Platão: diferenças entre revisões

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{{ver desambiguação}}
'''Platão.''' foi um [[filósofo]] e [[matemático]] do [[Grécia Clássica|período clássico]] da [[Grécia Antiga]], autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da [[Academia Platônica|Academia]] em [[Antiga Atenas|Atenas]], a primeira instituição de [[educação superior]] do [[mundo ocidental]]. Juntamente com seu mentor, [[Sócrates]], e seu pupilo, [[Aristóteles]], Platão ajudou a construir os alicerces da [[filosofia natural]], da [[ciência]] e da [[filosofia ocidental]].<ref name="HBr"/> Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles<ref name="alexander.diogenes.laertius.3.5">Diógenes Laércio, ''Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres'', Livro III, ''Vida de Platão'', 5</ref>.
{{Info/Biografia
|nome =Platão
|nome_nativo ={{politônico|Πλάτων}}
|imagem = Plato Silanion Musei Capitolini MC1377.jpg
|imagem_tamanho = 200px
|imagem_legenda = Busto de Platão <br >Cópia em mármore do busto de Platão feito por Silanião, ca. 370
|nome_completo = {{politônico|Πλάτων}}
|nascimento_data =[[428 a.C.|428]]/[[427 a.C.]]
|nascimento_local =[[Atenas]], [[Grécia Antiga]]
|morte_data =[[348 a.C.|348]]/[[347 a.C.]]
|morte_local =[[Atenas]]
|parentesco =
|cônjuge =
|filhos =
|religião =
|influências = [[Sócrates]], [[Homero]], [[Hesíodo]], [[Aristófanes]], [[Protágoras de Abdera]], [[Parmênides]], [[Pitágoras]], [[Heráclito]], [[Orfismo (culto)|Orfismo]]
|influenciados = A maioria dos filósofos ocidentais, incluindo [[Aristóteles]], [[Agostinho de Hipona]], [[Neoplatonismo]], [[Cícero]], [[Plutarco]], [[Estoicismo]], [[Anselmo de Cantuária]], [[Nicolau Maquiavel|Maquiavel]], [[Descartes]], [[Hobbes]], [[Leibniz]], [[John Stuart Mill|Mill]], [[Schopenhauer]], [[Kierkegaard]], [[Nietzsche]], [[Heidegger]], [[Hannah Arendt|Arendt]], [[Hans-Georg Gadamer|Gadamer]], [[Imam Khomeini]], [[Russell]] e vários outros [[filósofos]] e [[teólogos]]
|outros_nomes =
|conhecido_por =
|escola = [[Platonismo]]
|interesses = [[Retórica]], [[Arte]], [[Literatura]], [[Epistemologia]], [[Justiça]], [[Virtude]], [[Política]], [[Educação]], [[Militarismo]], [[Filosofia]]
| rodapé-estilo = background:#fff;font-family:arial;padding:10px;font-variant:small-caps;font-weight:bold;font-size:15px;border-top:1px solid #ccc;;border-bottom:1px solid #ccc
| rodapé =
}}
 
'''Platão''' ({{lang-grc|Πλάτων}}, [[Transliteração|transl.]] ''Plátōn'', "amplo",<ref>[[Diógenes Laércio]] 3.4; p. 21, David Sedley, [http://assets.cambridge.org/052158/4922/sample/0521584922ws.pdf ''Plato's Cratylus''], Cambridge University Press 2003. {{en}}</ref> [[Atenas]],{{Nota de rodapé|[[Diógenes Laércio]] menciona que Platão "nasceu, segundo alguns escritores, em [[Egina]], na casa de Fidíades, filho de Tales". Diógenes menciona como uma de suas fontes a ''História Universal'' de [[Favorino]]. De acordo com Favorino, Aristão, pai de Platão, e sua família, foram enviados por Atenas para fixarem-se como [[clerúquio]]s (colonos mantendo sua cidadania ateniense) na ilha de Egina, de onde foram expulsos pelos [[esparta]]nos após Platão nascer lá.<ref name="LaIII">Diógenes Laércio , ''Vida de Platão'', III</ref> Nails indica, no entanto, que não há registro de qualquer expulsão de atenienses de Aegina por parte dos espartanos entre 431 e 411 a.C.<ref name="NA54">D. Nails, "Ariston", 54 {{en}}</ref> Por outro lado, no Tratado de Nicias, Egina foi silenciosamente deixada sob o controle de Atenas, e não foi até o verão de 411 a.C. que os espartanos invadiram a ilha. Egina é considerada como o local de nascimento de Platão também segunda a ''Suda''.<ref name="Suda" />}} [[428 a.C.|428]]/[[427 a.C.|427]]{{Nota de rodapé|O [[gramático]] [[Apolodoro de Atenas]] argumenta, nas suas ''Crônicas'', que Platão nasceu no primeiro ano da 88ª [[Jogos Olímpicos da Antiguidade|Olimpíada]] ([[427 a.C.]]), no sétimo dia do mês de Targélion; de acordo com esta tradição, o [[Deuses gregos|deus]] [[Apolo]] teria nascido neste dia.<ref name="LaII">Diógenes Laércio, ''Vida de Platão'', II</ref> De acordo com outro biógrafo seu, [[Neantes de Cízico|Neantes]], Platão teria 84 anos de idade ao morrer.<ref name="LaII" /> De acordo com a versão de Neantes, Platão era seis anos mais novo que [[Isócrates]], e teria portanto nascido no segundo ano da 87ª Olimpíada, ano da morte de [[Péricles]] ([[429 a.C.]]).<ref>F.W. Nietzsche, ''Werke'', 32 {{de}}</ref> De acordo com a ''[[Suda]],'' Platão teria nascido em [[Egina]], na 88ª Olimpíada, em meio à fase preliminar da [[Guerra do Peloponeso]], e teria vivido 82 anos.<ref name="Suda">{{cite encyclopedia|title=Plato|encyclopedia=Suda}}</ref> Para o estudioso [[Inglaterra|inglês]] do [[século XVI]], ''[[sir]]'' [[Thomas Browne]], Platão teria nascido de fato na 88ª Olimpíada;<ref name="BrXII">T. Browne, ''Pseudodoxia Epidemica'', XII {{en}}</ref> o célebre [[platonista]] do [[Renascimento]] celebrava o nascimento de Platão no dia [[7 de novembro]].<ref name="N1">D. Nails, ''The Life of Plato of Athens'', 1 {{en}}</ref> Já para o [[filólogo]] [[Alemanha|alemão]] [[Ulrich von Wilamowitz-Moellendorff]], Platão teria nascido quando Diótimos era [[Arconte|arconte epônimo]], mais especificamente entre [[29 de julho]] de 428 a.C. e [[24 de julho]] de 427 a.C.<ref name="W46">U. von Wilamowitz-Moellendorff, ''Plato'', 46</ref> O filólogo [[Grécia|grego]] acredita que o filósofo teria nascido em 26 ou 27 de maio de 427 a.C., enquanto o filósofo britânico Jonathan Barnes estipula 428 a.C. como o ano de nascimento de Platão.<ref name="HBr">{{cite encyclopedia|title=Plato|encyclopedia=Encyclopaedia Britannica|year=2002}} {{en}}</ref> Já a filósofa [[Estados Unidos|americana]] Debra Nails alega que Platão teria nascido em 424/423 a.C.<ref name="N1" />}} – Atenas, [[348 a.C.|348]]/[[347 a.C.]]) foi um [[filósofo]] e [[matemático]] do [[Grécia Clássica|período clássico]] da [[Grécia Antiga]], autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da [[Academia Platônica|Academia]] em [[Antiga Atenas|Atenas]], a primeira instituição de [[educação superior]] do [[mundo ocidental]]. Juntamente com seu mentor, [[Sócrates]], e seu pupilo, [[Aristóteles]], Platão ajudou a construir os alicerces da [[filosofia natural]], da [[ciência]] e da [[filosofia ocidental]].<ref name="HBr"/> Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles<ref name="alexander.diogenes.laertius.3.5">Diógenes Laércio, ''Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres'', Livro III, ''Vida de Platão'', 5</ref>.
 
Platão era um [[Racionalismo|racionalista]], [[Realismo platônico|realista]], [[Idealismo|idealista]] e [[Dualismo|dualista]] e a ele tem sido associadas muitas das ideias que inspiraram essas filosofias mais tarde.<ref name="Sharma">{{citar livro|autor=Sharma, R. N.|titulo=Plato: An Interdisciplinary Perspective |editora=Atlantic Publishers & Distri |data=1991 |paginas=163-164 | www=http://books.google.fi/books?id=5tSOV8W1aCUC&pg=PA163}}</ref>
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O ''Corpus platonicum'' é constituído de diálogos (incluindo ''[[Crítias]]'' de final inacabado), a ''[[Apologia de Sócrates]]'', uma coleção de 13 cartas<ref name="Williams2000"/> e uma coleção de definições, o ''Horoi''. Fora do ''corpus'' há uma coleção de ''dieresis'', mais duas cartas, 32 epigramas e um fragmento de poema (7 hexâmetros) que com exceção de uma parte desses poemas, não são obras de Platão.<ref>Der Neue Pauly Bd. 9, Stuttgart 2000, Sp. 1097–1100. {{de}}</ref>
 
É importante notar que na Antiguidade, vários diálogos considerados como falsamente atribuídos a Platão eram considerados genuínos, e alguns desses fazem parte do ''Canon'' de Trásilo, um filósofo e astrólogo alexandrino que serviu na corte de Tibério. Trásilo organizou os Diálogos de modo sistemático em nove grupos, chamados de Tetralogias,<ref>Diógenes Laércio, "A vida dos filósofos", 3,56,7</ref>, cujos escritos foram aceites como de Platão.<ref name="Moore2007">{{cite book|author=Edward Moore|title=Plato|url=http://books.google.com/books?id=RAwoZNBRNdQC&pg=PA46|date=1 January 2007|publisher=Humanities-Ebooks|page=46|id=GGKEY:EGRH91XZFLA}} {{en}}</ref> Segundo Diógenes Laércio(III, 61), se encontravam na nona tetralogia "uma carta a Aristodemo [de fato a Aristodoro]" (X), duas a Arquitas (IX, XII), quatro a Dionísio II (I, II, III, IV), uma a Hérmias, Erastos e Coriscos (VI), uma a Leodamas (XI), uma a Dion (IV), uma a Perdicas (V) e duas aos parentes de Dion (VII, VIII)".<ref name="Brentano2004">{{cite book|author=Telmo Brentano|title=Leituras de Platão|url=http://books.google.com/books?id=NzqodL8sCGcC&pg=PA23|year=2004|publisher=EDIPUCRS|isbn=978-85-7430-398-7|page=23}}</ref> Trásilo criou a seguinte organização:<ref name="Carvalho2008">{{cite book|author=José Mauricio de Carvalho|title=Estudos de Filosofia Clínica|url=http://books.google.com/books?id=zEGTE5Rkk1QC&pg=PA69|year=2008|publisher=IBPEX|isbn=978-85-7838-056-4|page=69}}</ref>
{| class="plainlist" cellpadding="0" cellspacing="0" style="font-style:italic;width:100%"
|-
| style="width:10.3%;border-right:1px solid #ccc;padding-right:10px" |
# [[Eutífron]]
# [[Apologia de Sócrates|Apologia]]
# [[Críton]]
# [[Fédon]]
| style="width:10.3%;border-right:1px solid #ccc;padding:0 10px" |
# [[Crátilo (diálogo)|Crátilo]]
# [[Teeteto]]
# [[Sofista (diálogo)|Sofista]]
# [[Político (diálogo)|Político]]
| style="width:10.3%;border-right:1px solid #ccc;padding:0 10px" |
#[[Parmênides (diálogo)|Parmênides]]
#[[Filebo]]
#[[O Banquete]]
#[[Fedro]]
| style="width:10.3%;border-right:1px solid #ccc;padding:0 10px" |
#[[Primeiro Alcibíades|Alcibíades I]]
#[[Segundo Alcibíades|Alcibíades II]]
#[[Hiparco (diálogo)|Hiparco]]
#[[Amantes Rivais]]
| style="width:10.3%;border-right:1px solid #ccc;padding:0 10px" |
#[[Teages]]
#[[Cármides]]
#[[Laques]]
#[[Lísis]]
| style="width:10.3%;border-right:1px solid #ccc;padding:0 10px" |
#[[Eutidemo]]
#[[Protágoras (diálogo)|Protágoras]]
#[[Górgias (diálogo)|Górgias]]
#[[Mênon]]
| style="width:10.3%;border-right:1px solid #ccc;padding:0 10px" |
#[[Hípias menor]]
#[[Hípias maior]]
#[[Íon (diálogo)|Íon]]
#[[Menexêno]]
| style="width:10.3%;border-right:1px solid #ccc;padding:0 10px" |
#[[Clitofon]]
#[[A República]]
#[[Timeu]]
#[[Crítias (diálogo)|Crítias]]
| style="width:10.3%;padding-left:10px" |
#[[Minos (diálogo)|Minos]]
#[[Leis (diálogo)|Leis]]
#[[Epínomis]]
#[[Epístolas (Platão)|Epístolas]]
|}
 
===Forma literária===
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Platão foi certamente o representante desse gênero literário muito superior a todos os outros e, mesmo, o único representante, pois comenta neles se pode reconhecer a natureza autêntica do filosofar socrático que nos outros escritores degenerou em maneirismos.<ref name="Giovanni" />; assim, o diálogo, em Platão é muito mais que um gênero literário, é sua forma de fazer filosofia.<ref name="Cardoso2006">{{cite book|author=Delmar Cardoso|title=A alma como centro do filosofar de Platão: uma leitura concêntrica do Fedro à luz da interpretação de Franco Trabattoni|url=http://books.google.com/books?id=Ic5K-Cq5QuoC&pg=PA42|accessdate=1/06/2013|year=2006|publisher=Edições Loyola|isbn=978-85-15-03376-8|page=42}}</ref>
Nem todos os trabalhos no ''Corpus'' de Platão são diálogos. A ''Apologia'' parece ser o relatória da defesa de [[Sócrates]] e seu julgamento e ''Menêxeno'' é um pronunciamento para funeral. As treze cartas são ditas serem de Platão mas a maioria são rejeitadas pelos pesquisadores modernos como sendo ilegítimas. A ''Sétima Carta'' ou ''Carta VII'' é uma das mais importantes cuja disputa permanece por dois motivos: (a) oferece detalhes biográficos de Platão e (b) coloca afirmações filosóficas sem paralelos em outros diálogos. Provavelmente a ''Sétima Carta'' é uma obra ilegítima e portanto não é uma fonte confiável para a biografia e filosofia de Platão.<ref name="Fine2008">{{cite book|author=Gail Fine|title=The Oxford Handbook of Plato|url=http://books.google.com/books?id=kixcDyHwFKMC&pg=PA64|date=13 August 2008|publisher=Oxford University Press, USA|isbn=978-0-19-518290-3|page=64}} {{en}}</ref>
 
===Cronologia===
A questão da cronologia ainda continua a gerar opiniões conflitantes. Análises estilométricas<ref name="HOSLE2">"Não menos se aproximou de um esclarecimento a questão da cronologia relativa dos diálogos graças às investigações com base no estilo(...)" {{cite book|author=VITTORIO HOSLE|title=Interpretar Platão|url=http://books.google.com/books?id=BxSPCdPxu7oC&pg=PA23|publisher=LOYOLA|isbn=978-85-15-03529-8|page=23}}</ref> dos diálogos demonstram que eles podem ser agrupados em três categorias definidas como obras do período Inicial, Médio e Tardio, embora exista este consenso comum, não há nenhum consenso sobre a ordem que as obras devem figurar em seus respectivos grupos. Outro método usado para determinar a ordem cronológica dos diálogos se baseia na conexão entre os vários trabalhos. Os estudiosos têm usado a evidência de pontos de vista filosóficos similares nos diálogos para sugerir uma ordem cronológica interna. As referências textuais dentro dos diálogos também ajudam a construir uma cronologia, ainda há pouquíssimos casos de um diálogo se referir a outro. Finalmente, a cronologia pode ser determinada a partir do testemunho de fontes antigas.<ref name="Cormack2006">{{cite book|author=Michael Cormack|title=Plato's Stepping Stones: Degrees of Moral Virtue|url=http://books.google.com/books?id=ffUXJRM2XCYC&pg=PA8|year=2006|publisher=Continuum International Publishing Group|isbn=978-1-84714-441-6|page=8}} {{en}}</ref>
 
== Filosofia ==
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Conclui-se que, deve se buscar uma harmonia entre o governante e o seus subordinados, em outras palavras, o ideal de Estado deveria corresponder ao ideal de homem.
 
===Teoria das Ideias===
{{Artigo principal| prefixo=Ver |Teoria das ideias|Alegoria da caverna}}
A ''Teoria das Ideias'' ou ''Teoria das Formas'' afirma que formas (ou ideias) abstratas não-materiais (mas substanciais e imutáveis) é que possuem o tipo mais alto e mais fundamental da realidade e não o mundo material mutável conhecido por nós através da sensação.<ref name="Paviani38">{{cite book|author=Jayme Paviani|title=Platão & A República|url=http://books.google.com/books?id=eLdVKg1ynkoC&pg=PA38|publisher=Zahar|isbn=978-85-378-0483-4|page=38}}</ref> Em uma analogia de Reale, as coisas que captamos com os "olhos do corpo" são formas físicas, as coisas que captamos com os "olhos da alma" são as formas não-físicas;<ref>"E não é verdade que, enquanto as coisas mutáveis podemos ver, tocálas ou percebê-las com os outros sentidos corpóreos, aquelas que permanecem imutáveis não possuem outro meio com o qual se podem captar, senão com o puro raciocínio e com a mente, porque estas coisas são invisíveis e não podem ser captadas com a vista?"Platão, ''República'', 514a-516c</ref> o ver da inteligência capta formas inteligíveis que são as essências puras. As Ideias são as essências eternas do bem, do belo etc. Para Platão há uma conexão metafísica entre a visão do olho da alma e o objeto em razão do qual tal visão não existe.<ref name="Giovanni61">{{cite book|author=REALE, Giovanni|title=História da filosofia grega e romana - Platão|url=http://books.google.com/books?id=BvRhFZdaqPMC&pg=PA61|publisher=LOYOLA|isbn=978-85-15-03304-1|page=61}}</ref> Este "mais real do que o que vemos habitualmente" é descrito em sua ''[[Alegoria da caverna]]''.<ref>Platão, ''República'', 514a-516c</ref>
 
===Epistemologia ===
{{Principal|Epistemologia platônica}}
Muitos têm interpretado que Platão afirma — e mesmo foi o primeiro a escrever — que [[conhecimento]] é [[crença verdadeira justificada]], uma visão influente que informou o desenvolvimentos futuro da [[epistemologia]].<ref>Fine, G., "Introduction" in ''Plato on Knowledge and Forms: Selected Essays'' (Oxford University Press, 2003), p. 5.</ref> Esta interpretação é parcialmente baseada na uma leitura do '' [[Teeteto]]'' no qual Platão argumenta que o conhecimento se distingue da mera crença verdadeira porque o conhecedor deve ter uma "conta" do objeto de sua crença verdadeira (''Teeteto'' 201C-d). E essa teoria pode novamente ser visto no ''[[Mênon]]'', onde é sugerido que a crença verdadeira pode ser aumentada para o nível de conhecimento, se está ligada a uma conta quanto à questão do "por que" o objeto da verdadeira crença é assim definido (''Mênon'' 97d-98a).<ref>McDowell, J., ''Plato: Theaetetus'' (Oxford University Press, 1973), p. 230.</ref> Muitos anos depois, Edmund Gettier demonstraria os problemas das crenças verdadeiras justificadas no contexto do conhecimento.<ref name="Carreto">{{cite book|author=Luis Carreto|title=Aristóteles para executivos – As repostas da filosofia para a gestão empresarial|url=http://books.google.com/books?id=6lxX_IIsjhYC&pg=PA110|publisher=GLOBO|isbn=978-85-250-4498-3|page=110}}</ref><ref>Fine, G., "Knowledge and ''Logos'' in the ''Theaetetus''", ''Philosophical Review, vol. 88'', no. 3 (July, 1979), p. 366. Reprinted in Fine (2003).</ref>
 
===Dialética ===
A dialética de Platão não é um método simples e linear, mas um conjunto de procedimentos, conhecimentos e comportamentos desenvolvidos sempre em relação a determinados problemas ou "conteúdos" filosóficos.<ref name="Paviani20013">{{cite book|author=Jayme Paviani|title=Filosofia e método em Platão|url=http://books.google.com/books?id=EcVtlGf9p5cC&pg=PA13|year=2001|publisher=EDIPUCRS|isbn=978-85-7430-234-8|page=13}}</ref>
O papel de [[dialética]] no pensamento de Platão é contestada, mas existem duas interpretações principais, um tipo de raciocínio e um método de intuição.<ref>Blackburn, Simon. 1996. ''The Oxford Dictionary of Philosophy''. Oxford: Oxford University Press, p. 104</ref> Simon Blackburn adota o primeiro, dizendo que a dialética de Platão é "o processo de extrair a verdade por meio de perguntas destinadas a abrir o que já é implicitamente conhecida, ou de expor as contradições e confusões de posição de um oponente".<ref>Blackburn, ''Oxford Dictionary of Philosophy'', 104</ref> Karl Popper afirma que a dialética é a arte da intuição para "visualizar os originais divinos, as formas ou idéias, de desvendar o grande mistério por trás do comum mundo das aparências do cotidiano do homem."<ref>Popper, K. (1962) ''The Open Society and its Enemies'', Volume 1, London, Routledge, p. 133.</ref>
 
===Ética e justiça===
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[[Hobbes]] considerou Platão como o melhor filósofo da Antiguidade clássica, pela razão de sua filosofia ter como como ponto de partida ideias, enquanto que Aristóteles partia de palavras. Para [[Hobbes]], Platão estaria apto a elaborar uma filosofia política por evitar conclusões falaciosas acerca do "o que é", "o que foi", "o que deveria ser".<ref>Strauss, 1936, p. 139-141</ref><ref name="FERREIRAJorge2008">Lier Pires Ferreira; Vladimyr Lombardo Jorge; Ricardo Guanabara. ''[http://books.google.com/books?id=Sk_Xe_8NUfcC&pg=PA69 Curso de Ciencia Politica - Grandes Autores]''. CAMPUS; 2008. ISBN 978-85-352-3161-8. p. 69.</ref>
 
No século XX, os metafísicos [[René Guénon]] e [[Frithjof Schuon]], francês o primeiro e suíço-alemão o segundo, foram dois influentes autores que re-elaboraram e atualizaram em linguagem contemporânea o pensamento universal e perene de Platão, por eles visto como um eminente representante da [[Filosofia Perene]]. Nos livros de ambos, como em ''A Crise do Mundo Moderno'' e ''O Reino da Quantidade'', de Guénon, e ''A Unidade Transcendente das Religiões''<ref>São Paulo: IRGET, 2012.</ref>, ''Forma e Substância nas Religões''<ref>São José dos Campos: Sapientia, 2010.</ref> e ''O Homem no Universo'', de Schuon, as ideias de Platão são expostas e discutidas em profundidade.

{{Colunas-listanotas|col=2}}
{{referências|col=3}}
 
=== Bibliografia ===
{{Colunas-lista|3|
;Em português
* {{citar livro|autor=Bryan Magee|título=Historia da Filosofía|url=http://books.google.com/books?id=g5wTuWeKrfoC&pg=PA24|ano=1999|editora=Loyola|id = ISBN 978-85-15-01929-8|página=24|ref=harv}}
*{{citar livro|autor=Bernard Arthur Owen Williams|título=Platão|url=http://books.google.com/books?id=w7AoYGx0yKIC&pg=PA9|ano=2000|editora=Unesp|id = ISBN 978-85-7139-279-3|ref=harv}}
*{{citar livro|autor=Hare, R. M.|título=Platão|url=http://books.google.com/books?id=ZQDtWkrLfKoC|editora=Loyola|id = ISBN 978-85-15-02064-5|ref=harv}}
*{{citar livro|autor=Hugh H. Benson|título=Platão|url=http://books.google.com/books?id=OAEO_r-t_zwC&pg=PA24|editora=Artmed|id = ISBN 978-85-363-2474-6|ref=harv}}
*{{citar livro|autor=GOLDSCHMIDT, Victor|título=Diálogos de Platão (Os)|url=http://books.google.com/books?id=dWf0a88Gm4gC|ano=2002|editora=Loyola|id = ISBN 978-85-15-02161-1|ref=harv}}
*{{citar livro|autor=Bento Silva Santos|título=A imortalidade de alma no Fédon de Platão: coerência e legitimidade do argumento final (102a-107b)|url=http://books.google.com/books?id=4tXhuUZzIcIC|year=1999|editora=EDIPUCRS|id = ISBN 978-85-7430-040-5|ref=harv}}
*{{citar livro|autor=Jayme Paviani|título=Filosofia e método em Platão|url=http://books.google.com/books?id=EcVtlGf9p5cC|year=2001|editora=EDIPUCRS|id = ISBN 978-85-7430-234-8|ref=harv}}
*{{citar livro|autor=José Ferrater Mora|título=Dicionário de filosofia. 4. (Q - Z)|url=http://books.google.com/books?id=ZFY3S8iinfMC&pg=PA2726|year=2001|editora=Loyola|id = ISBN 978-85-15-02004-1|ref=harv}}
*{{citar livro|autor=REALE, Giovanni|título=História da filosofia grega e romana - Platão|url=http://books.google.com/books?id=BvRhFZdaqPMC|editora=Loyola|id = ISBN 978-85-15-03304-1|ref=harv}}
 
;Em inglês
* {{citar livro|último=Browne|primeiro=Sir Thomas|título=[http://penelope.uchicago.edu/pseudodoxia/pseudo412.html#b26 Pseudodoxia Epidemica] |ano=1646-1672|unused_data=IV.xii|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Guthrie|primeiro=W.K.C.|título=A History of Greek Philosophy: Volume 4, Plato: The Man and His Dialogues: Earlier Period |ano=1986 | editora=Cambridge University Press| id = ISBN 0-521-31101-2|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Kahn|primeiro=Charles H.|título=Plato and the socratic dialogue: The Philosophical Use of a Literary Form |ano=2004 | editora=Cambridge University Press| id = ISBN 0-521-64830-0| capítulo=The Framework|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Nails|primeiro=Debra|título=A Companion to Plato | editor = Hugh H. Benson |ano=2006 | editora=Blackwell Publishing| id = ISBN 1-405-11521-1|capítulo=The Life of Plato of Athens|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Nails|primeiro=Debra|título=The People of Plato: A Prosopography of Plato and Other Socratics |ano=2002 | editora=Hackett Publishing| id = ISBN 0-872-20564-9|capítulo=Ariston/Perictione|ref=harv}}
* {{citar livro|último=Nietzsche|primeiro=Friedrich Wilhelm|título=Werke: Kritische Gesamtausgabe | idioma = alemão |ano=1967 | editora=Walter de Gruyter| id = ISBN 3-110-13912-X|capítulo=Vorlesungsaufzeichnungen|ref=harv}}
* {{citar periódico|último=Notopoulos|primeiro=A.|título=The Name of Plato|jornal=Classical Philology|volume=34|número=2|páginas=135–145|data = abril de 1939| editora=The University of Chicago Press|doi=10.1086/362227|ref=harv}}
* {{cite encyclopedia|título=Plato|encyclopedia=[[Encyclopaedia Britannica]]|ano=2002|ref=harv}}
* {{cite encyclopedia|título=Plato|encyclopedia=Encyclopaedic Dictionary The Helios Volume XVI (in Greek)|ano=1952|ref=harv}}
* {{cite encyclopedia|url=http://www.stoa.org/sol-bin/search.pl?search_method=QUERY&login=guest&enlogin=guest&page_num=1&user_list=LIST&searchstr=Plato&field=hw_eng&num_per_page=25&db=REAL|title=Plato|encyclopedia=Suda|outros=século X|ref=harv}}
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== Ligações externas ==
* [http://www.acervodigital.unesp.br Acervo Digital da UNESP] - Platão
 
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