Terceira guerra judaico-romana: diferenças entre revisões

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A essa altura, evidenciou-se, entre os combatentes judeus, a liderança de um jovem comandante, Simão bar Koziba, em quem o [[Rabi Akiva]] reconheceu o "Mashiach" ([[Messias]]) davídico, aguardado ansiosamente, e lhe trocou o nome para "[[Simão bar Kokhba|bar Kokhba]]" (filho da estrela). À frente de seus comandados, Simão entrou em Jerusalém, foi saudado como "Príncipe de Israel", e proclamou a independência do estado judeu. Moedas foram cunhadas com os dizeres "''Primeiro ano da libertação de Jerusalém''" e "''Primeiro ano da redenção de Israel''".
 
Pelas cartas e outros vestígios arqueológicos descobertos nos desertos a oeste do [[mar Morto]], tem-se uma ideia do tipo de guerra que os rebeldes empreenderam contra os romanos, atuando em pequenos grupos, atacando o inimigo de emboscada e refugiando-se em cavernas. "''Em cada penhasco, em cada rochedo, ocultava-se um guerrilheiro judeu, impiedoso e desesperado, que não tinha nem esperava misericórdia''" <ref>Allegro, John. '''The Chose People'''. London. Hodder and Stoughton Ltd, 1971. P.234</ref>. Comunidades de [[gentios]] desprotegidos, tais como os descendentes dos veteranos da ''[[Legio XV Apollinaris]]'', que se tinham estabelecido em [[Emaús]], em 71, foram atacadas e dizimadas sem piedade. Por cerca de três anos e meio, esses guerrilheiros atacaram os romanos - legionários e civis.
 
Essas cartas também mostram o controle que Simão exercia sobre o povo das aldeias: confisco de cereais, recrutamento compulsório e outras medidas coercitivas <ref>Allegro, John. '''The Chose People'''. London. Hodder and Stoughton Ltd, 1971.</ref>, a exemplo das praticadas na [[primeira guerra judaico-romana]].
 
===Reação romana===
A situação tornou-se tão séria que [[Adriano]] despachou para a Judeia seu melhor general, [[Sexto Júlio Severo]], que estava governando a [[Britânia (província romana)|Britânia]]. Contando com dez legiões, além de tropas auxiliares (ao todo, cerca de cem mil homens), Severo usou a mesma tática dos guerrilheiros judeus: dividiu suasuas forças em grupos de pequenas unidades móveis, comandadas por [[tribuno militar|tribunos]] e [[centuriões]], formando grupos de reação rápida que podiam responder prontamente, sempre que chegavam relatórios de atividades de guerrilha. Além disso, localizou e cercou os redutos rebeldes, obrigando-os à rendição ou à morte por fome.
 
[[Dião Cássio]] nos diz que cerca de 50 esconderijos dos rebeldes foram localizados e eliminados. Diz também que 985 vilas judias foram destruídas na campanha e 580 mil judeus mortos pela espada (além dos que morreram por fome).<ref>Dion Cassio I xis 14</ref>.
 
Até que, em 135, Severo finalmente encurralou bar Kokhba em [[Betar]], seis milhas a sudoeste de Jerusalém.{{NotaNT|Restos da muralha circundante romana, desenterrados por arqueólogos, podem ainda ser vistos no local.}} Apesar da tenacidade de seus defensores, o reduto foi invadido e os romanos massacraram todos os que nele encontraram. Foi o fim do "Filho da Estrela" e da terceira revolta judaica.
 
==Depois==
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[[Jerusalém]] foi reconstruída de acordo com o projeto do imperador, recebendo o nome de [[Élia Capitolina]] {{NotaNT|"Élia" refere-se ao imperador, cujo nome [[Gens|gentílico]] era Aelio.}}, onde os judeus ficaram proibidos de entrar, sob pena de morte, enquanto o nome da província foi mudado de Judeia para [[Síria Palestina]] (''Syria Palaestina'').
 
Além disso, um édito imperial que combatia a prática da mutilação, equiparou a [[circuncisão]] à [[castração]], proibindo os judeus de praticá-la. E, como os recalcitrantes se valessem de argumentos religiosos, ficaram também proibidos o ensinamento da [[Torah]] e a ordenação de novos [[Rabino]]s. [[Rabi Akiva]] negou-se a obedecer, continuando a dirigir o povo judaico. Surpreendido ensinando a Torah, pagou com a vida sua fidelidade à [[Lei Mosaica]].
 
{{Notas|grupo=nt}}