Ascomycota: diferenças entre revisões

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Os '''ascomicetos''' são [[fungos]] do filo '''Ascomycota''' ([[Língua grega antiga|grc.]] άσκός= tubo; μύκης= fungo) que produzem seus [[esporo]]s (ascósporos) em [[esporângio]]s específicos chamados [[Asco (fungos)|ascos]]. É um grupo [[monofilético]] de cerca de 32.300 espécies, ao qual pertencem inclusive a maioria das formas anamórficas, [[levedura]]s e formas [[liquen]]izadas. Este grupo engloba também a maioria dos [[fungos]] [[patogênico]]s para as plantas.
 
Na maioria das espécies, os ascos estão contidos numa estrutura chamada de ascoma. Cada asco produz oito ascósporos (ou um múltiplo de 8), que resultam de uma [[meiose]] seguida de uma [[mitose]], embora ascos com quatro esporos sejam característicos de algumas espécies.
 
A maioria dos ascomicetos possui sistema somático filamentoso, ou seja, são constituídos por [[hifa]]s, formadas por filamentos longos e ramificados que, em conjunto com outras hifas formam o micélio. As hifas são tipicamente constituídas por uma parede tubular contendo [[quitina]] e β-Glicanos e são dividas por septos regulares, dotados de poros simples. Septos sem poros podem ser formados na base de estruturas reprodutivas, para isolar porções velhas do micélio ou partes lesionadas, para evitar de perda de [[citoplasma]] no caso de haver algum dano ou ruptura da membrana celular. Muitas das células são perfuradas centralmente, o que permite que o citoplasma e os núcleos circulem pelas hifas, embora a maioria das células possua um único núcleo<ref>[{{citar web | url=http://www.infoescola.com/biologia/classe-ascomycetes-ascomicetos/ | título=InfoEscola.com -Ascomicetos] }}</ref>.
 
== Espécies==
 
Em ''Ascomycota'', ocorrem grupos microscópicos, como são os casos das leveduras e dos estados anamórficos (também conhecidos como fungos filamentosos), macroscópicos, e formas liquenizadas<ref>CAPELARI, M.; GUGLIOTTA, A. M. ; FIGUEIREDO, M. B. O estudo de [[fungos]] macroscópicos no Estado de São Paulo. In: JOLY, C. A. ; BICUDO, C. E. M (Eds.). Biodiversidade do Estado de São Paulo. São Paulo: FAPESP, 1998. p. 9-35</ref>. De acordo com Hawksworth, em 1983<ref>Hawksworth, D.L., Sutton, B. C. & Ainsworth, G. C. 1983. Ainsworth & Bisby’s Dictionary of the fungi. 7. ed. Kew, Commonwealth Mycological Institute. 412p</ref>, ocorreriam 2.720 gêneros e 28.650 espécies de fungos no [[Filo]] ''Ascomycota'', número este que foi aumentado para 32.267 espécies em 1995, incluindo os fungos liquenizados <ref>Hawksworth, D.L.; Kirk, P.M., Sutton, B.C. & Pegler, D.N. 1995. Ainsworth & Bisby's Dictionary of the Fungi. 8th. edn, CAB International, Wallingford, UK, 616 pp</ref>. No Brasil, não é possível listar-se o número total de ''Ascomycota'', mas em relação a [[liquens]] e fungos liquenizados, Marcelli (2005)<ref>Marcelli, M.P. 2005. Checklist of Brazilian lichens. Publicação na Internet, pela Universität Hamburg - Institut für Allgemeine Botanik, dentro do programa South American Lichens Online, http://www.rra.unihamburg.de/biologie/ialb/herbar/brazi_f2.htm. Acesso em 06.2011.</ref> listou aproximadamente 2.300 espécies, número este que atualmente foi ampliado para 2.851 espécies [http://www.biologie.uni-hamburg.de/checklists/lichens/south-america/brazil_checklists_switch.htm link 1]; e, em [[Mato Grosso do Sul]], tem-se listados, um número exato de 108 espécies ([http://www.biologie.uni-hamburg.de/checklists/lichens/south-america/brazil_mato-grosso-do-sul_l.htm link 2]).
 
[[Ficheiro:Green macro.jpg|400x200px|thumb|Fungo liquenizado com talo fruticoso do gênero ''Usnea''.]]
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== Conhecimento dos Ascomycetes no Brasil ==
 
De forma geral, Ascomycetes (termo que hoje se encontra em desuso, sendo correspondente a “Ascomicetos”) representa um grupo pouco estudado no [[Brasil]]. Nas décadas de 70 e 80, trabalhos de campo pela região amazônica brasileira, colombiana e venezuelana, resultaram em numerosas descrições de táxons <ref name="Rodrigues-Heerklotz">Rodrigues-Heerklotz, K.F.; Pfenning, L. - Diversidade no Reino Fungi: Ascomycota – Ascomycetes;</ref>.
 
Em regiões tropicais, formações vegetais do tipo [[Cerrado]] tem sido alvo de intensas pesquisas, devido à sua vasta [[biodiversidade]]. Esta formação é ainda pouco conhecida em relação aos fungos, embora apresente uma flora substancial <ref>Viégas, A. P. Alguns fungos do cerrado. Bragantia 3: 49-72, fig. 1-15, est. 1-9, 1943</ref>. A diversidade fúngica nessa região foi discutida por Dianese et. al., (1997)<ref>DIANESE, J.C., MEDEIROS, R.B. & SANTOS, L.T.P. Biodiversity of microfungi found on native plants of the Brazilian Cerrado. In: Kevin D. Hyde (Ed.). Biodiversity of Tropical Microfungi. Hong Kong University Press. 1997. pp. 367-417.</ref>, enfatizando especialmente os'' Ascomycetes''.<ref name="Rodrigues-Heerklotz" />
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== Importância ==
[[Ficheiro:Roquefort cheese.jpg|200x300px|thumb|Queijo roquefort]]Alguns fungos do filo Ascomycota são utilizados para produção de alguns alimentos, como por exemplo o [[queijo Roquefort]].
Como na maioria dos fungos, os Ascomycetes têm um papel mais importante no [[ecossistema]], o de [[decomposição]] de moléculas orgânicas complexas, liberando componentes inorgânicos, que serão reutilizados por vegetais.<ref name="Rodrigues-Heerklotz" /> Se presentes em água como saprófitos, podem consumir quase todo o substrato carbonado, incluindo combustível de avião (''Amorphotheca resinae'') e tinta de parede (''Aureobasidium pullulans'') e desempenhar o seu papel mais importante na reciclagem de material morto.<ref name="Agrios">Agrios, G. N. 1988. Plant Pathology, third edition. Academic Press, San Diego;</ref> Alguns Ascomycota (''Ceratocystis'' e ''Ophiostoma'') formam associações simbióticas com uma variedade de [[artrópodes]], onde podem traçar linhas, em galerias subterrâneas de certos artrópodes, como [[coleópteros]] ([[besouros]]), e fornecer alimentação para as larvas em desenvolvimento. Em contrapartida, os besouros mantêm uma cultura pura do fungo, e a transportam para galerias recém-criadas<ref> [http://www.tolweb.org]</ref>.
 
[[Ficheiro:Trufa terra.jpg|180x240px|thumb|As trufas verdadeiras são fungos pertencentes ao filo ''Ascomycota''.]]
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Uma equipa de investigadores liderada por [[David S. Hibbett]] subdividiu em 2007 a divisão Ascomycota da seguinte forma:<ref name="Hibbett2007">
{{citar livro
{{Literatur
| Autorautor = David&nbsp;S. Hibbett, Manfred Binder, Joseph&nbsp;F. Bischoff, Meredith Blackwell, Paul&nbsp;F. Cannon, Ove&nbsp;E. Eriksson, Sabine Huhndorf, Timothy James, Paul&nbsp;M. Kirk, Robert Lücking, H.&nbsp;Thorsten Lumbsch, François Lutzoni, P.&nbsp;Brandon Matheny, David&nbsp;J. McLaughlin, Martha&nbsp;J. Powell, Scott Redhead, Conrad&nbsp;L. Schoch, Joseph&nbsp;W. Spatafora, Joost&nbsp;A. Stalpers, Rytas Vilgalys, M.&nbsp;Catherine Aime, André Aptroot, Robert Bauer, Dominik Begerow, Gerald&nbsp;L. Benny, Lisa&nbsp;A. Castlebury, Pedro&nbsp;W. Crous, Yu-Cheng Dai, Walter Gams, David&nbsp;M. Geiser, Gareth&nbsp;W. Griffith, Cécile Gueidan, David&nbsp;L. Hawksworth, Geir Hestmark, Kentaro Hosaka, Richard&nbsp;A. Humber, Kevin&nbsp;D. Hyde, Joseph&nbsp;E. Ironside, Urmas Kõljalg, Cletus&nbsp;P. Kurtzman, Karl-Henrik Larsson, Robert Lichtwardt, Joyce Longcore, Jolanta Miądlikowsk, Andrew Miller, Jean-Marc Moncalvo, Sharon Mozley-Standridge, Franz Oberwinkler, Erast Parmasto, Valérie Reeb, Jack&nbsp;D. Rogers, Claude Roux, Leif Ryvarden, José Paulo Sampaio, Arthur Schüßler, Junta Sugiyama, R.&nbsp;Greg Thorn, Leif Tibell, Wendy&nbsp;A. Untereiner, Christopher Walker, Zheng Wang, Alex Weir, Michael Weiß, Merlin&nbsp;M. White, Katarina Wink, Yi-Jian Yao, Ning Zhang
| Titeltitulo = A higher-level phylogenetic classification of the Fungi
| Seitenpágina = 509-547
| Sammelwerkobra = Mycological Research
| Bandvolume = 111(5)
| Verlageditora = British Mycological Society
| Jahrdata = 2007
| DOIdoi = 10.1016/j.mycres.2007.03.004
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|}} Online={{Webarchiv | url=http://ddr.nal.usda.gov/bitstream/10113/13226/1/IND44044516.pdf | wayback=20101122044440 | text=PDF; 1,01&nbsp;MB}}
}}
</ref>
 
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==Metodologia==
As coletas de Ascomycetes são feitas com o auxílio de uma faca comum, removendo-os de substratos lenhosos e, em seguida, devem ser ensacadas em papel pardo, com o devido registro do substrato, e secas para serem conservadas o mais intactas possível, sendo posteriormente colocadas em um freezer (-18&nbsp;°C), para esterilização, antes de proceder à triagem e identificação. Para isso, os espécimes devem ser analisados em lupa, para observação de caracteres macroscópicos, tais como estruturas vegetativas e de reprodução e, cortes longitudinais e transversais dos ascomas devem ser feitos, para observação dos caracteres microscópicos<ref name="Benatti">Benatti, M.N.; Marcelli, M.P. - Gêneros de fungos liquenizados dos manguezais do Sul-Sudeste do Brasil, com enfoque no manguezal do Rio Itanhaém, Estado de São Paulo - Acta bot. bras. 21(4): 863-878. 2007</ref>.
 
No caso dos Ascomycota liquenizados análises químicas com os testes de coloração K (KOH), C (NaClO) e KC (combinação dos dois reagentes) também devem ser feitas, para evidenciar substâncias de importância taxonômica presentes nos talos, e o teste I ([[Iodo]]) para averiguar a presença de substâncias amiloides nos himênios dos apotécios. Por fim, os dados conseguidos devem ser usados para as determinações dos gêneros, com o auxílio de chaves dicotômicas e comparações bibliográficas.<ref name="Benatti" />