Justiniano: diferenças entre revisões

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Em seu governo, foi redigido o [[Código de Justiniano]], um sistema de leis básico que afirmava o poder ilimitado do imperador e, ao mesmo tempo, garantia a submissão dos escravos e colonos a seus senhores. Em seu governo, o regime político do império pode ser caracterizado como [[Autocracia|autocrático]] e [[Burocracia|burocrático]]. Autocrático, porque o imperador controlava todo o sistema político e religioso. Burocrático, porque uma vasta camada de funcionários públicos, dependentes e obedientes ao imperador, vigiava e controlava todos os aspectos da vida dos habitantes do império. Esse poder não chegava a ser totalitário, porque o império era vasto e composto por povos de naturalidades e línguas diferentes, que conseguiam escapar do controle das autoridades imperiais e manter certas tradições culturais particulares.<ref name=":1">{{citar livro|título=História da civilização, vol. IV: A idade da fé|ultimo=DURANT|primeiro=Will|editora=Record|ano=2002|local=Rio de Janeiro|páginas=|acessodata=}}</ref>
 
Pode-se resumir a politica de Justiniano em dois objetivos, duas ideias. Como imperador romano, trazer prosperidade ao reino e como imperador cristão, impor sua organização à igreja. Durante seu reinado ele foi responsável por abrir todo o império com fortificações, para exigir menos de seus soldados. Além de restaurar ou construir grande quantidade de obras pelas províncias, formando naturalmente uma enorme linha de defesa que protegia todos os pontos estratégicos. A chamada “ciência do governo dos bárbaros”, hábil diplomacia feita por Justiniano, completava seu estratégico fortalecimento defensivo. Apesar de sua politica externa de [[Queda do Império Romano do Ocidente|reconquista do ocidente]], os territórios reconquistados estavam em um estado econômico miserável o que gerou fragilidade ao império. Justiniano logo se vê enfraquecido devido aos persas que avançavam em direção ao mediterrâneo. Foi necessário um pesado tributo para renovar o acordo de paz e conte-los temporariamente. Além das periódicas invasões dos hunos e eslavos, que mesmo sendo rechaçados enfraqueciam o reino aos poucos.<ref name=":2">{{citar livro|título=História do Império Bizantino|ultimo=GIORDANI|primeiro=Mário Curtis|editora=Ed. Vozes|ano=1968|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>
 
Justiniano também se destacou como construtor: fortificações em torno de todas as fronteiras, [[estrada]]s, [[ponte]]s, [[templo]]s e edifícios públicos foram algumas de suas obras.<ref>{{citar livro|título=História de Bizâncio|ultimo=LEMERLE|primeiro=Paul|editora=Martins Fontes|ano=1991|local=São Paulo|páginas=|acessodata=}}</ref>
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== Reconstituição territorial do império ==
[[Imagem:The Byzantine State under Justinian I-pt.svg|esquerda|thumb|[[Império Bizantino]] em 550. A parte mais clara representa as conquistas de Justiniano|338242.991x338997x242.991px997px]]
 
No plano externo, a política de Justiniano teve como objetivo fundamental a tentativa de reconstrução do fragmentado [[Império Romano do Ocidente]], que, desde [[450]], era vítima dos ataques dos [[bárbaros]] [[Germanos|germânicos]], e que havia sucumbido em [[476]]. Ao sentido político e social dessa empreitada juntava-se o fator religioso, pois, para Justiniano, Roma continuava sendo o centro do mundo católico.
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== O ''corpus juris civilis'' ==
[[Ficheiro:Flickr - Yale Law Library - RL 22 B56 1700 v.1.jpg|miniaturadaimagem|275337.966x275969x337.966px969px|Uma das versões de capa do [[Corpus Juris Civilis|conjunto de leis]] propostas por [[Justiniano]].]]
{{Artigo principal|[[Corpus juris civilis]]}}
Ao lado da religião, o [[direito romano]] ajudou a manter a unidade e a ordem imperial. Justiniano percebeu a importância de salvaguardar a herança do direito romano e, aproveitando a prosperidade econômica e comercial que lhe proporcionavam as novas conquistas, empreendeu um importante trabalho legislativo e de recompilação jurídica. A recompilação e reorganização das leis romanas tornou-se um dos marcos mais notáveis de sua administração, confiado a um colégio de dez juristas dirigido por Triboniano, cujos trabalhos duraram dez anos<ref>{{citar livro|autor=César Fiuza|título=Direito Civil curso completo|editora=Del Rey|ano=2008|páginas=62|id=978-85-7308-963-9}}</ref>. Essa obra ficou conhecida como ''[[Corpus Juris Civilis|corpus juris civilis]]'', composta de quatro partes<ref>{{citar livro|título=História Do Direito - Geral E Do Brasil|ultimo=CASTRO|primeiro=Flávia Lages de|editora=Lumen Juris|ano=2017|local=São Paulo|páginas=570|acessodata=}}</ref>:
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== Obstáculos à política de Justiniano ==
As origens dos obstáculos, tanto internos, quanto externos, da política justiniana podem ser remetidas a um único aspecto: sua ambição em reunificar entraves, dentro e fora de Bizâncio.
 
O sucesso, parcial, no ocidente, resultou em consideráveis conquistas: a África Ocidental, três quartos da Espanha e a parte superior da Itália. Entretanto todas essas regiões estavam em decadência econômica e as forças militares do império não davam conta de manter a proteção de toda a área. Com isso, permaneciam constantes as ameaças bárbaras.<ref name=":1" />
 
Devido a não consolidação das empreitadas ocidentais, os recursos investidos neste projeto resultaram em um enfraquecimento sentido nos redutos orientais das terras justinianas. Por volta de 540, os Persas abriram passagem pelo mediterrâneo e devastaram a Síria. O custo inicial dessa trégua se deu por meio de mil libras anuais, chegando a um tratado de paz (por cinquenta anos) em 562. Por este acordo: Justiniano se comprometeu em, além de pagar um pesado tributo, não fazer qualquer propaganda cristã em território persa. Outros dois povos também cooperavam para o enfraquecimento do império; os Unos e os Eslavos. Apesar de sempre rechaçados pelos generais bizantinos, estes germânicos tomavam a aparecer e gerar mais prejuízos ao império.<ref name=":2" />
 
O descomunal esforço de reforma econômica e institucional despendido por Justiniano esbarrou numa infinidade de obstáculos. A desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres se aprofundou, tornando-se um problema constante para o soberano. No campo das agressões externas, uma das ameaças permanentes para o império foi representada por um ataque dos [[persas]], que, reunificados sob a dinastia [[Sassânida]], não escondiam a ambição de ocupar a [[Armênia]], a [[Mesopotâmia]] e a [[Síria]].<ref>{{citar livro|título=História da Idade Média|ultimo=PEDRERO-SÁNCHEZ|primeiro=Maria Guadalupe|editora=UNESP|ano=2000|local=|páginas=|acessodata=}}</ref> Em duas ocasiões Justiniano se viu obrigado a comprar a paz de seus vizinhos, o que lhe obrigou a dispor de imensas quantidades de ouro.<ref name=":0" />
 
Somados a estes percalços, no oriente e no ocidente, um outro fator tomava problemática a coesão da força militar de Bizâncio: seu exército era formado por aproximadamente 150.000 homens, integrados por mercenários (ávidos e indisciplinados) e bárbaros confederados. Ou seja, uma imensa variedade de interesses distintos em uma mesma unidade - o que levou o imperador a investir pesado em fortificações.<ref name=":0" />
 
== Morte ==