Eduardo Coutinho: diferenças entre revisões

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|data_nascimento = {{dni|11|5|1933|lang=br}}
|localidaden = [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[São Paulo|SP]]
|nacionalidade = {{BRA}}eiro
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|outros_prêmios ='''[[Festroia|Golfinho de Ouro do Festróia]]'''<br />1985
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'''Eduardo de Oliveira Coutinho''' ([[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[11 de maio]] de [[1933]] — [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[2 de fevereiro]] de [[2014]]) foi um [[Diretor de cinema|cineasta]] e jornalista [[Brasil|brasileiro]]. É considerado por muitos como um dos maiores [[documentário|documentaristas]] da história do [[Cinema do Brasil|cinema do Brasil]].<ref>Dados biográficos retirados de: RAMOS, Fernão e MIRANDA, Luiz Felipe (org.): ''Enciclopédia do Cinema Brasileiro'', editora SENAC, São Paulo, 2000, pp. 158-159.</ref><ref name=UOL-02-FEV-2014>{{citar web|URL=http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2014/02/02/morre-o-cineasta-e-documentarista-brasileiro-eduardo-coutinho-aos-80-anos.htm |título=Morre o cineasta e documentarista brasileiro Eduardo Coutinho, aos 80 anos |data=2 de fevereiro de 2014 |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor= |publicado=UOL |língua2língua=}}</ref><ref name=ZH-02-FEV-2014>{{citar web|URL=http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2014/02/como-o-documentarista-eduardo-coutinho-mudou-o-cinema-nacional-4407418.html |título=Como o documentarista Eduardo Coutinho mudou o cinema nacional |data=2 de fevereiro de 2014 |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor=Daniel Feix |publicado=Zero Hora |língua2língua=}}</ref>
 
Tinha como marca realizar filmes que privilegiavam as histórias de pessoas comuns.<ref name=UOL-02-FEV-2014/><ref name="mnemocine">{{Citar web|url=http://www.mnemocine.com.br/aruanda/coutinho.htm|título=Matéria do sítio Mnemocine|língua3=pt|acessodata=21 de agosto de 2009}}</ref><ref name=EPBR-10-ABR-2015>{{citar web|URL=http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/10/cultura/1428693157_369854.html |título=Como o documentarista Eduardo Coutinho mudou o cinema nacional |data=10 de abril de 2015 |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor=Camila Moraes |publicado=El País Brasil |língua2língua=}}</ref> Sua obra-prima é ''[[Cabra Marcado para Morrer]]'', que marcou sua carreira como o principal documentarista do Brasil. Entre outros trabalhos destacados de sua carreira estão os documentários ''[[Santo Forte]]'', ''[[Edifício Master]]'', ''[[Peões]]'', ''[[Jogo de Cena]]'' e ''[[As Canções]]''.
 
==Biografia==
Paulistano, Eduardo Coutinho nasceu em maio de 1933. Aos 19 anos, ele ingressou na faculdade para cursar [[Direito]], mas não concluiu a graduação.<ref name=CPDOC/COUTINHO>{{citar web|URL=http://cpdoc.fgv.br/memoria-documentario/eduardo-coutinho |título=Memória do Cinema Brasileiro: Eduardo Coutinho |data= |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor= |publicado=CPDOC |língua2língua=}}</ref> Teve seu primeiro contato com cinema em 1954, em seminário promovido pelo [[MASP]] e dirigido por Marcos Marguliès.{{carece de fontes|data=abril de 2017}} Também naquele ano, começou a trabalhar como revisor e copidesque na revista ''[[Visão (revista)|Visão]]'', função que exerceu até 1957.<ref name=CPDOC/COUTINHO/> Dirigiu a peça infantil ''[[Pluft, o Fantasminha]]'', escrita por [[Maria Clara Machado]]. Após ter conquistado um prêmio em dinheiro ao vencer um concurso de televisão respondendo perguntas sobre [[Charles Chaplin]], Coutinho mudou-se para [[Paris]], ainda em 1957, a fim de estudar [[direção]] e [[montagem]] no [[Institut des Hautes Études Cinématographiques|IDHEC]], onde realizou seus primeiros documentários.<ref name=UOL-02-FEV-2014>{{citar web|URL=http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2014/02/02/morre-o-cineasta-e-documentarista-brasileiro-eduardo-coutinho-aos-80-anos.htm |título=Morre o cineasta e documentarista brasileiro Eduardo Coutinho, aos 80 anos |data=2 de fevereiro de 2014 |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor= |publicado=UOL |língua2língua=}}</ref>
 
Regressou ao Brasil em 1960 e ingressou no [[Centro Popular de Cultura]] da [[União Nacional dos Estudantes]]. No núcleo dirigido por [[Chico de Assis]], trabalhou na montagem da peça ''Mutirão em Nosso Sol'', apresentada no I Congresso dos Trabalhadores Agrícolas que aconteceu em [[Belo Horizonte]] em [[1962]].<ref name=VEJA-02-FEV-2014>{{citar web|URL=http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/cineasta-eduardo-coutinho-e-morto-no-rio/ |título=Cineasta Eduardo Coutinho é morto no Rio |data=2 de fevereiro de 2014 |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor= |publicado=VEJA |língua2língua=}}</ref> Ao mesmo tempo, entrou em contato com nomes do [[Cinema Novo]], como [[Leon Hirszman]] e [[Joaquim Pedro de Andrade]], e foi o gerente de produção do [[longa-metragem]] de episódios ''[[Cinco Vezes Favela]]'', primeiro filme produzido pelo CPC e um marco do movimento.<ref name=CPDOC/COUTINHO/> Apesar de não ter qualquer afinidade em administrar recursos financeiros, aceitou o convite que lhe proporcionou viajar com o UNE Volante para o [[Nordeste do Brasil|Nordeste]]. Nessa viagem, Coutinho filmou o comício de Elizabeth Teixeira, viúva do líder das [[Ligas Camponesas]] [[João Pedro Teixeira]], na cidade de [[Sapé]], e esse material originou o [[Roteiro|argumento]] da primeira versão do filme ''[[Cabra Marcado para Morrer]]''.<ref name=COUNAGO-2012>{{citar tese |grau=Mestrado em Comunicação e Cultura Contemporânea |nome=Maria Isabel Lemos Miguez |sobrenome=Couñago |url=https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/12878/1/Maria%20Isabel%20Counago.pdf |título=Estudo da encenação em Eduardo Coutinho |subtítulo=a análise de Boca de Lixo, Santo Forte e Jogo de Cena |local=Salvador |universidade=Universidade Federal da Bahia |ano=2012 |página=41-58 |páginas=95}}</ref> O projeto até então seria o mais importante do jovem cineasta, que pretendia fazer o filme de ficção tendo como atores e atrizes fossem os próprios camponeses do Engenho Galileia, no interior de [[Pernambuco]]), inclusive a viúva de João Pedro, Elizabeth Teixeira, que interpretaria a si própria.<ref name=UOL-02-FEV-2014/> <ref name=VEJA-02-FEV-2014/> O filme chegou a ter duas semanas de filmagens, mas com o [[Golpe Militar de 1964]], parte da equipe foi presa sob a alegação de [[comunismo]] e o restante se dispersou, interrompendo a realização do filme por quase duas décadas.<ref name=UOL-02-FEV-2014/><ref name=CPDOC/COUTINHO/>
 
Ainda na década de 1960, Coutinho constituiu, com Leon Hirszman e [[Marcos Faria]], a produtora Saga Filmes. Foi roteirista
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Em [[1981]], Coutinho reencontrou os negativos de ''[[Cabra Marcado para Morrer]]'', que haviam sido escondidos da polícia por um membro da equipe, e resolveu retomar o projeto.<ref name=VEJA-02-FEV-2014/> Ele decidiu, então, mudar a concepção original de filme de ficção para um documentário sobre a interrupção de suas filmagens e sobre a vida real das pessoas que seriam os atores do longa. Graças à estabilidade financeira conseguida com o ''Globo Repórter'', ele pode financiar o filme com seus próprios recursos e, durante três anos, ele aproveitou as viagens a trabalho pela Globo ao Nordeste para localizar os atores da versão de 1964 e gravar entrevistas com os mesmos.<ref name=CPDOC/COUTINHO/>. ''Cabra Marcado para Morrer'' foi finalizado e lançado em 1984 e foi vencedor de 12 prêmios em festivais internacionais, entre os quais, prêmio da crítica internacional do [[Festival de Berlim]] e melhor filme no [[Festival du Réel]].<ref name=CPDOC/COUTINHO/>
 
Após o sucesso de ''Cabra marcado para morrer'', Coutinho pediu demissão do Globo Repórter para se dedicar exclusivamente ao cinema.<ref name=COUNAGO-2012/> Ao longo dos 15 anos seguintes, o cineasta teve muitas dificuldades para sobreviver apenas de cinema, tendo assim dirigido ou escrito roteiros de vídeos institucionais. Ele dirigiu para o Centro de Criação da Imagem Popular (com temas ligados a cidadania e educação) e escreveu roteiros para séries documentais da [[Rede Manchete]] (como "90 Anos de Cinema Brasileiro" e "Caminhos da Sobrevivência", este último sobre a poluição em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]]). Com as dificuldades de financiamento impostas à produção cinematográfica ao longo daquele período, Coutinho realizou documentários de curta ou média-metragem de pouca repercussão, entre os quais, ''Santa Marta - Duas Semanas no Morro'' (1987), ''Volta Redonda - Memorial da Greve ''(1989), ''Boca de Lixo'' (1993) e ''Mulheres no Front ''(1996). Seu único longa-metragem naquele período foi O ''Fio da Memória ''(1991). Ele ainda realizou em 1994 ''Os Romeiros de Padre Cícero'', documentário financiado pela TV alemã ZDF Arte e cujo resultado foi considerado ruim pelo próprio Coutinho e o fez acreditar que deveria desistir de fazer documentários autorais e viver apenas da produção de vídeos institucionais encomendados.<ref name=COUNAGO-2012/>
 
Em 1997, Coutinho foi contratado para fazer a pesquisa de "Identidades Brasileiras", uma série de programas da [[TVE]] que abordaria dez temas diferentes e envolveria pesquisa e gravações em diversas partes do país. Embora o projeto tenha acabado antes das gravações, o cineasta teve a ideia de fazer um filme sobre [[religião]] e pediu ajuda para [[José Carlos Avellar]], então diretor-presidente da [[RioFilme]], para financiar o documentário.<ref name=COUNAGO-2012/> Com custo de 300 mil reais e quase dois anos de trabalho e a produção do Centro de Criação da Imagem Popular, Coutinho lançou ''[[Santo Forte]]'' em 1999.<ref>{{citar web|URL=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq14089913.htm |título=Diretor retrata Brasil oculto em “Santo Forte” |data=14 de agosto de 1999 |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor=José Geraldo Couto |publicado=Folha de S.Paulo |língua2língua=}}</ref>
 
A partir dali, a carreira de Coutinho renasceu mais uma vez e ele passou a trabalhar com colaboradores regularmente e conseguiu manter uma produção constante de filmes graças à parceria com a produtora VideoFilmes, do também documentarista [[João Moreira Salles]], que desenvolveu fortes laços de amizade com o cineasta paulistano, ajudando-lhe a viabilizar e se envolvendo na elaboração dos seus sete documentários seguintes, realizados entre 2000 e 2011.<ref name=COUNAGO-2012/>
 
Durante estes onze anos, Coutinho foi premiado três vezes no [[Festival de Gramado]] pelos filmes ''Santo Forte' e ''[[Edifício Master]]'', além de um Kikito de Cristal pelo conjunto da obra, e duas vezes pelo [[Festival de Brasília]] pelos filmes ''Santo Forte'' e ''[[Peões]]'', sem contar o reconhecimento da crítica especializada como o maior documentarista brasileiro em atividade.<ref name=COUNAGO-2012/> Em 2013, ao completar 80 anos, Coutinho foi homenageado na [[Festa Literária Internacional de Paraty]] e na [[Mostra Internacional de Cinema de São Paulo]].<ref>{{citar web|URL=http://cinema.uol.com.br/album/2013/10/25/eduardo-coutinho-critico-de-cinema.htm |título=Mostra de São Paulo 2013 |data=25 de outubro de 2013 |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor= |publicado=UOL |língua2língua=}}</ref>
 
Em fevereiro de 2014, Coutinho finalizava um documentário no qual entrevistava adolescentes da rede pública de ensino do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], quando foi morto a facadas em seu apartamento pelo próprio filho, que sofria de [[esquizofrenia]].<ref name=UOL-02-FEV-2014>{{citar web|URL=http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2014/02/02/morre-o-cineasta-e-documentarista-brasileiro-eduardo-coutinho-aos-80-anos.htm |título=Morre o cineasta e documentarista brasileiro Eduardo Coutinho, aos 80 anos |data=2 de fevereiro de 2014 |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor= |publicado=UOL |língua2língua=}}</ref><ref name=G1-04-02-2014>{{citar web|URL=http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/02/filho-de-eduardo-coutinho-confessa-assassinato-diz-policia-do-rio.html |título=Filho de Eduardo Coutinho confessa assassinato, diz polícia do Rio |data=044 de fevereiro de 2014 |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor=Renata Soares |publicado=G1 |língua2língua=}}</ref><ref>[http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/eduardo-coutinho-dormia-quando-foi-atacado-pelo-filho/ Eduardo Coutinho dormia quando foi atacado pelo filho]. Por Pâmela Oliveira. ''[[Veja]]'', 4 de fevereiro de 2014.</ref> No mesmo ano de seu assassinato, o cineasta foi homenageado na cerimônia do [[Oscar 2014]].<ref>{{citar web|URL=http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2014/03/03/oscar-homenageia-cineasta-brasileiro-eduardo-coutinho.htm |título=Oscar homenageia cineasta brasileiro Eduardo Coutinho |data=3 de fevereiro de 2014 |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor= |publicado=UOL |língua2língua=}}</ref>
 
Cronologicamente, sua última aparição em vídeo foi em ''[[imdbtitle:4043870|Sete Visitas]]'', de Douglas Duarte.<ref>{{Citar web|título = ÉTV: Últimas Conversas|URL = http://carmattos.com/2015/04/10/etv-ultimas-conversas/|obra = ...rastros de carmattos|acessadoem = 2015-08-18}}</ref><ref>{{Citation}}</ref> Seu último trabalho acabou finalizado por [[João Moreira Salles]], ganhou o nome de ''[[Últimas Conversas]]'' e foi lançado em 2015 no festival [[É Tudo Verdade]].<ref>{{citar web|URL=http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/04/1613092-filme-postumo-de-eduardo-coutinho-abrira-e-tudo-verdade.shtml |título=Filme póstumo de Eduardo Coutinho abrirá É Tudo Verdade |data=7 de abril de 2015 |acessadoem=13 de abril de 2015 |autor=Guilherme Genestetri |publicado=Folha.com |língua2língua=}}</ref>
 
==Filmografia ==
Linha 51:
=== Longas documentários ===
*1984: ''[[Cabra Marcado para Morrer]]'' - sobre um líder camponês assassinado em 1962.
*1991: ''[[O Fio da Memória]]'' - sobre a cultura e identidade dos negros no Brasil.
*1999: ''[[Santo Forte]]'' - sobre a [[religiosidade popular]] de moradores de uma [[favela]] no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]].
*2000: ''[[Babilônia 2000]]''
Linha 65:
 
=== Curtas e médias documentários ===
*1987: ''[[Santa Marta - Duas semanas no morro]]'' (média-metragem) 54 min.<ref>[http://www.adorocinema.com/filmes/filme-226901/ Santa Marta - Duas Semanas no Morro], acesso em 3 de agosto de 2016.</ref> <ref>[http://cinemascope.com.br/especiais/santa-marta-duas-semanas-no-morro/ Santa Marta - Duas Semanas no Morro], acesso em 3 de agosto de 2016.</ref>
*1989: ''[[Volta Redonda, o Memorial da Greve]]'' (média-metragem) 39 min.<ref>[https://filmow.com/volta-redonda-memorial-da-greve-t87117/ficha-tecnica/
Ficha técnica completa], acesso em 03 de agosto de 2015.</ref>
*1992: ''A Lei e a Vida'' (média-metragem) (sobre a proteção do [[meio ambiente]] na [[Constituição brasileira de 1988]])<ref name="mnemocine"/>.