e permissão de sobrevoo.
Os Estados Unidos conseguiram rastrear e matar o número três da Al-Qaeda, [[Mohammed Atef]] com um bombardeio em sua casa em Cabul entre 14-16 novembro de 2001, juntamente com seu guarda Abu Ali al-Yafi'i e outros seis.
===Ataques aéreos iniciais===
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Até 2 de novembro, posições frontais do Taliban foram devastadas e uma marcha em Cabul parecia possível. Segundo o autor [[Stephen Tanner]],
<blockquote>
Depois de um mês de campanha de bombardeio dos Estados Unidos, rumores começaram a chegar a Washington da Europa, Oriente Médio e Paquistão, onde [[Pervez Musharraf|Musharraf]] teria solicitado o cessar dos bombardeios. Tendo iniciado a guerra com a maior reserva imaginável de autoridade moral, os Estados Unidos estavam a ponto de deixá-la escapar por meio de ataques de alto nível utilizando as invenções mais medonhas que seus cientistas poderiam apresentar.
Bush foi a Nova York em 10 de novembro de 2001 para discursar nas Nações Unidas. Ele disse que não somente os Estados Unidos estavam em perigo de novos ataques, mas assim estavam todos os outros países do mundo. Tanner observou: "Suas palavras tiveram um impacto. A maioria do mundo renovou o seu apoio para o esforço americano, incluindo os compromissos de ajuda material da Alemanha, França, Itália, Japão e outros países".<ref name="Tanner" />
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Combatentes da al-Qaeda assumiram a segurança das cidades afegãs. As tropas da Aliança do Norte planejavam tomar [[Mazar-i-Sharif]], cortando linhas de abastecimento do Talibã e permitindo que os equipamentos chegassem pelo norte e, em seguida, atacar Cabul.
Durante os primeiros meses, os militares dos Estados Unidos tinham uma presença limitada em solo. Forças Especiais e oficiais de inteligência com formação militar colaboraram com as milícias afegãs e avançaram após o Taliban ser perturbado pelo poder aéreo.
Analistas da inteligência militar dos Estados Unidos relataram que os militantes do Taliban e da al Qaeda estavam entrincheirados atrás de uma série de redes fortificadas de cavernas e bunkers subterrâneos e bem abastecidos nas [[Tora Bora|montanhas de Tora Bora]], localizada a leste da capital (e perto da fronteira com o Paquistão). A área foi submetida a bombardeamento intenso e contínuo de [[B-52 Stratofortress|B-52]].<ref name=ColbyFreePress20011015 /><ref name=FoxNews20011105 /><ref name=NYTimes20011028 /><ref name="AsiaTimes20011207">{{
As forças dos Estados Unidos e da Aliança do Norte começaram a divergir em seus objetivos. Enquanto os estadunidenses ainda estavam em busca de Osama bin Laden, a Aliança do Norte estava pressionando para obter mais apoio em seus esforços para acabar com o Taliban e controlar o país.
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[[File:Special Forces at the Fall of Mazar i Sharif.PNG|thumb|upright|[[Boinas Verdes]] em 10 de novembro, chegando à cidade com combatentes da Aliança do Norte.]]
Mazari-i Sharif foi importante porque era o lar do Santuário de Hazrat Ali ou "Mesquita Azul", um local muçulmano sagrado, e porque era um centro de transporte significativo com dois grandes aeroportos e uma importante rota de fornecimento conduzindo para o [[Uzbequistão]].
As forças especiais do Destacamento Operacional A-595, oficiais paramilitares da CIA e a [[Equipe de Controle de Combate da Força Aérea dos Estados Unidos]] <ref name=autogenerated2>"Fronlines", 2 August 2002</ref>{{Sfn|Call|2010|pp=24–25}}<ref>[[Paul Wolfowitz|Wolfowitz, Paul]], [http://www.defense.gov/Speeches/Speech.aspx?SpeechID=497 Speech on 14 November 2001]</ref> a cavalo e com o apoio aéreo aproximado, participaram do avanço em Mazar-i Sharif. Depois de uma sangrenta batalha de 90 minutos, as forças talibãs se retiraram depois de manter a cidade desde 1998, provocando comemorações.
A queda da cidade foi um "golpe" <ref name="tony" /> para os talibãs e, finalmente provou ser um "grande choque", {{sfn|Call|pp=24–25}} uma vez que o [[Comando Central dos Estados Unidos]] (CENTCOM) tinha inicialmente acreditado que a cidade permaneceria nas mãos dos talibãs boa parte do ano seguinte <ref>Maloney, Sean M. [http://www.army.mil/professionalWriting/volumes/volume2/october_2004/10_04_1.html Afghanistan: From here to eternity?] Spring 2004</ref> e qualquer batalha potencial exigiria "um avanço muito lento".
Na sequência de rumores de que mulá [[Dadullah]] foi chefiado para recapturar a cidade com até 8.000 combatentes, mil soldados norte-americanos da 10ª Divisão de Montanha foram transportadas por via aérea para a cidade, proporcionando a primeira posição sólida a partir da qual Cabul e Kandahar poderiam ser atingidos.
=== Queda de Cabul ===
Na noite de 12 de novembro, as forças talibãs fugiram de Cabul na calada da noite. As forças da Aliança do Norte chegaram na tarde seguinte, encontrando um grupo de cerca de vinte combatentes escondidos em um parque da cidade. Este grupo foi morto em uma batalha de 15 minutos. Após essas forças serem neutralizadas, Cabul estava nas mãos das forças da coalizão.
A queda de Cabul iniciou um colapso em cascata das posições do Talibã. Dentro de 24 horas, todas as províncias afegãs ao longo da fronteira com o Irã haviam caído, incluindo [[Herat]]. Os comandantes e senhores da guerra locais pashtuns tinham assumido completamente o nordeste do Afeganistão, incluindo [[Jalalabad]]. Redutos do Talibã no norte do país, principalmente voluntários paquistaneses, recuaram para norte da cidade de [[Kunduz]]. Até 16 de novembro, último reduto do Talibã no norte do Afeganistão estava sob cerco. Cerca de 10.000 combatentes talibãs, liderados por combatentes estrangeiros, continuaram a resistir. Até então, os talibãs tinham sido forçados a voltar ao seu reduto no sudeste no Afeganistão em torno de Kandahar.
Até 13 de novembro, as forças da Al-Qaeda e do Taliban, possivelmente incluindo bin Laden, estavam se concentrando em [[Tora Bora]], 50
==== Queda de Kunduz ====
[[Ficheiro:SF Sgt Mario Vigil with SF and NA forces west of Konduz in November 2001.jpg|thumb|Forças especiais estadunidenses e combatentes da Aliança do Norte ao oeste de [[Kunduz]] em novembro de 2001.]]
À medida que o bombardeio em Tora Bora crescia, o cerco de Kunduz continuava. Depois de nove dias de combates e bombardeios, combatentes do Taliban se renderam às forças da Aliança do Norte em 25-26 de novembro. Pouco antes da rendição, aviões paquistaneses chegaram a evacuar o pessoal de inteligência e militares que vinham auxiliando a luta do Taliban contra a Aliança do Norte. O transporte aéreo é acusado de ter evacuado até cinco mil pessoas, incluindo tropas do Talibã e da Al-Qaeda.<ref name="www_newyorker_com10">{{
==== Revolta de Qala-i-Jangi ====
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Em 25 de novembro, enquanto prisioneiros talibãs eram transferidos para a fortaleza de Qala-I-Janghi, perto de Mazar-I-Sharif, alguns talibãs atacaram seus guardas da Aliança do Norte. Este incidente desencadeou uma revolta por 600 prisioneiros, que em breve ocupariam a metade sul da fortaleza medieval, incluindo um arsenal estocado. Johnny Micheal Spann, um agente da CIA que estava a interrogar prisioneiros, foi morto, marcando a primeira morte de combate dos Estados Unidos.
A revolta foi esmagada depois de sete dias de combates envolvendo uma unidade do [[Serviço de Bote Especial]], as [[Boinas Verdes|Forças Especiais do Exército]] e as forças da Aliança do Norte. Helicópteros AC-130 e outras aeronaves proporcionaram metralhamento e lançaram bombas.
====Consolidação: a tomada de Kandahar====
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Os militantes da al-Qaeda combateram na batalha de Tora Bora. Uma milícia tribal constantemente empurrava bin Laden para trás através do terreno difícil, apoiado pela [[Delta Force]], [[United Kingdom Special Forces]], e ataques aéreos dos Estados Unidos. {{Carece de fontes}} As forças da al-Qaeda concordaram com uma trégua supostamente para dar-lhes tempo para entregar as armas. A trégua foi, aparentemente, um estratagema para permitir que bin Laden e outros fugissem para o Paquistão. Em 12 de dezembro, os combates recomeçaram, provavelmente iniciados por um momento para adquirir retaguarda para a fuga da força principal através das [[Safēd Kōh|Montanhas Brancas]].
Até 17 de dezembro, o último complexo de cavernas tinha sido tomado e seus defensores superados. As forças dos Estados Unidos e do Reino Unido continuaram procurando em janeiro, mas nenhum sinal da liderança da al-Qaeda surgiu. Estima-se que 200 combatentes da al-Qaeda foram mortos durante a batalha, juntamente com um número desconhecido de combatentes tribais.
=== Esforços diplomáticos e humanitários ===
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O [[Acordo de Bona]] resultante criou a [[Autoridade Interina Afegã]], que serviria como o "repositório da soberania afegã" e delineou o chamado Processo de Petersberg que levaria em direção a uma nova Constituição e um novo governo afegão.
A [[Resolução 1378 do Conselho de Segurança das Nações Unidas]] de 14 de novembro de 2001, seguiu "condenando o Taliban por permitir que o Afeganistão fosse usado como uma base para a exportação do terrorismo pela rede al-Qaeda e outros grupos terroristas e por proporcionar refúgio a Osama bin Laden, al-Qaeda e outros associados a eles, e, neste contexto, apoiando os esforços do povo afegão para substituir o regime talibã ".
O [[Programa Alimentar Mundial]] das Nações Unidas suspendeu temporariamente as atividades dentro do Afeganistão no início dos bombardeios, mas as retomou após a queda do regime talibã.
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=== Força de segurança para Cabul ===
Em 20 de dezembro de 2001, a Organização das Nações Unidas autorizou a [[Força Internacional de Assistência para Segurança]] (ISAF), com um mandato para ajudar os afegãos a manter a segurança em Cabul e arredores. Foi inicialmente estabelecida a partir da sede da 3ª Divisão Mecanizada Britânica sob o major-general [[John McColl]], e pelos primeiros anos não somava mais que 5000.
== 2002: Operação Anaconda ==
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[[File:Canadian soldiers afghanistan.jpg|thumb|Soldados canadenses nas montanhas, à procura de militantes da [[al-Qaeda]] e do [[Taliban]].]]
[[File:Anaconda-helicopter.jpg|thumb|Soldados da 10.º Divisão de Montanha estadunidense durante a Operação Anaconda.]]
[[File:Northernalliance2002 crop.jpg|thumb|Um combatente
Na sequência da Loya Jirga, líderes tribais e ex-exilados estabeleceram um governo provisório em Cabul sob Hamid Karzai. As forças dos Estados Unidos estabeleceram sua principal base na [[Base Aérea de Bagram]], ao norte de Cabul, além disso, o aeroporto de Kandahar também se tornaria uma importante base estadunidense. Foram estabelecidos vários postos avançados em províncias orientais para caçar fugitivos do Taliban e da al-Qaeda.
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As forças da al-Qaeda se reagruparam na área do Vale de Shah-i-Kot, província de Paktia, em janeiro e fevereiro de 2002. Um fugitivo talibã na província de Paktia, Mulá Saifur Rehman começou a reconstituir parte de sua milícia. Somavam mais de 1.000 no início de março de 2002. Os insurgentes pretendiam lançar [[guerra de guerrilha|ataques de guerrilha]] e, possivelmente, uma grande ofensiva, reproduzindo os combatentes anti-soviéticos dos anos 1980.
Os Estados Unidos detectaram esse reagrupamento, e em 2 de março de 2002, os estadunidenses juntamente com o Canadá e as forças afegãs prepararam uma enorme força para combatê-los. As forças mujahideen, usando [[Arma ligeira|armas de pequeno calibre]], [[RPG (arma)|granadas lançadas por foguetes]] e morteiros, estavam entrincheiradas em cavernas e bunkers nas encostas em grande parte acima de 3.000 m (10.000 pés). Usavam a tática de "bater e correr", abrindo fogo e logo depois recuando para suas cavernas e bunkers para se proteger dos ataques de represália e dos bombardeios contínuos. Para piorar a situação, os comandantes dos Estados Unidos inicialmente subestimaram seus oponentes como um pequeno grupo isolado de menos de 200 homens. Ao contrário disso, os guerrilheiros numeravam entre 1.000 a 5.000, de acordo com algumas estimativas.
Várias centenas de guerrilheiros fugiram às áreas tribais no [[Waziristão]]. Durante a Operação Anaconda e outras missões entre 2002 e 2003, as forças especiais da Austrália, Alemanha, Nova Zelândia e Noruega também estiveram envolvidas.
Em fevereiro de 2002, o [[Conselho de Segurança Nacional]] se reuniu para decidir se deveria expandir a ISAF para além de Cabul. Em uma disputa entre Powell e Rumsfeld (um padrão repetido muitas vezes até o fim da administração Bush) a visão de Rumsfeld de que a força não deveria ser expandida prevaleceu.
O Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, tinha como objetivo realizar operações no Afeganistão o mais rápido possível, e partir o mais rápido possível. Assim, ele desejava se concentrar em operações cinéticas de contra-terrorismo e construir um novo exército afegão.
=== Pós-Operação Anaconda ===
Após a batalha de Shahi-Kot, combatentes da al-Qaeda estabeleceram santuários na fronteira com o Paquistão, onde recuperaram sua força e, em seguida, começaram a realizar ataques transfronteiriços contra as forças da coalizão durante os meses de verão de 2002. Unidades de guerrilha, numerando entre 5 e 25 homens, cruzavam regularmente a fronteira para disparar foguetes nas bases da coalizão, emboscar comboios e patrulhas e assaltar organizações não-governamentais. A área em torno da base de Shkin, na província de Paktika, viu algumas das atividades mais pesadas.
Os combatentes do Taliban permaneceram escondidos nas regiões rurais de quatro províncias do sul: Kandahar, Zabul, Helmand e Uruzgan. Depois da Operação Anaconda o Departamento de Defesa solicitou que fossem implantados [[Royal Marines]] britânicos, altamente treinados em guerra de montanha. Em resposta, o Comando 45 foi implantado sob o codinome operacional "[[Operação Jacana]]" em abril de 2002, que realizaria missões (incluindo a Operação Snipe, Operação Condor e Operação Buzzard) ao longo de várias semanas, com resultados variados. O Taliban evitou combate .
== Consequências ==
Vários eventos, tomados em conjunto, no início de 2002 podem ser vistos como o fim da primeira fase dos Estados Unidos liderando a guerra no país. O primeiro foi a dispersão dos principais grupos do Talibã e da al Qaeda após o fim da Operação Anaconda. Nos Estados Unidos, em fevereiro de 2002, foi tomada a decisão de não expandir as forças de segurança internacionais para além de Cabul. Finalmente, o presidente Bush faz seu discurso no [[Instituto Militar da Virgínia]], em 17 de abril de 2002, invocando a memória do general [[George Marshall]], enquanto falava da reconstrução do Afeganistão, que resultou na discussão de um "[[Plano Marshall]]" para o Afeganistão.
== Ver também ==
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==Referências==
*Seth Jones, 'In the Graveyard of Empires,' Norton & Company, 2009
*Donald P. Wright & al., ''A Different Kind of War : The United States Army in Operation ENDURING FREEDOM (OEF) October 2001-September 2005'', Fort Leavenworth, Kan. : Combat Studies Institute Press, 2009
==Bibliografia==
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