Manco Capac II: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m rm link para a própria página, outros ajustes usando script
m ajustes usando script
Linha 22:
'''Manco Inca Yupanqui''' ( também conhecido como '''Manco Capac II''', [[1533]]-[[1536]]).<ref>Julio Villanueva Sotomayor, (2002). ''El Perú en los tiempos modernos''. {{es}} Lima: Empresa periodística Nacional p.62 </ref> foi o primeiro dos quatro incas rebeldes de [[Vilcabamba]]. Ele escapou dos exércitos de [[Atahualpa]] em [[Cusco]] e ofereceu ajuda para os conquistadores espanhóis acreditando que iria ser libertada das "forças do mal de Quito." <ref name=a> Víctor Angles Vargas, (1988) ''Historia del Cusco incaico'' (Tercera edición) {{es}}. Lima: Industrial gráfica, pp.124-125 </ref>
 
Foi nomeado [[imperador Inca]] , mas depois de vários abusos cometidos contra ele e seu povo decidiu fugir e se tornou um rebelde. <ref> Pedro Felipe Cortazar (1968). ''Documental del Perú: Cusco''. {{es}} Lima: IOPPE, p.149 </ref> Em [[1536]] quase consegue libertar ''Cusco'' e expulsar os espanhóis da cidade,<ref> Sotomayor, ''El Perú en los tiempos modernos'' p. 64 </ref> mas por fim teve que refugiar-se em [[Vilcabamba]] pois suas tropas já estavam cansadas. Foi assassinado em [[1544]], esfaqueado por um grupo de sete espanhóis [[Diego de Almagro, o Velho|almagristas]].
 
== Origem e entronização ==
Linha 35:
|Pedro Sánchez de la Hoz}}
 
Na manhã de sábado, [[15 de novembro]], dia de [[Papa Eugênio I|Santo Eugênio]], tropas hispânicas-cusquenses entraram na capital (Cusco) pela colina de ''Carmenca'' (atual ''distrito de Santa Ana''), em seguida, por uma estrada que vai até um rio, depois batizado de ''beco da Conquista'' ou ''rua dos conquistadores''.  Após saquear a ''Coricancha'', templos e palácios mais importantes de Cusco, ''Francisco Pizarro'' coroou ''Manco Inca'' como ''Sapa Inca''. <ref name=b/>
 
== Sob a vassalagem espanhola ==
[[Ficheiro:Inca-españoles.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|Tropas do general atahualpista ''Quizquiz'' enfrentam o exército combinado de ''Manco Inca'' e ''Pizarro''. Mural de ''Juan Bravo'' em Cusco.]]
Uma vez nomeado, ''Pizarro'' pediu a ''Manco Inca'' que organizasse um exército para combater as tropas do general ''Quizquiz'' estacionadas em ''Cusco''. Pizarro afirmou que iria apoiá-lo com cavalos e soldados espanhóis. <ref name=a/> Espiões informaram a ''Manco Inca'' sobre as intenções das tropas de ''Quizquiz'' atacarem [[Jauja]], e este enviou seu exército, sob o comando de seu irmão [[Paullu Inca]]. Após a batalha, ''Quizquiz'' e seus guerreiros foram forçados a retirar-se para [[Tarma]]. Em ''Tarma'' também foram expulsos pois seus habitantes eram huascaristas. Finalmente, ''Quizquiz'' foi assassinado por um nobre simpatizante dos espanhóis. <ref> Sotomayor, ''El Perú en los tiempos modernos'' p. 50</ref> Finalizada a guerra contra aqueles que eliminaram a sua panaca esperava-se que existisse harmonia entre os incas e os espanhóis, a realidade foi diferente. O novo monarca logo percebeu o grande erro de confiar nos hispânicos por uma série de razões:</br>
1- Mesmo estando no palácio de seus ancestrais, ''Manco Inca'' não poderia reinar.</br>
2- ''Manco Inca'' não poderia receber seus súditos sem ser vigiados.</br>
3- ''Manco Inca'' não podia circular livremente em ''Cusco''.</br>
4- ''Manco Inca'' começou a perceber os abusos cometidos pelos espanhóis contra mulheres nobres, do povo e virgens do sol.</br>
5- Zombavam de ''Manco Inca'' com piadas muito pesadas.</br>
6- ''Manco Inca'' foi, desde o início, um refém dos conquistadores, chegando a ser aprisionado duas vezes.</br>
Por essas e outras razões ''Manco Inca'' procurou se livrar da influência espanhola. No entanto os seus planos foram descobertos e foi feito prisioneiro em meados de [[1535]].
 
Linha 52:
 
== Cerco de Cusco ==
''Hernando Pizarro'', depois de perceber seu erro, liderou uma expedição contra o exército de ''Manco Inca'', que estava reunido no vizinho ''Vale de Yucay''. Este ataque foi um fracasso porque os espanhóis subestimaram o tamanho do exército de ''Manco Inca''. ''Manco'' não atacou ''Cusco'' diretamente, mas esperou até que conseguisse reunir todo o seu exército estimado entre 100.000 e 200.000 soldados. O que conseguiu fazê-lo em [[3 de maio]] de [[1536]], de acordo com a cronologia estabelecida pelo historiador ''José Antonio del Busto'',<ref> José Antonio del Busto Duthurburu, ''La conquista del Perú''. Colección de obras escogidas de José Antonio del Busto. {{es}} Lima, Empresa Editora El Comercio, 2011. p.132 ISBN 9786123060770</ref> começou o cerco de ''Cusco'' contra as tropas espanholas compostas de 190 espanhóis (80 deles a cavalo) e um alguns milhares de guerreiros autóctones. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=hGZ1AAAAMAAJ&q=6+May+1536+Cuzco&dq=6+May+1536+Cuzco&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwjx8P_er-HVAhUBEJAKHW3cAY8Q6AEIRjAE|título=Iberia and the Americas: culture, politics, and history : a multidisciplinary encyclopedia|ultimo=Francis|primeiro=John Michael|data=2006|editora=ABC-CLIO, p. 324|lingua=en|isbn=9781851094219}}</ref>
 
''Manco Inca'' dividiu seu exército em quatro corpos: as tropas do [[Chinchaysuyo]] foram conduzidos pelos generais ''Coyllas'', ''Osca'', ''Curi Atao'' e Taype ; as tropas do [[Collasuyo]], as mais numerosas, foram lideradas pelo general ''Lliclli''; as do [[Contisuyo]], pelos generais ''Sarandaman'', ''Huaman Quilcana'' e ''Curi Huallpa''; e as do [[Antisuyo]], constituídas principalmente por arqueiros e [[Zarabatana|zarabataneiros]],eram comandadas pelos generais ''Rampa Yupanqui'' e ''Anta Allca''.
Linha 67:
A luta foi tão tenaz quanto árdua e prolongou-se por 10 dias. Durante a luta foram presos os irmão do monarca ''Inguill'' e ''Huaspar'' e apesar das súplicas de sua esposa-irmã ''Coya Curi Ocllo'' os decapitou, dizendo: "é mais justo eu cortar suas cabeças do que eles levarem a minha." <ref name=e>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=q2vlQRf5BNIC&pg=PA35#v=onepage&q&f=false|título=Elites indígenas en los Andes: nobles, caciques y cabildantes bajo el yugo colonial|ultimo=Cahill|primeiro=David Patrick|ultimo2=Tovías|primeiro2=Blanca|data=2003|editora=Editorial Abya Yala, p. 35|lingua=es|isbn=9789978222935}}</ref>
 
Após ''Inguill'' e ''Huaspar'' serem executados, os espanhóis conseguem capturar a fortaleza. Cercado pelo inimigo, ''Manco Inca'' saltou para o rio e nadou até a margem oposta, mas ao final da batalha ''Coya Curi Ocllo'' e o general ''Cusi Rimanchi'' foram capturados. <ref name=e/>
 
Os vencedores partiram imediatamente para ''Cusco'' e, enquanto descansavam em ''Pampacona'', alguns queriam estuprar a ''Coya'' mas esta se defendeu cobrindo-se com excrementos, evitando assim que o abuso fosse consumado. Chegando na aldeia de ''Tambo'', os espanhóis resolveram matá-la com disparos de flechas. <ref name=e/> Nesta ocasião também foram queimados vivos o herói ''Villac Umu'', os generais ''Tisoc'', ''Taipi'', ''Tangui'', ''Huallpa'', ''Urca Huaranga'' e ''Atoc Supi''; dias depois, em ''Yucay'', os espanhóis queimaram ''Ozcoc'' e ''Atao Curi'', líderes da rebelião em maio de [[1539]].
Linha 76:
No início de [[1545]] (alguns dizem que foi no final de ''1544''), ''Alonso de Toro'' , vice-governador de ''Cuzco'' ofereceu uma anistia para os ''almagristas''. Disse-lhes que se matassem ''Manco Inca'' seriam perdoados, e aceitaram; <ref name=g>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=LNdJ92kiYd4C&pg=PA187#v=onepage&q&f=false|título=Divagaciones históricas en la web, Libro 1|ultimo=Cuntti|primeiro=Aristides Herrera |editora=edição própria, pp.187-188|lingua=es|isbn=9789972290817}}</ref> assim um dia nos primeiros meses de 1545, em ''Vilcabamba'' , os sete ''almagristas'' assassinaram ''Manco Inca'' na frente de seu filho,  ''Titu Cusi'', que anos mais tarde se tornou cronista , e narrou assim a morte de seu pai:
 
{{Citar|Estávamos um dia jogando ferradura, meu pai, eles e eu, que naquela época era um menino, meu pai sem pensar qualquer coisa ou em ter dado crédito a índia que vivia com um deles, chamada ''Bauba'', que lhe dissera muitos dias antes que os espanhóis queriam matá-lo. Sem qualquer suspeita desta ou de outra coisa meu pai se divertia com eles como antes; e neste jogo, como já disse, o meu pai se preparava para jogar a ferradura avançaram em cima dele com punhais, facas e espadas; e meu pai foi ficando muito ferido, tentando se defender; mas ele estava sozinho lutando contra sete, e meu pai não tinha nenhuma arma, até que finalmente acabou caindo com muitas feridas e o deixaram para morrer. Mas apareceram alguns aldeões e o capitão ''Rimachi Yupangui'', que os pegaram antes que pudessem fugir, derrubando-os de seus cavalos, e trazendo-os à força para o sacrifício. Todos eles tiveram mortes muito cruéis.|Titu Cusi <ref name=g/>}}
 
Os espanhóis saíram pela porta celebrando a morte de seu ex-protetor e amigo, mas foram descobertos pelo capitão ''Rimachi Yupanqui'', que com alguns antis conseguiram derrubá-los de seus cavalos e os arrastaram para a aldeia onde ciente do acontecido, deu aqueles morte cruel, queimando a culpa. Os chefes das sete espanhóis que mataram Manco Inca foram exibidos nas praças e ruas de ''Vitcos'' e ''Vilcabamba''. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=zN8gb-9xFVYC&pg=PA154#v=onepage&q&f=false|título=Comentarios reales que tratan del origen de los Incas, reyes que fueron del Perú, de su idolatría, leyes y gobierno|ultimo=Vega|primeiro=Garcilaso de la|data=1829|editora= pp. 154|lingua=es}}</ref>
 
''Manco Inca'' sobreviveu alguns dias em agonia <ref name=g/> e entre as últimas conversas que teve com seu filho sua principal mensagem foi:
{{Citar|Não se deixe enganar por palavras doces, são todas mentiras, se você acreditar eles te enganarão como fizeram comigo}}
''Manco Inca'' foi sucedido por seu segundo filho, [[Sayri Túpac]] , que renunciou e deixou o trono para seu irmão mais velho (filho mais velho de ''Manco Inca'') chamado [[Titu Cusi]] e quando ele morreu, deixou o trono a seu irmão chamado [[Tupac Amaru I]] . Foram os quatro Incas de ''Vilcabamba'' que pertenciam a família de ''Manco Inca''.