Mokiti Okada: diferenças entre revisões

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|fim da liderança = [[10 de fevereiro]] de [[1955]]
|predecessor = ''Fundador''
|sucessor = Yoshi Okada ([[Nidai-Sama]])
|ordem = 1
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"Hansetsu" é uma folha de papel cortada ao meio longitudinalmente.
 
=== Momentos de crise na Omoto e o próprio caminho ===
 
==== O desligamento da Omoto ====
O Japão vivia uma situação difícil desde o início da Era Showa. Em 1929 foi produzido o filme intitulado “Saí da Universidade, mas...”, filme esse que mostrava a queixa dos estudantes da época, os quais, malgrado o esforço que faziam para se formar, não conseguiam emprego. Nisso, irrompeu a grande crise econômica, a maior de todos os tempos ([[Grande Depressão|Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque]]). A seda, principal produto de exportação da época, sofreu um duro golpe logo de início, em 1930, acarretando a baixa do preço de outras mercadorias e a elevação do número de desempregados, que, naquele ano, chegou a três milhões. O governo tentou combater essa grande crise com todas as suas forças, objetivando, em especial, um tratado com a China, para incrementar o comércio; planejou, ainda, a diminuição dos armamentos, fazendo um grande corte na verba destinada às questões militares. Entretanto, essas medidas geraram o descontentamento dos militares e dos direitistas e causaram desconfiança em relação ao governo, dando origem a uma revolução política através da força. Em novembro de 1930, o então Primeiro Ministro Ossati Hamaguti foi gravemente ferido por um jovem de extrema direita, na Estação Ferroviária de Tóquio. Nessa época, centralizada no problema da [[Manchúria]], era intensa a atuação oculta de um grupo de militares, através de cujos planos se produziu a Guerra da Manchúria, em setembro de 1931, e a Guerra de Shang-Hai, em janeiro de 1932. Neste mesmo ano ocorreu o assassinato de autoridades governamentais e grandes empresários; no dia 15 de maio, um grupo de militares assassinou o Primeiro Ministro Tsuyoshi Inukai: é o conhecido “Caso 5.15”. Nesse dia, chegando a Tóquio, de volta da casa da família Koshikawa, no Estado de Tiba, e sabendo desse acontecimento, Okada escreveu: “Surpreendi-me Com a morte de Inukai E outros fatos Tenebrosos e repentinos”. Em março de 1932, a Manchúria tornou-se colônia japonesa, mas o Japão, não recebendo a aprovação dos grandes países, em março do ano seguinte saiu da Sociedade das Nações, tornando-se“órfão do mundo”. Por essa época, pouco a pouco a democracia foi sofrendo opressões, e tudo que tinha aspecto liberalista começou a desaparecer. Através de denominações como “Estado de emergência” e “Unificação do País”, o Japão vai entrando na época do [[militarismo japonês]]. No dia 26 de fevereiro de 1936, ocorreu um golpe de estado que foi chamado de “Caso 2.26”; a partir daí o país caminha para a Segunda Guerra Mundial. Nessas condições sociais, a Omoto colocava grande empenho nas campanhas ideológicas, ao passo que o Mokiti, dedicava-se mais à cura de doenças, pois considerava que o mais importante era salvar de forma concreta aqueles que estavam sofrendo. A pedido dos fiéis, confeccionava-lhes amuletos e “ohineri”. Entretanto, no que diz respeito à distribuição de jornais, a filial de Omori, que estava sob a responsabilidade de Mokiti Okada, sempre se colocava à frente das outras, obtendo surpreendentes resultados. Todos esses fatores fizeram com que alguns dirigentes e da Omoto fossem acumulando maus sentimentos em relação a ele, como mal-entendidos, menosprezo e inveja, e passassem a tratá-lo como intruso. Isso tomaria vulto, transformando-se num movimento de rejeição à sua pessoa. Em meados de março de 1931, chegou ao conhecimento da Omoto que Okada estava distribuindo “ohineri”. Por esse motivo, um dos diretores da Igreja foi por conta própria à filial de Koji e repreendeu-o publicamente. Além de ofendê-lo perante um grande número de fiéis, queimou no braseiro os “ohineri” feitos por ele. Um dos seus discípulos assim se refere à situação: “Naquele momento, vendo o Fundador passar tanta vergonha na frente dos fiéis, senti muita pena dele. Entretanto, ele aguentou tudo quieto, sem dizer uma palavra”. Os problemas iniciados com o caso dos “ohineri” não pararam aí. No ano seguinte, pareciam aumentar cada vez mais. No dia 11 de fevereiro de 1932, um jovem fiel da Omoto chamado Yoshikawa visitou Mokiti, em Omori, como costumava fazer de vez em quando, há aproximadamente meio ano, atraído pela sua hospitalidade. Ele fora membro do Partido Comunista, mas depois se desligou e ingressou na Omoto. Tinha uma fisionomia tão severa, que provocava medo; aliás, já nos tempos do Partido Comunista era temido por muitas pessoas. Naquele dia, ele apresentava uma atitude completamente oposta ao seu habitual comportamento amigável para com Okada. Enfurecido, dizia: “Okada esta distribuindo aos fiéis os sagrados amuletos e “ohineri” sem pedir ordem a ninguém. É um homem desprezível que perturba a ordem da Omoto. Por isso, conforme o caso vou matá-lo”. Assim que encontrou o Fundador, Yoshikawa puxou uma faca e, fincando-a no chão, falou: — Você vai ou não vai parar com isso? Se não parar vou acabar com sua vida! Responda! Okada, calmamente, respondeu: — Não posso parar. Yoshikawa olhou-o com ódio. Entretanto, nesse momento, pôs a mão no ventre e começou a se contorcer de dor. - O que foi? Perguntou Mokiti. — Estou com uma dor insuportável na barriga, respondeu ele gemendo. - Vou curá-lo; deite-se, disse Okada. E ministrou-lhe Johrei. Quando a dor passou, Yoshikawa, numa atitude completamente diferente, propôs que os dois fossem juntos à Sede de Kameoka, pedir a opinião de Onissaburo Deguti. Uma semana depois, no dia 17, ambos foram até aquela sede, levando Seitaro Shimizu e Mitsuo Massaki. Quando Yoshikawa expôs o caso dos amuletos e “ohineri”, Deguti falou: “Isso não pode ser feito por um fiel. Eu mesmo não posso fazê-lo; quem está encarregado dessa tarefa é o terceiro líder da Omoto. Entretanto, agindo com mais discrição, não há problema. Caso você o faça muito abertamente, quem terá problemas serei eu; todos irão me censurar. Se as pessoas pedirem, pode dar, mas aja deforma discreta”. Diante dessa resposta tão inesperada, Yoshikawa ficou sem fala. A reação de Onissaburo Deguti era mais uma prova de que, no íntimo, ele reconhecia o esforço de Mokiti, a quem considerava uma pessoa especial dentro da Omoto. Obviamente, a atitude de Yoshikawa não era uma atitude pessoal; representava a oposição existente na Omoto em relação ao Mokiti. O caso foi resolvido com a interferência de Deguti, mas os ressentimentos e as hostilidades continuaram. Era natural, entretanto que a Omoto, desenvolvendo suas atividades como entidade religiosa organizada, tomasse uma posição rigorosa em relação a ele que estava seguindo um caminho próprio, além dos limites permitidos. A causa direta que levou Okada a se desligar dessa Igreja foi a questão ocorrida em julho de 1934, em torno da distribuição do Jornal Aizen, órgão informativo da entidade. Insatisfeitos com o transcorrer dos acontecimentos, Issai Nakajima, Shinjiro Okaniwa, Seitaro Shimizu e Shiguenori Matsuhissa chegaram a uma decisiva discordância de opinião com um dos diretores da Omoto na Região Kanto. Esses discípulos de Okada, que estavam sendo sempre advertidos no sentido de que se acautelassem, pediram perdão ao Mestre por terem causado esse problema. Okada pensou no fato como um descuido da parte deles, mas, ao mesmo tempo, considerou atuação de Deus por trás dos acontecimentos. Assim, assumindo a responsabilidade pela atitude de seus discípulos, decidiu afastar-se da Omoto. Entregou o pedido de afastamento no dia 15 de setembro. A partir daí, iniciou uma nova caminhada.
 
==== Os próprios passos e a pressão sobre as novas religiões ====
No período inicial da Era Showa, quando Okada percorria o seu próprio caminho pesquisando sobre o Mundo Espiritual e o estabelecimento do Johrei, o controle sobre as novas religiões aumentou ainda mais. Em 1882, o xintoísmo do Japão passara a abranger dois aspectos: santuários xintoístas e religiões xintoístas. Foram reconhecidas treze religiões, entre as quais a Tenri-Kyo e a Konko-Kyo. Até 1900 os dois aspectos estiveram sob a administração da Secretaria de Santuários do Ministério dos Negócios Internos; mais tarde, quando esta foi dividida em Secretaria de Santuários e Secretaria de Religiões, passaram a ser regulamentados separadamente. As entidades religiosas de linhagem xintoístas criadas depois disso, só eram reconhecidas legalmente se pertencessem a alguma das treze religiões oficiais, mas passavam a ficar sob rigoroso controle da polícia. De qualquer forma, naquela época as atividades religiosas não podiam ser desenvolvidas livremente. Essa tendência foi aumentando cada vez mais com a criação da Polícia Especial (Polícia que possuía grande poder na administração direta do Ministério dos Negócios Internos e fazia pressão sobre os crimes Ideológicos e os movimentos sociais. Em 1945 foi dissolvida pelas tropas de ocupação militar), em 1923, e com a decretação da Lei de Segurança, em 1925. Como resultado, qualquer movimento organizado que tivesse “o objetivo de revolucionar o país ou não reconhecer o sistema de propriedade particular” recebia severa punição. Com a instalação das delegacias de Polícia Especial, em 1928, foi instituído o sistema de total controle sobre as questões ideológicas e especialmente sobre as novas religiões. Entretanto, apesar de todos esses movimentos de segurança por parte das autoridades, havia, entre o povo, uma forte expectativa em relação às novas religiões, pois, as más condições financeiras do início da Era Showa e a grande crise que veio logo a seguir, tornavam difícil a vida da massa popular. Em meio à intranquilidade social decorrente do desemprego, das falências e das controvérsias, o povo procurava um novo apoio para as suas esperanças. Por trás do nascimento ou do crescimento de novas religiões no início da Era Showa, havia uma forte ansiedade popular em relação a elas. A pressão das autoridades era violenta, e uma das religiões mais pressionadas, na época, foi a Tenri Kenkyu-Kai (posteriormente chamada Tenri Hon’miti, e atualmente, Hon’miti). Essa Igreja tornara-se independente separando-se da Tenri-Kyo, que havia optado ser reconhecida pela Nação como religião xintoísta. Devido a sustentar um idealismo radical, as autoridades começaram a pressioná-la. Na primeira pressão, ocorrida em abril de 1928, houve quinhentos presos, dentre os quais cento e oitenta foram acusados de desrespeito à Nação. Nos anos 10 da Era Showa (1935 -1945), a tempestade das pressões ainda não apresentava nenhum indício de acabar. Pelo contrário, tornava-se ainda mais intensa. Em 1935, a Omoto, que já fora pressionada anteriormente, sofreu a segunda pressão. Em 1936, prenderam Tokuharu Miki, fundador da Hito no Miti (atual PL), e em 1937, os diretores dessa Igreja, que foi dissolvida por ordem do Ministério dos Negócios Internos. Entre todas, a Omoto foi a mais pressionada. No dia 8 de dezembro de 1935, trezentos policiais fardados invadiram suas instalações em Ayabe e Kameoka e, além de recolherem os documentos que serviam de prova, detiveram Onissaburo Deguti e todos os diretores. Sob a diretriz do Ministério dos Negócios Internos - “exterminar da face da Terra a Omoto, essa religião infernal” - as instalações da Sede foram destruídas com dinamite, e a entidade foi dissolvida. Temendo sua restauração as autoridades levaram os alicerces das instalações destruídas até o Mar do Japão e os jogaram nas águas. Os presos sofreram atrozes interrogatórios e ficaram detidos por longo tempo. Onissaburo Deguti e sua esposa Sumi a Segunda Líder da Omoto, permaneceram detidos durante seis anos e oito meses, até obterem a liberdade por meio de fiança. Milhares de fiéis também se tornaram alvo de investigações. Foi realmente uma grande pressão, inédita em toda a história moderna das religiões. Mesmo estando-se numa época tão difícil, o desejo de salvar o mundo, que nascera no íntimo de Okada partir da Revelação de 1926, continuava inabalável. A cada dia aumentava o número de pessoas que o procuravam em busca da salvação. Embora soubesse perfeitamente que aquela era uma ocasião extremamente inoportuna para se criar uma nova religião, ao pensar nas pessoas que agonizavam em sofrimento surgia-lhe o desejo de salvar a humanidade. Sobre isso, Mokiti escreveu que "Era um desejo semelhante a uma oração que afluía do fundo d'alma de forma totalmente irreprimível, por mais preocupado que estivesse com o meu próprio físico e as dificuldades da vida". Apesar disso, no dia 1º de maio de 1934, o Fundador deixou a esposa e os seis filhos no Shofu-So, sua residência em Omori, e alugou uma casa no bairro de Hiraga, quadra 1, nº 2-4, no Distrito de Koji, à qual deu o nome de Ojin-do, ali iniciando o que chamou de "atividades de salvação". O Ojin-do era uma casa assobradada em estilo japonês, com uma área de 66 m² e cinco cômodos. Na entrada, o Fundador colocou uma placa com os seguintes dizeres: “Ojin-do - Tratamento Espiritual de [[Digitopuntura]] no Estilo Okada - Sede”, utilizando o andar de cima como local para as atividades da Obra Divina. A casa ficava perto do Ministério do Exército, num lugar de fácil acesso, entre Yotsuya e o Palácio Imperial. Nas proximidades, estava o Parque Shimizudani; era, portanto,um local tranqüilo, apesar de situado no centro da cidade. Koji é, de fato, o ponto central do Japão, próximo ao Palácio Imperial e abrangendo o Congresso Nacional. Há muito tempo que Mokiti pensava estabelecer-se ali. No Ojin-do, ele iniciou o tratamento religioso denominado “Tratamento Espiritual de Digitopuntura no Estilo Okada” (pressão com os dedos). Através das pesquisas sobre o Espírito Divino e a realidade dos mundos Divinos, Espiritual e Material, e também das pesquisas que fez sobre a doença e a saúde, Okada adquiriu a certeza de que a cura por meio do Espírito Divino é o método vital para a concretização de um mundo sem doenças. A respeito da salvação através do Johrei, ele diz: “Ante a iminência do Fim do Mundo, recebi a grande missão de ser o dirigente supremo da obra de salvação de toda a humanidade e construir o Paraíso Terrestre, isento de doença, pobreza e conflito, de acordo com o Plano de Deus. Por isso, Ele me atribuiu absoluto poder de salvação, poder que consiste no conhecimento e na força para solucionar o problema da doença, que é o ponto vital para a eliminação da pobreza e do conflito. O conhecimento diz respeito à Ciência dos erros da Medicina e das teorias sobre a doença; a força refere-se ao poder de cura por meio do Johrei.“ Na inauguração do Ojin-do, Mokiti fez uma ampla distribuição de folhetos de propaganda. Neles, explicava o caminho que percorrera, desde a Revelação Divina, com o desejo de salvar o mundo, e falava também sobre o poder do Johrei. No folheto dizia: “O Tratamento Espiritual de Digitopuntura no Estilo Okada, iniciado por mim, é uma decorrência da sensibilidade espiritual que repentinamente me foi atribuída há oito anos por Kannon, o qual me deu um grande poder para curar todo e qualquer tipo de doença. Objetivando cumprir atarefa de corrigir os erros do mundo e salvá-lo, durante estes anos vim aplicando esse poder nos mais variados tipos de doentes, em número superior a mil. Os resultados alcançados foram verdadeiramente surpreendentes: as enfermidades mais sérias, os casos mais graves, como milagres de Deus, foram completamente curados. (...). Instalei um centro terapêutico em Koji, no centro da cidade imperial, e almejo alcançar o meu objetivo de salvar o mundo.". Na época em que iniciou a ministração do Johrei, Okada já recebia doentes todos os dias, mas, graças aos milagres ocorridos, umas pessoas foram chamando outras. Graças, também, aos folhetos de propaganda, o número daqueles que o procuravam foi aumentando gradativamente, e o local começou a ficar pequeno. Então, três ou quatro meses mais tarde, mudou as instalações do Ojin-do para a filial de Koji, que ficava perto. Entretanto, os folhetos de propaganda logo deram motivo a problemas com as autoridades, e Okada foi chamado à Polícia. Sobre isso Okada registrou em seu diário: “De manhã cedo, fui à delegacia E me fizeram entregar O relatório sobre os folhetos.” Provavelmente fora um chamado decorrente de denúncia anônima. Presume-se que ele compareceu à delegacia de Koji, foi inquirido, e o caso ficou encerrado com a entrega do relatório. Desde que se mudou para o Ojin-do, o Fundador passou a ser servido por Teruyo e Hiromi, respectivamente mãe e irmã de seu discípulo Issai Nakajima; seu secretário era Motokiti Inoue. Vez por outra, ele chamava para lá a esposa e os filhos ou então ia para Omori, mas levava uma vida diária muito atarefada, dedicada ao Johrei.
 
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