Mecanismo de defesa: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Belclo (discussão | contribs)
m ajustes usando script
Linha 10:
==Racionalização==
 
Existe em nós uma luta constante para dar sentido ao nosso próprio mundo de experiências, uma procura de explicações para nossos fenômenos internos, nossos [[comportamento]]s e [[sentimento]]s. Para satisfazer essa busca, evitando a angústia e mantendo o autorrespeito, criamos “explicações” altamente racionais para fatores emocionais e motivacionais, para justificar nosso [[Eu (psicologia)|eu]] (ego); buscamos “boas razões”, ainda que falsas, para nossas atitudes e fracassos.
 
Tal acomodação ao conflito é o que chamamos de racionalização.
 
São exemplos de racionalização:
* um rapaz que viaja de graça em um ônibus e busca várias justificativas para seu ato como “a passagem é muito cara”, “a empresa já tem muito dinheiro”, “eu pago passagem todo dia, um dia a menos não vai fazer diferença”, “o ônibus está lotado, não vou passar pela borboleta, vou ficar aqui mesmo”;
* um aluno que, não conseguindo responder a uma questão, diz “isso não é interessante de saber mesmo”, “não respondi porque não tive tempo de estudar, pois lá em casa fazem muito barulho”;
* alguém que não consegue algo que deseja e logo se justifica dizendo que, na verdade, não queria aquilo;
* um rapaz que foi dispensado por uma garota, da qual estava a fim, logo diz “ela nem era tão boa assim, era até feia, não sei como fui gostar dela”.
A racionalização sobre algum fato não é apenas uma simples “explicação”, ela envolve um conjunto complexo de “explicações”, evitando assim ataques, ou seja, se uma for destruída haverá outra para substituí-la. O que difere a racionalização da dissimulação é o fato de que tais “explicações” não são simples [[mentira]]s, geralmente não estamos em boas condições e nem temos a intenção de enganar, simplesmente não estamos conscientes das deformações em nosso pensamento. Ela também pode ser confundida com a [[razão]], apesar de não existir uma linha muito clara que diferencie as duas, e de que a razão também pode ser influenciada por fatores emocionais e motivacionais, pois na racionalização há uma nítida preocupação em justificar a si mesmo; consequentemente tomamos uma atitude agressiva contra os contestadores de tais “explicações”, uma vez que são as defesas de nosso [[ego]].
Linha 23:
==Isolamento==
 
É o mecanismo de defesa que envolve uma “separação de sistemas” para que os sentimentos perturbadores possam ser isolados, de tal forma que a pessoa se torna completamente insensível em relação ao acontecimento sublimado e passe a comentá-lo como se tivesse acontecido com terceiros. Nosso pensamento parece capaz, em certas circunstâncias, de manter, lado a lado, dois conceitos logicamente incompatíveis, sem tomarmos consciência de suas gritantes divergências, o que também chamamos de “comportamentos lógicos de estanques”.
 
É um processo de isolar uma, dentre as várias partes do conteúdo mental, de tal forma que as interações normais que ocorreriam entre elas se reduzam e assim os conflitos sejam evitados.
 
São exemplos de isolamento:
* um ladrão que rouba e não experimenta os sentimentos de culpa que estão ligados a esse ato;
* um filho que, após a morte de sua mãe, fala com uma frequente e enorme naturalidade sobre a morte dela.
Linha 39:
[[Projeção (psicologia)|Projeção]] é o processo mental pelo qual as características que estão ligadas ao [[Eu (psicologia)|eu]] são gradativamente afastadas deste em direção a outros objetos e pessoas. Essas projeções tendem a deslocar-se em direção a objetos e pessoas cujas qualidades e características são mais adequadas para encaixar o material deslocado.
 
Muitas vezes nos defendemos da [[angústia]] gerada por fracasso, culpa ou nossos defeitos projetando a responsabilidade por esse fato em alguém ou em algo.
 
Temos como exemplos:
* um jogador de tênis que, ao perder uma partida, justifica sua perda botando a culpa na qualidade da raquete (aqui se assemelha ao deslocamento);
* o fato de tratarmos uma pessoa com hostilidade, justificando a nós mesmos que ela é uma pessoa hostil, mas na verdade o único agente cometendo hostilidade somos nós, a outra pessoa está agindo normalmente;
* o marido feio que exige que sua mulher seja bela, mas na verdade ele pode estar projetando o desejo de ser belo na mulher, já que foi incapaz de cumpri-lo.
 
Linha 60:
Muitas atitudes [[neurose|neuróticas]] são tentativas evidentes de negar ou reprimir alguns impulsos ou de defender a pessoa contra um perigo instintivo. São atitudes tolhidas, rígidas, que obstam a expressão de impulsos contrários, os quais, no entanto, de vez em quando, irrompem por diversos modos.
 
Nas peculiaridades dessa ordem, a psicanálise, psicologia “desmascaradora” que é, consegue provar que a atitude oposta original ainda está presente no inconsciente. Chamam-se formações reativas essas atitudes opostas secundárias. As formações reativas representam mecanismo de defesa separado e independente ou podem constituir consequência e reafirmação de uma repressão estabelecida.
 
Quando menores, contudo, significam certo tipo de repressão que é possível distinguir de outras repressões. Digamos: é um tipo de repressão em que a contracatexia é manifesta e que, portanto, tem êxito no evitar atos muito repetidos de repressão secundária. As formações reativas evitam repressões secundárias pela promoção de modificação definitiva, “de uma vez por todas”, da personalidade. O indivíduo que haja constituído formações reativas não desenvolve certos mecanismos de defesa de que se sirva ante a ameaça de perigo instintivo: ele modificou a estrutura da sua personalidade, como se esse perigo estivesse sem cessar presente, de maneira que ele esteja pronto sempre que ocorra.
Linha 74:
==Regressão==
 
É o retorno do indivíduo a níveis anteriores do desenvolvimento sempre que depara com uma frustração. É uma sucessão genética e designa o retorno do sujeito a etapas ultrapassadas do seu desenvolvimento. Por exemplo, o choro das pessoas em certas situações pode ser uma regressão à infância, que pode ter tido uma situação em que o choro "resolveu" o "problema", então a pessoa inconscientemente usa aquele mesmo "método" para "resolver" a nova situação.
 
Usamos a regressão para fantasiar, com o objetivo de criar uma válvula de escape. Defender-nos de ameaças e angústias é muito eficiente, pois dissipa a angústia e nos torna capazes de enfrentar novamente o problema. Entretanto, de forma constante, nos afasta da realidade, nos fornece falsos e efêmeros sentimentos de triunfo e o despertar para a realidade (através das constantes pressões do mundo objetivo) pode ser extremamente doloroso.
Linha 90:
*'''Intelectualização:''' "Eu sei, eu já li tudo isso! Não é bem assim, tem muita discussão nova!". É quando se lida de modo intelectual com o problema, afastando os afetos; assemelha-se ao isolamento e à racionalização.
 
*[[Introjeção|'''[[Introjeção]]''']]''':''' mecanismo de defesa que consiste na adoção de regras e comportamentos que podem nos livrar de uma situação ameaçadora ou perigosa. Ela se inicia na infância, quando começamos a aceitar como nossas, regras e valores sociais, não porque acreditávamos que isto fosse o correto a fazer, já que ainda não tínhamos uma opinião formada sobre a vida, mas porque isto nos foi imposto, tanto pela nossa família quanto pelo que éramos capazes de perceber no comportamento dos que nos rodeavam e sabíamos que, “se não dançássemos conforme a música”, seríamos punidos ou marginalizados. Temos como exemplo o ditado popular: “se não pode vencê-los, junte-se a eles”.<ref>{{citar web|url=http://www.ipe-instituto.org.br/index.php/lista-de-jornais-usermenu-2/1007-agosto-de-2013/1291-comportamento-mecanismo-de-defesa-introjecao|titulo=Comportamento: Mecanismo de Defesa: Introjeção|data=|acessodata=26/04/2016|obra=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
*'''Anulação:''' ações, rituais mágicos que contestam ou desfazem um dano que o indivíduo imagina que pode ser causado por seus desejos. Exemplo: fazer o sinal da cruz para afastar um pensamento pecaminoso.
Linha 136:
•Os mecanismos de defesa podem ser frustrados: a racionalização pode ser desmentida; a identificação, negada; a fuga, evitada; a repressão, revelada, etc. Tornando, assim, o conflito ainda mais intensificado.
 
•Quando tais mecanismos falham, podem ocorrer transformações ainda mais violentas no comportamento; tais transformações apresentam-se sob a forma de perturbações psicológicas severas, sendo um efeito da [[psicose|psicose.]].
 
==Referências==