Thelema: diferenças entre revisões

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== Precedentes históricos ==
A palavra θέλημα (thelema) é rara, no [[Língua grega antiga|grego clássico]], onde "significa o desejo apetitoso, às vezes até sexual",<ref name="Gauna">Gauna, Max. </ref> mas é frequente na [[Septuaginta]].<ref name="Gauna">Gauna, Max. </ref> PrimeirosOs [[cristianismo primitivo|primeiros escritos Cristãos]], ocasionalmente, usarusam a palavra para referir-se à [[vontade]] humana,<ref>e.g. </ref> e mesmo aà vontade do adversário de Deus adversário, o [[Diabo]],.<ref>e.g. {{Citar bíblia|2|Timothy|2:26}}</ref> mas, geralmente, refere-se à vontade de Deus.<ref name="de sales">Pocetto, Alexander T. [http://www4.desales.edu/~salesian/resources/articles/english/rabelais.html Rabelais, Francis de Sales and the ''Abbaye de Thélème''], retrieved July 20, 2006.</ref> Um exemplo bem conhecido é a "[[Pai Nosso|Oração do Senhor]]" ({{Citar bíblia||MatthewEvangelho segundo Mateus|6:10}}), "Venha o Teu reino. Seja feita a tua vontade (Θελημα) . Assim na terra como no céu." EleEla é usadousada de novo mais tarde no mesmo [[evangelho]] ([http://tools.wmflabs.org/bibleversefinder/?book=Matthew&verse=26:42&src=! 26:42]), "E, indoafastando-se de novo pela segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade." [[Santo Agostinho]], em seu sermão do [[Século V]], em {{Citar bíblia|1|John|4:4–12}},  deu uma instrução semelhante:<ref>Sutin, p. 127.</ref> "Ama e fazes o que queres." (''Dilige et quod vis fac'').<ref>''The Works of Saint Augustine: A New Translation for the 21st Century'', (Sermons 148–153), 1992, part 3, vol. 5, p. 182. </ref>
 
No [[Renascimento]], um personagem chamado Thelemia, representa a vontade ou desejo na ''[[Hypnerotomachia Poliphili]]'' do monge Dominicano [[Francesco Colonna]]. O protagonista Poliphilo tem dois carros alegóricos de guias, Logística (razão) e Thelemia (vontade ou desejo). Quando forçado a escolher, ele escolhe a realização sexual, sobre a lógica.<ref>Salloway, David. </ref> O trabalho de Colonna foi uma grande influência sobre o monge [[Ordem dos Frades Menores|Franciscano]]  [[François Rabelais]] que, no século 16, usou ''Thélème'', a forma francesa da palvarapalavra, como o nome de uma abadia fictícia em seus romances, [[Gargântua e Pantagruel]].<ref name="Rabelais">Rabelais, François. </ref> A única regra da Abadia foi "fay çe que vouldras" (''"Fais ce que tu veux"'', ou, "Faze o que tu queres"). Em meados do século 18, [[Francis Dashwood|Sir Francis Dashwood]] escreveu o [[Ditado popular|adágio]] em uma porta de entrada de sua abadia em [[Medmenham]],<ref name="EB">''Encyclopædia Britannica'' (1911). </ref> ondeo qual serviu como lema do [[Clube do Inferno]].<ref name="EB">''Encyclopædia Britannica'' (1911). </ref> A Abadia de Thelema de Rabelais tem sido referidoreferida por escritores posteriores como ''Sir'' [[Walter Besant]] e [[James Rice]], em seu romance ''[[The Monks of Thelema|Os Monges de Thelema]]'' (1878), e [[C. R. Ashbee]] em seu utópico romance ''A Construção de Thelema'' (1910).
 
=== François Rabelais ===
[[Ficheiro:Francois_Rabelais_-_Portrait.jpg|miniaturadaimagemthumb|[[François Rabelais]]]]
François Rabelais era um monge [[Ordem dos Frades Menores|Franciscano]] e, mais tarde, um monge [[Ordem de São Bento|Beneditino]]  do século 16. Por fim, ele deixou o mosteiro para estudar medicina, e mudou-se para a cidade francesa de [[Lyon|Lyon,]] em 1532. Lá, ele escreveu a série de livros [[Gargântua e Pantagruel]]. Eles contam a história de dois gigantes, um pai (Gargântua) e seu filho (Pantagruel), e suas aventuras divertidas e extravagantes, e de tom [[sátira|satírico]].
 
A maior parte dos críticos de hoje concordam que Rabelais escreveu a partir de uma perspectiva [[Humanismo cristão|Cristã humanista]].<ref name="Bowen">Bowen, Barbara. </ref>  Lawrence Sutin, [[biografia|biógrafo]] de Crowley, notou isto quando contrastou as crenças do autor francês com o Thelema de [[Aleister Crowley]].<ref name="SutinRab">Sutin, Lawrence. </ref> Na história de Thélème mencionada anteriormente, que os críticos analisaram como referindo-se em parte para oao sofrimento dos [[Reforma Protestante|fiéis Cristãos reformistas]] ou "evangélicos"<ref>"Rabelais, like his protectress Marguerite de Navarre, was an evangelical rather than a Protestant", definition follows. </ref> dentro da Igreja francesa,<ref>E. Bruce Hayes, "enigmatic prophecy" entry in ''The Rabelais Encyclopedia'' p. 68.</ref> a referência à palavra em grego θέλημα ", declara que a vontade de Deus rege esta abadia".<ref>Marian Rothstein, "Thélème, ABBEY OF" entry in ''The Rabelais Encyclopedia'' p. 243.</ref> Sutin escreve que Rabelais não foi precursor de Thelema, com suas crenças contendo elementos de [[Estoicismoestoicismo]] e de bondade Cristã.<ref name="SutinRab">Sutin, Lawrence. </ref>
 
Em seu primeiro livro (cap. 52-57), Rabelais escreve sobre esta Abadia de Thélème, construída pelo gigante Gargântua. É uma [[utopia]] clássica, apresentada a fim de criticar e avaliar o estado da sociedade dos dias de Rabelais, ao contrário de um moderno texto utópico que procura criar o cenário na prática.<ref>Stillman, Peter G. "Utopia and Anti-Utopia in Rousseau's Thought" in Rubin & Stroup (1999), p. 60</ref> É uma utopia, onde os desejos são realizados.<ref>Stillman, Peter G. "Utopia and Anti-Utopia in Rousseau's Thought" in Rubin & Stroup (1999), p. 70</ref> Satírico, ele também sintetiza os ideais considerados na ficção de Rabelais.<ref name="Rothstein">Rothstein, Marian. </ref> Os habitantes da abadia eram governados apenas por sua livre-vontade e o [[prazer]], a única regra é "Faze o Que Tu Queres". Rabelais acreditava que os homens que são livres, bem nascidos e criados, temtêm honra, que intrinsecamente leva a ações virtuosas. Quando restritarestritas, suas naturezas nobres naturezas transformam-se afima fim de remover sua servidão, porque os homens desejam o que a eles sãoé negadosnegado.<ref name="Rabelais">Rabelais, François. </ref>
 
Alguns Thelemitas modernos consideraram que o trabalho de Crowley se baseia no resumo de Rabelais, da natureza instintivamente honrosa do Thelemita. Rabelais, foi várias vezes creditado com apela criação da [[filosofia]]<ref>Thelema is seen by some neutral parties as a philosophy, and not a religion. </ref> de Thelema, como uma das primeiras que as pessoas se referem a ela,<ref name="Edwards">Edwards, Linda. </ref> ou como sendo "o primeiro Thelemita".<ref name="del Campo">[http://www.thelemicknights.org/ootmc/rabelais/rabelais.html Rabelais: The First Thelemite]</ref> No entanto, o atual [[Grão-mestre]] Geral do Califado da [[Ordo Templi Orientis|O.T.O]] nos EUAEstados Unidos afirmou:
 
Aleister Crowley escreveu em ''Os Antecedentes de Thelema,'' (1926), uma obra incompleta não publicada nos seus dias, que Rabelais não somente estabeleceu a lei de Thelema de uma forma semelhante à forma como Crowley entendeu, mas previu e descreveu em código a vida de Crowley e o texto sagrado que ele afirmava ter recebido, ''[[Liber AL vel Legis|O Livro da Lei]]''. Crowley disse que o trabalho que ele tinha recebido foi mais profundo, mostrando mais detalhadamente a técnica que as pessoas devem praticar, e revelando mistérios científicos. Ele disse que Rabelais se limitou a retratar um ideal, em vez de tratar de questões de economia política e assuntos semelhantes, os quais devem ser resolvidos, a fim de perceber a Lei.<ref>Aleister Crowley, 1926, "The Antecedents of Thelema," in ''The Revival of Magick'', edited by Hymenaeus Beta & R. Kaczynski.</ref>
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=== Francis Dashwood e o Clube do Inferno ===
[[Ficheiro:Hogarth_Dashwood.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Retrato de [[Francis Dashwood|Francis Dashwood, 11º Barão de le Despencer]], por [[William Hogarth]] no final dos anos 1750]]
[[Francis Dashwood|Sir Francis Dashwood]] adotou algumas das idéiasideias de Rabelais e aplicou[[tradução|traduziu]] a regra empara o [[língua francesa|francês]], quando ele fundou um grupo chamado "os Monges de [[Medmenham]]" (mais conhecido como o [[Clube do Inferno]]).<ref name="EB">''Encyclopædia Britannica'' (1911). </ref> Uma [[abadia]] foi fundada em Medmenham, em uma propriedade que incorporou as ruínas de uma da abadia [[Ordem de Cister|Cisterciense]]  fundada em 1201. O grupo era conhecido como os Franciscanos, não depoisdevido dea [[São Francisco de Assis]], mas depoisdevido quea seu fundador, [[Francis Dashwood|Francis Dashwood, 11º Barão de le Despencer]]. [[John Wilkes]], [[George Dodington, 1st Baron Melcombe|George Dodington]] e outros políticos foram membros.<ref name="EB">''Encyclopædia Britannica'' (1911). </ref> Há pouca evidência direta do que o Clube do Inferno de Dashwood praticava ou acreditava.<ref name="bcy">Grand Lodge of British Columbia and Yukon. </ref> O testemunho direto vem de John Wilkes, um membro que nunca entrou para a sala do círculo interno.<ref name="bcy">Grand Lodge of British Columbia and Yukon. </ref><ref>Philip Coppens (2006). </ref> Ele descreve o grupo como [[Hedonismo|hedonistas]] que se reuniam para celebrar as mulheres[[mulher]]es e o [[vinho]]", e acrescentou ideias dos antigos apenas para tornar a experiência mais decadente.<ref>quoted in Sainsbury (2006), p. 111</ref>
 
Na opinião do Tenente Coronel Towers, o grupo derivava mais de Rabelais do que ada inscrição sobre a porta. Ele acredita que eles usaram cavernas como templo [[Oráculo|oracular]] [[Apolíneo e Dionisíaco|Dionisíaco]], com base na leitura de Dashwood nosdos capítulos relevantes de Rabelais.<ref>Towers (1987) quoted in Coppens (2006)</ref> ''Sir'' [[Sir Nathaniel Wraxall, 1st Baronet|Sir Nathaniel Wraxall]], em seu ''Histórico de Memórias'' (1815), acusou os Monges dade realização de [[ritual|rituais]] [[satanismo|Satânicos]], mas estas reivindicações foram demitidosnegadas como boatossendo apenas [[boato]]s.<ref name="bcy">Grand Lodge of British Columbia and Yukon. </ref> [[Gerald Gardner]] e outros, tais como Mike Howard,<ref>Howard, Mike. </ref> dizerdizem que os Monges adoradoadoravam "a Deusa". Daniel Willens argumentou que o grupo provavelmente praticadospraticava [[Maçonaria|a Maçonariamaçonaria]], mas também sugere que Dashwood pode ter mantido segredo[[sacramento]]s Católica Romana sacramentos[[catolicismo|católicos]]. Ele pergunta se Wilkes teria reconhecido uma verdadeira [[Missa]] Católica, mesmo se ele viu a si mesmo e mesmo se o metro versão seguido seu público modelo de precisão.<ref>Willens, Daniel. </ref>
 
== Aleister Crowley ==