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Linha 115: ===Na Grécia e Turquia=== Em [[1935]], Roncalli foi nomeado [[administrador apostólico]] do [[Vicariato Apostólico]] de [[Istambul]], constituído por uma comunidade estimada em 35 mil católicos de [[rito romano]] e ~~[[rito~~ oriental~~\|oriental]]~~.<ref name="revistamericana" /> Foi também nomeado [[delegado apostólico]] na [[Turquia]] e na [[Grécia]], onde trabalhou intensamente ao serviço dos católicos e estabeleceu um exemplar diálogo respeitoso com os [[ortodoxo]]s e os [[muçulmano]]s.<ref name="bioficial1" /> Apesar de não ter nenhum status diplomático, desenvolveu relações cordiais com vários funcionários públicos e diplomatas sediados na Turquia, nomeadamente o embaixador alemão [[Franz von Papen]].<ref name="johnXXIIIandjews" /> Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], Roncalli, sediado na Turquia neutra, conseguiu salvar muitos judeus. Em [[1944]], num dos seus sermões proferidos em [[Istambul]], revelou já o seu desejo em convocar um [[concílio ecuménico]], que iria ser no futuro o [[Concílio Vaticano II]] (1962-1965).<ref name="inglesbiografia1">{{citar web \| titulo= ALMOST A SAINT: POPE JOHN XXIII \| publicado = St Anthony Messenger Magazine Online \| url= http://www.americancatholic.org/Messenger/Nov1996/feature1.asp \| ano= 1996 \| lingua= inglês \| acessodata=10 de Junho de 2009}}</ref> ====Segunda Guerra Mundial e judeus==== Linha 131: Em [[1944]], o [[Papa Pio XII]] nomeou-o [[núncio apostólico]] em [[Paris]]. Aproximando-se do fim da Segunda Guerra Mundial, Roncalli ajudou os prisioneiros de guerra, incluindo os alemães detidos na [[França]], e contribuiu para normalizar a vida eclesial francesa.<ref name="bioficial1" /> Na sua qualidade de núncio, ele participou nas negociações da Santa Sé com o governo francês de [[Charles de Gaulle]] acerca da questão do afastamento de bispos franceses considerados colaboracionistas do [[regime de Vichy]]. Inicialmente, o governo francês queria afastar 25 bispos, mas, após intensas negociações, apenas sete deles foram discretamente demitidos. Porém, eles puderam gozar das suas pensões de reforma e as razões do seu afastamento não foram divulgadas, contribuindo assim para a normalização das relações entre a Igreja Católica e o Estado francês.<ref name="revistamericana" /><ref>{{citar web \| titulo= John XXIII: pope of the century \| url=http://books.google.pt/books?id=fwIpGJLllZYC&pg=RA1-PA100&lpg=RA1-PA100&dq=collaborationist+John+XXIII+Vichy&source=bl&ots=Q_1fVFr6bt&sig=DyywYZ_WRRGxcqqP2F8vyWnDdkI&hl=pt-PT&ei=Fy5wTYDxD5DNsgbzzeH5Dg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBcQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false \| formato= págs. 100-102 \| autor= Peter Hebblethwaite e Margaret Hebblethwaite \| acessodata=4 de Março de 2011}}</ref> Em Paris, Roncalli tornou-se também no primeiro observador permanente da Santa Sé na [[UNESCO]].<ref name="legacyraoul" /> Por último, ele desempenhou também um importante papel de mediador entre as fações mais conservadoras e mais progressistas do clero francês:<ref name="SQPN1" /> como por exemplo, ele teve que lidar com o movimento dos padres-operários e com a nova corrente teológica progressista ''Nouvelle Théologie'' (ou ''Ressourcement''), ambos ganhando força e influência na França depois da Segunda Guerra Mundial. O movimento, influenciado cada vez mais pelas ideias esquerdistas, acabou por ser suprimido na França pelo Papa Pio XII em 1954.<ref name="corley">{{citar web \| titulo= Fr. Jacques Loew: Spawned the Worker-Priest Movement \| autor = FELIX CORLEY \| publicado = ''The Catholic - Labor Network'' \| url= http://www.catholiclabor.org/gen-art/loew.htm \| data= 27 de Fevereiro de 1999 \|lingua= inglês \| acessodata= 4 de Março de 2011}}</ref><ref>Urbi et Orbi, ''[[Time (revista)\|Time]]'', 14 de Dezembro de 1953; págs. [http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,806801-9,00.html 9] e [http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,806801-10,00.html 10]. Página visitada em 4 de Março de 2011 {{en}}</ref> Em relação à ''Nouvelle Théologie'', ela e os seus adeptos nunca foram explicitamente condenados, mas apenas algumas das suas ideias o foram em 1950 na encíclica ''Humani Generis'' pelo Papa Pio XII, que receava uma nova vaga de [[modernismo (teologia)\|modernismo]].<ref>{{citar web \| titulo= Culture and Theology: The Ressourcement Movement (Part 3) \| publicado = Vox Nova \| url= http://vox-nova.com/2008/04/07/culture-and-theology-the-ressourcement-movement-part-3/ \| data= 7 de Abril de 2008 \|lingua= inglês \| acessodata= 4 de Março de 2011}}</ref> Em [[1953]], Angelo Roncalli foi elevado a [[cardeal]] e nomeado [[Patriarca de Veneza]].<ref name="hierarchy1" /> Num sinal de consideração pelo seu trabalho e pela sua personalidade, o presidente francês [[Vincent Auriol]], reclamando para si o antigo privilégio dos monarcas franceses, deu o ''[[solidéu]] vermelho'' a Roncalli numa cerimónia no [[Palácio do Eliseu]]. Antes de Roncalli partir para [[Veneza]], ele foi homenageado num jantar de despedida, onde estiveram presentes muitas figuras ilustres e muitos políticos da [[Direita (política)\|Direita]], da [[Esquerda (política)\|Esquerda]] e do [[Centro (política)\|Centro]].<ref name="HeresiaJoão1" /> Mais tarde, avaliando o seu trabalho feito na França, a Santa Sé caracterizou Roncalli como "''um observador atento, prudente e repleto de confiança nas novas iniciativas pastorais''" do clero francês; e também como um sacerdote com uma sincera piedade e uma "''simplicidade evangélica, inclusive nos assuntos diplomáticos mais complexos''".<ref name="bioficial1" /> Na sua permanência em França, Roncalli recordaria mais tarde em tom de humor que quando uma mulher com vestes muito reduzidas entrava numa sala de recepção onde ele estava, as pessoas da sala não olhavam para ela, mas sim para ele, para ver qual era a sua reação e se ele olhava para a recém-chegada.<ref name="HeresiaJoão1" /><ref name="revistamericana" /> == Cardeal e Patriarca de Veneza == Linha 228: A encíclica ''[[Pacem in Terris]]'' (em português: Paz na Terra), publicada em [[1963]], realçou o tema da paz, num período marcado pela [[proliferação nuclear]] e pela perigosa disputa - a [[Guerra Fria]] - entre os [[Estados Unidos]] e a [[União Soviética]]. Através desta encíclica, a Igreja reflectiu profundamente sobre a [[dignidade]], os [[dever]]es e os [[direitos humanos]], que foram considerados fundamentos da paz mundial.<ref name="CompDSI" /><ref name="ConsolataDSI" /> A ''Pacem in terris'', completando o discurso da ''[[Mater et Magistra]]'', sublinhou "''a importância da colaboração entre todos: é a primeira vez que um documento da Igreja é dirigido também a «todas as pessoas de boa vontade», que são chamados a uma «imensa tarefa de recompor as relações da convivência na [[verdade]], na [[justiça]], no [[amor]], na [[liberdade]]»''".<ref name="CompDSI" /> Este apelo à colaboração incitou a Igreja Católica a começar a ''[[ostpolitik]]''.<ref name="inglesbiografia1" /> Este [[documento pontifício]] defendeu também o [[Desarmamento no mundo\|desarmamento]], uma distribuição mais equitativa de recursos, um maior controlo das políticas das empresas multinacionais e o acolhimento dos [[refugiado]]s por parte dos Estados; reconheceu "''que todas as nações têm igual dignidade e igual direito ao seu próprio desenvolvimento''"; propôs a construção de uma sociedade baseada no princípio da [[Doutrina Social da Igreja#Princípio da Subsidiariedade\|subsidiariadade]]; e incentivou os católicos à acção e à transformação do presente e do futuro. Esta encíclica exortou também os poderes públicos internacionais, sendo a [[Organização das Nações Unidas]] a sua autoridade máxima, a promover o [[bem comum]] universal, através de uma resolução eficaz dos vários problemas que assolam o mundo.<ref name="CompDSI" /><ref name="Máriton1" /><ref name="ConsolataDSI" /> No fundo, João XXIII queria a consolidação da "''[[Paz]] na terra, anseio profundo de todos os homens de todos os tempos, [que] não se pode estabelecer nem consolidar senão no pleno respeito da ordem instituída por [[Deus]]''". Para o Papa, esta ordem "''é de natureza espiritual, [...] que se funda na [[verdade]], que se realizará segundo a [[justiça]], que se animará e consumará no [[amor]], que se recomporá sempre na [[liberdade]], mas sempre também em novo equilíbrio, cada vez mais humano''".<ref>{{citar web \| autor= JOÃO XXIII \| titulo= Pacem in terris \| publicado = Santa Sé \| url=http://www.vatican.va/holy_father/john_xxiii/encyclicals/documents/hf_j-xxiii_enc_11041963_pacem_po.html \| ano= 1963 \| formato= '''n. 1 e 37''' \| acessodata= 23 de Junho de 2009}}</ref> Linha 251: Em janeiro de 2000, a Santa Sé reconheceu oficialmente a veracidade da cura [[milagre\|milagrosa]] da [[freira]] italiana Caterina Capitani de um tumor no estômago, por [[intercessão]] de João XXIII, em 1966.<ref name="paroq1">{{citar web \| titulo= João XXIII exposto em S. Pedro \| publicado = Paróquias.org \| url= http://www.paroquias.org/noticias.php?n=604 \| data= 4 de junho de 2001 \| acessodata=19 de Junho de 2009}}</ref><ref>{{citar web \| titulo= The narration of the healed sister \| publicado = Casa do Papa João XXIII \| url= http://www.papagiovanni.com/web_pime/vita/suor_caterinaen.htm \| data= \| lingua= inglês \| acessodata=19 de junho de 2009}}</ref> Com esse reconhecimento, ele foi declarado [[beato (catolicismo)\|Beato]] pelo [[Papa João Paulo II]] no dia [[3 de setembro]] de [[2000]], em cerimônia solene na [[Praça de São Pedro]], juntamente com o [[Papa Pio IX]].<ref name="Beatificacao1" /> Sobre ele, o Papa João Paulo II afirmou: {{Quote1\|João XXIII, o Papa que conquistou o mundo pela afabilidade dos seus modos, dos quais transparecia a singular [[bondade]] de ânimo. […] É conhecida a profunda veneração que o Papa João tinha pelo [[Papa Pio IX]], do qual desejava a [[beatificação]]. Durante um [[retiro]] espiritual]], em [[1959]], escrevia no seu Diário [da Alma]: "Penso sempre em Pio IX de santa e gloriosa memória, e imitando-o nos seus [[sacrifício]]s, desejaria ser digno de celebrar a sua [[canonização]]" […]. Do Papa João permanece na memória de todos a imagem de um rosto sorridente e de dois braços abertos num abraço ao mundo inteiro. Quantas pessoas foram conquistadas pela [[simplicidade]] do seu ânimo, conjugada com uma ampla experiência de homens e de coisas! A rajada de novidade dada por ele não se referia decerto à [[Doutrina católica\|doutrina]], mas ao modo de a expor; era novo o estilo de falar e de agir, era nova a carga de [[simpatia]] com que se dirigia às pessoas comuns e aos poderosos da terra. Foi com este espírito que proclamou o [[Concílio Vaticano II]], com o qual iniciou uma nova página na [[História da Igreja Católica\|história da Igreja]]: os cristãos sentiram-se chamados a anunciar o [[Evangelho]] com renovada coragem e com uma atenção mais vigilante aos "sinais" dos tempos. O Concílio foi deveras uma intuição profética deste idoso Pontífice que inaugurou, no meio de não poucas dificuldades, uma nova era de [[esperança]] para os cristãos e para a humanidade. Nos últimos momentos da sua existência terrena, ele confiou à [[Igreja]] o seu testamento: "O que tem mais valor na vida é [[Jesus]] [[Cristo]] bendito, a sua Santa Igreja, o seu Evangelho, a [[verdade]] e a [[bondade]]".<ref name="Beatificacao1" />}} A sua festa litúrgica é celebrada no dia [[11 de Outubro]], dia em que teve início a primeira sessão do Concílio Vaticano II. Ele é o patrono dos delegados pontifícios.<ref name="SQPN1" />

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