Era do gelo: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:MendenhallGlacierAlaska.jpg|right|thumb|[[Glaciar]] no [[Alasca]].]]
A expressão '''era do gelo''' (também '''idade do gelo''', '''período glacial''' ou '''era glacial''') é utilizada para designar um período geológico de longa duração de diminuição da temperatura na superfície e atmosfera [[Terra|terrestres]], resultando na expansão dos [[manto de gelo|mantos de gelo]] continentais e polares bem como dos [[glaciar]]es alpinos. Ao longo de uma era do gelo prolongada ocorrem períodos com clima extra frio designados [[glaciação|glaciações]]. Em termos [[Glaciologia|glaciológicos]], o termo ''era do gelo'' implica a presença de extensos [[manto de gelo|mantos de gelo]] tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul,<ref>J. Imbrie and K.P.Imbrie, ''Ice Ages: Solving the Mystery'' (Short Hills NJ: Enslow Publishers) 1979.</ref> e segundo esta definição encontramo-nos ainda numa era do gelo (pois tanto o [[Manto de gelo da Gronelândia|manto de gelo da Groenlândia]] como o [[Manto de gelo da Antárctida Ocidental|manto de gelo antártico]] ainda existem).<ref>J. Gribbin, ''Future weather'' (New York: Penguin) 1982.</ref>
 
Coloquialmente, quando se fala dos últimos milhões de anos, ''a'' era do gelo refere-se ao mais recente período mais frio com extensos mantos de gelo sobre a [[América do Norte]] e [[Eurásia]]: neste sentido, a [[último período glacial|era do gelo mais recente]] atingiu o seu ponto alto durante o [[último máximo glacial]] há cerca de {{Formatnum:20000}} anos.
 
== Origem da teoria ==
A ideia de que os glaciares do passado haviam sido mais extensos que os atuais era algo percebido pelos habitantes das regiões alpinas da [[Europa]]: Imbrie e Imbrie (1979) citam um lenhador de nome Jean-Pierre Perraudin<ref>[http://www.museum-neuchatel.ch/expositions/Agla/Eiszeit-Neuchatel-Deutsch.pdf ''Die Eiszeit…'', Museum of Neuchatel, Switzerland, p. 3 (pdf 125 Kb)]</ref> falando a [[Jean de Charpentier]] sobre a antiga extensão do glaciar [[Grimsel]] nos [[Alpes Suíços]].<ref>Imbrie, John and Katherine Palmer Imbrie. ''Ice ages: Solving the Mystery''. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1979, 1986 (reprint). ISBN 0-89490-020-X; ISBN 0-89490-015-3; ISBN 0-674-44075-7. p. 25</ref>. Macdougal (2004) afirma que o primeiro a ter tal ideia terá sido um engenheiro suíço chamado [[Ignaz Venetz]],<ref>Doug Macdougall, ''Frozen Earth: The Once and Future Story of Ice Ages'', University of California Press, 2004. ISBN 0-520-24824-4</ref>, mas não foi apenas uma pessoa que teve esta ideia.<ref>{{citecitar web
| url=http://academic.emporia.edu/aberjame/histgeol/agassiz/glacial.htm
| titletítulo=Birth of the Glacial Theory
|último last=Aber Sandusky
|primeiro first=James
| publisherpublicado=Emporia State University
| accessdateacessodata=2006-08-04
}}</ref> Entre 1825 e 1833, Charpentier juntou evidências que apoiavam o conceito. Em 1836, Charpentier, Venetz e [[Karl Friedrich Schimper]] convenceram [[Jean Louis Rodolphe Agassiz|Louis Agassiz]], e Agassiz publicou a hipótese no seu livro ''Étude sur les glaciers'' ("Estudo sobre os glaciares") de 1840.<ref>[http://fr.wikisource.org/w/index.php?title=%C3%89tudes_sur_les_glaciers&oldid=297457 Louis Agassiz: ''Études sur les glaciers'', Neuchâtel 1840. Livro digital no Wikisource] Acessado em 25 de Fevereiro de 2008.</ref>. Segundo Macdougal (2004), Charpentier e Venetz não concordavam com as ideias de Agassiz que ampliou o trabalho deles afirmando que a maioria dos continentes tinham antes estado cobertos de gelo.
 
Neste momento inicial do conhecimento, o que estava a ser estudado eram os períodos glaciais das últimas centenas de milhares de anos, durante a era do gelo actual. A existência de eras do gelo antigas era ainda desconhecida.
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* '''Geológicas''': as evidências geológicas ocorrem sob formas variadas, incluindo abrasão, arranque e pulverização de rochas, [[morena (geologia)|morena]]s de glaciares, ''[[drumlin]]s'', [[vale glaciar|vales glaciares]], e a deposição de sedimentos glaciares e [[bloco errático|blocos erráticos]]. Glaciações sucessivas tendem a distorcer e apagar evidências geológicas, tornando-as difíceis de interpretar.
 
* '''Químicas''': este tipo de evidências consiste sobretudo de variações nas proporções de [[isótopo]]s em [[fóssil|fósseis]] presentes em sedimentos e rochas sedimentares, testemunhos de sedimentos marinhos, e para os períodos glaciais mais recentes, [[testemunho de gelo|testemunhos de gelo]]. Uma vez que água contendo isótopos mais pesados tem um maior [[calor de evaporação]], a sua proporção diminui em condições mais frias.<ref>[http://www.sciam.com/print_version.cfm?articleID=00001580-C282-1148-828283414B7F012B How are past temperatures determined from an ice core?], Scientific American, September 20, 2004</ref>. Tal facto permite a construção de um registo de temperaturas. Porém, esta evidência pode ser afectada por outros factores registados pelas proporções isotópicas; por exemplo, uma [[extinção em massa]] aumenta a proporção de isótopos mais leves nos sedimentos e no gelo porque os processos biológicos usam preferencialmente isótopos mais leves, portanto uma redução da [[biomassa]] terrestre ou oceânica resulta num deslocamento repentino e biologicamente induzido do equilíbrio isotópico no sentido de existirem maiores proporções de isótopos mais leves disponíveis para deposição.
 
* '''Paleontológicas''': estas evidências consistem em alterações na distribuição geográfica dos fósseis. Durante um período glacial os organismos adaptados às temperaturas mais baixas espalham-se por latitudes mais altas e organismos que preferem condições mais quentes tornam-se extintos ou são empurrados para latitudes mais baixas. Esta evidência é também difícil de interpretar porque requer (1) sequências de sedimentos cobrindo um longo período de tempo, em várias latitudes e que sejam facilmente correlacionáveis; (2) organismos antigos que sobrevivem durante vários milhões de anos sem alterações e cujas preferências térmicas sejam facilmente diagnosticadas; e (3) a descoberta de fósseis relevantes, o que requer muita sorte.
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De fato, estaríamos em vésperas de uma nova era glacial, já que em média o planeta experimenta {{Fmtn|10000}} anos de era quente a cada {{Formatnum:90000}} anos de era de gelo.
 
Devido à ação humana (principalmente através de atividades industriais e do desmatamento florestal), o planeta tem experimentado no último século um período de aquecimento cada vez mais acelerado, quando, a esta altura, já deveria estar iniciando sua fase de esfriamento para entrar em uma nova era do gelo. Se por um lado esse [[aquecimento global]] evitaria uma nova glaciação e seus característicos contratempos; por outro está provocando grandes desastres ecológicos como furacões e tornados, secas e queda na diversidade biológica.
 
Além disso, o efeito do [[aquecimento global]] não representa um aumento de temperatura em todo o globo, mas sim na temperatura global média. Estudos de previsões dos efeitos desse aquecimento mostram que o derretimento das calotas polares por ele provocado, podem afetar as correntes marítimas, provocando longos períodos de forte glaciação no hemisfério norte, principalmente na América do Norte e Europa enquanto o hemisfério sul sofreria um forte aquecimento.