Segunda Guerra Civil da República Romana: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m ajustes gerais nas citações, outros ajustes usando script
Linha 33:
== Antecedentes ==
{{Campanhainfo Guerras Civis da República Romana}}
[[Imagem:Maccari-Cicero.jpg|thumb|esquerda|upright=1.2|''[[Cicero]] ataca no senado o [[Conspiração de Catilina|conspirador Catilina]]'' <small> (fresco do século XIX de [[Cesare Maccari]]), no [[Palazzo Madama (Roma)|Palazzo Madama]]</small>]]
Em meados do século I a.C. (século VIII ''[[ab urbe condita]]''), após derrotar [[Cartago]] nas [[Guerras Púnicas]], destruindo a cidade em ({{AC|146|x}}), conquistar a [[Reino da Macedônia|Macedônia]] e o resto do [[Império Selêucida]], bem como conquistar a submissão do [[Egito ptolemaico|Egito lágida]] à [[Cliente (Roma Antiga)|clientela romana]], [[Roma Antiga|Roma]] passou a ser a maior potência da [[mediterrâneo|região mediterrânea]].<br>
Contudo, a contínua expansão, conquistas, o crescimento demográfico e econômico e a crise do modelo de [[Estado]] fragmentaram a sociedade romana, aumentando enormemente a polarização social.
Linha 51:
== Causas ==
=== O triunvirato ===
Durante os anos seguintes, [[Júlio César]], foi progredindo firmemente na sua carreira política, sendo questor, [[edil curul|edil curul,]], [[pontífice máximo]], pretor, procônsul ( governador ) da Hispânia Ulterior ( atual Espanha ) e finalmente [[Cônsul romano|cônsul]] ({{AC|59|x}}). Neste período revelou-se um político astuto e habilidoso e um administrador altamente competente e capacitado. O consulado de César foi um autêntico terremoto político: formou as bases para as grandes reformas políticas, econômicas e sociais que Roma exigia, criando um corpo de leis que seria a base do [[direito romano]] e legislando uma reforma agrária para dar terras públicas às famílias mais pobres, coisa que lhe granjeou o ódio dos [[optimates]], entre eles [[Catão, o Jovem]]<ref group=nota>Numa reunião no [[Senado romano|senado]], durante o consulado de [[Júlio César]], [[Marco Pórcio Catão Uticense|Catão]] entregava-se a uma das suas frequentes criticas a Júlio pelas suas reformas populares. Quando um servente entregou a César uma nota, Catão, ao ver que o seu rival se dedicava a ler a nota em lugar de atender o seu discurso, estourou, gritando a César e exigindo que lesse a nota em público, pela sua suposta relação numa conspiração. César deu ao servente a nota para que a lesse. A nota era de [[Servília Cepião|Servília]], a meia-irmã de Catão: citava César na sua casa ao anoitecer e descrevia com bastante pormenor o que lhe tinha pensado fazer aquela noite. As gargalhadas estiveram prestes a derrubar a Cúria.</ref> e [[Marco Bíbulo]], seu colega consular.
 
Nesse mesmo ano, [[Júlio César]], [[Pompeu]] e [[Marco Licínio Crasso]] formaram o chamado [[Primeiro Triunvirato (Roma)|Primeiro Triunvirato]] ([[59 a.C.]]-[[53 a.C.]]), uma aliança informal de ajuda mútua para ocupar os mais altos postos do [[Estado]]. Assim, após o fim do seu consulado, César recebeu poderes [[Procônsul|proconsulares]] e o governo da [[Gália Cisalpina]] e do [[Ilírico (província romana)|Ilírico]], províncias pouco povoadas e pobres. No seu primeiro ano de mandato, teve de enfrentar uma enorme invasão dos [[Helvécios]] e várias invasões de [[povos germânicos|Germanos]] que visavam ocupar a Itália. Numa só campanha derrotou os Helvécios e os [[Germanos]].
Linha 84:
 
[[Imagem:Rimini088.jpg|thumb|upright=0.8|Coluna de [[Júlio César]], no local onde ele ordenou a seu exército a marcha sobre [[Roma]] e o início da guerra civil, [[Rimini]], Itália.]]
A 1 de janeiro de {{AC|49|x}}, [[Marco Antônio]] leu uma carta de César no [[Senado romano|senado]], na qual o procônsul se declarava amigo da paz. Após uma longa lista das suas muitas ações, propôs que tanto ele como [[Pompeu]] renunciassem ao mesmo tempo aos seus cargos. O senado ocultou esta mensagem à opinião publica.<ref name= "Coment_Guerra Civil">{{Citar web |url=http://www.imperivm.org/cont/textos/txt/julio-cesar_comentarios-de-la-guerra-civil-libro-i.html | título=Gayo Julio Cesar_Comentarios da Guerra Civil_Livro Primeiro| lingua2língua= es|autor=|obra= |data=|acessodata=}}</ref> <ref name= "Prim Guerra Civil">{{Citar web |url=http://www.imperivm.org/articulos/primer-guerra-civil.html | título=Primeira Guerra CivilI| lingua2língua= es |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref>
 
[[Metelo Cipião]] ditou uma data para a qual César deveria abandonar o comando das suas legiões ou ser considerado inimigo da [[República Romana]]. A moção submeteu-se imediatamente a votação. Somente dois senadores opuseram-se, [[Caio Escribônio Curião|Curião]] e [[Marco Célio Rufo|Célio]]. Marco Antônio, como tribuno, vetou a proposta para impedir que se tornasse em lei.
Linha 91:
Após o veto de [[Marco Antônio]] à moção que obrigava a [[Júlio César|César]] abandonar o seu cargo de governador da [[Gália]], [[Pompeu]] notificou não poder garantir a segurança dos tribunos. Antônio, [[Caio Escribônio Curião|Curião]] e [[Marco Célio Rufo|Célio]] viram-se forçados a abandonar Roma disfarçados como escravos, acossados pelos bandos das ruas.
 
[[Imagem:Caesar campaigns from Rome to Zela-fr.svg|thumb|upright=1.2|esquerda|A primeira fase da guerra civil entre [[Júlio César]] e [[Pompeu]], da passagem do Rubicão a [[batalha de Zela|Zela]] ({{AC|49|x}}-{{AC|47|x}}).]]
A 7 de janeiro, o senado proclamou o estado de emergência e concedeu a Pompeu poderes excepcionais, transladando imediatamente as suas tropas para Roma. A 10 de janeiro de {{AC|49|x}}, César recebeu a notícia da concessão dos poderes excepcionais a Pompeu, e imediatamente ordenou que um pequeno contingente de tropas cruzasse a fronteira para sul e tomasse a cidade mais próxima. Ao anoitecer, com a [[Legio XIII Gemina]], César avançou até o [[Rubicão]], a fronteira natural entre a [[Província romana|província]] da [[Gália Cisalpina]] e a província da [[Itália (província romana)|Itália]] e, após um momento de dúvida, deu aos seus legionários a ordem de avançar e teria dito "''[[Alea iacta est]]''" ("A sorte está lançada").<ref group=nota>Acostuma-se acreditar que César pronunciou esta frase em latim. Originalmente é uma frase do dramaturgo ateniense [[Menandro]], um dos autores preferidos de César e pronunciou-a em [[grego antigo|grego]]. ''Pompeu, 60'' e ''César 32''.</ref> A guerra começava. Quando soube que, recusada a intercessão dos tribunos, estes tiveram de sair de Roma, mandou avançar algumas [[coorte]]s em segredo para não suscitar receios; dissimulando, presidiu um espetáculo público, ocupou-se num plano de construção para um circo de gladiadores, e entregou-se como de costume aos prazeres do festim. Mas, ao pôr-do-sol, com um pequeno acompanhamento, tomou ocultos caminhos. Ao amanhecer, encontrando um guia, prosseguiu a pé por estreitas veredas até o Rubicão, o limite da sua província, onde aguardavam as suas coortes. Deteve-se por breves momentos, e exclamou dirigindo-se aos mais próximos: {{quote2|Ainda podemos retroceder, mas se cruzarmos esta ponte, tudo terá de ser decidido pelas armas.|Suetônio, "[[Vidas dos Doze Césares]], César xxxi''}}
{{Quote2|[[Alea iacta est]].|Caio Júlio César}}
Linha 177:
 
== Guerra no Oriente ==
Após a sua derrota em [[Batalha de Farsalos|Farsalos]], Pompeu fugiu para a costa do [[mar Egeu]]. Ali fretou um barco para navegar até [[Mitilene]], onde estava a sua esposa Cornélia. Após reunir-se com ela, partiram rumo ao [[Egito (província romana)|Egito]] com uma pequena frota, com a intenção de pedir ajuda a [[Ptolomeu XIII]], o novo faraó do [[Egito]] de apenas 12 anos.
 
Um mês depois de Farsala, Pompeu chegou às costas do Egito e enviou emissários ao rei e, após uns dias aguardando ancorada frente aos bancos de areia, a 28 de setembro de {{AC|48|x}}, uma pequena barca acercou-se até os navios romanos convidando Pompeu a subir a bordo. Na outra margem aguardava [[Ptolomeu XIII]], pelo que, após despedir-se da sua esposa, Pompeu foi conduzido até a margem. Após tomar terra, um mercenário romano, o ex-[[centurião]] Aquila, desembainhou a sua espada e atravessou a Pompeu que ato seguido foi apunhalado repetidas vezes. Cornélia e o restante dos tripulantes da pequena frota observaram os acontecimentos impotentes. O cadáver de Pompeu foi decapitado, sendo o seu corpo resgatado e incinerado por um veterano de suas primeiras campanhas.
Linha 193:
| image2 = Cleopatra and Caesar by Jean-Leon-Gerome.jpg
| alt2 =
| caption2 = ''Cleópatra e César'', <small>por [[Jean-Léon Gérôme]], 1866</small>
}}
Os romanos ficaram presos em [[Alexandria]] por ventos desfavoráveis, e César começou a intervir nos assuntos do Egito. Instalou-se com as suas tropas no palácio real, um complexo de edifícios fortificados que ocupava quase uma quarta parte da cidade de [[Alexandria]]. Desde este bastião, começou a exigir grandes quantidades de dinheiro, e anunciou que gentilmente dirimiria a guerra civil entre Ptolomeu e a sua irmã. Deu a ordem de licenciar os dois exércitos em guerra, e aos irmãos de se reunir com ele em Alexandria. [[Ptolomeu XIII|Ptolomeu]] não licenciou nenhum soldado, mas foi convencido por Potino de acudir à reunião com César. Enquanto isso [[Cleópatra VII|Cleópatra]], que tinha bloqueadas as rotas à capital, ficou isolada atrás das linhas de Ptolomeu.
 
Linha 227:
=== Batalha de Tapso ===
{{AP|Batalha de Tapso}}
[[Imagem:Caesar campaigns from Rome to Thapsus-fr.svg|thumb|upright=1.2|Rota de Júlio César, de [[Roma]] até [[batalha de Tapso|Tapso]]]]
Em fevereiro de {{AC|46|x}}, após receber os reforços e a soma de duas legiões de desertores constitucionalistas, César cercou a cidade de [[Tapso]]. Os pompeanos batalharam perante as muralhas de Tapso, saindo derrotados num confronto que degenerou numa carnificina. [[Catão, o Jovem|Catão]] suicidou-se em [[Útica]] ao ter notícias da derrota ante César.
 
Linha 259:
{{AP|Batalha de Munda}}
 
[[FileImagem:Caesar campaigns from Rome to Munda-fr.svg|thumb|upright=1.2|A terceira fase na Hispânia ({{AC|45|x}}).]]
Os dois exércitos reuniram-se em Munda, perto de [[Osuna]], na Hispânia meridional. Os conservadores situaram-se numa colina facilmente defendível. Iniciada a batalha, transcorreu longo tempo sem se inclinar em favor de nenhum bando, mas finalmente as tropas conservadoras interpretaram erroneamente que Tito Labieno estava fugindo e romperam as linhas buscando refúgio na cidade de Munda. Tito Labieno faleceu no campo de batalha.
 
Linha 303:
== Cronologia ==
 
<div style="height: 220px; overflow: auto; padding: 3px; background: #ffffff; margin-bottom: 8px; border: 1px solid#ffffff; padding: 1em; padding-top: 0.5em; padding-bottom:0em;">
* '''[[52 a.C.]]'''
** Janeiro