José de Melo Carvalho Muniz Freire: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 14:
| depois2 = [[Henrique da Silva Coutinho]]
| título4 = [[Senado Federal do Brasil|Senador]] pelo {{BR-ES}}
| mandato4 = [[1905]] até [[1906]] 1º mandato
| mandato5 = [[1906]] até [[1914]] 2º mandato
| título5 = [[Senado Federal do Brasil|Senador]] pelo {{BR-ES}}
| mandato5 = [[1906]] até [[1914]]
| título6 = [[Deputado federal]] pelo {{BR-ES}}
| mandato6 = [[1890]] até [[1892]]
| data_nascimento = {{dni|lang=br|13|07|1861|si}}
| data_morte = {{morte|lang=br|03|04|1918|}} (56 anos)
| nacionalidade = {{BRAn}}
| local_nascimento = [[Vitória]]
Linha 31 ⟶ 30:
 
==Vida==
José de Melo Carvalho Muniz Freire nasceu em Vitória em 13 de julho de 1891. Era filho de Manoel Feliciano Muniz Freire, um militar oriundo da [[Bahia]], que, ao chegar ao [[Espírito Santo (estado)]], casou-se com Maria Emilia Muniz Freire., membramembro de uma importante família capixaba, assim como seu primo, [[Alfeu Adolfo Monjardim de Andrade e Almeida]], o Barão de Monjardim.<ref>{{citar livro|título=José de Melo Carvalho Muniz Freire|ultimo=SANTOS|primeiro=Estilaque|editora=Espírito Santo em ação|ano=2012|local=Vitória|páginas=|acessodata=}}</ref>
 
Desde jovem, Muniz Freire se interessava pelo jornalismo. No entanto, formou-se em Direito, pela [[Faculdade de Direito de São Paulo]], no Largo de São Francisco, em 1881. Por lá, casou-se com Colatina Soares de Azevedo, descendente do [[Barão de paranapanema]]. Voltando a Vitória, passou a exercer o cargo de advogado, abrindo um escritório de advocacia com seu amigo [[Afonso Cláudio de Freitas Rosa]]. Além disso, juntamente com seuoutro amigo, [[Cleto Nunes Pereira|fundou]], fundou o jornal ''A Província do Espírito Santo'', influenciado pelas ideias do [[Partido Liberal (Império do Brasil)]] e pelo [[Positivismo]].
 
Assim como seu primo, seu pai e seu avô materno, Muniz Freire ingressou no [[Partido Liberal (Império do Brasil)]], partido pelo qual foi eleito vereador de Vitória, deputado provincial e deputado geral, cargo este que não chegou a assumir devido à [[Proclamação da República do Brasil]], em 1889.
 
Após aquele episódio, publicou um manifesto pelo qual justificou a queda do [[Segundo reinado]] <ref>SANTOS, Estilaque Ferreira dos. (org.). Escritos políticos de Muniz Freire. Vitória: Pro Texto Comunicação e Cultura, 2013.</ref>, e, após alguns meses no ostracismo político, foi convidado por seu amigo [[Afonso Cláudio de Freitas Rosa]] - republicano histórico nomeado governador do Espírito Santo pelo presidente marechal [[Deodoro da Fonseca]] - a redigir um anteprojeto constitucional para o estado do Espírito Santo, causando a ira de outros republicanos históricos, tais como Bernardo Horta de Araújo.<ref>QUINTÃO, Leandro do Carmo. ''Oligarquia e elites políticas no Espírito Santo'': a configuração da liderança de Moniz Freire. 2016. 421 f. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-graduação em História Social das Relações Políticas, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2016.</ref> Ainda em 1890, foi um dos fundadores e líderes do Partido republicano Construtor, criado para dar sustentação política ao governo estadual de seu amigo. Em seguida, foi eleito deputado federal constituinte, cargo que permaneceu até 1892, quando foi eleito pela [[Assembleia Legislativa do Espírito Santo]] presidente do estado do Espírito Santo, nome conferido aos governadores pela Constituição estadual de 1892.
Linha 41 ⟶ 40:
Durante seu mandato, que durou de 3 de maio de 1892 a 23 de maio de 1896, realizou diversas medidas, tais como a construção do quartel de política, de um teatro e melhorias urbanas na capital, além da Estrada de ferro Sul do Espírito Santo.<ref>RIBEIRO, Diones Augusto. ''Busca à primeira grandeza:'' o espírito Santo e o governo de Moniz Freire (1892 a 1896). 2008. 177 f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-graduação em História Social das Relações Políticas, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2008.</ref> Além disso, importou significativa quantidade de imigrantes, mormente italianos, para dar corpo ao projeto de afirmação regional que era estruturado no desenvolvimento do povoamento, da produção agrícola e do transporte, com incremento das comunicações ferroviárias com [[Minas Gerais]] e a centralização das exportações no [[Porto de Vitória]]. Apesar de coincidir seu governo com um período de euforia econômica do estado devido ao aumento das exportações cafeeiras e o conseguinte aumento da receita por causa do imposto de exportação, Muniz Freire endividou o estado, fato agravado pela crise cafeeira que assolou o Espírito Santo no último quinquênio do século XIX.<ref>SIQUEIRA, Maria da Penha Smarzaro. ''O desenvolvimento do Porto de Vitória: 1870-1940.'' Vitória: Codesa, 1995.</ref> Todavia, alcançou alta popularidade em seu governo, tendo quase conseguido, com a ajuda dos deputados estaduais, a aprovação de uma emenda constitucional que garantiria sua reeleição. Apesar do fracasso, saiu do governo com extrema popularidade, e como principal oligarca do estado, à frente do Partido Republicano Construtor.<ref>QUINTÃO, Leandro do Carmo. ''Oligarquia e elites políticas no Espírito Santo'': a configuração da liderança de Moniz Freire. 2016. 421 f. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-graduação em História Social das Relações Políticas, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2016.</ref>
 
No período entre 1896 e 1900, Muniz Freire não ocupou qualquer cargo eletivo. Viajou para [[Paris]], como representante do governo do estado do Espírito Santo, a fim de negociar o empréstimo já realizado e ao mesmo tempo angariar novos fundos para terminar a construção da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo, tendo em conta sua importância econômica para interligar a capital com a região produtora de café, polarizada por [[Cachoeiro de Itapemirim]].<ref>QUINTÃO, Leandro do Carmo. ''A interioriorização da capital pela Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo''. 2008. 167 f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-graduação em História Social das Relações Políticas, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2008.</ref> De lá, sofreu diversas críticas pelo principal jornal de oposição, ''Commercio do Espírito Santo'', editado por Torquato Moreira, seu ex-correligionário. Esteve no Espírito Santo em duas oportunidades para solucionar as crises políticas emergentes no interior do Partido Republicano Construtor. A primeira em 1897, com a renúncia do presidente [[Graciano dos Santos Neves]], e a segunda, anos depois, quando evitou nova renúncia, dessa vez de [[José Marcelino Pessoa de Vasconcelos]]. TronouTornou-se elo aglutinador do partido, angariando novos adeptos como [[Luís de Siqueira da Silva Lima]] e seu sobrinho Bernardo Horta de Araújo, além de [[Alfeu Adolfo Monjardim de Andrade e Almeida]] (Barão de Monjardim) e todo o seu clã político, do pequeno ''Partido Autonomista''.<ref>SANTOS, Estilaque Ferreira dos. José de Melo Carvalho Muniz Freire. Vitória: Espírito Santo em Ação, 2012.</ref>
 
Bastante forte dentro do partido, Muniz Freire se credenciou para concorrer a mais um mandato como presidente do estado, considerado por seus sequazes o único capaz de enfrentar a crise fiscal que havia atingido o Espírito Santo.<ref>QUINTÃO, Leandro do Carmo. ''Oligarquia e elites políticas no Espírito Santo'': a configuração da liderança de Moniz Freire. 2016. 421 f. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-graduação em História Social das Relações Políticas, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2016.</ref> No segundo quatriênio como presidente do estado (1900 a 1904), enfrentou o agravamento da crise fiscal, limitando sua administração a sanear a dívida e manter até a metade do trajeto - [[Matilde (Alfredo Chaves)]] - as obras da Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo. Encerrou seu governo desgastado, sem conseguir evitar o aumento da dívida do estado do Espírito Santo, o que o levou a declarar uma moratória junto aos credores. Entregou um governo em dificuldades financeiras a seus aliado, [[Henrique da Silva Coutinho]], em 1904.
 
Ao deixar o governo, foi eleito senador no ano seguinte, para a vaga do próprio [[Henrique da Silva Coutinho]], quando esse assumiu o governo do estado. O mandato durou um ano, tempo restante para completar os 9 anos constitucionais do senador anterior. Ainda em1905, rompe com seu aliado em virtude de divergências nas eleições da [[Câmara Municipal de Vitória]], passando, a partir de então, a fazer ferrenha oposição ao governante que havia ajudado a eleger. Tendo em vista as dificuldades da oposição perante o sistema oligárquico da Primeira República, enfraqueceu-se politicamente, além de ter contribuído diretamente para rachar politicamente o partido.
 
Em 1906, nas eleições para o Legislativo federal, candidatou-se à reeleição no Senado, encabeçando uma chapa com diversos correligionários. Concorreu com o antigo correligionário e outrora ferrenho defensor, o deputado estadual Augusto Calmon. A derrota para a máquina do governo do estado foi inevitável, porém, tendo importantes aliados no cenário político nacional - tais como o senador [[José Gomes Pinheiro Machado]] e o então vice-presidente da República [[Afonso Pena]] - conseguiu que sua chapa vencesse o pleito eleitoral, sensibilizando a [[Comissão verificadora dos poderes]] tanto da Câmara federal quanto do Senado, causando considerável dano político a seus adversários.<ref>QUINTÃO, Leandro do Carmo. ''Oligarquia e elites políticas no Espírito Santo'': a configuração da liderança de Moniz Freire. 2016. 421 f. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-graduação em História Social das Relações Políticas, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2016.</ref>
 
==Ver também==