Nobreza da Itália: diferenças entre revisões

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A nobreza italiana foi numerosa. Von Ranke calculava que no século XVIII havia cerca de nove mil famílias nobres na Itália, com um total estimado de 144 mil indivíduos nobres, mas ele refere que eram poucos em relação a outros estados europeus, como a [[Espanha]], que tinha uma população comparável mas quase três vezes mais nobres. Mesmo assim, sempre foi uma classe minoritária, e somente [[Milão]] na época tinha cerca de 100 mil habitantes.<ref name="Ranke"/>
 
Após a fundação do [[Reino de Itália (1861–1946)|Reino da Itália]] em 1861 toda a nobreza nacional foi submetida a um recenseamento e o estatuto foi reorganizado, passando a ser uma honra quase meramente decorativa, sem implicar em acesso ao governo e praticamente sem qualquer prerrogativa legal especial. Ao mesmo tempo, a maioria dos patriciados formais foi abolida. Neste processo de reorganização, para que as antigas famílias permanecessem na nobreza passou a ser necessário efetuarem uma requisição ao governo, que podia ou não ratificar o seu estatuto. A requisição exigia a atestação documental da outorga dos títulos e privilégios, mas como muitas famílias eram nobres há muitos séculos, às vezes há milênios, em muitos casos já haviam perdido a sua documentação primitiva, impedindo seu reconhecimento. Esta situação previsivelmente causou grande polêmica, pois afetava a maioria das famílias mais tradicionais da Itália. O recenseamento ainda não havia sido concluído quando foi proclamada a república em 1946. Com a adoção da [[Constituição da República Italiana]] em 22 de dezembro de 1947, todos os títulos de nobreza deixaram de ser legalmente reconhecidos. Alguns ''predicati'' (designações territoriais reconhecidos) antes de 1922 podiam continuar a ser anexados aos sobrenomes e utilizados em documentos legais.<ref name="Jocteau"/> Na prática, isso significava que, por exemplo, "Fulano, Duque de Algum Lugar" ou "Princesa Fulana do Reino Tal" poderiam se tornar "Fulano di Algum Lugar" ou "Fulana della Tal", respectivamente, em documentos oficiais italianos.
 
Em 1967, a Corte Constitucional estabeleceu definitivamente que a legislação heráldica-nobiliárquica do Reino da Itália não tem mais validade.<ref>{{citar web |url=http://www.cortecostituzionale.it/actionSchedaPronuncia.do?anno=1967&numero=101# |titulo=Sentença 101 de 1967|autor=<!--Staff writer(s); no by-line.--> |data=26 de junho de 1967|obra= |publicado= |acessodata= |citacao=}} </ref> Apesar disso, algumas ordens soberanas de [[cavalaria]] continuaram a conceder ou reconhecer títulos,<ref>Uberti, Pier Felice Degli. ''Ordini cavallereschi e onorificenze''. De Vecchi, 1993</ref> e várias instituições privadas, principalmente o ''Collegio Araldico'' e o ''Corpo della Nobiltà Italiana'', reivindicam modernamente continuar as funções da antiga ''Consulta Araldica'' instituída no século XIX, o organismo oficial do governo que administrava as questões da nobreza. Essas instituições não têm nenhuma representação oficial ou direitos legais para reconhecer ou conceder títulos.<ref>Valfrei, Lorenzo Caratti di. ''Araldica''. Mondadori, 2008, pp. 143-152</ref>