Viriato Clemente da Cruz: diferenças entre revisões

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Tal como Mário Pinto de Andrade, Matias Miguéis, Lúcio Lara, Hugo Azancot de Menezes e Eduardo Macedo dos Santos, Viriato participou em 1960 na Guiné-Conakry na fundação do [[MPLA|Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA)]], tornando-se o seu secretário-geral<ref>{{citar livro|título=MPLA. Um Nascimento Polémico. As Falsificações da História [prefácio de Joaquim Pinto de Andrade]|ultimo=Pacheco|primeiro=Carlos|editora=Vega|ano=1.ª edição (fevereiro) 1997|local=Lisboa|páginas=|acessodata=}}</ref>. Nesta qualidade fez parte de uma delegação da recém-formada [[FRAIN]] (Frente Revolucionária Africana pela Independência Nacional dos Povos sob Domínio Português) que, ainda em agosto de 1960, fez uma viagem à [[China]] para obter apoios<ref> A delegação era composta por dois dirigentes do [[MPLA]] (Viriato da Cruz, secretário-geral, e Eduardo Macedo dos Santos, adjunto do departamento de Defesa e Segurança) e quatro elementos do [[PAI]] (Partido Africano da Independência) da Guiné-Bissau ([[Amílcar Cabral]], Elysée Turpin, Luciano N'Dau e Douara Bangala)</ref>. Este foi um passo fundamental para Viriato da Cruz. Ele trouxe dinheiro que ajudou o MPLA no âmbito político-militar e financeiro.
 
Em Maio de 1962 Viriato da Cruz abandonou espontaneamente o cargo de secretário-geral do MPLA a pretexto de tornar o Comité Director mais representativo (ou epidermicamente mais escuro). Com a chegada de Agostinho Neto a Léopoldville em Julho daquele ano depois da sua fuga de Portugal, irromperam divergências insanáveis entre Viriato e Neto que se arrastaram até à I Conferência Nacional do Movimento em Dezembro. No rescaldo deste evento que consagrou Neto como novo presidente do MPLA, Viriato apontou Neto de ser o símbolo da viragem política do MPLA à direita. Injustamente acusado de se ter apropriado de recursos monetários do Movimento, foi formalmente expulso a 7 de Julho de 1963. Antes disso, porém, os sequazes de Neto, comandados por Manuel dos Santos Lima, arrancaram-no brutalmente da pensão em que se alojava em Léopoldville e espancaram-no acolitados por soldados congoleses agenciados por Neto. A extensão das agressões físicas foi de uma tal magnitude que Viriato sangrava por todos os lados, espojado no chão. Neto, Lúcio Lara, Iko Carreira e outros dirigentes sequer se coibiram de exibir no rosto um ar trocista, mesmo tendo diante dos olhos um espectáculo tão sórdido que feria profundamente a dignidade e o conceito público de um ex-companheiro da estirpe de Viriato. Mesmo esfacelado e a rastejar no solo, o antigo secretário-geral e criador do MPLA<ref>{{citar livro|título=Percursos da Luta de Libertação Nacional. Viagem ao Interior do MPLA. Memórias Pessoais [organização, fixação e revisão do texto, preâmbulo, notas e comentários de Carlos Pacheco]|ultimo=MENEZES|primeiro=Hugo Azancot de|editora=Vega|ano=1.ª edição, 2017|local=Lisboa|páginas=103-106|acessodata=05-11-2017}}</ref> continuou a ser sovado e insultado pelos seus algozesverdugos. Os abusos prosseguiram na penitenciária de Lufungula onde o aprisionaram e humilharam juntamente com outros seus companheiros. Saiu do cárcere entre a vida e a morte<ref>{{citar livro|título=Agostinho Neto, o Perfil de um Ditador. A História do MPLA em Carne Viva|ultimo=PACHECO|primeiro=Carlos|editora=Vega|ano=1.ª edição, 2016|local=Lisboa|páginas=vol. I, pp. 191-200|acessodata=05-11-2017}}</ref>.
 
Nos dias 24 e 30 de abril de 1963, Viriato da Cruz participou na [[Conferência de Jornalistas Afro-Asiáticos]], patrocinada pelos regimes de [[Ahmed Sukarno]] e [[Mao Zedong]], que levou à fundação da respectiva associação, que excluía propositamente a União Soviética, recorrendo ao argumento que eram "brancos". Por outras palavras, ajudou a instituir mais um organismo rival criado pela China Continental, contra a União Soviética. Viriato integrou a mesa da presidência da reunião, em representação de Angola<ref name="ROCHA" />.