Cruzada Albigense: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Occitania y Aragon en 1213-pt.svg|thumb|Mapa do território em vésperas da batalha de Muret]]
Nos primórdios do {{séc|XIII}}, as regiões do [[Languedoc]] encontravam-se sob o domínio de vários senhores:
* O condado de Tolosa, governado por [[Raimundo VI de Toulouse]], dominava a zona compreendida entre os vales do [[Garona]], [[Rouergue]] e [[Quercy]], aos quais se acrescentavam as suas posses na [[Provença|Alta Provença]].
* O {{ilc|Condado de Cominges||Condado de Comminges}}, sob o poder de [[Bernardo IV de Cominges]], conde de {{ilc|Cominges||Comminges}} e de [[Bigorra]], primo carnal do conde de Tolosa e vassalo do mesmo enquanto que senhor de [[Samatan (Gers)|Samatan]] e [[Muret]].
* O [[condado de Foix]], cujo intitular era [[Raimundo Rogério I]], vassalo do conde de Tolosa.
* O [[viscondado de Béarn]].
* O [[viscondado de Carcassona]], Béziers, Albi e [[Limoux]], cujo senhor feudal era [[Raimundo Rogério Trencavel]], sobrinho de Raimundo VI. Possuía o principado que abrangia de [[Carcassona]] a [[Béziers]]. A família [[Trencavel]] rendia homenagem à [[Coroa de Aragão]] desde 1179, sendo à vez vassalos do Condado de Tolosa. A dinastia feudal Trencavel mantinha assim mesmo alianças com o [[Viscondado de Minerve]].
* A [[Coroa de Aragão]], domínios do rei [[Pedro II de Aragão]], à que rendiam vassalagem os condes de Tolosa.
As cinco [[diocese]]s cátaras, [[Narbona]], Albi, [[Carcassonne]], [[Cahors]], [[Toulouse]] e até mesmo [[Agen]] ocupavam quase exatamente os territórios dos grandes senhores feudais do Languedoque. Os cátaros recebiam o apoio de alguns nobres e conseguiram assentar-se graças à ação exemplar dos Perfeitos —seguidores cátaros de uma vida ascética— e à incapacidade do clero católico. Os Perfeitos e Perfeitas não eram muito numerosos, mas uma grande parte da da população tolerava a sua doutrina e até mesmo a favorecia.<ref>(Brenon 1998: 43)</ref>
 
==Causas da Cruzada==
===O catarismo===
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Por tudo isso, a Igreja Romana com o [[papa Celestino III]] tratou de contra-arrestar o auge do catarismo mediante uma política missionária, multiplicando as fundações [[cistercienses]] e enviando pregadores de relevância, como [[Bernardo de Claraval]], no {{séc|XII}}.
Já em finais desse século, Celestino III foi sucedido por [[Inocêncio III]], que pela sua origem familiar era um grande senhor feudal. Cria na virtude das armas quando eram guiadas por Deus; também era um jurista, formação que recebera em [[Paris]] e em [[Bolonha]]. Compreendeu que o catarismo surgira por uma carência da Igreja; havia poucos clérigos católicos bem instruídos, poucas abadias e bispos; muitos destes últimos apenas visitavam as suas dioceses para coletar impostos.
A 1 de abril de 1198 escreveu aos seus arcebispos instando a retaliar os hereges cátaros. Em 1199 equiparou a heresia ao crime de lesa majestade; no sucessivo, os hereges obstinados seriam banidos e os seus bens confiscados. Esta disposição foi estendida à [[Occitânia]] em julho de 1200. Instituiu legados e outorgou-lhes plenos poderes: direito de excomunhão, de pronunciar [[interdito]], da obediência dos prelados e, caso necessário, de substituí-los por homens mais decididos. A sua principal missão consistia em reformar o clero local e combater a heresia.
 
===As missões===
[[Imagem:SaintDominic.jpg|thumb|upright|esquerda|[[Domingos de Gusmão]]]]
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[[Imagem:Berruguete ordeal.jpg|upright|thumb|''Auto de Fé de Santo Domingos de Gusmão'', obra do pintor renascentista [[Pedro Berruguete]], exibido no [[Museu do Prado]], reproduz um cena da obra fracassada de conversão dos cátaros encarregue a Domingos de Gusmão.]]
Os sucessos de Domingos de Gusmão dão ao manifesto a eficácia dos seus métodos, mas tratava-se de uma pregação longa e difícil que exigia modéstia e paciência, Domingos de Gusmão parecia adaptado a esta situação mas não assim os [[cistercienses]] que aguardavam uma conversão massiva e entusiasta e, em lugar disso, tinham de ir de povoação em povoação enfrentando os contra-pregadores cátaros que ocasionalmente conheciam o Evangelho melhor que os seus próprios clérigos. Para eles, a campanha de 1207 era um insucesso.
Neste clima, com a heresia em pleno auge e a crescente humilhação da Igreja Romana frente da passividade e conivência dos senhores occitanos, somente faltava uma chispa que servisse de argumento a Inocêncio III para tomar as armas. Esta ocorreu na Primavera de 1208 com o assassinato em [[Saint-Gilles (Gard)|Saint-Gilles]] do legado papal [[Pedro de Castelnou]] (atribuído segundo as crônicas a uma ordem do conde tolosano Raimundo VI). O papa pronunciou um [[anátema]] contra o conde tolosano e declarou as suas terras "entregues como presa". Isto equivalia a uma chamada direta a [[Filipe II Augusto]], rei da França, bem como a todos os condes, barões e cavaleiros do seu reino para acudir à Cruzada.
 
==Desenvolvimento da Cruzada==
O desenvolvimento desta ''Guerra Santa'' ou [[Cruzadas|cruzada]] é com frequência relatado pela [[historiografia]] em três fases diferenciadas: uma primeira etapa, a partir de [[1209]] e que se destacou por episódios de grande violência como o da matança de [[Béziers]], enfrentou as forças reunidas por [[feudalismo|senhores vassalos]] dos Capetos provenientes nomeadamente de [[ilha de França]] e do [[Nord (departamento)|Norte]], comandadas por [[Simão de Montfort]], com parte da nobreza tolosana encabeçada pelo conde [[Raimundo VI de Toulouse]] e a família [[Trencavel]] que, sendo aliados e vassalos do rei de [[Condado de Aragão|Aragão]] [[Pedro II de Aragão|Pedro II ''o Católico'']], invocaram à participação direta no conflito do monarca aragonês, que resultou derrotado e morto no curso da batalha de Muret em 1213.
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===O assassinato de Castelnau e chamada a cruzada===
[[Imagem:Carcassonne-vignes.jpg|esquerda|thumb|Cidade murada de Carcassonne, ''La Cité'', posse da família Trencavel, sitiada pelas forças cruzadas em agosto de 1209, durante a cruzada albigense.]]
Em 1207, enquanto Domingos e os outros cistercienses pregavam, o legado papal [[Pierre de Castelnau]] tomou a iniciativa de expor um acordo geral de paz a todos os condes e senhores do [[Languedoque]]. Pedia que se comprometessem a não empregar judeus na sua administração (para evitar empréstimos que não fossem eclesiásticos), devolver o dinheiro não pago às igrejas em conceito de tributo, não contratar salteadores e, sobretudo, perseguir os hereges [[cátaros]].
Ao conde [[Raimundo VI de Toulouse]] era impossível aceitar estas condições sem quebrantar os fundamentos do seu poder, de modo que se negou. Foi excomungado por isso a 29 de maio de 1207. Decidiu então emprestar juramento e foi-lhe levantada a excomunhão. Mas, evidentemente, não pôde efetuar as petições e foi excomungado de novo numa reunião em [[Saint-Gilles (Gard)|Saint-Gilles]].
A 14 de janeiro de 1208, Castelnau foi assassinado quando se dispunha a cruzar o [[rio Ródano]], ao voltar da reunião de Saint-Gilles. O assassinato não foi ordenado por Raimundo mas toda a responsabilidade caiu sobre ele, as suas terras e os senhores feudais occitanos com os que mantinha algum tipo de vínculo,. O [[Papa Inocêncio III]] acusou abertamente ao Conde de Tolosa. A cruzada militar ia substituir a cruzada pacífica.
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Assim, outorgava aos que tomaram parte da Cruzada iguais privilégios concedidos para as cruzadas na [[Terra Santa]]: absolvição dos pecados e promessa do [[paraíso]] para os mortos no combate. Uma cláusula suplementar foi acrescentada: as terras "limpas de hereges" passariam a ser posse, em pleno direito, do cruzado que as conquistasse.
Uma numerosa tropa foi formada; num território com diferentes senhores feudais, mal defendido e pouco habitado, a vitória podia parecer fácil aos barões habituados às [[As Cruzadas|cruzadas]] no ultramar. Primariamente a força bélica era formada por nobres vindos da França, não dispostos a prolongarem a sua estadia para além dos quarenta dias regulamentares de serviço "''d'Ost''".
Simão de Montfort, barão de Amury, proveniente de [[ilha de França]], destacar-se-ia como chefe militar da cruzada; [[Arnaud Amaury]], abade de [[Cîteaux]], foi designado pelo Papa chefe religioso da expedição. O financiamento, a princípio, recaiu nos prelados, que deviam detrair das populações das suas dioceses 10% da renda.
A concentração de tropas aconteceu em [[Lyon]]: 20 000 cavaleiros, mais de 200 000 cidadãos e camponeses, sem contar o clero. Assim o descreve o trovador da época Guilherme de Tudèle; o certo é que a chamada concentrou um elevada tropa.
Os cruzados partiram para o [[Midi]] baixando pelo vale do [[Ródano]]. Raimundo Rogério Trencavel, visconde de Carcassona e conde de Béziers, cavalgaram ao seu encontro numa tentativa por chegar a um acordo com os legados papais. Nada tinha a ver com o assassinato de Pierre Castelnau, mas era suspeito de heresia e foi recusado. Trencavel dirigiu-se imediatamente para Béziers, pôs a cidade e aos seus cônsules em estado de defesa, partindo imediatamente para Carcassona para fazer o próprio.
 
===A cruzada dos barões ou guerra relâmpago===
[[Imagem:Montségur Monolit.jpg|esquerda|thumb|Monumento na memória dos 200 cátaros queimados durante o [[sítio de Montségur]] (16 de março de 1244)]]
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Após a conquista de Béziers, a cruzada avançou para [[Carcassonne]], o massacre de Beziers causou efeito e todas as fortalezas e burgos iam capitulando sem oferecer resistência.
Os cruzados chegaram a Carcassona a 1 de agosto de 1209. Pedro II de Aragão cavalgou até a cidade solicitando condições de paz aceitáveis para o seu sobrinho Raimundo Rogério Trencavel. Arnaldo Amaury exigiu pela sua vez as suas condições: só autorizar a Raimundo Rogério e a doze acompanhantes a abandonarem a cidade. Condições inaceitáveis para Trencavel que, com apenas vinte e quatro anos, faleceria nas masmorras da que fora a sua própria fortificação uma vez tomada a ''[[Cidadela de Carcassonne|Cidadela]]''.
Reforçado no seu posto de chefe dos cruzados, Montfort empreendeu a seguir a conquista da região de [[Rasez]]. [[Montréal (Aude)|Montréal]], [[Preixan]], [[Fanjeaux]], [[Montlaur (Aude)|Montlaur]], [[Bram]] iriam caindo sistematicamente.
Daí pôs cerco a [[Minerve]]. Em junho de 1210, com a queda da vila, 140 cátaros seriam queimados vivos.<ref name="Dalmau 2006: 289-291">(Dalmau 2006: 289-291)</ref> A seguir, durante quatro meses, assediou o [[Castelo de Termes]] e depois o de [[Castelo de Puivert|Puivert]] que cairia em só três dias. Após a queda destes dois bastiões, Pedro Rogério de Cabaret decidiu entregar os [[Castelos de Lastours]] ao chefe cruzado em troca da libertação de Bouchard de Marly, senhor de [[castelo de Saissac|Saissac]].
No fim desse mesmo ano, Monforte controlava o leste do Languedoque e foi nomeado visconde de Rasez. Estava preparado para se adentrar nos domínios dos dois senhores mais poderosos da Occitânia, os condes de Toulouse e Foix.
Penetrou pela vila de [[Lavaur (Tarn)|Lavaur]], a pouco mais de 30&nbsp;km da cidade do Garona. A 3 de maio de 1211 as suas tropas entraram na cidade desencadeando uma feroz repressão. O senhor Aymeri de Montréal e oitenta dos seus cavaleiros foram enforcados, a sua irmã Guiraude, grávida, foi lapidada no fundo de um poço e quatrocentos cátaros foram queimados vivos.<ref name="Dalmau 2006: 289-291"/> A seguir dirigiu-se à próxima Toulouse sem conseguir submetê-la. Então, Raimundo VI tinha já pedido ajuda a todos os seus vassalos e ao rei de Aragão e dispôs-se a apresentar batalha.
 
===A batalha de Muret===
{{AP|Batalha de Muret}}
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A 30 de agosto pôs cerco ao castelo de [[Muret]], a uns 20&nbsp;km a sudoeste de Toulouse, onde se refugiavam uns trinta cavaleiros cruzados. Simão de Montfort, que se encontrava naquele momento em Fanjeaux, partiu para Muret na companhia de outros mil cavaleiros chegando na véspera da batalha.
A 12 de setembro de 1213 as ruas de Muret, estreitas e cheias de barricadas, serviram de refúgio aos cruzados, amplamente superados em número pela aliança occitano aragonesa, que porém acabaria sofrendo uma derrota sem paliativos.
Num mesmo dia os occitanos perderam entre 10 000 e 15 000 homens, Aragão o seu rei, e [[Foix]], [[Narbona]] e {{ilc|Cominges||Comminges}} passaram às mãos de Simão de Monfort. Em novembro de 1215 o [[Concílio de Latrão IV]] despossuiu Raimundo VI e Raimundo II Trencavel das suas terras de Toulouse, nomeando a Montfort duque de [[Narbona|Narbonne]], conde de Toulouse e visconde de Carcassonne e Rasez, e arcebispo de Narbonne a Arnaud Amaury. Aparentemente a cruzada venceu.
 
===A reconquista occitana e a intervenção real francesa===
Inocêncio III faleceu em 1216 e a sua morte desencadeou uma sublevação geral em todo o Midi. Raimundo VI, que estivera rearmando-se no [[Condado de Barcelona]] com o seu filho Raimundo VII, desembarcou em [[Marselha]] (o Concílio de Latrão preservara as suas posses provençais) e retomou a luta.
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Derrotado Trencavel e excomungado Raimundo VII, os occitanos viram-se forçados a assinar os humilhantes termos do [[Tratado de Paris (1229)|Tratado de Meaux]].
===Ultimas batalhas, exílio e decadência cátara===
Ainda em 1240 Trencavel tentaria recuperar os seus antigos domínios à cabeça de um exércitos de ''faydits'' (cavaleiros occitanos favoráveis ao catarismo e despojados dos seus domínios) de Rasez, o Carcassonnense e [[Fenolheda (Pirenéus Orientais)|Fenolheda]] apoiados por infantaria aragonesa; mas, em lugar de aproveitar o efeito surpresa e dirigir-se diretamente a Carcassonne, foram para as fortalezas da comarca de Minerve, a [[Montanha Negra]] e as [[Corbières (região)|Corbières]],<ref>(Labal 1988:209)</ref> dando tempo ao [[senescal]] da ''Cité'', Guilhaume des Ormes, a reforçar as suas defesas. Finalmente o assédio fracassou e os condes de Tolosa e Foix deveram acudir em ajuda de Trencavel para lhe permitir uma rendição honorável e fugir para Aragão.
[[Imagem:130610-Queribus-03.jpg|esquerda|thumb|[[Castelo de Quéribus]]]]
Em 1242 Raimundo VII de Tolosa ,com o apoio de Trencavel, Almarico visconde de Narbona e o conde de Foix, apropriou-se de Rasez e a seguir do Minervois e Albi antes de entrar em Narbona. Os franceses resistiram em Carcassona e Béziers, e as chamadas de Raimundo VII ao alçamento occitano e as suas petições de ajuda os duques de [[Bretanha]], condes de Provença e ao rei de Aragão foram desouvidas. [[Luís IX de França|Luís IX]] marchou para o Languedoc à cabeça dos seus exércitos, obrigando uma vez mais o conde tolosano a capitular. Em janeiro de 1243 Raimundo VII fez ato de submissão a Luís IX e foi imitado pelo conde de Foix e o visconde de Narbona.
Em que pese à derrota dos senhores feudais, a heresia cátara seguiu presente no Midi. Para terminar de extirpá-la, a Igreja criou a [[Inquisição]], que a princípio se centraria em reprimir cátaros e [[valdenses]]. A sua presença foi motivo de diferentes alçamentos populares e de que os cátaros se retirassem paulatinamente a fortificações afastadas com a esperança de sobreviverem longe das fontes militares do conflito. A queda destes castelos e fortalezas, como a de [[Castelo de Montségur|Montsegur]] em 1244 e a de [[Castelo de Quéribus|Quéribus]] em 1255, causaria as últimas matanças da guerra e o fim do catarismo. A Inquisição continuaria agindo na zona nos seguintes três quarteis de século, mas com casos individuais, até ficar extinta.
 
==Consequências==
A primeira e evidente consequência da cruzada aconteceu no plano religioso. O movimento cátaro, ainda sem parar de ser minoritário e pese ter sido perseguido em outras partes da Europa, atingiria ao longo o {{séc|XII}} uma influência crescente na sociedade do [[Languedoque]], incrementando o seu número de fiéis, particularmente entre os membros da nobreza. Como consequência da guerra e da repressão posterior, o movimento foi desorganizado e entrou em decadência; embora conseguisse sobreviver em áreas periféricas do reino de Aragão e da Bósnia, a sua influência acabou desaparecendo de [[Europa Ocidental]] em princípios do {{séc|XIV}} (definitivamente com a conquista turca da [[Bósnia]]). A Igreja Romana consolidou assim a sua posição hegemônica antes que a ameaça herética se estendesse por toda a sociedade languedociana ou a outros territórios. Além disso, no curso do conflito nasceram dois instrumentos que seriam fundamentais para a Igreja nos séculos seguintes: a [[Inquisição]] e a [[Ordem dos Irmãos Pregadores]].
[[Imagem:France Toulouse1.jpg|thumb|Galeria dos ilustres do [[Capitólio de Toulouse]], onde alguns afrescos representam cenas da Cruzada.]]
No plano político houve dois: o fim da expansão aragonesa a norte dos [[Pirenéus]] e o desaparecimento do Condado de Toulouse.
Os aragoneses sofreram uma dupla derrota, militar na batalha de Muret, e estratégica com o desaparecimento de territórios que lhes rendiam vassalagem. Até aquele momento, Toulouse, Carcassonne, Foix, Provença ou Comminges, embora teóricos vassalos do rei da França, levavam décadas agindo com independência da ilha de França, e em 1213 declararam-se súbditos aragoneses. Após a cruzada albigense, quase todos estes territórios voltaram para a órbita francesa, ficando só como posses da coroa aragonesa o [[senhorio de Montpellier]] (até 1349) e os condados do [[Condado do Rossilhão|Rossilhão]] e a [[Condado de Cerdanha|Cerdanha]]. Este declínio na sua expansão para norte, unido à limitação nos seus avanços para sul ([[Sentença Arbitral de Torrellas]] e [[Tratado de Elche]]) seria uma das causas de a monarquia aragonesa se devotar na sua expansão pelo [[Mediterrâneo]] nos séculos seguintes.
Pelo seu lado, a dissolução do Condado de Toulouse e a integração dos seus territórios na Coroa francesa foi especialmente transcendental pelo momento em que ocorreu. Dado o grau de autonomia, a riqueza comercial dos territórios controlados pelos Saint-Gilles e o seu crescente peso estratégico ao somar outros senhores feudais que mostravam respeito, o condado de Tolosa poderia ter continuado ganhando independência, agindo como entidade independente; porém, a sua inclusão deu acesso à França ao Mediterrâneo (o que seria aproveitado pelo próprio [[Luís IX de França|são Luís IX]] para partir para as cruzadas desde [[Aigues-Mortes]]) e assentou a sua autoridade sobre uns territórios nos quais se apoiaria na posterior [[Guerra dos Cem Anos]].
No plano cultural, a inclusão teve como efeito um progressivo declínio do [[língua occitana|occitano]].
Em meados do {{séc|XX}} diversos investigadores e historiadores recuperaram a memória da cruzada albigense como reivindicação do patrimônio histórico-cultural da região cultural francesa da [[Occitânia]], sendo o conceito do catarismo explorado atualmente com fins comerciais turísticos nomeadamente, como a marca "''Pays Cathare''" (País Cátaro) com que é divulgado o departamento do [[Aude]]<ref>{{fr}} [http://www.cg11.fr/www/contenu/d_payscathare.asp Turismo do País Cátaro]</ref> ou os denominados [[castelos cátaros]].
 
== Na cultura popular ==
* A [[Banda musical|banda]] de [[heavy metal]] [[inglesa]] [[Iron Maiden]] gravou uma música chamada '''Montsegur''', em seu álbum lançado em 2003 de nome [[Dance of Death]], que conta a história da cruzada albigense.<ref>{{Citar web|url= http://whiplash.net/materias/curiosidades/095199-ironmaiden.html|titulo= Iron Maiden: sobre o que fala a música "Montsegur"?|autor=Whiplash|data=04 de Setembro de 2009|lingua=português|acessodata=03 de Novembro de 2009}}</ref>