Paulo da Grécia: diferenças entre revisões

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Em 1909, Paulo tinha sete anos quando um grupo de oficiais gregos reunidos na "Liga Militar" organizou um golpe contra o governo de seu avô, o rei Jorge I. Esse evento ficou conhecido como "[[Golpe de Goudi]]", em referência ao bairro ateniense onde se localizava o quartel sublevado. Embora se declarassem monarquistas, os membros da Liga, liderados por [[Nikólaos Zorbás]], exigiam que o soberano exonerasse seus filhos do exército. Oficialmente, os militares alegavam querer proteger a família real de ressentimentos provocados pela proximidade dos príncipes com alguns oficiais. No entanto, a realidade é que os insurgentes responsabilizavam o príncipe herdeiro Constantino pela humilhante [[Guerra Greco-Turca (1897)|derrota sofrida pela Grécia]] contra o [[Império Otomano]] em 1897 e consideravam que a família real monopolizava indevidamente os postos de comando do exército.{{sfn|Van der Kiste|1994|p=68-69}}{{sfn|Vickers|2000|p=84}}
 
Neste ambiente turbulento, os filhospríncipes dorenunciaram monarcaaos foramseus forçadospostos amilitares renunciarpara aosevitar seuso postosconstrangimento militaresde serem destituídos pelo rei.{{sfn|Van der Kiste|1994|p=69}} Alvo das críticas mais severas, Constantino e sua esposa também deixaram a Grécia com seus filhos, indo buscar refúgio juntos aos [[Casa de Hohenzollern|Hohenzollern]] na Alemanha.{{sfn|Bertin|1982|p=178}} A família passou vários meses no [[Schloss Friedrichshof|palácio]] da princesa [[Margarida da Prússia|Margarida]] – irmã mais nova da princesa Sofia – em [[Kronberg im Taunus|Kronberg]].{{sfn|Gelardi|2006|p=158}}
 
O exílio da família principesca estendeu-se até 1911, quando o novo primeiro-ministro grego, [[Eleftherios Venizelos]], reintegrou os príncipes aos seus postos no exército.{{sfn|Hourmouzios|1972|p=24}} Pouco depois, entre 1912 e 1913, eclodiram as [[Guerras Balcânicas]], ao final das quais o [[reino da Grécia]] conseguiu duplicar o tamanho do seu território. Durante esses conflitos, e apesar de contar apenas onze anos de idade, Paulo serviu pela primeira vez como cadete da marinha helênica.{{sfn|Sainz de Medrano|2004|p=94-95}}
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Ao assumir o trono após o assassinato de Jorge I em 1913, o pai de Paulo procurou manter a Grécia em posição de neutralidade durante a [[Primeira Guerra Mundial]]. O novo monarca considerava que seu país não estava preparado para participar de um novo conflito apenas um ano após o término da [[Segunda Guerra Balcânica]].{{sfn|Van der Kiste|1994|p=74-75}} Entretanto, sua ligação com o kaiser [[Guilherme II da Alemanha|Guilherme II]] - seu cunhado - e seu treinamento na Alemanha levaram os opositores de Constantino a acusá-lo de apoiar as [[Impérios Centrais|potências centrais]] e de desejar a derrota dos [[Aliados da Primeira Guerra Mundial|Aliados]]. Logo o soberano rompe com o primeiro-ministro Eleftherios Venizelos, que está convencido da necessidade de apoiar os países da Tríplice Entente para unir as minorias gregas do [[Império Otomano]] e dos [[Balcãs]] ao reino grego. Protegido pelos países da Entente - em particular pela [[França]] -, o político cretense formou em outubro de 1916 um [[Governo Provisório da Defesa Nacional|governo paralelo]] ao do monarca em [[Tessalônica]]. O centro da Grécia foi então ocupado pelas forças aliadas, levando o país à beira de uma guerra civil: o "Cisma nacional". Apesar dessas dificuldades, agravadas pelos problemas de saúde do soberano, Constantino I recusou-se a mudar sua política e enfrentou a oposição cada vez mais clara da Entente e dos venizelistas.{{sfn|Van der Kiste|1994|p=89-101}}{{sfn|Sainz de Medrano|2004|p=88}}
 
Finalmente, em 10 de junho de 1917, [[Charles Jonnart]], o Alto Comissário da Entente na Grécia, ordenou ao rei que deixasse o poder. Sob a ameaça de um desembarque de aliados no [[Pireu]], o soberano concordou em seguir para o exílio sem abdicar oficialmente. Como o acordo não visava estabelecer uma república na Grécia, um dos membros de sua família deveria sucedê-lo. NessaPor alturasua vez, o príncipe herdeiro [[Jorge II da Grécia|Jorge]] também foi considerado excessivamente [[Germanofilia|germanófilo]] por, (assim como seu pai), ter feito seu treinamento militar na Alemanha. O príncipe também era considerado um tanto flexível, apesar de ser exatamente um [[Estado fantoche|soberano fantoche]] que os inimigos de Constatino queriam levar ao trono.{{sfn| Van der Kiste|1994|p=107}}{{sfn|Sainz de Medrano|2004|p=183}}{{sfn|Vickers|2000|p=122, 148}} Após alguma hesitação, Venizelos e a Entente finalmente decidiram pelo outro irmão de Paulo, o príncipe [[Alexandre da Grécia|Alexandre]], como o novo rei dos helenos.{{sfn| Van der Kiste|1994|p=107}}
 
Assim que Alexandre subiu ao trono, em 10 de junho de 1917, a família real deixou o [[Palácio Presidencial (Atenas)|Palácio de Atenas]].{{sfn|Van der Kiste|1994|p=107-109}} No dia seguinte, eles chegaram ao pequeno porto de [[Oropo]] e seguiram para o exílio.{{sfn|Van der Kiste|1994|p=110-111}} Foi a última vez que Paulo e sua família tiveram contato com Alexandre, que passou a viver virtualmente como refém dos venizelistas.{{sfn|Van der Kiste|1994|p=117}}
 
===Um segundo exílio entre a Suíça e a Alemanha===
Depois de atravessar o [[mar Jônico]] e a Itália, Paulo e sua família estabeleceram-se na [[Suíça alemã]], primeiro em [[São Moritz]] e depois em [[Zurique]].{{sfn|Bertin|1982|p=218}}{{sfn|Sainz de Medrano|2004|p=90}} Em seu exílio, a família real logo foi seguida por quase todos os seus parentes gregos, que deixaram Atenas quando do retorno de Venizelos à frente do gabinete e da entrada do reino helênico na guerra ao lado da Entente. A situação financeira dos Oldemburgo era difícil e Constantino I, que já vivia assombrado por um profundo sentimento de fracasso, não demorou a adoecer, chegando a contrair a [[gripe espanhola]] em 1918.{{sfn|Van der Kiste|1994|p=115-116}}
 
Apesar dessas dificuldades, os antigos soberanos gregos continuaram preocupados com a educação de seu filho mais novo. Após uma nova recusa do governo britânico para integrar Paulo à [[Marinha Real Britânica|Marinha Real]], Constantino e Sofia aceitaram a proposta do kaiser Guilherme II para o ingresso do príncipe na [[Kaiserliche Marine|Marinha Imperial]]. Poucas semanas após sua chegada à Suíça, ele partiu para a Alemanha, onde se tornaria cadete.{{sfn|Hourmouzios|1972|p=33}}{{sfn|Van der Kiste|1994|p=117}}
 
[[Imagem:Map Greece expansion 1832-1947-es.svg|thumb|A expansão territorial da Grécia entre 1832 e 1947. Os territórios anexados após a [[Primeira Guerra Mundial]] aparecem em laranja e amarelo, sendo que esses últimos foram perdidos após a [[Guerra Greco-Turca de 1919–1922|Guerra Greco-Turca]].]]
 
Após várias semanas de reciclagem numa escola preparatória alemã, Paulo ingressou na Academia Naval, em [[Kiel]], onde seu treinamento seria supervisionado por seu tio, o príncipe [[Henrique da Prússia]]. No entanto, os motins que rebentaram na Marinha Imperial em novembro de 1918 provocaram o fechamento da academia, que foi abandonada por professores e alunos. À medida que a [[Revolução Alemã de 1918-1919|revolução]] se espalhava e os tronos germânicos foram sendo derrubados um após o outro, Paulo teve que retornar à Suíça. O príncipe acabou contraindo a gripe espanhola e foi com grande dificuldade que ele conseguiu encontrar sua família depois de vários dias viajando pela Alemanha.{{sfn|Sainz de Medrano|2004|p=94-95}}{{sfn|Hourmouzios|1972|p=33-35}}
 
===Sucessor de Alexandre?===
{{Artigo principal|Alexandre da Grécia}}
Com o fim da Primeira Guerra Mundial e a assinatura dos [[Tratado de Neuilly-sur-Seine|Tratados de Neuilly]] e [[Tratado de Sèvres|Sèvres]], o reino helênico conseguiu importantes aquisições territoriais na [[Trácia]] e [[Anatólia]].{{sfn|Driault, Lhéritier|1926|p=382-384}} No entanto, o país ainda estava longe de recuperar sua estabilidade após a partida de Constantino e as tensões entre Venizelos e a família real continuaram. A morte inesperada do jovem Alexandre, vítima de uma [[septicemia]] após uma mordida de macaco, causou uma séria crise institucional na Grécia.{{sfn|Van der Kiste|1994|p=125}}
 
O [[Parlamento Helénico|parlamento grego]], recusando-se a proclamar a extinção da dinastia ao confirmar a exclusão de Constantino e de seu filho mais velho da linha sucessória, foi forçado a encontrar outro candidato para suceder Alexandre. Após alguma hesitação, em 29 de outubro de 1920, o primeiro-ministro enviou o embaixador da Grécia à Suíça, no Hotel Nacional de [[Lucerna]], para encontrar-se com o príncipe Paulo. Uma vez sozinho com o jovem, o diplomata informou-o que ele era o novo rei dos helenos e que o povo o aguardava em Atenas. Um pouco desconcertado pelas notícias, o príncipe pediu ao diplomata um dia para refletir antes de responder ao anúncio do governo grego.{{sfn|Van der Kiste|1994|p=125-126}}{{sfn|Hourmouzios|1972|p=42}}
 
No dia seguinte, no entanto, Paulo enviou uma longa carta ao embaixador, na qual ele demonstrou sua recusa em ignorar as leis de sucessão à coroa. No documento, o jovem salientava que nem seu pai nem o príncipe Jorge haviam abdicado de seus direitos e que, naquelas condições, ele não poderia cingir uma coroa que não lhe pertencia legitimamente.{{sfn|Hourmouzios|1972|p=42-43}} Com o trono grego vago e a [[Guerra Greco-Turca de 1919–1922|guerra contra a Turquia]] arrastando-se desde o ano anterior, as eleições legislativas se tornaram um conflito aberto entre os aliados de Venizelos e os do ex-rei Constantino. Em 14 de novembro de 1920, os monarquistas ganharam e [[Dimítrios Rállis]] tornou-se primeiro ministro. Derrotado, o político cretense decidiu seguir para o exílio. Antes de sua partida, no entanto, ele pediu à [[Rainha viúva|rainha-viúva]] [[Olga Constantinovna da Rússia|Olga]] que aceitasse a regência até o retorno de seu filho ao trono.{{sfn|Van der Kiste|1994|p=126}}
 
{{Notas}}
 
{{Referências|col=2}}
 
== {{Ver também}} ==