Atanásio de Alexandria: diferenças entre revisões

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|imagem =Sainta15.jpg
|tamanho =300px
|legenda ='''Ícone de Santo Atanásio'''
|títulos =[[Patriarca de Alexandria|Papa de Alexandria]]; [[Confessor]]; [[Doutor da Igreja]] (''Doctor Incarnationis'')<ref name=CE>{{1913CE|St. Athanasius}}</ref>
|data_beatificação =
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'''Atanásio de Alexandria''' ({{langx|el|Ἀθανάσιος Ἀλεξανδρείας||Athanásios Alexandrías}}; {{lang-la|''Athanasius''}}), dito '''o Grande''' ou '''o Confessor''', chamado também de '''o Apostólico''' na [[Igreja Ortodoxa Copta]], foi o vigésimo [[arcebispo de Alexandria]] (como '''Atanásio I de Alexandria'''). Seu episcopado durou 45 anos ({{ca.}} {{dtlink |8|6|296}} – {{dtlink |2|5|373}}), dos quais dezessete ele passou exilado, em cinco ocasiões diferentes e por ordem de quatro diferentes [[imperador romano|imperadores romanos]]. Atanásio foi um importante [[teólogo cristão]], um dos "[[padres da Igreja]]", o principal defensor do [[trinitarismo]] contra o [[arianismo]] e um grande líder da comunidade de Alexandria no {{séc|IV}}.
 
O conflito contra [[Ário]] e seus seguidores, apoiados muitas vezes pela corte em [[Roma]], moldou a carreira de Atanásio. Em 325, com 27 anos, começou a luta contra os arianos como assistente de seu [[arcebispo]], [[Alexandre de Alexandria|Alexandre]], no [[Primeiro Concílio de Niceia|Concílio de Niceia]], convocado pelo imperador [[Constantino I]] entre maio e agosto de 325 para tratar da tese ariana de que o [[Deus Filho|Filho de Deus]], [[Jesus de Nazaré]], e [[Deus Pai]] seriam de substâncias (''[[ousia]]'') diferentes.<ref name="CC">[[Will Durant|Durant, Will]]. Caesar and Christ. New York: Simon and Schuster. 1972.</ref>. Três anos depois de Niceia, Atanásio sucedeu ao seu mentor como arcebispo.
 
Além do conflito contra os arianos, que incluía o poderoso e influente partido liderado por [[Eusébio de Nicomédia]], ele lutou também contra os imperadores Constantino, [[Constâncio II]], [[Juliano, o Apóstata]] e [[Valente (imperador)|Valente]] e, por isso, era conhecido como ''"Athanasius Contra Mundum"'' em [[latim]].
 
Apesar disso, poucos anos depois de sua morte, [[Gregório de Nazianzo]] chamou-o de "Pilar da Igreja". Suas obras foram celebradas por todos os padres da Igreja que vieram depois dele, tanto no ocidente quanto no oriente, que ressaltaram sua rica devoção ao [[Verbo Divino|Verbo]]-[[Encarnação|encarnado]], sua grande preocupação pastoral e seu profundo interesse no nascente [[monasticismo]]. Atanásio aparece entre os quatro grandes doutores da Igreja orientais da [[Igreja Católica Romana]].<ref name="Doctors">{{CathEncy|wstitle=Doctors of the Church}}</ref>. Na [[Ortodoxia]], ele é chamado de "Pai da Ortodoxia". Algumas [[denominações cristãs|denominações]] [[protestantes]] chamam-no de "Pai do Cânon".
Atanásio se envolveu tanto contra Ário com aquilo que o apóstolo Paulo chama de "a letra mata" que ele esqueceu de ler Colossenses 1.15 que diz: "Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação". No contexto em colossenses onde se encontra este versículo podemos ver claramente Paulo mostrar a Jesus como um ser criado por Deus, mesmo que sendo o primeiro de todas as criações Jesus foi criado e ordenado Deus Filho juntamente com o Espírito Santo formando assim a trindade. Tem muitas passagens na bíblia que Deus sempiterno atemporal só existe um, e todos os demais são criaturas: Jesus diz de si mesmo: "todo o poder é me dado no céu e na terra" já Deus diz de si também o seguinte: "quem primeiro me deu para que eu o venha a restituir"?
Ou seja Jesus mostra que de alguém recebeu alguma coisa, Deus entretanto mostra que ninguém pode lhe dar nada justamente porque nele esta o tudo e o todo.
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{{misticismo cristão}}
=== Primeiros anos ===
Atanásio nasceu em [[Alexandria]] ou, possivelmente, na cidade de Damanhur, perto do [[delta do Nilo]], no [[Egito romano]] em 296.<ref name="Clifford1907"/>. Alguns acadêmicos ocidentais consideram que seu domínio do [[língua grega|grego]], língua que Atanásio utilizou na maioria das obras sobreviventes, evidenciam que ele seria de origem [[gregos|grega]]. Porém, na [[literatura copta]], ele é considerado como sendo o primeiro patriarca de Alexandria a fazer uso do [[língua copta|copta]] juntamente com o grego em suas obras.<ref name="Encyclopædia Britannica">{{citecitar web|url=http://www.britannica.com/eb/article-9026215/Coptic-literature |titletítulo=Encyclopædia Britannica |publisherpublicado=Britannica.com |datedata= |accessdateacessodata=2012-09-25}}</ref>.
 
A [[Enciclopédia Católica]]<ref name="Clifford1907"/> afirma que Atanásio teria nascido entre {{ca.}} 296 e antes de 298. O argumento para esta última data começa com uma análise do compilador das famosas "[[Cartas Pascoais]]" logo depois de sua morte. Este autor, anônimo, afirmou que os arianos haviam acusado Santo Atanásio, entre outras coisas, de não ter ainda atingido a idade canônica (30 anos) e, por isso, não poderia teria ter sido ordenado patriarca de Alexandria em 328. Como ele não foi julgado novamente por essas acusações, Atanásio deve ter pelo menos parecido ter mais de 30 anos em 328 para a acusação ser minimamente plausível.<ref>Rubenstein, Richard E., When Jesus Became God: The Epic Fight over Christ’s Divinity in the Last Days of Rome (New York: Harcourt Brace & Company, 1999), 105–106</ref>. Além disso, em duas passagens distintas (''Hist. Ar., lxiv'' e ''De Syn., xviii''), Atanásio afirma não se lembrar de ter sido testemunha ocular do início da [[Perseguição de Diocleciano|grande perseguição]] pelos [[Tetrarquia|tetrarcas]] [[Diocleciano]] e [[Maximiano]] em fevereiro de 303. Ao fazer referência a estes eventos, ele nunca menciona lembranças próprias e se volta para as tradições, o que tende a indicar juventude (menos de 10 anos de idade) em 303.<ref name="Clifford1907"/>.
 
=== Educação ===
Alexandria era o mais importante centro comercial de todo o [[Império Romano]] durante a infância de Atanásio. Intelectualmente, moralmente e politicamente, a fervilhante cidade egípcia era o retrato da diversidade [[etnia|étnica]] do [[mundo greco-romano]], mais do [[Roma]], [[Constantinopla]], [[Antioquia]] ou [[Massilia]] ([[Marselha]], na [[França]]).<ref name="Clifford1930">Clifford, Cornelius, Catholic Encyclopedia 1930, Volume 2, Pgs: 35–40 "Athanasius".</ref>. Sua [[Escola Catequética de Alexandria|famosa escola catequética]], sem sacrificar em nada sua famosa paixão pela [[ortodoxia doutrinária]] que vinha dos tempos de [[Panteno de Alexandria|Panteno]], [[Clemente de Alexandria|Clemente]], [[Orígenes]], [[Dionísio de Alexandria|Dionísio]] e [[Teognosto de Alexandria|Teognosto]], já havia começado a adquirir uma característica quase secular e contava com estudiosos da cultura [[Religião na Roma Antiga|pagã]] entre os seus membros.<ref>{{citar livro|nome=[[Eusébio de Cesaréia]]|título=História Eclesiástica|url=http://www.newadvent.org/fathers/250106.htm|volume = VI|capítulo=19|subtítulo=Circumstances Related of Origen.|língua=inglês}}</ref>.
 
[[Tirânio Rufino|Rufino]]<ref>[[História Eclesiástica (Rufino)|Hist. Ecl.]], [[Tirânio Rufino|Rufino]], I, xiv</ref> relata a ocasião quando o bispo [[Alexandre de Alexandria|Alexandre]] convidou seus colegas para um café da manhã depois de um importante serviço religioso. Enquanto esperava pelos convidados na janela, ele assistiu alguns jovens brincando na praia. Ele logo percebeu que eles estavam imitando o elaborado ritual cristão do [[batismo]]. Ele mandou chamar os garotos e descobriu que um deles (Atanásio) era o "bispo" do grupo. Alexandre determinou que os batismos de mentira fossem considerados reais e estimulou Atanásio e seus companheiros a se prepararem para receber funções clericais.<ref name="Clifford1930"/>.
 
O próprio Alexandre [[ordem (sacramento)|ordenou]] Atanásio [[diácono]] em 319.<ref name="EA">''Encyclopedia Americana'', vol. 2 [[Danbury, Connecticut]]: Grolier Incorporated, 1997. ISBN 0-7172-0129-5.</ref>. Em 325, Atanásio serviu como secretário do bispo no [[Primeiro Concílio de Niceia|Concílio de Niceia]]. Já reconhecido como teólogo e [[ascetismo|asceta]], ele era uma escolha óbvia para suceder seu velho mentor como patriarca,<ref name="EB">''Encyclopædia Britannica'', 15th edition. Chicago: Encyclopædia Britannica, Inc. ISBN 0-85229-633-9</ref>, apesar da oposição dos seguidores de [[Ário]] e de [[Melécio de Licópolis]].<ref name="EA"/>. Enquanto ainda era diácono à serviço de Alexandre ou nos primeiros anos de seu patriarcado, é possíve que Atanásio tenha se encontrado com alguns dos [[eremita]]s do deserto egípcio, principalmente com [[Antão do Deserto|Antônio, o Grande]], cuja [[hagiografia]] acredita-se que ele tenha escrito.<ref name="Clifford1930"/>.
 
Ele havia tido uma boa educação e era versado em [[gramática]] e [[retórica]] e, apesar de ainda jovem e de não ter ainda alcançado o [[episcopado]], já dava provas aos que o conheciam de sua sabedoria e sagacidade"''.<ref>{{citar livro|nome=[[Sozomeno]]|título=História Eclesiástica|volume=II|capítulo=17|subtítulo=On the Death of Alexander, Bishop of Alexandria, at his Suggestion, Athanasius receives the Throne; and an Account of his Youth; how he was a Self-Taught Priest, and beloved by Antony the Great.|url=http://www.newadvent.org/fathers/26022.htm|língua=inglês}}</ref>.
 
A primeira obra de Atanásio, "Contra os Pagãos - Sobre a Encarnação " (escrita antes de 319), revela traços da influência do [[origenismo]] no pensamento alexandrino (como a citação frequente de [[Platão]] e a utilização de um definição originada no ''"Organon"'' de [[Aristóteles]]), mas de forma ortodoxa. Atanásio conhecia também as teorias das diversas escolas filosóficas e, em particular, os principais avanços do [[neo-platonismo]] da época. Apesar disso, em obras subsequentes, Atanásio cita [[Homero]] mais de uma vez.<ref>Hist. Ar. 68; Orat. iv. 29</ref>. Em sua carta a [[Constâncio II]], ele apresenta uma defesa de si com traços evidentes da influência da obra ''"De Corona"'', de [[Demóstenes]].
 
Atanásio conhecia o grego e admitia não saber nada de [[língua hebraica|hebraico]].<ref>Veja, por exemplo, a 39ª [[Cartas Pascoais|Carta Festiva]] de Santo Atanásio</ref>. As passagens do [[Antigo Testamento]] que ele cita frequentemente são quase todas da [[Septuaginta]] grega.<ref name="GK">᾽Αλεξανδρεὺς τῷ γένει, ἀνὴρ λόγιος, δυνατὸς ὢν ἐν ταῖς γραφαῖς</ref>.
 
=== Início da controvérsia ariana ===
{{AP|Controvérsia ariana}}
Por volta de 319, quando Atanásio era [[diácono]], um [[presbítero]] chamado [[Ário]] entrou em conflito direto com o bispo [[Alexandre de Alexandria]]. Ao que parece, Ário teria repreendido o bispo pelo que entender que doutrinas heréticas estariam sendo ensinadas por ele.<ref>Kannengiesser, Charles, “Alexander and Arius of Alexandria: The last Ante-Nicene theologians”, Miscelanea En Homenaje Al P. Antonio Orbe Compostellanum Vol. XXXV, no. 1-2. (Santiago de Compostela, 1990), 398</ref>. A visão teológica de Ário (o pouco que sobrevive de sua obra são citações feitas por inimigos) parece ter estado firmemente enraizada no [[Escola de Alexandria|cristianismo alexandrino]] e seus pontos de vista certamente não eram radicais<ref>Williams, Rowan, Arius: Heresy and Tradition (London: Darton, Longman and Todd, 1987),175</ref>: ele defendia uma [[cristologia]] subordinacionalista (que defendia que o [[Filho de Deus]], o ''[[Logos (cristianismo)|Logos]]'', era "criado" e não "gerado eternamente", "subordinado", portanto, ao "criador"), fortemente influenciada por pensadores alexandrinos como [[Orígenes]],<ref>Williams, 175</ref>, uma visão comum na cidade na época.<ref>Williams 154–155</ref>. O apoio de bispos poderosos como [[Eusébio de Cesareia]]<ref>"Carta de Ário a Eusébio de Cesareia"</ref> e [[Eusébio de Nicomédia]]<ref>"Epístola Católica de Alexandre de Alexandria"</ref> ajudam a entender como a cristologia de Ário era compartilhada por diversos outros cristãos por todo o império.
 
=== Patriarca ===
[[Imagem:Athanasius-Bitschnau black1.jpg|thumb|esquerda|400px|[[Gravura]] de Santo Atanásio sendo perseguido.]]
 
O episcopado de Atanásio começou em 9 de maio de 328 depois que o [[sínodo]] de Alexandria elegeu-o para suceder o idoso Alexandre. Este concílio também denunciou várias [[heresia]]s e [[cisma]]s, problemas que ocupariam Atanásio durante os 45 anos que ocuparia o trono em Alexandria. Ele passou dezessete fora de sua sé em cinco exílios diferentes ordenados por quatro [[imperador romano|imperadores romanos]], sem contar aproximadamente seis outros incidentes nos quais Atanásio teve que fugir da cidade para fugir da população que pretendia matá-lo. Estes eventos deram origem à expressão ''"Athanasius contra mundum'' ("Atanásio contra o mundo"). Porém, durante seus primeiros anos como bispo, visitou as igrejas de seu território, que abrangia todo o [[Egito romano|Egito]] e a [[Líbia romana|Líbia]]. Ele também estabeleceu contato com os eremitas e monges do deserto, incluindo [[São Pacômio|Pacômio]], o que lhe seria muito útil no futuro. Porém, logo em seguida Atanásio se envolveu nas variadas disputas contra o [[Império Bizantino]] e o [[arianismo]] que tomariam o resto de sua vida.<ref name="EB"/>.
 
==== Primeiro exílio (11 de julho de 335&mdash;22 de novembro de 337) ====
O primeiro problema de Atanásio foi [[Melécio de Licópolis]] e seus seguidores, que não aceitaram o resultado do Concílio de Niceia, que havia [[anátema|anatemizado]] [[Ário]]. Um antigo adversário de Atanásio, Melécio já havia tentado tomar o trono de Alexandria antes e era considerado um ''[[lapsi]]''.<ref>{{1913CE|Meletius of Lycopolis}}</ref>. Acusado de maltratar os arianos e os melecianos, Atanásio se defendeu das acusações num [[sínodo]] em [[Tiro (Líbano)|Tiro]], o [[Primeiro Concílio de Tiro]], em 335. Durante os trabalhos, o líder ariano [[Eusébio de Nicomédia]] e seus aliados depuseram Atanásio.<ref name="EA"/>. Em 6 de novembro, ambos os lados da disputa se encontraram com Constantino I em [[Constantinopla]].<ref>Barnes, Timothy D., Athanasius and Constantius: Theology and Politics in the Constantinian Empire (Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1993), 23</ref>. Na reunião, Atanásio foi acusado de tentar interferir com o [[Suprimentos de cereais da cidade de Roma|suprimento de cereais do Egito]] e, sem nenhum julgamento formal, Constantino exilou-o em [[Augusta dos Tréveros]] ([[Tréveris]], na [[Alemanha]]), na [[Gália Bélgica]].<ref name="EA"/><ref name="EB"/>.
 
==== Segundo exílio (16 de abril de 339&mdash;21 de outubro de 346) ====
Quando Constantino morreu, Atanásio recebeu permissão para retomar sua sé em Alexandria. Logo depois, em 338, o filho de Constantino, o novo imperador [[Constâncio II]], renovou o banimento de Atanásio. Ele seguiu para [[Roma]] e passou a ser protegido por [[Constante (imperador)|Constante]], o [[imperador romano do ocidente]]. Nesta época, [[Gregório da Capadócia]] foi instalado no trono de Alexandria, usurpando o direito de Atanásio que, contudo, manteve-se em contato com seu povo através das suas "[[Cartas Pascoais]]" anuais, nas quais ele também anunciava a [[data da Páscoa]] anualmente.<ref name="EB"/>.
 
Além disso, em 340, [[Concílio de Alexandria (340)|cem bispos se reuniram em Alexandria]] e se declararam a favor de Atanásio, vigorosamente rejeitando as críticas feitas pelo partido de Eusébio em Tiro. O [[papa Júlio I]] escreveu para os aliados de Ário exigindo fortemente que eles reinstalassem Atanásio, mas sem sucesso. O [[papa Júlio II]] convocou um [[Concílio de Roma (341)|sínodo em Roma]] em 341 para tratar do impasse e o resultado foi que Atanásio foi inocentado de todas as acusações.<ref name="EB"/><ref name=CE/>.
{{Citação2|No início de 343, encontramo-lo em corajoso exílio na Gália, para onde ele havia ido para se consultar com o santo [[Ósio de Córdoba|Ósio]], o grande campeão da ortodoxia no ocidente. Os dois seguiram juntos para o [[Concílio de Sárdica]] que havia sido convocado em deferência aos desejos do [[sumo pontífice]]. Nesta grande reunião de [[prelado]]s, o caso de Atanásio foi retomado novamente; e novamente sua inocência foi reafirmada. Duas cartas conciliares foram preparadas, uma para o claro e os fieis de Alexandria e a outra para os bispos do Egito e da Líbia, onde o desejo do concílio se fez conhecer. Enquanto isso, o partido de Eusébio havia seguido para [[Filipópolis]] e, [[Concílio de Filipópolis|lá reunidos]], emitiram um [[anátema]] contra Atanásio e seus aliados. A perseguição contra o partido ortodoxo reiniciou com renovado vigor e [[Constâncio II]] foi induzido a preparar medidas drásticas contra Atanásio e os padres que ainda lhe eram fieis. Ordens foram recebidas indicando que se o Santo [Atanásio] tentasse retomar sua [[sé episcopal]], deveria ser executado. Atanásio, por conta disto, fugiu de [[Sérdica]] para [[Naísso]] na [[Mísia]], onde celebrou a [[Páscoa]] de 344.<ref name="Clifford1907">Clifford, Cornelius, Catholic Encyclopedia 1907, Volume 2, Pgs: 35–40 "Athanasius".</ref>.}}
 
Em 346, quando o detestado usurpador, Gregório, morreu, Constante usou sua influência para permitir que Atanásio retornasse para Alexandria. A maior parte dos egípcios já havia então passado a considerar o bispo como uma espécie de herói nacional e sua recepção foi calorosa. Este foi o início de uma década de paz e prosperidade na região, durante a qual Atanásio reuniu diversos documentos sobre seus exílios e retornos numa obra chamada "Apologia Contra os Arianos". Porém, com a morte de Constante em 350, outra guerra civil se iniciou e o pró-ariano Constâncio II acabou tornando-se o único imperador. Um [[Concílio de Alexandria (350)|concílio local em Alexandria]] em 350 reafirmou (ou recolocou) Atanásio em sua sé.<ref name="Clifford1907"/>.
 
==== Terceiro exílio (10 de julho de 356&mdash;21 de fevereiro de 362) ====
[[Imagem:Impero Romano da maggio a settembre 337.png|thumb|300px|Mapa do [[Império Romano]] em 337. Em verde-escuro, o território do aliado de Atanásio, o imperador [[Constante (imperador)|Constante]]. Contudo, a sé de Alexandria ficava no Egito, no território do ariano [[Constâncio II]] (verde água), o que resultou em diversos exílios do patriarca de Alexandria.]]
 
Constâncio II, retomando suas políticas anteriores em prol dos arianos, baniu Atanásio de Alexandria mais uma vez. Para tanto, emitiu uma carta que foi levada até o Egito pelo [[conde (Roma Antiga)|conde]] [[Heráclio]] e o [[prefeito augustal]] [[Catafrônio (prefeito augustal)|Catafrônio]], que chegaram à cidade em 10 de julho.{{harvref|Martindale|1971|p=418}} Ao exílio se seguiu, ainda em 356, uma tentativa de prendê-lo durante uma [[vigília]]. O bispo deposto fugiu para o [[Alto Egito]] e se escondeu em diversos [[mosteiro]]s e eremitérios entre monges e eremitas com quem havia mantido contato. Foi neste período que Atanásio completou sua obra "Quatro Orações contra os Arianos" se defendeu na "Apologia a Constâncio" e "Apologia por sua Fuga". A persistência do imperador em sua luta contra Atanásio combinada a relatos de perseguições contra os cristãos não-arianos pelo novo bispo de Alexandria, o ariano [[Jorge de Laodiceia]], estimularam Atanásio a escrever a emotiva "História dos Arianos", na qual ele descreve Constâncio como o precursor do [[Anticristo]].<ref name="EB"/>.
 
Em 361, depois da morte do imperador, seguida logo depois pelo assassinato do tremendamente impopular Jorge, Atanásio retomou sua sé. No ano seguinte, ele convocou um [[Concílio de Alexandria (362)|novo concílio em Alexandria]] e o presidiu juntamente com [[Eusébio de Vercelli]]. Atanásio pediu união a todos os cristãos, mesmo que diferissem em questões de terminologia, preparando o caminho para sua definição do que seria a doutrina ortodoxa da [[Trindade (cristianismo)|Trindade]]. Porém, o concílio também tratou dos que negavam a divindade do [[Espírito Santo]], a alma humana de Cristo e a divindade de Cristo. Acordaram-se medidas leves contra os bispos que se arrependeram, mas penas severas foram decretadas contra os principais líderes dos grandes movimentos heréticos.<ref>{{CathEncy|wstitle=Councils of Alexandria}}</ref>.
 
==== Quarto exílio (24 de outubro de 362&mdash;5 de setembro de 363) ====
Linha 87:
 
==== Quinto exílio (5 de outubro de 365&mdash;31 de janeiro de 366) ====
Dois anos depois, o imperador [[Valente (imperador)|Valente]], que também era favorável aos arianos, exilou novamente Atanásio. Desta vez, porém, Atanásio se escondeu nos subúrbios de Alexandria, onde permaneceu por uns poucos meses até que as autoridades locais convenceram Valente a mudar de ideia.<ref name="EB"/>. Alguns relatos indicam que ele teria passado todo este período no túmulo ancestral de sua família.<ref name="EA"/>.
 
==== Anos finais ====
Depois de retornar para o trono no início de 366, Atanásio passou seus últimos anos arrumando os danos provocados pelos sucessivos períodos de violência, dissenção e exílios na sé de Alexandria. Ele voltou a escrever e a pregar livremente e, caracteristicamente, re-enfatizou a visão sobre a [[Encarnação (cristianismo)|Encarnação]] que havia sido definida em Niceia. Em 2 de maio de 373, tendo consagrado o [[Pedro II de Alexandria|papa Pedro II de Alexandria]], um de seus [[presbítero]]s, como sucessor, Atanásio morreu dormindo, rodeado de fieis e aliados.<ref name="Clifford1930" />.
 
== Obras ==
=== Obras teológicas e polêmicas ===
Atanásio não era um teólogo especulativo. Como ele mesmo afirmou na sua "Primeiras Cartas a Serapião", se agarrava ''"à tradição, ensinamentos e fé proclamadas pelos [[apóstolos]] e guardadas pelos [[Padres da Igreja|padres]]"''.<ref name="EA"/>. Ele defendia não apenas que o [[Filho de Deus]] era [[consubstancialidade|consubstancial]] com o [[Deus Pai|Pai]], mas que também o era o [[Espírito Santo]], uma ideia que teve grande influência no desenvolvimento de doutrinas posteriores sobre a Trindade.<ref name="EA"/>.
 
Sua "Carta sobre os Decretos do Concílio de Niceia" (''De Decretis'') é um importante relato histórico e teológico sobre os procedimentos do concílio. Outra, de 367, é a mais antiga conhecida listando os livros do [[Novo Testamento]] que inclui todos os livros aceitos universalmente como parte do Novo Testamento<ref name="EA"/> (há listas mais antigas que variam pela omissão ou adição de um ou outro livro; veja [[Desenvolvimento do cânon do Novo Testamento]]).
 
Atanásio também escreveu uma obra em dois volumes. "Contra os Pagãos" e "Sobre a Encarnação do Verbo de Deus". Provavelmente escritas no início de sua vida, antes da [[controvérsia ariana]],<ref>Justo L. Gonzalez in ''A History of Christian Thought'' lembra (p292) que E. Schwartz data a obra para depois, por volta de 335, mas ''"seus argumentos não tem sido geralmente aceitos"''. A introdução à tradução da CSMV da "Sobre a Encarnação..." data a obra em 318, por volta da época da ordenação de Atanásio ao diaconato (''St Athanasius On the Incarnation'', Mowbray, England 1953)</ref>, elas são as primeiras obras clássicas de uma teologia ortodoxa mais desenvolvida. Na primeira parte, Atanásio ataca diversas práticas e crenças pagãs. Na segunda, ele apresenta sua tese sobre a [[redenção (cristianismo)|redenção]].<ref name="EA"/>.
 
Entre as demais estão suas "Cartas a Serapião", que tratam da divindade do [[Espírito Santo]] numa [[polêmica]] contra os [[macedonianos]], e uma carta a [[Epiteto de Corinto]], na qual Atanásio antecipa a [[controvérsia monofisita|controvérsia futura]] sobre a humanidade de Cristo. Outra carta, esta para um tal Dracôncio, clama ao [[monge]] que deixe o deserto para assumir encargos mais ativos como [[bispo]].<ref name="EB"/>.
 
=== Hagiográficas ===
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| caption2 = Sepulcro de Santo Atanásio na [[Catedral Ortodoxa Copta de São Marcos (Cairo)|Catedral Ortodoxa Copta de São Marcos]], no [[Cairo]].
}}
Uma [[hagiografia]] de [[Antão do Deserto|Santo Antão]] (ou "Antônio, o Grande"), intitulada ''Vita Antonii'' em [[latim]]<ref>{{citar web|url = http://www.fordham.edu/halsall/basis/vita-antony.asp|título = Vita Antonii| língua = inglês}}</ref> é sua obra mais popular. Traduzida para diversas línguas, ela teve um importante papel na disseminação do [[ascetismo]] entre os cristãos do ocidente e do oriente.<ref name="EB"/>. Ao representar Antão como um homem santo e analfabeto que, através de sua existência num ambiente inóspito, mantinha uma conexão absoluta com a verdade divina, a hagiografia dele lembra a de seu biógrafo, Atanásio.<ref>[[Dag Øistein Endsjø]] ''Primordial landscapes, incorruptible bodies. Desert asceticism and the Christian appropriation of Greek ideas on geography, bodies, and immortality.'' New York: Peter Lang 2008.</ref>.
 
=== Literatura copta ===
Na [[literatura copta]], Santo Atanásio é o primeiro [[patriarca de Alexandria ]] a fazer uso, além do grego, da [[língua copta]] em suas obras.<ref name="Encyclopædia Britannica"/>.
 
=== Obras incorretamente atribuídas a Atanásio ===
Há várias outras obras atribuídas a ele, mas nenhuma outra conte com a aceitação geral dos estudiosos. Entre elas está o [[Credo de Atanásio]] que se acredita hoje em dia ter se originado no {{séc|V}}.<ref name="EA"/>.
 
=== Cânon do Novo Testamento ===
Atanásio foi também a primeira pessoa a identificar os mesmos 27 livros do [[Novo Testamento]] utilizados hoje em dia como canônicos. Até então, listas similares de obras a serem lidas nas igrejas eram utilizadas. Um marco no desenvolvimento do [[cânon do Novo Testamento]] é a sua carta pascoal escrita em 367, conhecida geralmente como "[[39ª Carta Pascal]]". O [[papa Dâmaso I]], [[bispo de Roma]] em 382, promulgou uma lista de livros que continha os mesmos livros propostos por Atanásio.<ref>[http://www.columbia.edu/cu/augustine/a/canon.html Hahn, Paul Prof., "Development of the Biblical Canon"]</ref>. Um [[Sínodo de Hipona|sínodo em Hipona]], em 393, repetiu a lista de Atanásio e Dâmaso (sem a [[Epístola aos Hebreus]]) e um [[Concílio de Cartago (397)|concílio em Cartago]] em 397 repetiram-na novamente.
 
Porém, estudiosos debatem se a lista de Atanásio em 367 era ou não a base das listas posteriores. Como o cânon de Atanásio é, dentre os [[padres da Igreja]], o que mais se parece com o cânon utilizado pelas igrejas [[protestantes]] modernas, muitos teólogos protestantes apontam Atanásio como o "Pai do cânon". Eles são idênticos, exceto que Atanásio inclui o [[Livro de Baruque]] e a [[Epístola de Jeremias]], além de incluir o [[Livro de Ester]] entre os ''"sete livros que não fazem parte do cânon, mas que devem ser lidos"'', juntamente com a [[Sabedoria de Salomão]], [[Sirácida]], [[Livro de Judite|Judite]], [[Livro de Tobias|Tobias]], a [[Didaquê]] e o [[Pastor de Hermas]].<ref>{{citecitar web|url=http://www.ccel.org/fathers2/NPNF2-04/Npnf2-04-93.htm |titletítulo=Excerpt from Letter 39 |publisherpublicado=Ccel.org |datedata=2005-07-13 |accessdateacessodata=2012-09-25}}</ref>.
 
== Veneração ==
Atanásio foi originalmente sepultado em Alexandria, mas seus restos foram depois [[traslado (relíquias)|transferidos]] para a [[Igreja de São Zacarias]], em [[Veneza]], [[Itália]]. Durante a visita do [[Shenouda III de Alexandria|papa Shenouda III]] a Roma entre 4 e 10 de maio de 1973, o [[papa Paulo VI]] presenteou o patriarca copta com uma [[relíquia]] de Atanásio<ref>{{citecitar web|url=http://metroplit-bishoy.org/files/Dialogues/Catholics/ICTD.doc |titletítulo=Metropolitan Bishoy of Damiette |datedata= |accessdateacessodata=2012-09-25}}</ref> which he brought back to Egypt on 15 May.,<ref>{{citecitar web|url=http://www.avarewase.org/en/map/athanas.htm |titletítulo=Saint Athanasius |publisherpublicado=Avarewase.org |datedata= |accessdateacessodata=2012-09-25}}</ref>, que está atualmente preservada na nova [[Catedral Ortodoxa Copta de São Marcos (Cairo)|Catedral Ortodoxa Copta de São Marcos]], no [[Cairo]]. Porém, a maior parte dos restos de Santo Atanásio permanece em Veneza.<ref>{{citecitar web |publisherpublicado=Johnsanidopoulos.com |titletítulo=The Incorrupt Relics of Saint Athanasios the Great |url= http://www.johnsanidopoulos.com/2010/05/incorrupt-relics-of-saint-athanasios.html |datedata= |accessdateacessodata=2 Mayde maio de 2014 }}</ref>.
 
[[São Gregório de Nazianzo]] (330&mdash;390), ele também um [[Doutor da Igreja]], afirmou em sua "Oração 21": ''"Quando elogio Atanásio, a própria virtude é meu tema: eu nomeio cada virtude com virtude com a mesma frequência com que nomeio a ele, que possuía todas as virtudes. Ele era o verdadeiro pilar da Igreja. Sua vida e conduta eram a regra dos bispos e sua doutrina, a regra da fé ortodoxa"''.<ref name="Clifford1930" />.
 
== Personalidade ==
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=== Críticos ===
Por toda vida, Atanásio teve muitos detratores. O estudioso clássico [[Timothy Barnes]] relata as acusações da época contra Atanásio: desde poluir um altar a vender os cereais que a Igreja havia destinado à alimentação dos pobres para obter ganhos pessoais, passando por atos violentos e até mesmo assassinatos para calar oponentes, nada faltou no rol das acusações.<ref name = "wxdxek">Barnes, Timothy D., Athanasius and Constantius: Theology and Politics in the Constantinian Empire (Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1993),37</ref>. Atanásio utilizava o termo "ariano" para descrever os seguidores de Ário, mas também como um termo político depreciativo contra seguidores de ideias que ele considerava tão ruins quanto as dele.<ref>Barnes "Athanasius and Constantius",14, 128</ref><ref>Barnes "Athanasius and Constantius",135</ref>.
 
Estudiosos atualmente acreditam que o "partido ariano" não era monolítico,<ref>Haas, Christopher, “The Arians of Alexandria”, Vigiliae Christianae Vol. 47, no. 3 (1993), 239</ref>, mas que defendia diversas visões teológicas drasticamente diferentes que abrangiam todo o espectro teológico cristão.<ref>Chadwick, Henry, “Faith and Order at the Council of Nicaea”, Harvard Theological Review LIII (Cambridge Mass: 1960),173</ref><ref>Williams, 63</ref><ref>Kannengiesser "Alexander and Arius", 403</ref>. Ele apoiava os princípios do pensamento e da teologia [[origenismo|origenista]]<ref>Kannengiesser, “Athanasius of Alexandria vs. Arius: The Alexandrian Crisis”, in The Roots of Egyptian Christianity (Studies in Antiquity and Christianity), ed. Birger A. Pearson and James E. Goehring (1986),208</ref> e pouco mais em comum. Além disso, muitos dos chamados "arianos" não se consideravam seguidores de Ário.<ref>Williams, 82</ref>.
 
== Ver também ==
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* Anatolios, Khaled 2004. ''Athanasius''. London: Routledge. [Contains selections from the ''Orations against the Arians'' (pp.&nbsp;87–175) and ''Letters to Serapion on the Holy Spirit'' (pp.&nbsp;212–33), together with the full texts of ''On the Council of Nicaea'' (pp.&nbsp;176–211) and ''Letter 40: To Adelphius'' (pp.&nbsp;234–42)]
* {{citecitar booklivro|lastúltimo =Schaff|firstprimeiro =Philip|authorlinkautorlink =Philip_Schaff|titletítulo=History of the Christian Church: Nicene and Post-Nicene Christianity, AD 311–600 |url=http://books.google.com/books?id=okosAAAAYAAJ|volume=3rd |locationlocal=Peabody, MA|publisherpublicado=Hendrickson|yearano=1867}}
* {{citecitar booklivro|lastúltimo =Schaff|firstprimeiro =Philip|titletítulo=A Select Library of Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church: St. Athanasius: Select Works and Letters|url=http://books.google.com/books?id=v38XAAAAYAAJ|volume=4th|yearano=1903|publisherpublicado=Scribner|locationlocal=New York|author2autor2 =Henry Wace}}
* Thompson, Robert W, 1971. ''Athanasius. Contra Gentes-De Incarnatione'', text and ET, Oxford: Clarendon Press
* [http://www.theologynetwork.org/studying-theologyrs/on-the-incarnation.htm ''On the Incarnation''] by Athanasius of Alexandria, on [http://www.theologynetwork.org/studying-theologyrs/on-the-incarnation.htm theologynetwork.org]
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* [[Barnes, Timothy D.]], ''Athanasius and Constantius: Theology and Politics in the Constantinian Empire'' (Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1993).
* Barnes, Timothy D., ''Constantine and Eusebius'' (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1981)
* {{citecitar booklivro|lastúltimo =Bouter|firstprimeiro =P.F.|titletítulo=Athanasius |yearano=2010|languagelíngua=Dutch|locationlocal=Kampen|publisherpublicado=Kok}}
* [[David Brakke|Brakke, David]]. ''Athanasius and the Politics of Asceticism'' (1995)
* Clifford, Cornelius, "Athanasius", ''Catholic Encyclopedia'' Vol. 2 (1930), 35–40
Linha 182:
* Kannengiesser, Charles “Athanasius of Alexandria vs. Arius: The Alexandrian Crisis”, in ''The Roots of Egyptian Christianity (Studies in Antiquity and Christianity)'', ed. Birger A. Pearson and James E. Goehring (1986), 204–215.
* Ng, Nathan K. K., ''The Spirituality of Athanasius'' (1991)
* {{citecitar booklivro|lastúltimo =Pettersen|firstprimeiro =Alvyn|titletítulo=Athanasius|yearano=1995|publisherpublicado=Morehouse|locationlocal=Harrisburg, PA}}
* Rubenstein, Richard E., ''When Jesus Became God: The Epic Fight over Christ’s Divinity in the Last Days of Rome'' (New York: Harcourt Brace & Company, 1999).
* Williams, Rowan, "Arius, Heresy and Tradition" (London: Darton, Longman and Todd, 1987).