Língua mirandesa: diferenças entre revisões

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A '''língua mirandesa''' é um idioma pertencente ao grupo [[asturo-leonês]] (ocidental), com estatuto de segunda língua oficial em [[Portugal]], reconhecida oficialmente em 1999 e assim protegida. É falada por mais de {{formatnum:7000}} pessoas e por menos de {{formatnum:10000}}, no concelho de [[Miranda do Douro]] e nas [[freguesia]]s de [[Angueira]], [[Vilar Seco (Vimioso)|Vilar Seco]] e [[Caçarelhos]], no concelho de [[Vimioso]], num espaço de 484 km², estendendo-se a sua influência por outras freguesias dos concelhos de Vimioso, [[Mogadouro]], [[Macedo de Cavaleiros]] e [[Bragança (Portugal)|Bragança]].
 
O mirandês tem três subdialetos (central ou normal, setentrional ou raiano, meridional ou [[sendinês]]); os seus falantes são em maior parte bilínguesbilingues, trilínguestrilingues ou até mesmo quadrilingues falando muitos deles o mirandês, o [[Língua portuguesa|português]] e o [[Língua castelhana|castelhano]], e até por vezes o galego.
 
Os textos recolhidos em mirandês mostram a envolvência de traços fonéticos, sintácticos ou vocabulares das diferentes línguas; o português é mais cantado pelos mirandeses, porque é considerado língua culta, fidalga, importante.
== Situação actual ==
A língua mirandesa, tal como já foi referida anteriormente, é falada por, sensivelmente, {{formatnum:7000}} a {{formatnum:10000}} pessoas no extremo nordeste de [[Portugal]], sendo desde 1999 a segunda língua oficial do país. A preservação da língua mirandesa deve-se à geografia e ao isolamento das designadas Terras de Miranda. Os rios ou cordilheiras são muitas vezes factores cruciais para a criação de uma "fronteira linguística". No caso das Terras de Miranda, o [[rio Sabor]] teve uma influencia, que convém realçar, isolando a área da influência da língua portuguesa. Outro factor para a preservação da língua é a proximidade e a acessibilidade a Espanha, tendo assim um comércio virado para o turismo espanhol, uma actividade crucial na cidade de [[Miranda do Douro]]. Convém realçar que Miranda do Douro tem uma grande vertente comercial destinada aos espanhóis que outrora faziam parte do Reino de Leão, isto é, que ainda, muitos deles, falam o [[Língua asturiana|asturiano]], língua de origem do mirandês. Isto fez com que o mirandês chegasse aos nossos dias quase intacto, a acessibilidade e o contacto constante a uma Espanha que fala, essencialmente, o asturiano e um isolamento face ao português. Há muitos anos que o mirandês não se falava no coração da comarca, Miranda do Douro, mas nos últimos anos, devido à deslocação das pessoas das aldeias para a cidade, trouxe o mirandês de volta, isto porque nas aldeias era onde se conservava o mirandês e este êxodo rural trouxe a língua mirandesa novamente à cidade. A língua mirandesa está numa situação de [[diglossia]], isto é, quando duas línguas coexistem mas uma prevalece sobre a outra, por razões extra-linguísticas. Neste caso o português tem conquistado os habitantes das Terras de Miranda pelo seu prestígio e difusão global. A atitude dos falantes em relação à sua língua autóctone também leva a uma relação de diglossia. Como exemplo, temos "Lição de Mirandês: You falo como bós i bós nun falais como you" de Manuela Barros Ferreira (do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa) em que é evidente a desvalorização da língua mirandesa face ao português. Segundo os entrevistados (pp. 150) não falam o mirandês quando estão em situações formais, como por exemplo, a relação professor-aluno (como é o caso do entrevistado) é, duma forma geral, a língua portuguesa que prevalece. Têm também alguns complexos com a língua, reservando-a a contextos mais familiares, do quotidiano ou mesmo contextos de extrema intimidade. Todos estes factores levam a língua a uma situação de diglossia.<ref>[http://mirandes.no.sapo.pt/ Sítio de L Mirandês do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa]</ref><ref>LicãoLição de Mirandês: "You falo como bós i bós nun falais como you" de Manuela Barros Ferreira (CLUL)</ref>
 
== Medidas de defesa ==
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== Fonologia ==
Características comuns ao português, ao [[Língua galega|galego]] e ao asturo-leonês ocidental (origem linguística da língua mirandesa):
* Manutençãomanutenção de F- inicial latino: FILIU (Lat.) = FILHO (Port.);
* Evoluçãoevolução do grupo latino -CT- em -it-: NOCTE (Lat.) = NOITE (Port.);
* Evoluçãoevolução dos grupos latinos PL-, CL- e FL- em africada /tʃ/.;
* Conservaçãoconservação dos ditongos ''ei'' e ''ou.''
Algumas diferenças fonológicas em relação ao português são:
* palatização da consoante inicial L: língua = lhéngua;
* manutenção das consoantes l e n em posição intervocálica: lua = lhuna, mau = malo;
* palatização das consoantes duplas ll/nn/mn: castelo = castielho, ano = anho, dano = danho;
* ditongação da vogal breve e em posição tónica: Ferro = fierro.
 
== Texto amostra ==