Hiato inflacionário: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Actual_potential_GDP_output_gap_CBO_Jan_09_outlook.png|miniaturadaimagem|250x250px|Estimativas do PIB potencial (cinzento) e PIB verificado (em negrito) do Gabinete de Orçamento do Congresso.]]
Um '''hiato inflacionista''', em [[economia]], é o montante pelo qual o [[produto interno bruto]] efectivo excede o PIB potencial de pleno emprego .<ref name="CFA Program Curriculum">{{citecitar journalperiódico|lastúltimo =Parkin|firstprimeiro =Michael|yearano=2007|titletítulo=Economics, Level I CFA Program Curriculum|volume=2|pagespáginas=307–308}}</ref> É um dos tipos de hiato do produto, sendo o outro um hiato recessivo.
 
== Visão geral ==
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== O Mecanismo ==
Seja YF o produto de [[pleno emprego]] e Y o produto efectivo que a economia está actualmente produzindo. Se a diferença Y<sub>F</sub> - Y é negativa, o rendimento nacional efectivo excede o rendimento nacional potencial, o que é conhecido como o hiato  inflacionista.<ref name="Lipsey 1992 573">{{citecitar booklivro|lastúltimo =Lipsey|firstprimeiro =Richard G.|titletítulo=An introduction to positive economics|yearano=1992|publisherpublicado=ELBS with Weidenfeld and Nicolson|locationlocal=London|isbn=0-297-79556-2|pagespáginas=573|editionedição=7th}}</ref>
Quando esta diferença é positiva  é designada por hiato recessivo.
 
O hiato inflacionista é sempre um fenómeno [[ex-ante]], espera-se sempre que ocorra no futuro. Surge quando  despesa esperada não é igual ao consumo esperado num  momento futuro.<ref name="Freidman 1942 314–319">{{citecitar journalperiódico|lastúltimo =Freidman|firstprimeiro =Milton|titletítulo=Discussion on the Inflationary Gap|journalperiódico=The American Economic Review|datedata=Junho de 1942|volume=No.32, Part 1|pagespáginas=314–319|accessdateacessodata=2011-11-03}}</ref>
 
Keynes define-a como o excesso de procura (ou demanda) no mercado de consumo de bens e serviços.<ref>{{citecitar booklivro|lastúltimo =Frisch|firstprimeiro =Helmut|titletítulo=Theories of Inflation|yearano=1983|publisherpublicado=Cambridge University Press|locationlocal=https://books.google.com/books?id=TYlWlB1dyDUC&lpg=PA261&ots=iP42QnitGr&dq=lipsey%20inflationary%20gap&pg=PP1#v=onepage&q=%20inflationary%20gap&f=false|pagespáginas=229–234|url=https://books.google.com/books?id=TYlWlB1dyDUC&lpg=PA261&ots=iP42QnitGr&dq=lipsey%20inflationary%20gap&pg=PP1#v=onepage&q=%20inflationary%20gap&f=false}}</ref>
Ele definiu um hiato inflacionista como um excesso de despesa planeada sobre o produto disponível a preços de pré-inflação ou preços de base. Dada uma propensão média para poupar, a subida de rendimentos monetários de pleno emprego levaria a um excesso de procura (demanda) sobre a oferta, de que resultaria o hiato inflacionista.  Assim, Keynes usou o conceito de hiato inflacionista para mostrar os principais determinantes que causam um aumento inflacionista de preços.
 
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== Causas, Efeitos e Soluções ==
Considera-se que a principal causa do hiato   são as políticas monetárias expansionistas praticadas pelo governo.  Um hiato inflacionista é um sinal de que a economia está na parte alta do [[Ciclo econômico|ciclo de vendas]], os recursos estão a ser utilizados acima da capacidade disponível, as fábricas estão operando em situação de aumento de custos médios; os salários aumentam, devido a utilização de trabalho para além do horário normal com pagamento de horas extraordinárias. Um caso em que o hiato pode surgir é quando a despesa do consumidor ou investidor  é muito elevada, quando a demanda externa aumenta ou quando as despesas do governo sobem. De acordo com alguns economistas, essa situação aconteceu nos [[Estados Unidos]] em 1999-2000 e 2006-2007, quando a taxa de [[desemprego]] esteve abaixo de 5%.<ref>{{citecitar booklivro|lastúltimo =Blinder|firstprimeiro =William J. Baumol, Alan S.|titletítulo=Macroeconomics : principles and policy|publisherpublicado=South-Western, Cengage Learning|locationlocal=Australia|isbn=1-4390-3901-1|editionedição=11th ed., 2010 update}}</ref> Os salários aumentam como consequência do aumento da procura agregada, o que por sua vez aumenta os custos nas empresas. Isto leva a um aumento dos preços ([[inflação]]) e os  preços mais altos reduzem  o poder de compra dos consumidores, causando queda da procura agregada e anulação do hiato do produto. Quando o hiato é finalmente eliminado, o equilíbrio é alcançado, com o PIB efectivo igual ao PIB potencial, mas a um mais elevado nível de preços. Os economistas alertam que isso não é um mecanismo automático. A acção do governo na forma de políticas orçamentais e [[Política monetária|políticas monetárias]] é necessária para anular o hiato. [[Política monetária|A política monetária]] pode ser usada para contrair a oferta de moeda na economia através do aumento das taxas de juro, o que faz diminuir o poder de compra, resultando em queda na procura ou demanda. Keynes, no entanto, não foi a favor de métodos monetários. Ele sugeriu um método de tributação progressiva, onde a arrecadação de impostos seria poupada e utilizada quando o equilíbrio fosse alcançado na economia, o que ele designou por 'poupança forçada'<ref>[//en.wikipedia.org/wiki/Pavlina_R._Tcherneva Tcherneva, Pavlina R.] "[http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=1212982 Keynes’s Approach to Full Employment: Aggregate or Targeted Demand?"]</ref> Outro método é a redução de pagamentos de transferências e subsídios, reduzindo assim o consumo.
 
== Críticas ==
Friedman criticou o hiato inflacionista Keynesiano alegando que  essa análise  pode ser usada apenas em circunstâncias especiais, como a guerra. Ele afirmou que essa análise não melhorou muito o nosso conhecimento sobre ciclos económicos.
Bert Hansen criticou Keynes por limitar a sua análise do hiato apenas para o mercado de bens, deixando de fora o mercado dos factores de produção. Segundo ele o hiato é causado pelo excesso de procura (demanda) nos mercados,  tanto dos bens como dos fatores de produção. Outra fraqueza deste modelo é a sua natureza estática, o que foi criticado por [[Milton Friedman]], Eric Lundberg<ref>{{citecitar booklivro|lastúltimo =Jonung|firstprimeiro =edited by Lars|titletítulo=Swedish Economic Thought : Explorations and Advances|yearano=1993|publisherpublicado=Routledge|locationlocal=London|isbn=0-415-05413-3}}</ref> e outros economistas. O próprio [[John Maynard Keynes|Keynes]]  reconheceu este inconveniente, e introduziu defasagens relativas a receitas e gastos de rendimentos (rendas). T. Koopmans introduziu a ideia da velocidade de inflação, afirmando que o hiato inflacionista se reduz à medida que a velocidade de inflação cai.<ref>{{citecitar journalperiódico|lastúltimo =Koopmans|firstprimeiro =T.|titletítulo=The Dynamics of Inflation|journalperiódico=The Review of Economics and Statistics|datedata=Maio de 1942|volume=No.24|series=No.2|accessdateacessodata=2011-11-03}}</ref> Outro ponto fraco da teoria é que está preocupada apenas com conceitos de fluxos, tal como o rendimento, a despesa, o consumo e a poupança. No entanto, o aumento de preços afecta não só os actuais bens, como também o estoque de produtos já fora do mercado. Este ponto é ignorado na teoria.
 
== Ver também ==
* Recessão
* [[Inflação|Inflação]]<nowiki/>
 
== Referências ==