Maria Pia de Saboia: diferenças entre revisões
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{{Ver desambig|prefixo=Se procura|a pretendente ao trono de Portugal|Maria Pia de Bragança}}
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| imagem = María Pía de Saboya, reina consorte de Portugal (Museo del Prado).jpg
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| assinatura = Assinatura Maria Pia de Sabóia.svg
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'''Maria Pia de Saboia''' <small>[[Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa|GCNSC]]</small> • <small>[[Ordem Real de Santa Isabel|GCSI]]</small> ([[Turim]], [[16 de outubro]] de [[1847]] — [[Palazzina di caccia di Stupinigi|Stupinigi]], [[5 de julho]] de [[1911]]) foi uma princesa
D. Maria Pia ficou conhecida como ''O Anjo da Caridade'' e ''A Mãe dos Pobres'' por sua compaixão e causas sociais; entretanto, proferiu uma famosa frase em resposta à crítica de um dos seus ministros devido ao preço das suas extravagâncias: "''Quem quer rainhas, paga-as!''".
==Primeiros anos==
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D. Maria Pia era a segunda filha do rei [[Vítor Emanuel II da Itália|Vítor Emanuel II]] da [[Reino da Sardenha|Sardenha]]
Recebeu uma educação semelhante à das outras princesas europeias, tendo aprendido gramática, geografia, história, desenho e educação musical. Era uma aluna razoável, mas não se aplicava muito ao estudo; tinha jeito para o desenho e para a música, mas tinha dificuldade em aprender línguas estrangeiras. Maria Pia e os seus irmãos viviam no [[Palácio Real de Turim|Palácio de Turim]] e frequentavam outros palácios, como [[Castello di Moncalieri|Moncalieri]], [[Castello Reale di Racconigi|Racconigi]], Casotto e [[Palazzina di caccia di Stupinigi|Stupinigi]].
==Casamento e vida como rainha==
Quando [[Pedro V de Portugal|D. Pedro V de Portugal]] faleceu sem descendência, em [[1861]], sucedeu-lhe ao trono o irmão, o infante [[Luís I de Portugal|
D. Luís anunciou publicamente a sua intenção de casar a 29 de abril de 1862, dia do 36.º aniversário da outorga da [[Carta Constitucional portuguesa de 1826]]. O contrato de casamento foi negociado por Luís António de Abreu e Lima, [[Conde da Carreira]] e, pela parte italiana, por Jacques Durando, Ministro dos Estrangeiros, e por Jean Nigra, senador. O contrato foi concluído em Turim, a 9 de agosto de 1862.<ref name="SilveiraGodinho22" />
[[Ficheiro:Portrait_of_Maria_Pia_of_Savoy.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Maria Pia em 1862.]]
D. Maria Pia casou-se com o rei [[Luís I de Portugal|D. Luís I]], por procuração, em [[Turim]], em [[27 de setembro]] de [[1862]], contando com quinze anos incompletos. D. Luís foi representado pelo Príncipe de Carignano, [[:it:Eugenio Emanuele di Savoia-Villafranca|Eugénio Manuel de Saboia-Villafranca-Soissons]], e a bênção nupcial foi dada pelo [[Arquidiocese de Génova|Arcebispo de Génova]], Andreas Charvaz.<ref name="SilveiraGodinho22" /> Em virtude do falecimento recente da mãe do rei [[Fernando II de Portugal|D. Fernando II]], [[Maria Antónia de Koháry]], não se deram, em [[Lisboa]], algumas das celebrações que haviam sido planeadas para o dia do casamento por procuração, iluminando-se apenas algumas habitações.
Antes de partir para Portugal, D. Maria Pia entregou ao síndico de Turim 20 mil francos para distribuir pelos pobres, tendo pedido também a [[Vítor Emanuel II da Itália|Vítor Emanuel II]], seu pai, para decretar uma amnistia para todos os presos políticos. O pedido de D. Maria Pia foi acedido.<ref name="SilveiraGodinho22" />
No dia 29 de setembro, a jovem rainha de Portugal embarcou a bordo da corveta [[Corveta portuguesa Bartolomeu Dias|''Bartolomeu Dias'']], partindo para [[Lisboa]], acompanhada pelas corvetas ''Estefânia'' e ''[[Corveta portuguesa Sagres|Sagres]]'', e pelas corvetas italianas ''Maria Adelaide'' (que levava a bordo o seu irmão, o [[Humberto I de Itália|Princípe Humberto]], que a acompanhava), ''Duca di Genova'', ''Italia'', ''Garibaldi'', e o vapor aviso ''Anthion''. Acompanhavam-nos, ainda um iate francês (onde seguiam a princesa [[Maria Clotilde de Saboia|Maria Clotilde]] e o príncipe [[Napoleão José Carlos Paulo Bonaparte]]), e duas fragatas russas. A esquadra chegou à capital portuguesa a 5 de outubro, onde tinha à sua espera fora da barra os vapores de guerra ''Lince'' e ''Argos'', os vapores de comércio ''D. Antónia'', ''D. Luís'', ''Açoriano'' e ''Torre de Belém''.<ref name="SilveiraGodinho22" /> A corveta ''Bartolomeu Dias'' fundeou em frente a [[Belém (Lisboa)|Belém]], subindo imediatamente a bordo o rei [[Luís I de Portugal|D. Luís]], o rei [[Fernando II de Portugal|D. Fernando II]], o [[Conselho de Estado (Portugal)|Conselho de Estado]] e o [[Conselho de Ministros (Portugal)|Ministério]].
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Concluída a entusiástica cerimónia na Praça do Comércio, o grandioso cortejo dirigiu-se para a [[Igreja de São Domingos (Santa Justa)|Igreja de São Domingos]], onde se procedeu à cerimónia da ratificação do casamento pelo [[Patriarcado de Lisboa|Cardeal Patriarca]] [[Manuel Bento Rodrigues da Silva|D. Manuel I]]. O coro de cento e trinta e um músicos entoou o ''[[Te Deum]]'', expressamente composto e dedicado a Suas Majestades por [[Manuel Inocêncio Liberato dos Santos]].<ref name="SilveiraGodinho22" />
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Em comemoração do real consórcio realizaram-se festas durante três dias, havendo brilhantes iluminações, tanto nos edifícios públicos, como em muitas casas particulares.
Rainha aos quinze anos, D. Maria Pia cumpriu rapidamente o seu principal papel, assegurando a sucessão ao trono com o nascimento do príncipe real [[Carlos I de Portugal|D. Carlos de Bragança]], em 28 de setembro de 1863, e do infante [[Afonso de Bragança, Duque do Porto|D. Afonso
[[Ficheiro:D.
Mulher de temperamento meridional, foi mãe extremosa dos seus filhos e rainha atenta aos mais necessitados. Durante o rigoroso Inverno de 1876, no qual muitas famílias ficaram na miséria devido às grandes inundações que a chuva provocou, a rainha tomou a iniciativa de organizar uma comissão de angariação de donativos. O sucesso desta comissão fez com que a rainha formasse um fundo especial, com que se foram socorrendo muitas famílias vítimas da dureza dos invernos. Tanto a Câmara dos Deputados como a Câmara dos Pares exaltaram a iniciativa e, inclusivamente, a sociedade francesa ''Société d'Encouragement au Bien'' conferiu-lhe a grande medalha de honra, em 1877.<ref name="SilveiraGodinho22" /> Quando, nesse mesmo ano, a fome afligiu os povos do [[Ceará]] em consequência das grandes secas que ali houve, D. Maria Pia propôs, e foi aprovado, que do cofre dos inundados se retirasse uma avultada quantia, destinada a socorrer as vitimas daquela calamidade.<ref name="SilveiraGodinho22" />
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Benemérita incansável, fundou inúmeros estabelecimentos de solidariedade social, como são exemplos a Creche Victor Manuel, na [[Tapada da Ajuda]], em 1 de novembro de 1878, mandando construir um edifício próprio para esse fim.<ref name="SilveiraGodinho22" />
Habituada aos luxos da corte de [[Turim]], D. Maria Pia era amante da alta costura e de festas, como bailes de máscaras. Numa noite de fevereiro de 1865, chegou a usar três trajes diferentes.{{Carece de fontes|geo|si|data=julho de 2011}}
D. Maria Pia manteve-se, geralmente, alheia aos assuntos políticos. Só quando o [[João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun, Duque de Saldanha|Marechal Duque de Saldanha]] cercou o [[Palácio da Ajuda]] em 1870, numa revolta que ficou conhecida para a História como a ''[[Saldanhada]]'', obrigando o rei a nomeá-lo presidente do Conselho de Ministros, é que a rainha demonstrou a sua diligência política. D. Maria Pia terá então exclamado ao marechal: ''Se eu fosse o rei, mandava-o fuzilar!''
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==Reinado do filho e do neto==
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Após a subida ao trono português de seu filho, o rei [[Carlos I de Portugal|D. Carlos I]], Maria Pia cedeu o protagonismo à nora, a princesa [[Amélia de Orleães]], continuando a residir oficialmente no [[Palácio da Ajuda]] (cuja decoração se deve ao seu gosto), utilizando como residências de recreio o [[Palácio Nacional de Sintra|Palácio da vila]] de [[Sintra]] e um ''chalé'' que adquiriu no [[Estoril]]. Serviu diversas vezes como [[Regência (governo)|regente]] do reino durante as visitas oficiais do filho e da nora ao estrangeiro.
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Na sequência do [[Regicídio de 1908]], em que o seu filho, D. Carlos I, e seu neto, o herdeiro ao trono [[Luís Filipe, Príncipe Real de Portugal|D. Luís Filipe de Bragança]], foram assassinados, D. Maria Pia foi abatida pelo desgosto, começando a dar sinais de demência mental. Durante o breve reinado do neto mais novo, [[Manuel II de Portugal|D. Manuel II]], manteve-se praticamente retirada do público e quase sempre acompanhada do segundo filho, D. [[Afonso de Bragança, Duque do Porto]].
==Exílio e morte==
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!Notas<ref>{{harvnb|Weir|1996|pp=286–299}}</ref>
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|[[Ficheiro:S.M.F.
|[[Carlos I de Portugal|D. Carlos de Bragança, Rei de Portugal]]
| align="center" |28 de setembro de 1863
| align="center" |1 de fevereiro de 1908
|Casou-se com [[Amélia de Orleães]], com descendência.
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|[[Ficheiro:
|[[Afonso de Bragança, Duque do Porto|D. Afonso de Bragança, Duque do Porto]]
| align="center" |31 de julho de 1865
| align="center" |21 de fevereiro de 1920
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