Ácido desoxirribonucleico: diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
→Recombinação genética: Correção de siglas |
Correção de siglas |
||
Linha 8:
Do ponto de vista químico, o DNA é um longo [[polímero]] de unidades simples ([[monômeros]]) de [[nucleotídeo]]s, cuja cadeia principal é formada por moléculas de [[açúcar]]es e [[fosfato]] intercalados unidos por [[Ligação fosfodiéster|ligações fosfodiéster]]. Ligada à molécula de açúcar está uma de quatro [[bases nitrogenadas]]. A sequência de bases ao longo da molécula de DNA constitui a informação genética. A leitura destas sequências é feita por intermédio do [[código genético]], que especifica a sequência linear dos [[aminoácidos]] das proteínas. A tradução é feita por um [[ARNm|RNA mensageiro]] que copia parte da cadeia de DNA por um processo chamado [[transcrição (genética)|transcrição]] e posteriormente a informação contida neste é "traduzida" em proteínas pela [[Tradução (genética)|tradução]]. Embora a maioria do RNA produzido seja usado na síntese de proteínas, algum RNA tem função estrutural, como por exemplo o [[ARN ribossômico|RNA ribossômico]], que faz parte da constituição dos [[ribossomo]]s.
Dentro da [[célula]], o DNA pode ser observado numa estrutura chamada [[cromossoma]] durante a [[metáfase]]. O conjunto de cromossomas de uma célula forma o [[cariótipo]]. Antes da [[divisão celular]] os cromossomas são duplicados por meio de um processo chamado [[replicação]]. [[Eucarionte]]s como [[animal|animais]], [[planta]]s, [[fungo]]s e [[protozoário]]s têm o seu DNA dentro do [[núcleo celular|núcleo]] enquanto que [[procarionte]]s como as [[bactéria]]s o têm disperso no [[citoplasma]]. Dentro dos cromossomas, proteínas da [[cromatina]] como as [[histonas]] compactam e organizam o DNA. Estas estruturas compactas guiam as
== Propriedades físicas e químicas ==
Linha 14:
O DNA é um longo [[polímero]] formado por unidades repetidas chamadas [[nucleotídeo]]s.<ref name=Alberts>{{Citar livro |authors=Bruce Alberts,Alexander Johnson, Julian Lewis, Kazuo, Martin Raff, Keith Roberts, and Peter Walters |título=Molecular Biology of the Cell; Fourth Edition |editora=Garland Science|ano=2002 |local=Nova Iorque e Londres |url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/bv.fcgi?call=bv.View..ShowTOC&rid=mboc4.TOC&depth=2 |isbn=0-8153-3218-1}}</ref><ref name="Butler">Butler, John M. (2001) ''Forensic DNA Typing'' "Elsevier". pp. 14–15. ISBN 978-0-12-147951-0.</ref>
A cadeia de DNA tem 2,2 a 2,4 [[nanómetro|nanômetro]]s de largura, e um nucleotídeo possui aproximadamente 0,33
Em organismos vivos, o DNA não existe como uma molécula única (cadeia simples), mas sim como um par de moléculas firmemente associadas.<ref name=Watson>{{Citar periódico | autor=Watson J, Crick F | titulo=Molecular structure of nucleic acids; a structure for deoxyribose nucleic acid | url=http://profiles.nlm.nih.gov/SC/B/B/Y/W/_/scbbyw.pdf |formato=PDF | jornal=Nature | volume=171 | numero=4356 | páginas=737–8 | ano=1953 | pmid=13054692}}</ref><ref name="berg">Berg J., Tymoczko J. and Stryer L. (2002) ''Biochemistry.'' W. H. Freeman and Company ISBN 0-7167-4955-6</ref>
As duas longas cadeias de DNA enrolam-se como uma trepadeira formando uma [[Hélice (geometria)|dupla hélice]]. Os nucleotídeos estão presentes em ambas as cadeias da dupla hélice, unidos com nucleótidos da mesma cadeia por ligações fosfodiéster e à cadeia complementar por meio de pontes de
<ref name=IUPAC>{{Citar web |url=http://www.chem.qmul.ac.uk/iupac/misc/naabb.html |título=Abbreviations and Symbols for Nucleic Acids, Polynucleotides and their Constituents IUPAC-IUB|publicado=Commission on Biochemical Nomenclature (CBN)|acessodata=3 de janeiro de 2006|língua=en}}</ref>
Linha 45:
Os dois tipos de pares de base formam diferentes números de pontes de hidrogênio: AT forma duas pontes de hidrogênio enquanto que GC formam três pontes de hidrogênio. Desta forma a interação entre GC é mais forte que AT. Como resultado, a percentagem de GC numa dupla fita de DNA determina a força de interação entre as duas cadeias.<ref>{{Citar periódico | autor=Chalikian T, Völker J, Plum G, Breslauer K | titulo=A more unified picture for the thermodynamics of nucleic acid duplex melting: a characterization by calorimetric and volumetric techniques | url=http://www.pubmedcentral.nih.gov/picrender.fcgi?artid=22151&blobtype=pdf | jornal=Proc Natl Acad Sci U S A | volume=96 | numero=14 | paginas=7853–8 | ano=1999 | pmid=10393911}}</ref>
Uma parte da dupla cadeia de DNA que precisa de ser separada facilmente, tal como a TATAAT [[Caixa de Pribnow]] nos [[promotor (genética)|promotores]] bacterianos, tende a ter sequências com maior predomínio de AT, para facilitar a abertura da dupla cadeia aquando da transcrição. No laboratório, a força desta
=== Sulcos ===
Linha 89:
[[Ficheiro:Parallel telomere quadruple.png|thumb|esquerda|Estrutura de um quadrúplex de DNA formado por repetições [[telómero|teloméricas]]. A conformação do esqueleto de DNA é diferente da típica estrutura helicoidal.<ref>{{citar web |autor= |url=http://ndbserver.rutgers.edu/atlas/xray/structures/U/ud0017/ud0017.html |publicado=Ndbserver.rutgers.edu |título=NDB UD0017}}</ref>]]
Nas extremidades do cromossomas lineares estão zonas especializadas do DNA chamadas [[telómero|telômero]]s. A função principal destas regiões é permitir que a célula replique as extremidades do cromossoma usando a enzima [[telomerase]], porque enzimas que permitem replicar DNA normalmente não conseguem copiar as extremidades 3' dos cromossomas.<ref name=Greider>{{Citar periódico | autor=Greider C, Blackburn E | titulo=Identification of a specific telomere terminal transferase activity in Tetrahymena extracts | jornal=Cell | volume=43 | numero=2 Pt 1 | paginas=405–13 | ano=1985 | pmid=3907856}}</ref> Estas tampas de cromossoma especializadas também ajudam a proteger as extremidades do DNA, e evitam que o sistema de [[reparo de DNA|reparação de DNA]] elimine estas regiões como erros que precisassem de ser corrigidos.<ref name=Nugent>{{Citar periódico | autor=Nugent C, Lundblad V | titulo=The telomerase reverse transcriptase: components and regulation | url=http://www.genesdev.org/cgi/content/full/12/8/1073 | jornal=Genes Dev | volume=12 | numero=8 | paginas=1073–85 | ano=1998 | pmid=9553037}}</ref> Em células humanas, os
Estas sequências ricas em guanina podem estabilizar as extremidades dos cromossomas formando estruturas de unidades de quatro bases empilhadas, ao invés dos pares de base usuais encontrados em outras moléculas de DNA. Quatro bases de guanina formam uma placa chata e depois estas unidades chatas de quatro bases empilham-se no topo umas das outras, para formarem estruturas [[quadrúplex-G]] estáveis.<ref name=Burge>{{Citar periódico | autor=Burge S, Parkinson G, Hazel P, Todd A, Neidle S | titulo=Quadruplex DNA: sequence, topology and structure | url=http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?tool=pubmed&pubmedid=17012276 | jornal=Nucleic Acids Res | volume=34 | numero=19 | páginas=5402–15 | ano=2006 | pmid=17012276 | doi=10.1093/nar/gkl655 }}</ref> Estas estruturas são estabilizadas por [[ponte de hidrogénio|pontes de
Além destas estruturas empilhadas, os
== Modificações químicas ==
Linha 111:
=== Modificações de bases ===
{{Artigo principal|[[metilação do DNA|Metilação do DNA]]}}
A expressão de genes é influenciado pela maneira como o DNA está disposto nos cromossomas, numa estrutura chamada [[cromatina]]. As modificações de bases podem estar envolvidas na disposição, com as regiões quem tem expressão
=== Danos ao DNA ===
Linha 117:
[[Ficheiro:Benzopyrene DNA adduct 1JDG.png|thumb|[[Benzopireno]], o maior mutagénio no [[tabagismo|fumo do tabaco]], ligando-se ao DNA<ref>{{citar web |autor= |url=http://www.rcsb.org/pdb/cgi/explore.cgi?pdbId=1JDG |publicado=Rcsb.org |título=PDB 1JDG }}</ref>]]
O DNA pode ser danificado por muitos tipos diferentes de [[mutagénio|mutagênio]]s, que alteram a sequência de DNA. Estes incluem [[oxidante|agentes oxidantes]], [[Alquilação|agentes alquilantes]] e também por [[radiação electromagnética]] de grande energia tal como luz [[ultravioleta]] e [[Raio-X|raios-X]]. O tipo de dano ao DNA produzido depende do tipo de
Muitos mutagénios encaixam entre o espaço entre dois pares de bases adjacentes, na chamada ''[[intercalação (química)|intercalação]]''. A maioria dos intercaladores são [[Aromaticidade|aromáticos]] e moléculas planas e incluem [[brometo de etídio]], [[daunomicina]], [[doxorrubicina]] e [[talidomida]]. Para que um intercalador encaixe entre pares de bases, as bases têm de se separar, abrindo a cadeia dupla. Isto inibe a transcrição e a replicação do DNA, causando toxicidade e mutações. Como resultado, os intercaladores de DNA são muitas vezes [[carcinogénico]]s. [[Benzopireno]], [[acridina]]s, [[aflatoxina]] e brometo de etídio são exemplos bem conhecidos.<ref>{{Citar periódico | autor=Ferguson L, Denny W | titulo=The genetic toxicology of acridines | jornal=Mutat Res | volume=258 | numero=2 | paginas=123–60 | ano=1991 | pmid=1881402}}</ref><ref>{{Citar periódico | autor=Jeffrey A | titulo=DNA modification by chemical carcinogens | jornal=Pharmacol Ther | volume=28 | numero=2 | paginas=237–72 | ano=1985 | pmid=3936066 | doi=10.1016/0163-7258(85)90013-0}}</ref><ref>{{Citar periódico | autor=Stephens T, Bunde C, Fillmore B | titulo=Mechanism of action in thalidomide teratogenesis | jornal=Biochem Pharmacol | volume=59 | numero=12 | paginas=1489–99 | ano=2000 | pmid=10799645 | doi=10.1016/S0006-2952(99)00388-3}}</ref> No entanto, devido à sua capacidade de inibir a transcrição e replicação, estas toxinas também são usadas em [[quimioterapia]] para inibir o crescimento rápido de células tumorais.<ref>{{Citar periódico | autor=Braña M, Cacho M, Gradillas A, de Pascual-Teresa B, Ramos A | titulo=Intercalators as anticancer drugs | jornal=Curr Pharm Des | volume=7 | numero=17 | paginas=1745–80 | ano=2001 | pmid=11562309 | doi=10.2174/1381612013397113}}</ref>
Linha 159:
|
|}
<div style="border: none; width:260px;"><div class="thumbcaption">
Proteínas estruturais que se ligam ao DNA são exemplos bem estudados de interações não-específicas DNA-proteínas. Nos cromossomas, o DNA está ligado a proteínas estruturais formando complexos. Estas proteínas organizam o DNA numa estrutura compacta, a [[cromatina]]. Em eucariontes esta estrutura envolve a ligação do DNA a um complexo de pequenas proteínas básicas chamadas histonas, enquanto que em procariontes estão envolvidas vários tipos de proteínas.<ref>{{Citar periódico |autor=Sandman K, Pereira S, Reeve J |titulo=Diversity of prokaryotic chromosomal proteins and the origin of the nucleosome | jornal=Cell Mol Life Sci |volume=54 |numero=12 | páginas=1350–64 |ano=1998 |pmid=9893710 |doi=10.1007/s000180050259}}</ref><ref>{{Citar periódico |autor=Dame RT |titulo=The role of nucleoid-associated proteins in the organization and compaction of bacterial chromatin |jornal=Mol. Microbiol |volume=56 |numero=4 |páginas=858–70 |ano=2005 |pmid=15853876 |doi=10.1111/j.1365-2958.2005.04598.x}}</ref> As histonas formam um complexo em forma de disco, o [[nucleossoma]], que contém duas voltas completas de DNA de cadeia dupla à sua volta. Estas interacções não-específicas formam-se quando os resíduos básicos das histonas fazem [[ligação iónica|ligações iónicas]] ao esqueleto açúcar-fosfato acídico do DNA, e por isso são largamente independentes da sequência de bases.<ref>{{Citar periódico |autor=Luger K, Mäder A, Richmond R, Sargent D, Richmond T |titulo=Crystal structure of the nucleosome core particle at 2.8 A resolution | jornal=Nature |volume=389 |numero=6648 | páginas=251–60 |ano=1997 |pmid=9305837 | doi = 10.1038/38444 }}</ref> Modificações químicas nestes resíduos de amino-ácidos incluem [[metilação]], [[fosforilação]] e [[acetilação]].<ref>{{Citar periódico |autor=Jenuwein T, Allis C |titulo=Translating the histone code | jornal=Science |volume=293 |numero=5532 | páginas=1074–80 |ano=2001 |pmid=11498575 |doi=10.1126/science.1063127}}</ref> Estas mudanças químicas alteram a força da interacção entre o DNA e as histonas, tornando o ADN mais ou menos acessível a [[factor de transcrição|factores de transcrição]] e mudando a taxa de transcrição.<ref>{{Citar periódico |autor=Ito T |titulo=Nucleosome assembly and remodelling | jornal=Curr Top Microbiol Immunol |volume=274 |numero=| páginas=1–22 |ano=|pmid=12596902}}</ref> Outras proteínas com ligação a ADN não-específicas incluem o grupo de proteínas de alta mobilidade, que se ligam a DNA dobrado ou distorcido.<ref>{{Citar periódico |autor=Thomas J |titulo=HMG1 and 2: architectural DNA-binding proteins | jornal=Biochem Soc Trans |volume=29 |numero=Pt 4 | páginas=395–401 |ano=2001 |pmid=11497996 |doi=10.1042/BST0290395}}</ref> Estas proteínas são importantes pois dobram conjuntos de nucleossomas e organizam-nos em estruturas maiores que constituem os cromossomas.<ref>{{Citar periódico |autor=Grosschedl R, Giese K, Pagel J |titulo=HMG domain proteins: architectural elements in the assembly of nucleoprotein structures | jornal=Trends Genet |volume=10 |numero=3 | páginas=94–100 |ano=1994 |pmid=8178371 |doi=10.1016/0168-9525(94)90232-1}}</ref>
Linha 165:
Um grupo distinto destas proteínas são as que se ligam especificamente a DNA de cadeia simples. Nos humanos, a proteína de replicação A é o membro desta família mais bem compreendido e é usado em processos onde a dupla hélice é separada, incluindo durante a replicação do DNA, recombinação e reparo.<ref>{{Citar periódico |autor=Iftode C, Daniely Y, Borowiec J |titulo=Replication protein A (RPA): the eukaryotic SSB | jornal=Crit Rev Biochem Mol Biol |volume=34 |numero=3 | páginas=141–80 |ano=1999 |pmid=10473346 |doi=10.1080/10409239991209255}}</ref> Estas proteínas parecem estabilizar DNA de cadeia dupla e protegem-no da formação de ''[[hairpin loop]]s'' e da degradação por [[nuclease]]s.
[[Ficheiro:Lambda repressor 1LMB.png|thumb
Em contraste, outras proteínas evoluíram de modo a ligar-se a sequências de DNA específicas. Os [[factor de transcrição|factores de transcrição]] são dos mais intensivamente estudados (proteínas que regulam a transcrição). Cada
Como estes locais de ligação podem ocorrer pelo genoma inteiro de um organismo, mudanças na atividade de um tipo de fator de transcrição pode afetar milhares de genes.<ref>{{Citar periódico |autor=Li Z, Van Calcar S, Qu C, Cavenee W, Zhang M, Ren B |titulo=A global transcriptional regulatory role for c-Myc in Burkitt's lymphoma cells | url=http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?tool=pubmed&pubmedid=12808131 | jornal=Proc Natl Acad Sci USA |volume=100 |numero=14 | páginas=8164–9 |ano=2003 |pmid=12808131 | doi = 10.1073/pnas.1332764100 }}</ref> Por consequência, estas proteínas são muitas vezes alvo de processos de [[transdução de sinal]] que controlam respostas a mudanças ambientais ou diferenciação e desenvolvimento celular. A especificidade da interação destes factores de transcrição com o DNA provém das proteínas que fazem contatos múltiplos com a extremidade das bases de DNA, permitindo a leitura da sequência de DNA. A maior parte destas interações com bases faz-se no sulco maior, onde as bases estão mais acessíveis.<ref>{{Citar periódico |autor=Pabo C, Sauer R |titulo=Protein-DNA recognition | jornal=Annu Rev Biochem |volume=53 |numero=| páginas=293–321 |ano=1984 |pmid=6236744 | doi = 10.1146/annurev.bi.53.070184.001453 }}</ref>
Linha 173:
==== Nucleases e ligases ====
[[Ficheiro:EcoRV 1RVA.png|thumb|esquerda|A [[enzima de restrição]] [[EcoRV]] (verde) num complexo com o seu
As [[nuclease]]s são [[enzima]]s que cortam as cadeias de DNA mediante a [[catálise]] da [[hidrólise]] das [[ligação fosfodiéster|ligações fosfodiéster]]. As nucleases que hidrolisam [[nucleótido]]s a partir dos extremos das cadeias de DNA denominam-se ''exonucleases'', enquanto que as ''endonucleases'' cortam no interior das cadeias. As nucleases que se utilizam com maior frequência em [[biologia molecular]] são as [[enzima de restrição|enzimas de restrição]], endonucleases que cortam o DNA em sequências específicas. Por exemplo, a enzima EcoRV, mostrada à esquerda, reconhece a sequência de 6 bases 5′-GAT|ATC-3′ e faz um corte em ambas as cadeias na linha vertical indicada, gerando duas moléculas de DNA. Outras enzimas de restrição geram, no entanto, extremidades coesivas, já que cortam de forma diferente as duas cadeias de DNA. Na natureza, estas enzimas protegem as [[bactéria]]s contra as infecções de [[Bacteriófago|fagos]], ao digerir o DNA do fago quando entra através da parede bacteriana, actuando como um mecanismo de defesa.<ref>{{Citar periódico |autor=Bickle T, Krüger D |titulo=Biology of DNA restriction | url=http://www.pubmedcentral.nih.gov/picrender.fcgi?artid=372918&blobtype=pdf | jornal=Microbiol Rev |volume=57 |numero=2 | páginas=434–50 |ano=1993 |pmid=8336674}}</ref> Em [[biotecnologia]], estas nucleases específicas utilizam-se na [[Clonagem|clonagem molecular]] e na técnica de [[impressão de ADN|impressão de DNA]] (''<!-- DNA --><!-- --> fingerprinting'', em inglês).
Linha 200:
|[[Ficheiro:Holliday junction coloured.png|250px]]
|}
<div style="border: none; width:250px;"><div class="thumbcaption">Estrutura de um intermediário em [[junção de Holliday]] na [[recombinação genética]]. A quatro cadeias de
{{Artigo principal|[[Recombinação genética]]}}
[[Ficheiro:Chromosomal Recombination.svg|thumb|esquerda|A recombinação implica a rotura e reunião de dois (M e F) para produzir dois cromossomas novos, reorganizados (C1 e C2).]]
Uma hélice de DNA normalmente não interage com outros segmentos de DNA. Nas células humanas os diferentes cromossomas ocupam áreas separadas no [[núcleo celular]] denominadas “territórios
A recombinação permite aos cromossomas trocar informação genética e produzir novas combinações de genes, o que aumenta a eficiência da [[selecção natural|seleção natural]] e pode ser importante na evolução rápida de novas proteínas.<ref>{{Citar periódico |autor=Pál C, Papp B, Lercher M |titulo=An integrated view of protein evolution | jornal=Nat Rev Genet |volume=7 |numero=5 | páginas=337–48 |ano=2006 |pmid=16619049 | doi = 10.1038/nrg1838}}</ref> Durante a profase I da [[meiose]], uma vez que os cromossomas homólogos estão perfeitamente emparelhados formando estruturas que se denominam bivalentes, produz-se o
A forma mais frequente de sobrecruzamento cromossómico é a [[recombinação homóloga]], na qual os dois cromossomas implicados compartilham sequências muito similares. A recombinação não-homóloga pode ser danosa para as células, já que pode produzir [[mutação|translocações cromossômicas]] e anormalidades genéticas. A
== Evolução do metabolismo de DNA ==
{{Artigo principal|[[Hipótese do mundo de RNA]]}}
O DNA contém a informação genética que permite à maioria dos organismos vivos funcionar, crescer e reproduzir-se. No entanto, desconhece-se o intervalo de tempo durante o qual ele exerceu esta função nos ~3000 milhões de anos desde a [[origem da vida|história da vida]], já que se propôs que as formas de vida mais precoces poderiam ter utilizado [[ARN|DNA]] como material genético.<ref name=JoyceG>{{Citar periódico |autor=Joyce G |titulo=The antiquity of RNA-based evolution |jornal=Nature |volume=418 |numero=6894 |páginas=214–21 |ano=2002 |pmid=12110897 | doi = 10.1038/418214a}}</ref><ref>{{Citar periódico |autor=Orgel L |titulo=Prebiotic chemistry and the origin of the RNA world | url=http://www.d.umn.edu/~pschoff/documents/OrgelRNAWorld.pdf |formato=PDF |jornal=Crit Rev Biochem Mol Biol |volume=39 |numero=2 |páginas=99–123 |pmid=15217990 | doi = 10.1080/10409230490460765}}</ref> O RNA poderia ter funcionado como parte central de um metabolismo primordial, já que pode transmitir informação genética e simultaneamente
Infelizmente, não dispomos de evidência
No entanto, podem utilizar-se ferramentas de evolução molecular para inferir os genomas de organismos ancestrais a partir de organismos contemporâneos.<ref name="Birnbaum2000">{{Citar periódico | autor = Birnbaum D, Coulier F, Pébusque MJ, Pontarotti P. | ano = 2000 | titulo = "Paleogenomics": looking in the past to the future | jornal = J Exp Zool | volume = 288 | numero = (1): 21-2 | pmid = 10750049}}</ref><ref name="Blanchette2004">{{Citar periódico | autor = Blanchette M, Green ED, Miller W, Haussler D. | ano = 2004 | titulo = Reconstructing large regions of an ancestral mammalian genome in silico | jornal = Genome Res | volume = 14 | numero = (12): 2412-23 | doi = 10.1101/gr.2800104 | pmid = 15574820}}</ref> Em muitos casos, estas inferências são suficientemente fiáveis, de maneira que uma biomolécula codificada num genoma ancestral pode ser ressuscitada no laboratório para ser estudada hoje.<ref name="Gaucher2003">{{Citar periódico | autor = Gaucher EA, Thomson JM, Burgan MF, Benner SA. | ano = 2003 | titulo = Inferring the palaeoenvironment of ancient bacteria on the basis of resurrected proteins | jornal = Nature | volume = 425 | numero = (6955): 285-8 | doi = 10.1038/nature01977 | pmid = 13679914}}</ref><ref name="Thornton2004">{{Citar periódico | autor = Thornton JW. | ano = 2004 | titulo = Resurrecting ancient genes: experimental analysis of extinct molecules | jornal = Nat Rev Genet | volume = 5 | numero = (5): 366-75 | doi = 10.1038/nrg1324 |pmid = 15143319}}</ref> Uma vez recomposta a biomolécula ancestral, suas propriedades poderiam oferecer informações sobre os ambientes primordial, remetendo ao campo emergente da ''paleogenética experimental''.<ref name="Brenner2002">{{Citar periódico | autor = Benner SA, Caraco MD, Thomson JM, Gaucher EA. | ano = 2002 | titulo = Planetary biology--paleontological, geological, and molecular histories of life | jornal = Science | volume = 296 | numero = (5569): 864-8 | doi = 10.1126/science.1069863 | pmid = 11988562}}</ref> Apesar de tudo, o processo de trabalho ''retrospectivo'' tem limitações inerentes, razão pela qual outros investigadores tentam elucidar o mecanismo evolutivo trabalhando desde a origem da Terra até adiante no tempo. Dada suficiente informação sobre como as substâncias cósmicas poderiam haver-se depositado na Terra e sobre as transformações que poderiam ter tido lugar na superfície terrestre, talvez poderíamos ser capazes de desenvolver modelos prospectivos de evolução da informação genética.
|