Guerras romano-latinas: diferenças entre revisões
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== Primeira guerra contra Roma ==
Os latinos foram a guerra contra Roma pela primeira vez no século VII a.C. durante o reinado de [[Anco Márcio]]. Segundo [[Lívio]], a guerra foi iniciada pelos latinos, que supuseram que Anco seguiria o caminho piedoso da paz adotado pelo seu avô, [[Numa Pompílio]], e invadiram o território romano. Quando uma embaixada romana tentou conseguir a justa recompensa pelos danos causados, a resposta dos latinos foi desrespeitosa e Anco declarou guerra, um feito notável, pois, segundo Lívio, foi a primeira vez que os romanos declaram guerra através dos rituais sagrados dos [[fecial|feciais]].<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 1#32|I, 32]]</ref>
Anco marchou de Roma com um exército recém-reunido e tomou a cidade latina de [[Politório]]. Seus residentes foram removidos e reassentados no [[monte Aventino]], em Roma, como novos [[cidadão romano|cidadãos romanos]], seguindo a mesma tradição utilizada com os [[sabinos]] e [[Alba Longa|albanos]]. Quando outros latinos ocuparam a cidade esvaziada, Anco tomou-a novamente e a demoliu.<ref name="ReferenceA">[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 1#33|I, 33]]</ref>
A guerra então passou para a cidade latina de [[Medúlia]], que tinha uma forte guarnição e era bem fortificada. Diversos combates foram realizados fora da cidade e os romanos acabaram vencedores. Anco retornou a Roma com muitos espólios e mais latinos para serem habitantes da cidade, todos assentados no sopé do Aventino, perto do [[monte Palatino]], perto do [[Templo de Múrcia]].<ref name="ReferenceA"/>
== Guerra contra Roma na época de Tarquínio Prisco ==
[[Ficheiro:Crate EnvironsRome Monarchie.png|thumb|direita|upright=1.5|Mapa da vizinhança de Roma na época do [[Reino de Roma]].]]
Quando Roma era governada por [[Tarquínio Prisco]] (r. 616–579 a.C.), os latinos foram a guerra contra Roma em duas ocasiões. Na primeira, que, segundo os [[Fastos Triunfais]], ocorreu antes de 588 a.C., Tarquínio tomou a cidade latina de [[Apiolas]] e trouxe para Roma uma grande quantidade de espólios.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 1#35|I, 35]]</ref>
== {{Âncora|Guerra entre Clúsio e Arícia}}Guerra entre Clúsio e Arícia==
Em 508 a.C., [[Lars Porsena]], rei de [[Clúsio]], na época considerada a mais poderosa cidade da [[Etrúria]], partiu de Roma depois de encerrar sua [[Guerra contra Clúsio (508 a.C.)|guerra contra Roma]] com um tratado de paz. Porsena dividiu suas forças e enviou parte do exército clúsio com seu filho Aruns para cercar a cidade latina de [[Arícia]]. Os aricianos pediram ajuda da [[Liga Latina]] e também da cidade grega de [[Cumas]]. Quando a ajuda chegou, o exército ariciano saiu da muralha e os exércitos combinados enfrentaram as forças clúsias em combate. Segundo Lívio, os clúsios inicialmente arrasaram os aricianos, mas as tropas cumanas permitiram o avanço clúsio e depois os atacaram pela retaguarda, conseguindo a vitória. Segundo [[Lívio]], o exército clúsio foi destruído.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 2#14|II, 14]]</ref>
== {{Âncora|Revolta Pomécia}}Revolta Pomécia ==
Em 503 a.C., duas cidades latinas, [[Suessa Pomécia|Pomécia]] e [[Cora (cidade latina)|Cora]], que, segundo Lívio, eram [[colônia romana|colônias romanas]], se revoltaram e pediram ajuda da tribo dos [[auruncos]] meridionais.
Lívio afirma que o exército romano, liderado pelos cônsules [[Agripa Menênio Lanato]] e [[Públio Postúmio Tuberto]], encontrou o inimigo na fronteira e foi vitorioso. Depois da vitória, Lívio afirma que a guerra ficou confinada a Pomécio e muitos prisioneiros foram assassinados por ambos os lados.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 2#16|II, 16]]</ref>
No ano seguinte, os cônsules eram [[Opitero Vergínio Tricosto (cônsul em 502 a.C.)|Opítero Vergínio]] e [[Espúrio Cássio]]. Lívio afirma que eles tentaram tomar Pomécia de assalto, mas, depois do fracasso, decidiram empregar [[arma de cerco|armas de cerco]]. Porém, os auruncos lançaram um ataque vitorioso e conseguiram destruí-las, ferindo muitos e quase matando um dos cônsules. Os romanos recuaram para Roma, recrutaram mais legionários e retornaram a Pomécia. As armas de cerco foram reconstruídas e, quando os romanos estavam prestes a tomar a cidade, Pomécia se rendeu. Os líderes auruncos foram decapitados, os pomécios foram vendidos como escravos, a cidade foi arrasada e suas terras foram vendidas. Lívio afirma que os cônsules celebraram um triunfo por esta vitória,<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 2#17|II, 17]]</ref>
== {{Âncora|Primeira Guerra Latina}}Primeira Guerra Latina ({{AC|498-493|x}}) ==
{{AP|Batalha do Lago Regilo|Foedus Cassianum}}
Em 501 a.C., notícias chegaram a Roma de que trinta das cidades latinas haviam se associado contra Roma instigadas por [[Otávio Mamílio]], de [[Túsculo]]. Por causa disto (e também por causa de [[Guerra sem Sangue (501 a.C.)|uma disputa com os sabinos]]), [[Tito Lárcio]] foi nomeado o primeiro [[ditador romano|ditador]], com [[Espúrio Cássio]] como seu [[mestre da cavalaria]].<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 2#18|II, 18]]</ref>
Porém, a guerra contra os latinos não ocorreu até pelo menos dois anos depois. Em 499 a.C., ou, possivelmente, 496 a.C., a guerra irrompeu. [[Fidenas]] foi cercada (não se sabe exatamente por quem), Crustumério foi capturada (também não se sabe por quem) e [[Preneste]] desertou para os romanos. [[Aulo Postúmio Albo Regilense|Aulo Postúmio]] foi nomeado ditador e escolheu [[Tito Ebúcio Helva]] como seu mestre da cavalaria. À frente dos exércitos romanos, os dois marcharam para o território latino e foram vitoriosos na [[Batalha do Lago Régilo]].<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 2#19|II, 19–20]]</ref>
Logo depois, em 495 a.C., os latinos resistiram aos pedidos dos [[volscos]] para que se juntassem a eles num ataque a Roma e chegaram a ponto de entregar os embaixadores volscos aos romanos. O [[Senado Romano]], agradecido, libertou {{fmtn|6000}} prisioneiros latinos e, em retorno, os latinos enviaram uma coroa de ouro para o [[Templo de Júpiter Ótimo Máximo]]. Uma grande multidão se juntou, incluindo os prisioneiros latinos recém-libertados, que agradeceram aos seus antigos captores. Diz-se que grandes laços de amizade surgiram entre Roma e os latinos por causa deste evento. Os latinos também avisaram Roma da [[guerras romano-volscas#Invasão volsca (495 a.C.)|invasão]] que ocorreu pouco depois, ainda no mesmo ano.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 2#22|II, 22]], [[s:From the Founding of the City/Book 2#24|24]]</ref>
Em 493 a.C., um tratado, o ''[[Foedus Cassianum]]'', foi firmado estabelecendo uma aliança militar mútua entre as cidades latinas com Roma como parceiro sênior. Um povo menor, os [[hérnicos]], se jutnaram algum tempo depois. Embora não se conheça o funcionamento exato da [[Liga Latina]], seu propósito geral é bem conhecido. Durante o século V a.C., os latinos foram ameaçados por invasões de [[équos]] e [[volscos]], que eram membros de um mesmo grupo [[sabélios|sabélio]] que migraram para o sul desde os [[Apeninos]]. Diversas comunidades parecem ter sido conquistadas e as antigas fontes relatam lutas contra os équos, os volscos, ou ambos todos os anos da primeira metade do século V a.C. Estas guerras anuais eram pouco mais do [[raide]]s e contra-raides e não guerras campais com as descritas anteriormente nas fontes.
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[[Ficheiro:Carte GuerresRomanoLatines 389avJC.png|thumb|direita|upright=1.5|Guerras romnano-latinas de 389-385 a.C.]]
=== Narrativa antiga ===
Em 390 a.C., um bando [[gauleses|gaulês]] derrotou o [[exército romano]] na [[Batalha do Ália]] e [[saque de Roma (387 a.C.)|saqueou Roma]]. Segundo Lívio, latinos e hérnicos, depois de cem anos de leal amizade com Roma, aproveitaram-se da oportunidade para romperem a aliança com os romanos (389 a.C.).<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 6#2|VI, 2.3–4]]</ref><ref>[[Plutarco]], ''[[Vidas Paralelas (Plutarco)|Vidas Paralelas]]'', ''Camillus'' XXXIII.1 (que não menciona os hérnicos)</ref>
Cosso marchou com seu exército e encontrou novamente o exército inimigo repleto de latinos e hérnicos, incluindo contingentes das [[colônia romana|colônias romanas]] de [[Circei]] e [[Velitras]], e, na batalha, os romanos venceram novamente.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 6#12|VI, 12.1]]</ref>
=== Análise moderna ===
Alguns historiadores modernos questionaram a representação de Lívio dos latinos se rebelando contra Roma. Cornell (1995) acredita que não houve revolta armada e sim que a aliança entre Roma e as cidades latinas tenha sido propositalmente abandonada. Nas décadas anteriores, Roma havia aumentado consideravelmente seu poder, especialmente depois da [[Batalha de Veios|conquista de Veios]] e os romanos passaram a preferir a liberdade de ação ao invés das obrigações da aliança. Além disso, diversas cidades latinas aparentemente permaneceram aliadas a Roma e, com base em eventos posteriores, entre elas estariam pelo menos [[Túsculo]] e [[Lanúvio]], às quais Cornell acrescenta [[Arícia]], [[Lavínio]] e [[Ardea (Lácio)|Ardea]]. As colônias de Circei e Velitras provavelmente ainda eram parcialmente habitadas por volscos, o que explicaria a ajuda durante a revolta, mas estes dois assentamentos, mais do que qualquer outra cidade latina, teriam se sentido ameaçado pelas ambições agressivas de Roma na região dos [[Pântanos Pontinos]].<ref>Cornell, p. 322</ref>
A divisão entre os latinos é também a posição defendida por Oakley (1997), que aceitou substancialmente a análise de Cornell. A contínua lealdade de Ardea, ''[[Gabii]]'', [[Lábico]], Lanúvio e Lavínio ajudariam a explicar como os exércitos romanos operavam na região.<ref>Oakley (1997), p. 353–356</ref>
== {{Âncora|Guerra romano-prenestina}}Guerra entre Roma e Preneste (383–379)==
[[Ficheiro:Carte GuerresRomanoLatines 380avJC.png|thumb|direita|upright=1.5|Guerras romano-latinas em 380 a.C..]]
Nos últimos anos da década de 380 a.C., [[Preneste]] emergiu como a cidade latina mais importante. Em termos de território, era a terceira maior cidade do Lácio, mas, entre 499 e 383 a.C., a cidade não foi citada nas fontes e a maior parte da luta contra os [[équos]] por Roma e pela [[Liga Latina]] parece ter se realizado ao sul de seu território. Historiadores modernos propuseram, por causa disso, que Preneste foi conquistada ou, pelo menos, chegou a algum tipo de acordo com os équos. Se este foi o caso, a cidade não fez parte da Liga Latina pela maior parte do século V a.C.. O fim da ameaça dos équos no início do século IV a.C. libertou Preneste.<ref>Cornell, pp. 306, 322–323</ref><ref>Oakley (1997), p. 338</ref>
=== Início da guerra ===
[[Lívio]] relata que, em 383 a.C., [[Lanúvio]], até então leal a Roma, se revoltou. Em Roma, a pedido do Senado, as [[tribo (Roma Antiga)|tribo]]s declararam unanimemente guerra contra [[Velitras]] depois que cinco comissários foram nomeados para distribuir o [[Pântanos Pontinos|território pontino]] e três para criar uma [[colônia romana|colônia]] em [[Nepete]]. Porém, uma epidemia se abatou sobre Roma por todo aquele ano e nenhuma campanha foi iniciada. Entre os colonos rebeldes, uma facção pacífica era favorável a pedir perdão a Roma, mas a facção guerreira continuou a manter o apoio popular e um [[raide]] foi lançado sobre o território romano, efetivamente acabando com as chances de paz. Houve também um rumor de que Preneste havia se revoltado e as populações de [[Túsculo]], ''[[Gabii]]'' e [[Lábico]] reclamaram que seus territórios teriam sido invadidos, mas o Senado Romano se recusou a acreditar.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 6#21|VI, 21.2–9]]</ref>
De todas as antigas cidades latinas, Lanúvio era a mais próxima da planície pontina e não é, portanto, surpreendente que ela tenha entrado na guerra contra Roma.<ref>Cornell, p. 322</ref>
Lívio e [[Plutarco]] fornecem narrativas paralelas para 381 a.C.. Naquele ano, volscos e prenestinos teriam juntado forças e, segundo Lívio, teriam atacado com sucesso a colônia romana de Sátrico. Como retaliação, os romanos elegeram [[Marco Fúrio Camilo]] como [[tribuno consular]] pela sexta vez. Camilo recebeu o comando da guerra volsca por um decreto especial do Senado. Seu colega, [[Lúcio Fúrio Medulino Fuso]], foi escolhido por sorteio para ser se colega na campanha.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 6#22|VI, 22.3–4]]; [[Plutarco]], ''[[Vidas Paralelas (Plutarco)|Vidas Paralelas]]'', ''Camillus'' XXXVII.2</ref>
Das duas versões desta batalha sobreviventes, a de Plutarco é considerada mais próxima da versão dos antigos analistas que a de Lívio. Notavelmente, Lívio apresenta uma figura mais nobre de Camilo que Plutarco e comprimiu os eventos de dois dias num só.<ref>Okley, p. 580</ref>
=== Anexação de Túsculo ===
[[Ficheiro:Plan of Tusculum, in History of Rome and of the Roman people (1883) (14578791330).jpg|thumb|esquerda|upright=1.5|Plano de [[Túsculo]] na época romana.]]
Tendo descrito a vitória de Camilo contra os volscos, Lívio e Plutarco passam a descrever um conflito contra Túsculo. Segundo Lívio, Camilo encontrou tusculanos entre os prisioneiros tomados depois da batalha contra os volscos, Camilo os levou de volta a Roma e, depois de tê-los interrogado, a guerra foi declarada contra Túsculo.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 6#25|VI, 25.1–5]]</ref>
Em 381 a.C., Túsculo estava quase que inteiramente cercada por territórios romanos e sua anexação era um passo lógico para Roma. Além de aumentar o território e a população romana, a anexação tinha o benefício adicional de separar [[Tibur]] e [[Preneste]] das cidades nos [[montes Albanos]].<ref name="Cornell, p. 323, Oakley p. 357">Cornell, p. 323, Oakley (1997) p. 357</ref>
=== Ditadura de Tito Quíncio Cincinato ===
Lívio é o único autor antigo a nos dar um relato para 380 a.C.. Depois de um [[censo]] fracassado em Roma, os [[tribuno da plebe|tribunos da plebe]] começaram a pressionar pelo perdão de dívidas e obstruíram o alistamento de novas [[legião romana|legiões]] para a guerra contra Preneste. Nem mesmo notícias de que os prenestinos haviam invadido o distrito de ''[[Gabii]]'' os dissuadiu. Sabendo que os romanos não tinham um exército pronto, o exército prenestino continuou a invasão até chegar à [[Porta Colina]]. Alarmados, os romanos nomearam [[Tito Quíncio Cincinato]] [[ditador romano|ditador]], que escolheu [[Aulo Semprônio Atratino (mestre da cavalaria em 380 a.C.)|Aulo Semprônio Atratino]] como seu [[mestre da cavalaria]] e ordenou o alistamento imediato. Os prenestinos recuaram até [[Ália]] e acamparam, esperando que as memórias da derrota romana frente aos gauleses no local amedrontaria os romanos. Eles, porém, lembraram de suas vitórias prévias contra os latinos e se alegraram com a possibilidade de exorcizar a antiga derrota. O ditador ordenou que Semprônio atacasse o centro prenestino com a cavalaria enquanto ele próprio atacaria o inimigo, já em desordem, com suas legiões. Os prenestinos, como esperado, romperam suas linhas na primeira [[carga (militar)|carga]]. Em pânico, eles abandonaram seu acampamento e fugiram até Preneste. Num primeiro momento, os prenestinos não quiseram deixar sua zona rural à mercê dos romanos, um segundo acampamento foi criado em frente da cidade, mas, quando os romanos chegaram, este também foi abandonado e os prenestinos recuaram para a segurança das muralhas da cidade.
Sem pressa, os romanos capturaram oito cidades subordinadas a Preneste e marcharam até [[Velitras]], que foi tomada também. Quando o exército romano chegou perante Preneste, os prenestinos se renderam. Tendo derrotado o inimigo em combate e capturado dois acampamentos e nove cidades, Tito Quíncio retornou a Roma em [[triunfo romano|triunfo]], levando consigo a estátua de Júpiter Imperador de Preneste. Esta estátua foi colocada no [[Capitólio (Roma)|Capitólio]] entre o [[Templo de Júpiter Ótimo Máximo|Templo de Júpiter]] e o [[Templo de Minerva]] com a inscrição ''"Júpiter e todos os deuses concederam que o ditador Tito Quíncio capturaria nove cidades"''. O ditador então renunciou ao seu cargo vinte dias depois de ser nomeado.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 6#27|VI, 27.3–29.10]]</ref>
Historiadores modernos geralmente aceitam o centro do relato de Lívio sobre a ditadura de Tito Quíncio e sua data em 380 a.C.. Assim, o fato de ele ter capturado nove cidades subordinadas a Preneste e forçado os prenestinos à rendição é considerado histórico.<ref>Cornell, p. 323; Oakley, p. 358; Forsythe, p. 258</ref>
== {{Âncora|Destruição de Sátrico}}Destruição de Sátrico (377 a.C.)==
De acordo com Lívio, em 377 a.C., os volscos e os latinos uniram suas forças em Sátrico. O [[exército romano]], comandado pelos [[tribunos consulares]] [[Públio Valério Potito Publícola]] e [[Lúcio Emílio Mamercino (cônsul em 366 a.C.)|Lúcio Emílio Mamercino]] marcharam contra eles. A batalha que se seguiu foi interrompida no primeiro dia por uma tempestade. No segundo, os latinos resistiram aos romanos por algum tempo, pois já conheciam suas táticas, mas uma [[carga (militar)|carga]] de cavalaria desmantelou as linhas latinas e, quanto a infantaria romana deu sequência ao ataque, o exército latino foi derrotado. Volscos e latinos recuaram primeiro para Sátrico e, depois, para [[Âncio]]. Os romanos perseguiram, mas não tinham [[arma de cerco|armas de cerco]] para atacarem Âncio. Depois de uma discussão sobre continuar a guerra ou pedir a paz, as forças latinas partiram e os ancianos renderam sua cidade aos romanos. Furiosos, os latinos atearam fogo a Sátrico e queimaram a cidade toda, exceto o templo de [[Mater Matuta]] — uma voz vinda do interior do templo teria ameaçado uma terrível punição se o fogo não fosse mantido longe do santuário. Em seguida, os latinos atacaram Túsculo que, tomada de surpresa, foi tomada, com exceção da [[cidadela]]. Um exército romano liderado pelos tribunos consulares [[Lúcio Quíncio Cincinato (tribuno consular em 386 a.C.)|Lúcio Quíncio Cincinato]] e [[Sérvio Sulpício Pretextato]] marcharam com suas forças para libertar Túsculo. Os latinos tentaram defender as muralhas, mas pegos entre o assalto romano e a resistência dos tusculanos na cidadela, acabaram todos mortos.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 6#32|VI, 32.4–33.12]]</ref>
[[Ficheiro:Tivoli - Aquae Albulae - Roman baths ruins.jpg|thumb|esquerda|upright=1.5|Ruínas das [[termas romanas|termas]] de [[Tibur]] (Tivoli).]]
[[Mater Matuta]] era um divindade originalmente ligada com a luz da manhã e o templo em Sátrico era o principal de seu culto.<ref>Oakely, pp. 642–643</ref>
== {{Âncora|Guerra romano-tiburina}}Guerra entre Roma e Tibur (361–354 a.C.) ==
[[Tibur]] era uma das maiores cidades latinas, mas pouco citada nas fontes antigas. Como Preneste, Tibur pode ter sido, portanto, invadida ou forçada a ficar fora da [[Liga Latina]] pelos [[équos]] no século V a.C.<ref>Oakley (1998), p. 111-112</ref>
=== Tibur aliada dos gauleses ===
Segundo Lívio, a [[causa imediata]] desta guerra ocorreu em 361 a.C., quando os tiburinos fecharam seus portões para um [[exército romano]] retornando de uma campanha contra os [[hérnicos]]. Houve numerosas reclamações de ambos os lados e os romanos decidiram que declarariam guerra contra Tibur se os [[fecial|feciais]] não conseguissem uma retribuição.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 7#9|VII, 9.1–2]]</ref>
No ano seguinte, o cônsul [[Caio Petélio]] (com o [[cognome]] "Balbo" segundo Lívio e "Libo Visolo" segundo as demais fontes<ref>Oakley (1998), p. 149</ref>) liderou um exército contra Tibur. Porém, os gauleses voltaram da Campânia e, sob a liderança dos tiburinos, os territórios de [[Lábico]], [[Túsculo]] e [[Alba Longa|Alba]] foram atacados. Para responder aos ataques, os romanos nomearam [[Quinto Servílio Aala]] como [[ditador romano|ditador]], que escolheu [[Tito Quíncio Peno Capitolino Crispino (cônsul em 354 a.C.)|Tito Quíncio Peno]] como seu [[mestre da cavalaria]]. Ele derrotou os gauleses numa batalha perto da [[Porta Colina]] e eles fugiram para Tibur, mas foram interceptados por Petélio. Os tiburinos atacaram a partir da cidade para tentar ajudar seus aliados e todos acabaram recuando para dentro da muralha. O ditador elogiou o cônsul e renunciou ao cargo. Petélio celebrou um duplo triunfo, sobre tiburinos e gauleses, mas os tiburinos zombaram da conquista dos romanos.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 7#11|VII, 11.2–11]]</ref>
Há algumas inconsistências no relato sobre o motivo da guerra e muitos dos detalhes para estes anos foram provavelmente inventados. A historicidade desta guerra gálica em si é algo duvidosa. Além disso, isto e o fato de tanto Lívio quanto os Fastos Triunfais atribuírem o triunfo ao cônsul provocam dúvidas sobre a autenticidade da ditadura de Servílio Aala também.<ref>Oakley (1998), pp. 7, 151</ref>
=== Nova aliança entre romanos e latinos ===
[[Ficheiro:Carte FinGuerreLatine 338avJC.png|thumb|direita|upright=1.5|[[Guerra Latina]] e a anexação final dos latinos.]]
Em 358 a.C., o Lácio foi novamente ameaçado por uma invasão [[gauleses|gaulesa]]. Lívio conta que os romanos concederam um novo tratado aos latinos a pedido deles e eles enviaram um forte contingente para lutar contra os gauleses, que já haviam alcançado [[Preneste]] e estavam acampados no território à volta de [[Pedo]].<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 7#12|VII, 12.7]]</ref>
Não sabemos precisamente quem eram estes latinos ou se eles estavam entre os que guerrearam contra Roma nos anos anteriores. Os demais estados latinos certamente não estavam confortáveis com a presença romana, a partir de então permanente, na [[Pântanos Pontinos|região pontina]], mas a gravidade da ameaça gálica seria um motivo mais do que suficiente para a renovação da aliança com Roma. Porém, Tibur e Preneste evidentemente permaneceram hostis aos romanos.<ref>Cornell p.324; Oakley (1998), p. 5</ref>
=== Final da guerra ===
Lívio fornece apenas uma breve descrição do final desta guerra. Em 356 a.C., o cônsul [[Marco Popílio Lenas (cônsul em 356 a.C.)|Marco Popílio Lenas]] comandou as forças romanas contra os tiburinos e, depois de obrigá-los a recuar até Tibur, arrasou seus territórios.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 7#17|VII, 17.2]]</ref>
Esta é a única citação conhecida de Empulo ({{lang-la|''"Empulum"''}}) e Sassula, provavelmente pequenas cidades localizadas no território controlado por Tibur cuja localização é desconhecida. Historiadores modernos consideram que dificilmente a captura de locais obscuros como estes seja uma invenção e que Lívio teria tido acesso a registros [[pontífice (Roma Antiga)|pontificiais]] genuínos sobre a captura delas.<ref>Oakley (1998), pp. 6, 193, 196; Forsythe p. 277</ref>
== Guerra Latina (340–338 a.C.)==
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== Bibliografia ==
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