Ístria: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m
m ajustando datas, traduzindo nome/parâmetro nas citações, outros ajustes usando script
Linha 1:
{{Mais-fontesmais notas|data=março de 2014}}
{{ver desambiguação}}
{{geocoordenadas|45_15_40.37_N_13_54_15.8_E_type:landmark_region:HR/SI|45° 15′ 40" N, 13° 54′ 15" E}}
Linha 10:
|}
 
A '''Ístria''' (''Istra'' em [[língua croata|croata]] e [[língua eslovena|esloveno]]; ''Istria'' em [[língua italiana|italiano]] e ''Istrien'' em [[língua alemã|alemão]]) é a maior [[península]] no [[mar Adriático]] (cerca de 3600 km²), situada entre o [[golfo de Trieste]], os [[Alpes Dináricos]] e o [[golfo de Carnaro]]. É dividida entre três países: [[Croácia]], [[Eslovénia|Eslovênia]] e [[Itália]]. <ref name="Pope-Neubauer">Marcel Cornis-Pope, John Neubauer, [http://books.google.com/books?id=5pAwqsSyTlsC&pg=PA364&dq=istria+is+shared+by+three+countries&hl=cs&ei=LhqVTMODK4OC4Qas_5DQAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CDEQ6AEwAA#v=onepage&q=istria%20is%20shared%20by%20three%20countries&f=false ''History of the literary cultures of East-Central Europe: junctures and disjunctures in the 19th And 20th Centuries''], John Benjamins Publishing Co. (2006), ISBN 90-272-3453-1</ref><ref name="Day-East-Thomas">Alan John Day, Roger East, Richard Thomas, [http://books.google.com/books?id=dt2TXexiKTgC&pg=PA280&dq=istria+croatia+slovenia+italy&hl=cs&ei=-B6VTO-GAcOU4Aak6MWGBA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2&ved=0CDQQ6AEwATgU#v=onepage&q=istria%20croatia%20slovenia%20italy&f=false ''A political and economic dictionary of Eastern Europe''], Routledge, 1<sup>sr</sup> ed. (2002), ISBN 1-85743-063-8</ref> A maior parte da Ístria pertence à Croácia: uma pequena parte que compreende as cidades costeiras de [[Izola]] (''Isola''), [[Portorož]] (''Portorose''), [[Piran]] (''Pirano'') e [[Koper]] (''Capodistria'') reentra no território da Eslovênia, enquanto uma parte mínima da península, limitada ao entorno das [[comuna italiana|comunas]] de [[Muggia]] e de [[San Dorligo della Valle]], se encontra na Itália.
 
A costa ocidental da Ístria tem 242,5 km e com as ilhas 327,5 km. A costa oriental tem 202,6 km e com as ilhas alcança 212,4 km. O comprimento total da costa é de 445,1 km (a costa recortada corresponde ao dobro da rede de estradas litorâneas. A costa da Ístria eslovena tem cerca de 50 km.
Linha 32:
 
=== Divisão política e administrativa ===
A Ístria está dividida entre três países: [[Croácia]], [[Eslovênia]] e [[Itália]]. A maior parte (89%) está na Croácia. <ref>"Pope-Neubauer">Marcel Cornis-Pope, John Neubauer, [https://books.google.com/books?id=5pAwqsSyTlsC&pg=PA364 ''History of the literary cultures of East-Central Europe: junctures and disjunctures in the 19th And 20th Centuries''], John Benjamins Publishing Co. (2006), ISBN 90-272-3453-1</ref><ref>"Day-East-Thomas">Alan John Day, Roger East, Richard Thomas, [https://books.google.com/books?id=dt2TXexiKTgC&pg=PA280 ''A political and economic dictionary of Eastern Europe''], Routledge, 1<sup>sr</sup> ed. (2002), ISBN 1-85743-063-8</ref>
 
A "Ístria Croata" é dividida em dois condados. O maior é o [[condado da Ístria]] no oeste da Croácia. Cidades importantes no condado da Ístria incluem:
Linha 56:
*[[Izola]] (''Isola'')
* [[Koper]] (''Capodistria'')
* [[Hrpelje-Kozina]], no platô [[Carso]]
 
Ao norte da Ístria eslovena há uma pequena parte da península que fica na Itália.<ref name="Pope-Neubauer"/><ref name="Day-East-Thomas"/> Essa menor porção da Ístria consiste nas [[Comuna italiana|comunas]] de:
Linha 71:
O nome da península vem da tribo [[Ilírios|ilíria]] dos ''Histri'', mencionada por [[Estrabão]]. Em sua ''[[Geografia (Estrabão)|Geografia]]'', Estrabão escreve: ''Depois do [[Rio Timavo|Timavo]], está a costa dos istros até [[Pula (Croácia)|Pula]], que faz parte da Itália''. E ainda: ''São, portanto, os [[vênetos]] e os istros que povoam a região além do [[Rio Pó|Pó]] até Pula''.<ref>http://www.mediterranees.net/geographie/strabon/V-1.html ''Geografia''], livro V, 1.9 {{fr}}.</ref>
 
O nome é derivado das tribos da [[cultura Castellieri]] ''Histri'' ({{lang-el|Ιστρών έθνος}}) que [[Estrabão]] cita que viviam na região. Os ''histri'' são classificados em algumas fontes como uma tribo ilíria venética, com certas diferenças linguísticas de outros ilírios.<ref>Wilkes, J. J. The Illyrians, 1992,ISBN 0-631-19807-5,page 183,"... We may begin with the Venetic peoples, Veneti, Carni, Histri and Liburni, whose language set them apart from the rest of the Illyrians...."</ref>
 
Os antigos [[Roma Antiga|romanos]] descrevem os ístrios como feroz tribo de piratas, protegidos pela dificuldade de navegação em suas costas rochosas. Foram necessárias duas campanhas militares para os romanos finalmente os subjugar em {{AC|177|x}}. A região foi então chamada junto com a parte veneziana como "X Região Romana" de ''Venetia et Histria'', a antiga definição da fronteira nordeste da Itália. [[Dante Alighieri]] refere-se a ela como a fronteira leste da Itália com o [[rio Raša]] (''Arsia''). O lado leste do rio era povoado por povos cuja cultura era diferente dos istrianos. Antiga influência dos [[iapodes]] foi atentada lá, enquanto em alguma época entre o século IV e o século I a.C., os [[libúrnios]] estenderam seu território e a região tornou-se parte da Libúrnia.<ref>M. Blečić, Prilog poznavanju antičke Tarsatike, VAMZ, 3.s., XXXIV 65-122 (2001), UDK 904:72.032 (3:497.5), pages 70, 71</ref>
No lado norte, a Histria foi mais ao norte e incluiu a cidade italiana de [[Trieste]].
 
Alguns estudiosos especulam que os nomes Histri e Ístria são relacionados ao latim ''Hister'' ou [[Danúbio]]. Antigos contos populares reportam &mdash; inapropriadamente &mdash; que o rio Danúbio dividiu-se em dois bifurcações e veio para o mar próximo a Trieste, bem como para o [[mar Negro]]. A história da "Bifurcação do Danúbio" é parte da lenda dos [[Argonautas]]. Há uma relação (mas nenhuma documentação disponível) com a comuna de Istria em [[Constanţa]], [[Romênia]].
 
Depois da queda do [[Império Romano do Ocidente]], a região foi pilhada pelos [[godos]], pelo [[Império Romano do Oriente]], e pelos [[ávaros]]. Foi subsequentemente anexada pelo [[Reino Lombardo]] em 751, e então anexada ao [[Reino Franco]] pelo rei [[Pepino de Itália]] em 789. Em 804, foi realizado o [[Plácido de Risano]] ({{Lang-it|''Placito del Risano''}}, {{lang-la|Risanum}}), que foi uma reunião entre os representantes das cidades e castelos da Ístria com os representantes de [[Carlos Magno]] e seu filho Pepino, próximo ao [[rio Risano]], nas proximidades de [[Koper]] (''Capodistria''). O relato desse assembleia judicial ilustra as mudances que acompanharam a transferência de poder do Império Romano do Oriente ao Império Carolíngio e o descontentamento dos residentes locais.<ref>{{citecitar booklivro|editor=Oto Luthar|titletítulo=The land between : a history of Slovenia|yearano=2008|publisherpublicado=Peter Lang|locationlocal=Frankfurt am Main|isbn=978-3-631-57011-1|pagepágina=100|url=https://books.google.com/books?id=G9tDboBJ70EC&pg=PA100}}</ref>
 
Mais tarde, a região foi controlada pelos duques de [[Ducado da Caríntia|Caríntia]], [[Ducado de Merano|Merano]], [[Ducado da Baviera|Baviera]] e pelo [[Patriarca de Aquileia]], antes de tornar-se território da [[República de Veneza]] em 1267. O Reino da Croácia (medieval) conteve apenas a parte oriental da Ístria (a fronteira era próximo ao [[rio Raša]]), mas no {{séc|X}} eles perderam esse domínio no para o [[Sacro Império Romano-Germânico]].
Linha 85:
{{Imagem dupla|right|Joan Blaeu, Atlas Maior - Venedig.png|312|Italy 1796 AD-it.png|190|Mapa dos domínios venezianos no século XVI{{Nota de rodapé|O autor, Blaeu, não assinala no mapa o condado habsbúrgico de [[Pazin]] (''Pisino''), pois o seu atlas baseia-se na obra de 1750 ''[[Theatrum Orbis Terrarum]]'' de [[Abraham Ortelius]] que relata dados políticos anteriores a 1536 (quando Pazin era veneziana há um século).}}|Possessões da [[República de Veneza]], pouco antes de sua queda}}
 
A área costeira e as cidades da Ístria passaram à influência [[República de Veneza|veneziana]] no {{séc|IX}}. Em 15 de fevereiro de 1267, [[Poreč]] (''Parenzo'') foi formalmente incorporada ao estado veneziano.<ref>John Mason Neale, [https://books.google.com/books?id=-4ImAAAAMAAJ&pg=PA76 ''Notes Ecclesiological & Picturesque on Dalmatia, Croatia, Istria, Styria, with a visit to Montenegro''], pg. 76, J.T. Hayes - London (1861)</ref>
 
Outras cidades costeiras foram anexadas na sequência. [[Bajamonte Tiepolo]] foi enviado de [[Veneza]] em 1310, para iniciar uma nova vida na Ístria após sua queda. Uma descrição da Ístria do {{séc|XVI}} com um mapa preciso foi preparada pelo geógrafo italiano [[Pietro Coppo]]. Uma cópia desse mapa inscrito em rocha pode ser visto no parque Pietro Coppo, no centro da cidade de [[Izola]] (''Isola'') no sudoeste da [[Eslovênia]].<ref>{{citecitar web |url=http://revitas.org/en/tourist-itineraries/historic-urban-cores/izola,18/izola,63.html |titletítulo=Historic Urban Cores: Izola |publisherpublicado=REVITAS – Revitalisation of the Istrian hinterland and tourism in the Istrian hinterland |accessdateacessodata=1 Junede junho de 2015}}</ref>
 
A adesão expontânea à [[República de Veneza]] da maior parte da Ístria ocidental e meridional iniciou-se no século XII e estava praticamente concluída na metade do século XIV. O interior istriano centro-meridional foi feudo do [[Patriarca de Aquileia]] de do Conde de Gorizia (que era ao mesmo tempo vassalo do Patricarca de Aquileia e do soberano do [[Sacro Império Romano-Germânico|Sacro Império]]) até 1445.
Linha 95:
A máxima extensão da soberania veneziana sobre a península istriana foi atingida em seguida ao êxito do laudo arbitral de Trento de 1535, quando a República de Veneza obteve também uma parte do território da vila de Zamasco nas prossimidades de [[Montona]]. Daquele momento, Veneza conservou a soberania sobre boa parte da Ístria até a dissolução de seu estado por obra de [[Napoleão Bonaparte]] em 1797.
 
Em 1335, os [[Casa de Habsburgo|Habsburgo]] conquistaram a posse da [[Caríntia]] e da [[Carníola]] entrando em contato com os territórios do Conde de Gorizia. Um de eles - Alberto IV, conde da Ístria - com dívidas e sem filhos, em 1374 estipulou um acordo com os Habsburgo, cedendo todos os seus direitos sobre suas posses após sua morte (que ocorreu em 1374), em troca do pagamento de todos seus débitos.
 
{{Imagem dupla|right|HRR 1400.png|220|AvI Provinz Innerösterreich.jpg|275|Mapa histórico no qual é representada a extensão das posses dos Habsburgo no século XV|Mapa de 1794}}
Linha 628:
|-
|}
Esses dados referem-se a todo o marquesado da Ístria, que administrativamente compreendia também áreas não pertencentes à penínsulas – entre as quais as ilhas de [[Cres]] (''Cherso'') e [[Lošinj]] (''Lussino'') – cuja população tinha ligeira maioria [[Croatas|croata]], com prevalência italiana em [[Mali Lošinj]] (''Lussinpiccolo''), naquele tempo uma das mais dinâmicas cidades de toda a costa adriática oriental) e a ilha de [[Krk]] (''[[Veglia]]'') – ou localidades [[Carso|cársicas]] no confim setentrional, cujo pertencimento à Ístria não era de aceitação geral como [[Podgrad]] (''Castelnuovo d'Istria''), habitada prevalentemente por [[eslovenos]]. Por essa razão, os dados foram criticados por historiadores e linguistas italianos como [[Matteo Bartoli]]. Outra crítica que é feita ao censo de 1910 refere-se à nacionalidade dos funcionários designados a efetuar a coleta e que, sendo empregados comunais tinham a possibilidade de maipular os resultados do censo.{{Nota de rodapé|Portanto nas comunas com administração italiana (cerca de 70% das comunas istrianas),<ref>''Istria. Storia, cultura, arte'' di Dario Alberi, 2ª ed., Trieste 2001, p. 103</ref>, o número de italianos podia ser sobreavaliado, assim como nas comunas com administração eslava (30% das comunas istrianas), podia ser aquele de eslovenos ou de croatas.<ref>''Irredentismo adriatico'' di Angelo Vivante, Firenze 1912, p. 158-164; ''Autour de Trieste'' di Carlo Schiffrer, 1946, p. 16-17)</ref>}}
 
Segundo o historiador esloveno Darko Darovec ''alcança-se em Ístria uma série de disputas ligadas à manipulação política por parte italiana''.<ref>''Rassegna di storia istriana'' di Darko Darovec, Biblioteca Annales, Koper/Capodistria, 1993, versão online: http://razor.arnes.si/~mkralj/istra-history/i-index.html)</ref>
Linha 706:
 
[[Imagem:Kapitulacija Italije i ustanak u okupiranoj Jugoslaviji 1943.png|thumb|Zonas onde atuava a resistência iugoslava (1943)]]
Em seguida à assinatura do [[Armistício de Cassibile]] (8 de setembro de 1943), a comunidade italiana ficou à mercê do exército alemão e da resistência croata. Esta última era mais eficiente e preparada militarmente que o movimento de liberação esloveno que operava na parte setentrional da península. Boa parte da região caiu, por um breve período, sob controle dos [[partisan]]s eslavos aderentes ao movimento partisano de [[Josip Broz Tito]]. Em 13 de setembro de 1943, em [[Pazin]] (''Pisino'') o Governo Provisório Insurreicional Croata ({{Lang-it|''Comitato circondariale di liberazione popolare per l'Istria''}}, {{Lang-hr|''Narodno oslobodilački odbor za Istru''}}) proclamou com a "Decisão de Pazin" <ref>[http://hrcak.srce.hr/file/141669 Vjesnik istarskog arhiva, Vol.1 (32) No.(1991.) Ožujak 1991.] Lj. Drndić: Historijat i značaj Odluka Okružnog NOO-a za Istru od 13. rujna 1943., p. 40 "In oltre, nel Movimento Popolare di Liberazione in Istria, esistevano contemporaneamente due partiti comunisti: il PCI ed il PCJ, tra i quali si verificano spesso conflitti ideologici, ma esisteva anche in pratica una collaborazione fatta di tolleranza e di pazienza. I comunisti italiani, specie dopo le decisioni di [[Pazin]] (''Pisino''), aderirono al PC della Croazia, come al tempo della dittatura fascista molti rivoluzionari Croati dell'Istria e di Fiume erano entrati nelle file del PCI. In Istria, inoltre, era avvenuto un fenomena del tutto originale: il PCJ, rispettivamente il PCC aveva condotto un'insurrezione antifascista delle più ampie dimensioni sulla seia delle tradizioni rivoluzionarie di un altro partito comunista, il PCI, e delle tradizioni del patriotismo (»narodnjaštvo«)."</ref> a anexação da Ístria à Croácia.<ref>''U ovim odlučnim časovima naš narod pokazao je visoku nacionalnu svijest. Dokazao je svima i svakome da je Istra hrvatska zemlja i da će hrvatska ostati'' ''Istra se priključuje matici zemlji i proglašuje ujedinjenje s ostalom našom hrvatskom braćom.'' A palavra "Iugoslávia" não se encontra nas decisões. [http://www.labin.com/web/neobavezna.asp?id=8275&idkat=53 Labin] Zanimljivosti - Pazinske odluke (25.9.2009.)</ref><ref>[http://istra.lzmk.hr/clanak.aspx?id=2041 Pazinske odluke] Istarska enciklopedija, LZMK</ref>. Pouco depois, em 16 de setembro, o Conselho Supremo da Frente de Liberação do Povo Esloveno proclamou a anexação à futura entidade estatal eslovena {{Nota de rodapé|Na proclamação de anexação do Litoral Esloveno está declarado a intenção “... de incluir o Litoral Esloveno na independente e unida [[Eslovênia]] parte de uma [[Iugoslávia]] democrática ...”}} do Litoral Esloveno (''Slovensko Primorje'') que compreendia o litoral setentrional da Ístria. Nesse breve período, que precedeu a ocupação alemã, verificaram-se os primeiros episódios de violência anti-italiana, que provocaram um número impreciso de vítimas (entre 250 e 500).
 
=== Ocupação alemã ===
Linha 733:
 
<gallery mode=packed caption=" " widths="125px" heights="125px">
Image:Pula-avion.JPG|Vista aéria de [[Pula (Croácia)|Pula]]
Image:Porec riva.jpg|Beira-mar (riva) de [[Poreč]]
Image:Rovinj.jpg|[[Rovinj]], visto do campanário da Igreja de [[Santa Eufêmia]]