Concílio Vaticano II: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Aleth Bot (discussão | contribs)
m Bot: Eliminação automática de afluentes - solicitado em Usuária:Aleth Bot/Unlink
m ajustando datas nas citações, outros ajustes usando script
Linha 32:
* ''[[Nostra Aetate|Nostra Ætate]]'': relação com os não cristãos<ref>[http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/ Verbete ''Concílio''] da "''Enciclopédia Católica Popular''"</ref>
}}
O '''Concílio Vaticano II''' ('''CVII'''), XXI Concílio Ecumênico da Igreja Católica, foi convocado no dia [[25 de Dezembro]] de [[1961]], através da [[bula papal]] "''Humanae salutis''", pelo [[Papa João XXIII]]. Este mesmo [[Papa]] inaugurou-o, a ritmo extraordinário, no dia [[11 de outubro]] de [[1962]]. O Concílio, realizado em 4 sessões, só terminou no dia [[8 de dezembro]] de [[1965]], já sob o papado de [[Papa Paulo VI|Paulo VI]].<ref name="CV3">{{citar web | titulo= O Concílio Vaticano II | publicado = Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios ([[Paraíba|PB]]) | url= http://www.senhoradosremedios.com/outros/textos/VATI%20(TEXTOS).DOC | formato= DOC |língua= português | ano= [[1999]] | acessodata= [[14 de junho]] de [[2009]]}}</ref><ref name="NCE1">{{Referência acitar livro|autor= Faculty of Catholic University of America |título= [[Enciclopédia Católica|New Catholic Encyclopedia]] | subtítulo= |idioma= inglês |edição= 1 |local=[[Nova Iorque]]|editora= McGraw-Hill |ano= 1967 |volumes=|volume= XIV |idisbn=ISBN 0-7876-4004-2|páginas=563}}</ref><ref name = "Alberig 2005 69">{{Referência acitar livro|autor= Giuseppe Alberigo |título= A Brief History of Vatican II | subtítulo= |idioma= inglês |edição= 1 |local= Maryknoll |editora= Orbis Books |ano= [[2006]] |volumes=|volume= |idisbn=ISBN 1-57075-638-4|páginas=69}}</ref>
 
Nestas quatro sessões, mais de 2 000 [[Prelado]]s convocados de todo o planeta discutiram e regulamentaram vários temas da [[Igreja Católica]]. As suas decisões estão expressas nas 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio.<ref name="CV3" /> Apesar da sua boa intenção em tentar [[aggiornamento|atualizar a Igreja]], os resultados deste Concílio, para alguns estudiosos, ainda não foram totalmente entendidos nos dias de hoje, enfrentando por isso vários problemas que perduram. Para muitos estudiosos, é esperado que os jovens [[teólogo]]s dessa época, que participaram do Concílio, salvaguardem a sua natureza; depois de João XXIII, todos os [[Papa]]s que o sucederam até [[Bento XVI]], inclusive, participaram do Concílio ou como Padres conciliares (ou [[prelado]]s) ou como consultores teológicos (ou peritos).<ref name="NCE1" /><ref name = "Alberig 2005 69" />
Linha 68:
Por esta razão, ao contrário dos concílios ecuménicos anteriores, preocupados mais em condenar [[heresia]]s e em definir verdades de fé e de moral, o Concílio Vaticano II "''teve como orientação fundamental a procura de um papel mais participativo para a [[fé]] católica na sociedade, com atenção para os problemas sociais e econômicos''".<ref name="CV1">[http://orbita.starmedia.com/~hyeros/catolicnomundcont007.html "''Catolicismo e mundo moderno''"], do site ''Hieros''</ref> Aliás, o próprio [[Papa João XXIII]] teve o cuidado de mencionar a diferença e a especificidade deste Concílio: "''a Igreja sempre se opôs a [...] [[heresia|erros]]; muitas vezes até os condenou com a maior severidade. Agora, porém, a [[Igreja Católica#Eclesiologia|esposa de Cristo]] prefere usar mais o remédio da [[misericórdia]] do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da [[doutrina católica|sua doutrina]] do que renovando condenações''".<ref>[http://www.vatican.va/holy_father/john_xxiii/speeches/1962/documents/hf_j-xxiii_spe_19621011_opening-council_po.html Discurso de Sua Santidade Papa João XXIII na Abertura Solene do SS. Concílio] (1962); cap. VII, n. 2</ref>
 
Logo, o Concílio não visava a condenar [[heresia]]s nem proclamar nenhum [[dogma]] novo.<ref name="Weigel1"/><ref>"''Vatican II gave us no new dogmatic definitions...''". Citação retirada do "''Tablet''" (2 de Março de 1968)</ref> O Concílio apenas queria dar uma nova orientação [[pastoral]] à Igreja e uma nova forma de apresentar e explicar os [[Dogmas da Igreja Católica|dogmas católicos]] ao mundo moderno, mas sempre fiel à [[Tradição católica|Tradição]].<ref>"''The substance of the ancient doctrine of the Deposit of Faith is one thing, and the way in which it is presented is another''". Citação retirada do "''Discurso de Abertura do Concílio Vaticano II''", feito pelo [[Papa João XXIII]] (11 de Outubro de 1963)</ref> O próprio Papa João XXIII afirmou que "''o que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da [[Doutrina católica|doutrina cristã]] seja guardado e ensinado de forma mais eficaz''".<ref>[http://www.vatican.va/holy_father/john_xxiii/speeches/1962/documents/hf_j-xxiii_spe_19621011_opening-council_po.html Discurso de Sua Santidade Papa João XXIII na Abertura Solene do SS. Concílio] (1962); cap. V, n. 1</ref> Para satisfazer esta sua intenção, o Papa queria ardentemente que a Igreja mudasse de mentalidade, para poder melhor enfrentar e acompanhar as transformações do mundo moderno.<ref>{{citar web | titulo= Biography: Pope John XXIII | publicado = About.com: Agnosticism / Atheism | url= http://atheism.about.com/library/glossary/western/bldef_johnxxiii.htm | autor= Austin Cline | formato= |língua= inglês | acessodata=[[13 de junho]] de [[2009]]}}</ref>
 
Pelas palavras da constituição ''[[Sacrosanctum Concilium]]'', o "''Concílio propõe-se a fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições suscetíveis de mudança, promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em [[Cristo]], e fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja''".<ref>''Sacrosanctum Concilium'', n. 1</ref>
Linha 171:
Devido aos seus [[Concílio Vaticano II#Objetivos|objetivos supramencionados]], o [[Magistério da Igreja Católica]] reconhece que o Concílio Vaticano II tem uma natureza e um fim predominantemente [[pastoral]], não chegando por isso a proclamar nenhum [[dogma]] novo.<ref name="Weigel1"/>
 
Mas, o [[Papa Bento XVI]] insistiu sempre que este Concílio tem a mesma autoridade do que todos os outros concílios ecuménicos que o precedem. Para ele, o Concílio é mais uma expressão da continuidade da [[Tradição católica]].<ref name="Bentodiscurso1">[http://doutrinacatolica.trix.net/Downloads/bento.htm "''The Ratzinger Report, San Francisco: Ignatius, 1985, 28-29, 31''"]{{deadligação linkinativa|datedata=setembro de 2010}}<br />'''Texto:''' “It must be stated that Vatican II is upheld by the same authority as [[Concílio Vaticano I|Vatican I]] and the [[Concílio de Trento|Council of Trent]], namely, the Pope and the College of Bishops in communion with him, and that also with regard to its contents. Vatican II is in the strictest continuity with both previous councils and incorporates their texts word for word in decisive points. [...] Whoever denies Vatican II denies the authority that upholds the other two councils and thereby detaches them from their foundation. [...] To defend the true [[Tradição católica|tradition of the Church]] today means to defend the Council. It is our fault if we have at times provided a pretext (to the 'right' and 'left' alike) to view Vatican II as a 'break' and an abandonment of the tradition. There is, instead, a continuity that allows neither a return to the past nor a flight forward, neither anachronistic longings nor unjustified impatience. We must remain faithful to the today of the Church, not the yesterday or tomorrow. And this today of the Church is the documents of Vatican II, without reservations that amputate them and without arbitrariness that distorts them.”</ref> Segundo o Papa, os vários temas tratados pelo Concílio "''podia emergir alguma forma de descontinuidade que, de certo modo, se tinha manifestado''", mas, volta a defender que, "''feitas as diversas distinções entre as situações históricas concretas e as suas exigências, resultava [...] num processo de novidade na continuidade''", que é caracterizada como a "''natureza da verdadeira reforma''". O Papa defende ainda que, sob a óptica desta continuidade renovadora, "''devíamos aprender a compreender mais concretamente do que antes que as decisões da Igreja em relação às coisas contingentes. [...] Em tais decisões, somente os princípios exprimem o aspecto duradouro, permanecendo subjacente e motivando a decisão a partir de dentro. Não são, por sua vez, igualmente permanentes as formas concretas, que dependem da situação histórica e podem portanto ser submetidas a mutações. Assim as decisões de fundo podem permanecer válidas, enquanto as formas da sua aplicação a estes novos podem mudar.''"<ref name="B1">[http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2005/december/documents/hf_ben_xvi_spe_20051222_roman-curia_po.html Discurso de Bento XVI, no dia 22 de Dezembro de 2005]</ref>
 
O [[Papa Bento XVI]], em [[2005]], acrescentou também que "''se [...] lemos e recebemos [o Concílio Vaticano II] guiados por uma justa [[hermenêutica]], ele pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a sempre necessária [[aggiornamento|renovação da Igreja]]''". E esta "''justa hermenêutica''" (ou interpretação), em oposição à hermenêutica ''tradicionalista'' ou ''neo-modernista'', consiste na "''justa [...] leitura e [...] aplicação''" dos documentos conciliares pelo [[Papa]], o Chefe da Igreja Católica.<ref name="B1" /> Ainda segundo Bento XVI, os católicos devem manter-se fiéis ao [[Magistério da Igreja Católica|Magistério do Papa]] e à Igreja de hoje, que está precisamente expressa nos documentos deste Concílio.<ref name="Bentodiscurso1" />