Golpe de Estado no Brasil em 1964: diferenças entre revisões

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Equivocadamente denominado de '''Golpe de Estado no Brasil em 1964''' designa o conjunto de eventos ocorridos em [[31 de março]] de [[1964]] no [[Brasil]], que culminaram, no dia [[1º de abril]] de 1964, com um [[golpe militar|a ocupação militar]] que encerrou o governo do presidente democraticamente eleito [[João Goulart]], também conhecido como ''Jango''.
 
Os [[Forças Armadas do Brasil|militares brasileiros]] favoráveis ao movimentogolpe e, em geral, os defensores do [[regime militar|regime]] instaurado em 1964 costumam designá-lo como "Revolução de 1964", "Contragolpe de 1964" ou "Contrarrevolução de 1964".<ref name=Defesa>[http://www.caer.org.br/portal/phocadownload/userupload/revistas/revista260/revcaer260.pdf "A Revolução de 31 de março de 1964 (Uma análise sumária de suas causas)"]. Por Manoel Soriano Neto. ''In'' ''Revista do Clube da Aeronáutica'' n° 260, p. 18.</ref><ref>{{citar jornal| último = ARRUDA | primeiro = Roldão |data= 10 de março de 2013 |titulo= Após polêmica, obra é entregue sem alarde | jornal =O Estado de S. Paulo |numero={{formatnum:43608}} |paginas= A10 |editora= S.A. O Estado de S. Paulo | local = São Paulo |issn = 15162931 |url= http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,apos-polemica-obra-e-entregue-sem-alarde-,1006802,0.htm | acessadoem= 10/3/2013}}</ref>
Todos os cinco presidentes militares que se sucederam desde então declararam-se herdeiros e continuadores da Revolução de 1964.<ref name=Dias>{{Citation | publisher = CPDOC-FGV | place = Brasil | url = http://www.fgv.br/CPDOC/BUSCA/Busca/BuscaConsultar.aspx | title = Revolução de 1964 | first = Maurício | last = Dias}}.</ref>
 
Já a [[historiografia]] brasileira recente defende a ideia de que essao ocupaçãogolpe, assim como asa ações[[Ditadura subsequentesmilitar no Brasil (1964–1985)|ditadura que se seguiu]], não devemdeve ser consideradosconsiderado como exclusivamente militar, sendo, em realidade, civil-militar.<ref name=Daniel>[http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2014/02/15/daniel-aarao-reis-as-conexoes-civis-da-ditadura-brasileira-524443.asp Daniel Aarão Reis: As conexões civis da ditadura brasileira]. Entrevista com [[Daniel Aarão Reis Filho]]. Por Leonardo Cazes. ''O Globo'',
15 de fevereiro de 2014.</ref><ref name=Bras>Vídeo: [http://tvbrasil.ebc.com.br/brasilianas/episodio/brasilianas-especial-com-daniel-aarao-50-anos-do-golpe-militar Brasilianas especial com Daniel Aarão - 50 anos do Golpe Militar. Historiador e ex-militante da luta armada defende mudanças no termo "ditadura militar"]. 7 de abril de 2014</ref><ref>{{citar web |url=http://www.jornalopcao.com.br/colunas/imprensa/historiador-diz-que-ditadura-foi-civil-e-militar |título=Historiador diz que ditadura foi civil e militar |acessodata= 22/06/2012 |autor= Euler de França Belém|obra= Jornal Opção}}</ref><ref name=BORTONE /> Segundo vários historiadores, houve apoio ao golpe por parte de segmentos importantes da [[sociedade]]: os grandes proprietários rurais, a burguesia industrial paulista,<ref>[http://oglobo.globo.com/pais/o-elo-da-fiesp-com-porao-da-ditadura-7794152 O elo da Fiesp com o porão da ditadura]. Por José Casado e Chico Otávio. ''[[O Globo]]'', 9 de março de 2013.</ref><ref>[http://www.linhadireta.org.br/noticia/p/?acao=vernoticia&id=39619 Tatiana Merlino: Fiesp e Itaú apoiaram a ditadura]. A participação de civis, em especial os empresários brasileiros, no golpe militar de 1964 e o apoio financeiro dado durante a ditadura tem sido tratada pelas Comissões da Verdade. A Comissão da Verdade de SP realizou audiências apresentando as relações da Fiesp com a ditadura e mostrando como o empresariado nacional se beneficiou do regime. Por ''Viomundo'', 9 de abril de 2014.</ref> uma grande parte das classes médias urbanas (que na época girava em torno de 35% da população total do país) e o setor conservador e [[anticomunista]] da [[Igreja Católica]] (na época majoritário dentro da Igreja) que promoveu a [[Marcha da Família com Deus pela Liberdade]], realizada poucos dias antes do golpe, em [[19 de março]] de [[1964]].<ref name="oab">{{citar web |url=http://www.oab.org.br/historiaoab/estado_excecao.htm |título= O Estado de Exceção|acessodata= 22/06/2012 |autor= |obra= História da OAB}}</ref><ref>[http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2014-03-29/golpe-de-1964-so-deu-certo-porque-militares-tiveram-apoio-da-sociedade-civil.html Golpe de 1964 só deu certo porque militares tiveram apoio da sociedade civil]. Historiadores afafirmam que Jango sofria uma campanha massiva de desestabilização anos antes do golpe com apoio de empresários, imprensa, setores da Igreja e o governo dos EUA.Por Natália Peixoto. [[iG]], 29 de março de 2014.</ref>
 
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==== Envolvimento da CIA ====
{{Mais informações|Atividades da CIA no Brasil}}
Nos telegramas abertos pelos arquivos de segurança nacional americanos, Gordon também reconhece envolvimento americano em "operações secretas de manifestações de rua pró-democracia …e encorajamento [de] sentimento democrático e anticomunista no Congresso, nas Forças Armadas, grupos de estudantes e trabalhadores pró-americanos, igreja, e empresas" e que ele "pode pedir fundos adicionais modestos para outros programas de ações secretas em um futuro próximo".<ref>[http://history.state.gov/historicaldocuments/frus1964-68v31/d187 187. Telegram From the Ambassador to Brazil (Gordon) to the Department of State] Rio de Janeiro, 28 de março de 1964. Acessado em 3 de abril de 2012</ref> Nada disso, porém, foi confirmado ao longo dos anos. Apesar de parte dos arquivos operacionais da CIA permanecem confidenciais, impedindo os historiadores de medir precisamente o envolvimento direto da CIA na ocupaçãono militargolpe<ref name="gwunsa">Kornbluh, Peter. [http://www.gwu.edu/~nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB118/index.htm#docs BRAZIL MARKS 40th ANNIVERSARY OF MILITARY COUP] GWU National Security Archive. Acessado em 3 de Abril de 2012.</ref>, um documento datado de 30 de março de 1964 revela que a CIA, com base em informações colhidas em Minas Gerais, previa o golpe em poucos dias, falando que "a revolução não será resolvida rapidamente" e "será sangrenta".<ref>{{citar web|url=http://www.gwu.edu/~nsarchiv/NSAEBB/NSAEBB118/bz04.pdf|título=CIA, telegrama da Intelligence Information sobre "Planos de conspiradores revolucionários em Minas Gerais," 30 de Março de 1964|autor=[[CIA]]|publicado=CIA|acessodata=6 de agosto de 2013|língua2=pt}}</ref>
 
== Correntes de pensamento da época ==
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Anos mais tarde o deputado [[Armando Falcão]] perguntou ao general Olímpio Mourão Filho o porquê da atitude precipitada.<ref name="História Brasileira"/> A resposta do militar divulgada pela imprensa foi: "Em matéria de política, sou uma vaca fardada."<ref>{{citar web |url=http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?id=1239628 |título=Sou uma vaca fardada |acessodata=5 de setembro de 2012 |autor=Edson Militão |coautores= |data=31 de março de 2012 |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=Gazeta do Povo |páginas= |língua= |língua2=pt |língua3= |lang= |citação= }}</ref>
 
Segundo analistas, a precipitação foi um ato temerário de falta de visão estratégica que foi largamente discutido por historiadores e pela imprensa no sentido de que se houvesse reação poderia ter causado uma guerra civil no Brasil. Para tal bastaria que Goulart tivesse uma parcela de apoio de outros segmentos das Forças Armadas leais à [[Constituição do Brasil|Constituição Brasileira]], entre elas o general [[Armando de Moraes Âncora]]. Tal fato não aconteceu, principalmente em virtude da explícita orientação comunista de Jango, abominada pela quase totalidade dos militares. Aqueles que porventura lhe deram apoio, tinham fortes interesses pessoais.
 
=== A imprensa ===
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=== A união das tropas ===
O II Exército era comandado pelo general [[Amaury Kruel]], que, em contato telefônico com o presidente, recebeu um pedido de apoio para pôr fim ao avanço. Kruel impôs a condição do fechamento do [[Comando Geral dos Trabalhadores|CGT]] e a prisão de seus dirigentes para apoiar Jango, no que teve a negativa do governante. Então suas tropas se dirigiram para o [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]] pela [[Via Dutra]], onde foram interceptadas pelo general [[Emílio Garrastazu Médici]], que estava com os cadetes da Academia Militar das [[Academia Militar das Agulhas Negras|Agulhas Negras]] à sua frente.
 
No dia 1º de abril de 1964 houve uma reunião entre Âncora e Kruel, que, convencidos por Médici, se uniram de fato aos demais militares. Durante as negociações, foi decidida a união das tropas.
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O Congresso Nacional, em [[Eleição presidencial no Brasil em 1964|eleição no dia 11 de abril de 1964]], elegeu Presidente da República o marechal [[Humberto de Alencar Castelo Branco|Castelo Branco]], então Chefe do Estado-Maior do Exército, que recebeu 361 votos contra 72 abstenções, 37 faltas, 3 votos para [[Juarez Távora]] (militar deputado federal do [[Estado da Guanabara]] pelo [[Partido Democrata Cristão (1945–1965)|PDC]]) e 2 votos para [[Eurico Gaspar Dutra]] (militar ex-presidente do Brasil, filiado ao [[Partido Social Democrático (1945–2003)|PSD]]). Como Vice, foi eleito o deputado federal pelo [[Partido Social Democrático (1945-2003)|PSD]] [[José Maria Alkimim]], secretário de finanças do governo de [[Minas Gerais]], que recebeu 256 votos no 2º escrutínio, praticamente sem oposição, uma vez que Moura de Andrade desistiu da disputa.<ref name=":2">[http://imagem.camara.gov.br/dc_20.asp?selCodColecaoCsv=J&txPagina=97&Datain=12/04/1964#/ Ata da 3.ª sessão conjunta, da 2.ª sessão legislativa ordinária, da 5.ª legislatura, em 11 de abril de 1964]. Coleção de Anais da Câmara dos Deputados - 12/04/1964. camara.gov.br. Consultado em 10/01/2017.</ref>
 
Os participantes do Congresso Brasileiro criaram, assim, condições para o saneamentogolpe políticomilitar doe paísa ditadura que se seguiria.
 
=== Jango vai embora do Brasil ===
Consta que Darcy Ribeiro tentou convencer o presidente a resistir.<!--dead link<ref>[http://www.saoborja.com.br/jango/]</ref> --> Darcy considerava que o governo deveria resistir usando a aviação, comandada pelo brigadeiro Teixeira, para conter as tropas de Olímpio Mourão Filho, composta de recrutas desarmados, e os fuzileiros, comandados pelo [[contra-almirante]] Aragão, que poderiam então prender Carlos Lacerda e Castello Branco.{{Carece de fontes|data=dezembro de 2012}}
 
Sugere-se que Goulart se recusou a resistir pois fora informado que seusos adversáriosgolpistas tinham o apoio da armada americana, que estava se encaminhando para o Brasil, o que poderia conflagrar uma [[guerra civil]]. Nada disso foi confirmado. João Goulart tinha o apoio do III Exército comandado pelo general [[Ladário Teles]], e de Leonel Brizola, seu cunhado e político, com forte pendor socialista. Porém decidiu ir embora do Brasil, ciente de que estava contrário aos anseios de toda a nação brasileira. A partir de então teria surgido uma dura inimizade entre Brizola e João Goulart, que perduraria até 1976.{{Carece de fontes|data=dezembro de 2012}}
 
O general [[Argemiro de Assis Brasil]] foi figura determinante na fuga de Jango do país durante o golpe, pois protegeu-o e à sua família, guiando-o em segurança para o Uruguai. Ao se apresentar às autoridades que assumiram oao poder, o general foi preso, processado e sua carreira profissional interrompida, sendo considerado traidor. Perante o Exército Brasileiro o general Assis Brasil passou a ser considerado morto.{{Carece de fontes|data=dezembro de 2012}}
 
'''<big>=== Consolidação do regime</big>''' militar ===
O jornal ''Última Hora'' e a sede da [[UNE]] foram destruídos por militantes de Lacerda., Muitasmuitas das organizações que apoiavam Jango tiveram seus líderes presos e perseguidos empela funçãoditadura dae manutençãomuitas dadas ordemorganizações que apoiavam Jango tiveram seus líderes perseguidos e presos.{{Carece de fontes|data=dezembro de 2012}}
 
À imediata imposição de um estado de exceção, com a suspensão dos [[direitos civis]], seguiu-se a instauração de umuma forte regime[[ditadura militar]], política e economicamente alinhadoalinhada aos Estados Unidos{{Carece de fontes|data=dezembro de 2012}} - o que, segundo o novo governo, era primordial para a [[modernização]] do Brasil. A frase "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil" resumia uma espécie de doutrina vigente.<ref>A frase é atribuída a [[Juracy Magalhães]], embaixador do Brasil nos EUA, no governo Castelo Branco. Ver CPDOC-FGV. Dossiê: ''A Era Vargas: dos anos 20 a 1945''. [http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/juraci_magalhaes Biografia de Juraci Magalhães.]</ref>
O jornal ''Última Hora'' e a sede da [[UNE]] foram destruídos por militantes de Lacerda. Muitas das organizações que apoiavam Jango tiveram seus líderes presos e perseguidos em função da manutenção da ordem.
 
À imediata imposição de um estado de exceção, com a suspensão dos [[direitos civis]], seguiu-se a instauração de um forte regime militar, política e economicamente alinhado aos Estados Unidos{{Carece de fontes|data=dezembro de 2012}} - o que, segundo o novo governo, era primordial para a [[modernização]] do Brasil. A frase "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil" resumia uma espécie de doutrina vigente.<ref>A frase é atribuída a [[Juracy Magalhães]], embaixador do Brasil nos EUA, no governo Castelo Branco. Ver CPDOC-FGV. Dossiê: ''A Era Vargas: dos anos 20 a 1945''. [http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/juraci_magalhaes Biografia de Juraci Magalhães.]</ref>
 
== Base de apoio militar ==
O movimento político militar de 1964 foi umaum mudança repentina na sede do poder instituído, com o apoiogolpe de inúmeros segmentos sociaisestado, portanto não somente militar. O [[Congresso]] e a [[sociedade civil]] tiveram sua parcela de responsabilidade aceitando oso rumospatrocínio do processo, com entusiasmofinanceiro e alegria,logístico conforme atestam os jornaisdos daEstados épocaUnidos. A "Operação Brother Sam", conforme amplamente divulgado pela própria imprensa nacional e estrangeira, teve papel importante em respaldar a "Operação Popeye", deflagrada por Olímpio Mourão Filho. O [[National Security Archive]], entidade de pesquisa e divulgação de documentos secretos do governo norte-americano, por ocasião dos quarenta anos dado açãogolpe militar, divulgou documentos (em [[domínio público]]) do primeiro escalão do governo norte-americano da época.
 
Segundo os arquivos, para o presidente Lyndon Johnson o que estava em jogo era o confronto global entre o comunismo soviético e a democracia. Por essa razão Johnson estava disposto a fazer o que fosse preciso para ajudar o movimento que derrubou João Goulart. Não foi necessário.
 
A embaixada e os consulados norte-americanos no Brasil tinham agentes da CIA encarregados de levantar informações sobre as atividades de comunistas e militares no Brasil.
 
Segundo matéria da revista ''[[Veja]]'', em sua edição {{formatnum:1848}}, de 7 de abril de 2004, "os militares e empresários que conspiravam contra Jango tinham o hábito de pedir apoio aos americanos para suas aspirações golpistas, revela um relatório de Lincoln Gordon de 27 de março de 1964. (…) Uma nova leva de papéis foi publicada na semana passada no site do National Security Archive". Essas alegações não encontraram fundamento comprovado.
 
=== A quebra da hierarquia ===
Uma justificativa apresentada à opinião pública pelos militares após a revolução era a de que este era um movimento político militar para derrubar Jango e restabelecer a [[hierarquia militar (Brasil)|hierarquia militar]] vertical abalada nas Forças Armadas, pelo apoio do presidente da República à luta emancipatória dos sargentos e marinheiros, que queriam candidatar-se a [[cargos públicos]]. Este era "ato considerado irregular pela própria legislação e pela Constituição vigente". Também afirmavam que queriam evitar a contaminação das doutrinas de esquerda no Brasil pelos chineses, cubanos e soviéticos. Afirmavam ainda que a finalidade do golpe foi também controlar a [[inflação]] e colocar o país "nos eixos, como de fato, posteriormente aconteceu".
 
O golpe de 1964 se transformou numa sucessão de atos institucionais, mas também de construções de grandes obras. A modernização elevou o país como uma das grandes economias mundiais. As incertezasdívidas egeradas faltapelas defamosas seriedade"obras com o bem públicofaraônicas", apósao ofinal regimeda militar[[ditadura]], provocaramgeraram uma inflação galopante que levaram o Brasil a um período conhecido posteriormente como "[[A década perdida]]".<ref name="DP 01">{{citar web | autor=| titulo=Os anos 80 no Brasil: aspectos políticos e econômicos| publicado = Brasil Escola| url=http://www.brasilescola.com/sociologia/os-anos-80-no-brasil-aspectos-politicos-economicos.htm| formato= | acessodata=24 de novembro de 2013}}</ref>
 
=== As promessas ===
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Segundo a [[Fundação Getúlio Vargas]]:
* "(sic) …o golpe militar foi saudado por importantes setores da sociedade brasileira. Grande parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, da [[Igreja católica]], vários governadores de estados importantes (como [[Carlos Lacerda]], da Guanabara, Magalhães Pinto, de Minas Gerais, e Ademar de Barros, de São Paulo) e amplos setores de classe média pediram e estimularam a intervenção militar, como forma de pôr fim à ameaça de esquerdização do governo e de controlar a crise econômica."
* A posição da imprensa não deixava dúvidas quanto ao apoio popular.
 
ÀNo pensamento vigente da época, o Brasil estava perdido em greves, "baderna", corrupção, "roubalheira" e inflação, portanto haveria que ser feito algo urgente para restabelecer auma suposta ordem democrática.
 
A [[propaganda institucional]] (ver IPES) era farta. A sociedade estava dividida pela ideologia.
 
É alegado que qualquer que fosse a direção tomada, fatalmente o Brasil seria uma ditadura, ou de esquerda, ao estilo soviético, chinês, ou cubano, ou de direita, como tantas outras que floresceram na América Latina.
 
Assim, houve a ditadura de direita, alinhando-se ao bloco liderado e financiado pelos Estados Unidos.
 
== Após o golpe de 1964 ==
Logo após a açãoo militargolpe de 1964, em seus primeiros 4 anos, oa regimeditadura foi endurecendo e se fechando o regime aos poucos. Vieram os [[atos institucionais]], instrumentosartificialismos criados para coibirdar açõeslegitimidade políticasjurídica oua subversivasações políticas contrárias à Constituição Brasileira de 1946, culminando numa ditadura. O período compreendido entre 1968 e 1975 foi determinante para a nomenclatura histórica conhecida como "[[Anos de chumbo (Brasil)|anos de chumbo]]", por aqueles que preferem identificar o rigorismo do regime, sem levar em conta o enorme progresso alcançado pelo Brasil, no cenário internacional.
 
Dezoito milhões de eleitores brasileiros sofreram das restrições impostas por seguidos atos institucionais que ignoravam e cancelavam a validade da [[Constituição Brasileira]], criando um estado de exceção, suspendendo a democracia.
 
Querendo impor ordem eum progressomodelo social, político e econômico para o Brasil, oa regimeditadura militar proporcionouno entanto tentou forjar um ambiente democrático, e não se destacou por um governante definido ou personalista. Durante sua vigência, a ditadura militar não era oficialmente conhecida por este nome, mas pelo nome de "Revolução" e seus governos eram considerados "revolucionários". A visão crítica do regime só começou a ser permitida a partir de 1974, quando o general Ernesto Geisel determinou a abertura lenta e gradual da vida sócio-política do país, comprovando tratar-se de regime rigoroso, mas jamais ditatorial.
 
AO revoluçãogolpe também foi recebidarecebido com alívio pelo governo norte-americano, satisfeito de ver que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba, onde a guerrilha liderada por Fidel Castro havia conseguido tomar o poder. Os Estados Unidos acompanharam de perto a conspiração e o desenrolar dos acontecimentos, principalmente através de seu embaixador no Brasil, [[Lincoln Gordon]], e do [[adido militar]], [[Vernon Walters]], e haviam decidido, através da secreta "Operação Brother Sam", dar apoio logístico aos militares golpistas, caso estes enfrentassem uma longa resistência por parte de forças leais a Jango. Em 31 de março, a Casa Branca ordenara o deslocamento do porta-aviões "Forrestal" e de uma força-tarefa para a área oceânica nas vizinhanças de [[Santos]]. No dia 1º, ''[[The New York Times]]'' anunciava em sua primeira página, num artigo de 1.039 palavras: "Região militar no Brasil se rebela contra Goulart".<ref>[http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0104200426.htm 1964 - 40 ANOS DO GOLPE - 2004. O dia em que o Brasil acordou numa ditadura. Em 1º de abril de 64, Jango não agiu e, com apoio do governo dos EUA, militares tomaram o poder.] Por Sérgio D'Ávila. Folha de S.Paulo, 1º de abril de 2004.</ref>
 
=== Correntes ideológicas militares ===
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=== Beneficiados ===
Entre os que apoiariam ao açãogolpe militar, havia muitos especuladores de capital, banqueiros, jornalistas, [[Latifúndio|grandes latifundiários]], setores da indústria mecânica, construção civil, e principalmente políticos oportunistas, masque otrocavam maisde importante,partido oindependente da povosua emorientação geralideológica.<ref name="Scocuglia">{{citar web|url=http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/artigos_pdf/Afonso_Celso_Scocuglia_artigo.pdf |título=Goulart e o Golpe de 1964: por uma nova historiografia |publicado= UNICAMP |autor=SCOCUGLIA, Afonso Celso}}</ref>
 
A capa do jornal O Globo, edição de 1º de abril de 1964, por exemplo, traz elogios rasgados em favor da ação militar e da recuperação dos destinos do país.
 
DeOs certamaiores forma,financiadores osdo rumosgolpe políticosforam donotadamente paísas atendeugrandes aos[[oligarquia]]s do Brasil, interessesalém das multinacionais e do próprio governo estadunidense.<ref>{{citar web|url=http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/4786/joao_goulart_inacio.pdf?sequence=1 |título=Porque Jango não reagiu? O dilema final do governo deposto em 1964 |publicado=Biblioteca Câmara}}</ref>
 
O IPES, principal órgão de suporte ideológico do golpe, tinha como maiores financiadores seis empresas: [[Refinaria União]], Construtora Rabelo, [[Light (Rio de Janeiro)|Light]], Cia Docas de Santos, [[Icomi]], [[Listas Telefônicas Brasileiras]], além de trezentas empresas norte-americanas de menor porte.<ref name="BORTONE">{{citar web|url=http://www.encontro2012.historiaoral.org.br/resources/anais/3/1340390866_ARQUIVO_IPES.pdf |título=O envolvimento do IPES nas relações entre o regime civil-militar e a sociedade |autor=BORTONE, Elaine de Almeida |publicado=Encontro de História Oral 2012}}</ref>
 
=== Milagre econômico ===