Tibério: diferenças entre revisões

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|herdeiro =
|esposa 1 =[[Vipsânia Agripina]] (divorciou-se dela)
|esposa 2 =[[Júlia (filha de Augusto)|Júlia]]
|filhos =[[Júlio César Druso]] (com Vipsânia)<br /> uma criança que morreu na infância (com Júlia)<br /> [[Germânico]] (adotivo)
|casa real =
|dinastia =[[dinastia júlio-claudiana|Júlio-claudiana]]
|hino real =
|pai =[[Tibério Cláudio Nero]]
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=== Retiro em Rodes ===
[[Ficheiro:SperlongaVillaTiberio.jpg|thumb|direita|upright=1.3|''Villa'' de Tibério em [[Sperlonga]], a meio caminho entre [[Roma]] e [[Nápoles]].]]
Em [[6 a.C.]], quando estava prestes a assumir o comando do Oriente e a tornar-se assim no segundo homem mais poderoso de Roma, anunciou a sua retirada da política e mudou-se para [[Rodes]]. Os motivos desta repentina retirada não são claros.<ref>Suetônio, ''As vidas dos doze césares'', Vida de Tibério [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Tiberius*.html#10 10]</ref> Antigos historiadores especularam com a possibilidade de Tibério sentir-se como uma solução provisória quando Augusto adotou os filhos de Júlia e Agripa, [[Caio César]] e [[Lúcio César]] e os favoreceu ao longo da sua carreira tal e qual fizera com Druso e com o próprio Tibério. O futuro imperador pode ter pensado que quando os seus enteados atingissem a maioridade substituí-lo-iam. Também pode ter influido o conhecido comportamento promíscuo da sua esposa.<ref>Veleio Patérculo, ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Velleius_Paterculus/2D*.html#100 II.100]</ref> Segundo Tácito, foram motivos pessoais os que impulsionaram Tibério a retirar-se para Rodes, onde começou a odiar a sua esposa e a ansiar pela sua ex-esposa Vipsânia.<ref>Tácito, ''Annales'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 1#53|I.53]]</ref> Tibério encontrava-se casado com uma mulher que o aborrecia, que o humilhava com as públicas escapadas noturnas que protagonizava, e que o proibia ver a mulher que amava.
 
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=== Tibério em Capri, Sejano em Roma ===
[[Imagem:Tiberius&Livia Aureus.jpg|esquerda|thumb|upright=1.3|Tibério e Lívila.]]
{{Artigo principal|[[Sejano]]}}
Lúcio Élio Sejano tinha servido a família imperial por mais de vinte anos quando foi eleito [[Prefeito do pretório]] em [[15|15 d.C.]]. À medida que Tibério ia detestando mais a sua posição no poder, começou a depender com maior intensidade da [[guarda pretoriana]] e do seu líder Sejano. Em [[17]]/[[18|18 d.C.]], Tibério delegou à guarda pretoriana a tarefa de defender a cidade, e transladou-os a acampamentos situados no exterior das muralhas da cidade,<ref name="suetonius-tiberius-37">Suetônio, ''As vidas dos doze césares'', Vida de Tibério [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Tiberius*.html#37 37]</ref> dando com isso a Sejano o comando de entre 6.000 e 9.000 soldados. A morte de Druso elevou Sejano ao olhos de Tibério, que se referia a ele como "''o meu companheiro''". Tibério erigiu estátuas de Sejano por toda a cidade<ref>Tácito, ''Annales'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 4#2|IV.2]]</ref><ref>Dião Cássio, ''História romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/57*.html#21 LVII.21]</ref> e foi retirando-se gradualmente do poder que foi cedido a Sejano. Quando Tibério se retirou finalmente em [[26]], Sejano estava ao cargo da administração do Estado e da capital.
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=== Final ===
[[Ficheiro:JPaul Laurens The Death of Tiberius.jpg|thumb|upright=1.3|esquerda|''A morte de Tibério'' por [[Jean-Paul Laurens]], [[1864]], no [[Museu dos Agostinhos]], [[Tolosa (França)|Tolosa]]. Retrata o assassinato do imperador por ordens de [[Névio Sutório Macro]].]]
O assassinato de [[Sejano]] e os juízos por traição danificaram a reputação de Tibério. Após a queda de Sejano, a retirada de Tibério foi completa; o Império seguiu funcionado através da inércia burocrática estabelecida por [[Augusto]], em vez de ser dirigido pelo ''princeps''. Tibério tornou-se completamente paranoico<ref name="suetonius-twelve-caesars-60"/> e passou cada vez mais tempo isolado após a morte do seu filho. Enquanto Tibério estava retirado, segundo Suetônio, os [[Pártia|partos]] iniciaram uma breve invasão, e as tribos [[dácia]]s e as tribos germânicas do [[rio Reno]] realizavam incursões em território romano.<ref>Suetônio, ''As vidas dos doze césares'', Vida de Tibério [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Suetonius/12Caesars/Tiberius*.html#41 41]</ref>
 
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== Personalidade de Tibério ==
Segundo as descrições da época, Tibério era de grande estatura, compleição atlética, tez branca e sofreu de calvície prematura. Apenas lhe ficou o cabelo na nuca, que deixou crescer, seguindo a moda dos patrícios da época. Era canhoto, tinha os [[heterocromia|olhos de diferentes cores]], verde e azul, como os gatos, e embora fosse [[Miopia|míope]], de noite tinha uma visão de uma agudeza excepcional {{esclarecer}}{{carece de fontes|data=junho de 2017}}. A sua saúde era excelente, e somente consta que enfermasse em duas ocasiões.
 
Homem tímido e reservado, a vergonha pela sua calvície produziu-lhe um profundo efeito depressivo, até ao ponto de chegar a condenar Lúcio Cesiano por se ter burlado em público da sua calva. Também padeceu de umas terríveis úlceras faciais que lhe afeavam o rosto e o obrigavam a ter a cara coberta de emplastos; esta [[dermopatia]] fez com que Tibério evitasse aparecer em público.
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=== Públio Cornélio Tácito ===
 
[[Imagem:Wien- Parlament-Tacitus.jpg|thumb|upright|[[Públio Cornélio Tácito]], estátua no parlamento austríaco, em [[Viena]].]]
A informação mais detalhada sobre o reinado de Tibério é a de [[Públio Cornélio Tácito]] e os seus ''[[Annales (Tácito)|Annales]]'', cujos seis primeiros livros versam o tema. Tácito foi um cavaleiro pertencente à [[ordem equestre]] que nasceu durante o reinado de [[Nero]] em [[56|56 d.C.]]. A sua obra é baseada na maior parte na ''acta senatus'' (a ata de sessão do [[Senado romano|senado]]) e a ''[[Acta Diurna|acta diurna populi Romani]]'' (coleção de relatos e informações de atuações governamentais e cortesãs), na autobiografia de Tibério e nos historiadores contemporâneos como [[Clúvio Rufo]], [[Fábio Rústico]] e [[Plínio, o Velho]], cujos escritos se perderam. A descrição do imperador realizada por Tácito é geralmente negativa e faz-se mais dura gradualmente à medida que o seu estado piora.<ref name="ReferenceA">Tácito, ''Annales'' , [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 1#6|I.6]]</ref> O historiador menciona uma clara degradação do estado psicológico do imperador a partir da morte do seu filho em [[23]].<ref name="tacitus-annals-iv-6"/>
O historiador Tácito descreve o reinado da [[dinastia júlio-claudiana]] como injusto e cruel<ref name="ReferenceA"/> e as boas ações no princípio do seu reinado são atribuídas a pura [[hipocrisia]].<ref name="tacitus-annals-vi-51"/> Tácito também recorre no desequilíbrio de poder entre os imperadores e o senado e põe em evidência a corrupção e a tirania derivadas dos governantes, dedicando uma importante parte do seu relato aos juízos e perseguições que surgiram por causa da restauração da lei de ''maiestas''.<ref>Tácito, ''Annales'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 1#72|I.72]], [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 1#74|I.74]], [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 2#27|II.27-32]], [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 3#49|III.49-51]], [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 3#66|III.66-69]]</ref> A última alegação do seu sexto livro é o melhor exemplo da sua opinião sobre o imperador: