Origem e evolução do sexo eucariótico: diferenças entre revisões

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A '''evolução do sexo''' é um dos quebra-cabeças da [[biologia evolutiva]] moderna. Entre os problemas mais intrigantes da teoria evolutiva estão aqueles ligados aà origem e manutenção da recombinação e da reprodução sexual e aà questão das condições que favorecem a evolução de fenômenos como a autofertilização e a partenogênese. <ref name=":0">{{citar livro|título=Sex and Evolution|ultimo=Williams|primeiro=George|editora=Princeton University Press|ano=1975|local=Princeton|páginas=|acessodata=}}</ref>Em várias espécies existe variação genética da taxa de recombinação e modo de reprodução, sendo que estas características são evolutivamente fluidas.<ref name=":1">{{citar livro|título=Biologia evolutiva.|ultimo=Futuyma|primeiro=D.|editora=Sociedade Brasileira de Genética|ano=1992|local=Ribeirão Preto|páginas=|acessodata=}}</ref>A autofertilização pode variar geneticamente dentro e entre as populações de muitas espécies de plantas <ref>{{citar periódico|ultimo=Jain|primeiro=S. K.|data=1976|titulo=The Evolution of Inbreeding in Plants|jornal=Annual Review of Ecology and Systematics|doi=doi.org/10.1146/annurev.es.07.110176.002345|url=http://www.annualreviews.org/doi/10.1146/annurev.es.07.110176.002345|acessadoem=24/05/2017}}</ref> e genótipos partenogenéticos e de reprodução sexuada são encontradas em muitas espécies de animais e plantas. <ref name=":1" /> A maioria dos organismos se reproduzem sexuadamente. Algumas hipóteses tem sido propostas para tentar entender o por que da reprodução sexuada em oposição a assexuada - a da restrição genética, a da seleção de grupo, a das mutações deletérias e a da coevolução parasita-hospedeiro.<ref name=":2">{{citar livro|título=Evolução|ultimo=Ridley|primeiro=M.|editora=Artmed|ano=2006|local=Porto Alegre|páginas=|acessodata=}}</ref> As hipóteses para a origem do sexo são difíceis de comprovar experimentalmente, a maior parte do trabalho atual tem-se centrado no aspecto da manutenção da reprodução sexual. Os biólogos, incluindo [[W. D. Hamilton]] e [[George C. Williams]], propuseram várias explicações sobre como se mantém a reprodução sexual num grande conjunto de seres vivos distintos.
 
== Reprodução assexuada ==
[[Ficheiro:Quakingfallcolors.JPG|miniaturadaimagem|224x224px|Clones de "Aspen". ''Populus sp.'' Colônias derivadas de um único indivíduo.]]
Alguns organismos se reproduzem sem sexo (reprodução assexuada), onde um conjunto de organismos geneticamente idênticos é produzido a partir de um ancestral <ref name=":2" />, em outros podem ocorrer os dois tipos de reprodução, e isso pode ocorrer de acordo com as condições e pressões externas. Os protistas, por exemplo, apresentam uma variabilidade notável em seu ciclo de vida. A maioria se reproduzemreproduze assexuadamente, mas em condições de stress, eles mudam sua estratégia reprodutiva e passam a usar o sexo para se reproduzirem. Um exemplo clássico é o ''[[Paramecium]]'', onde a reprodução sexuada é isogâmica (gametas temtêm o mesmo tamanho), e não existe diferença entre macho e fêmea.<ref>{{citar livro|título=Introdução à Ecologia Comportamental|ultimo=Krebs, J. R|primeiro=Davis, N. B.|editora=Atheneu|ano=1996|local=São Paulo|páginas=|acessodata=}}</ref> Os animais se reproduzem pela fertilização de um óvulo por um espermatozóideespermatozoide formando um zigoto que se divide por mitose áaté a formação de um embrião rudimentar - a blástula. A reprodução assexuada envolve o brotamento de uma massa de células que se multiplica pra formar um novo indivíduo. Quando esses brotos se juntam ao indivíduo que os originou, se desenvolve uma colônia, e quando esses brotos se separam, novos indivíduos independentes são formados.<ref>{{citar livro|título=Biology|ultimo=Raven, P. H.|primeiro=Johnson, G.|editora=McGraw Hill|ano=2002|local=New York|páginas=|acessodata=}}</ref>  
 
As plantas formam esporos que crescem em uma forma de gametófito (plantas que formam gametas), ou um macho ou uma fêmea. Porém muitas delas se reproduzem assexuadamente e formam clones de sua progenitora.<ref>{{citar livro|título=Biologia Vegetal|ultimo=Raven, P. H.|primeiro=Evert, R. F., Eichhorn, S. E.|editora=Guanabara Koogan|ano=2001|local=Rio de Janeiro|páginas=|acessodata=}}</ref> Um exemplo bem conhecido são os clones de "Aspen" ('''Populus sp''.), que são colônias derivadas de um único indivíduo. Muitos outros organismos também se reproduzem assexuadamente, tais como as caravelas, afídeos (que apresentam ciclos de vida sazonais - no inverno onde há maior instabilidade eles se reproduzem sexuadamente, no verão, quando o ambiente está mais estável, eles se reproduzem por partenogênese).<ref name=":3">{{citar livro|título=Animal behaviour: an evolutionay approach|ultimo=John|primeiro=Alcok|editora=Sinauer Associates, 9ª Edição.|ano=2009|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>
[[Ficheiro:Cnemidophorus uniparens (Buffalo Zoo).jpg|miniaturadaimagem|217x217px|''Cnemidophorus uniparens''. As fêmeas se reproduzem por partenogênese.]]
[[Ficheiro:Varanus komodoensis (4).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|208x208px|''Varanus komodoensis''. Registro de reprodução partenogenética.]]
A partenogênese (fenômeno de crescimento e desenvolvimento de um embrião sem que haja fertilização) também ocorre um alguns poucos organismos. Aqui a fêmea procria sem a necessidade de um parceiro sexual. Ocorre em algumas plantas, invertebrados (pulgas-d'água, abelhas) e alguns vertebrados (lagartos - conhecido para o gênero ''Cnemidophorus''<ref>{{citar livro|título=Princípios Integrados de Zoologia|ultimo=Hickman Jr., C. P.|primeiro=Roberts, L. S., Larson, A.|editora=Guanabara Koogan|ano=2004|local=Rio de Janeiro|páginas=|acessodata=}}</ref>  e também  reportado para a espécie ''Varanus komodoensis''<ref>{{citar periódico|ultimo=Phillip C. Watts|primeiro=Kevin R. Buley2, Stephanie Sanderson, Wayne Boardman, Claudio Ciofi & Richard Gibson|data=2006|titulo=Parthenogenesis in Komodo dragons|jornal=Nature|doi=doi:10.1038/4441021a|url=http://www.nature.com/nature/journal/v444/n7122/abs/4441021a.html|acessadoem=25/05/2017}}</ref> – dragão de komodo). A partenogênese está envolvida em amplo debate, sendo considerada por alguns uma reprodução sexuada incompleta, já que demanda a produção de gametas (óvulos).<ref name=":6">{{Citar periódico|ultimo=Cocco|primeiro=J.|ultimo2=Butnariu|primeiro2=A.R.|ultimo3=Bessa|primeiro3=E.|ultimo4=Pasini|primeiro4=A.|data=2013-01-30|titulo=Sex produces as numerous and long-lived offspring as parthenogenesis in a new parthenogenetic insect|jornal=Canadian Journal of Zoology|volume=91|numero=3|paginas=187–190|issn=0008-4301|doi=10.1139/cjz-2012-0289|url=http://www.nrcresearchpress.com/doi/full/10.1139/cjz-2012-0289}}</ref>
 
== Sexo ==
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{{quote1|Que lugar lento! Pois aqui é necessário correr o máximo possível para poder ficar no mesmo lugar. Se quiser chegar em algum outro lugar deve correr ao menos o dobro disso! }}
 
Inspirado nessa passagem, [[Leigh Van Valen]] fez uma analogia propondo que a relação parasita-hospedeiro pode gerar mudanças "ambientais" em uma velocidade suficiente para tornar o sexo vantajoso<ref>Van Valen, L. (1973). "A New Evolutionary Law". Evolutionary Theory.</ref>. Ou seja, existe uma [[Co-evolução|coevolução]] entre esses indivíduos, havendo uma [[Corrida armamentista evolutiva|corrida armamentista]] entre o [[parasita]] e o [[hospedeiro]]. Os parasitas que sofrem mutações que o permitam penetrar as defesas do hospedeiro terão mais chances de passar seus genes adiante, assim como os hospedeiros que apresentarem mais mutações que confiram defesas aos parasitas passarão mais genes adiante, assim um pressiona seletivamente o outro<ref>Hamilton, W. D., Axerold, R, & Tanese, R.. (1990). "Sexual reproduction as an adaptation to resist parasites". Proceedings of the National Academy of Sciences, Vol. 87, pp. 3566-3573.</ref>. Dessa forma o "ambiente", que é representado pelos parasitas, muda a cada geração, trazendo ao sexo uma vantagem seletiva. Essas duas teorias mencionadas não explicam de fato o porque do sexo existir, porém essas ideias inspiraram e motivaram muitas pesquisas científicas no ramo da biologia evolutiva, mantendo cientistas dedicados a encontrar uma explicação adaptativa para o sexo. Pois a verdade é que não existe uma certeza de como o sexo possa ser adaptativo. Um estudo comparando uma linhagem partenogênica e uma sexuada de [[Lacrainha|tesourinhas]] não demonstrou que aquelas frutos de partenogênese adoeciam mais ou morriam antes.<ref name=":6" />
 
== O sexo pode acelerar a taxa de evolução ==