Doença: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Vchev55 (discussão | contribs)
feito redirecionamento para Feminismo
Etiqueta: Novo redirecionamento
GRS73 (discussão | contribs)
m Foram revertidas as edições de Vchev55 para a última revisão de Marcos Elias de Oliveira Júnior, de 22h33min de 29 de dezembro de 2017 (UTC)
Etiquetas: Redirecionamento removido Reversão
Linha 1:
{{Reciclagem|ciência=sim|data=dezembro de 2016}}
#REDIRECIONAMENTO [[Feminismo]]
{{Mais notas|ciência=sim|data=dezembro de 2016}}{{Ver desambig|redir='''Maleita'''|o livro de Lúcio Cardoso|Maleita (Lúcio Cardoso)}}
[[Imagem:Sin Nombre hanta virus TEM PHIL 1136 lores.jpg|200px|right]]
A '''doença''' (do latim ''dolentia'', padecimento) designa em [[medicina]] e outras [[ciências da saúde]] um distúrbio das funções de um [[órgão (anatomia)|órgão]], da [[psicologia|psique]] ou do [[organismo]] como um todo, que está associado a sinais e [[sintomas]] específicos.<ref>{{Citar web |url=http://www.emedicine.com/asp/dictionary.asp?keyword=disease |título=eMedicine/Stedman Medical Dictionary Lookup! |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref><ref>{{DorlandsDict|three/000030493|disease}}</ref><ref>{{Citar web |url=http://wordnet.princeton.edu/perl/webwn?s=disease |título=WordNet Search - 3.0 |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Pode ser causada por fatores externos, como outros organismos ([[infecção]]), ou por disfunções ou mau funcionamento interno, como as [[doenças autoimunes]]. A [[patologia]] é a [[ciência]] que estuda as doenças e procura entendê-las.
 
A doença resulta da perda da [[homeostasia]] de um organismo vivo, total ou parcialmente, estado este que pode ocorrer devido a infecções, [[inflamação|inflamações]], [[isquemia]]s, [[Mutação|modificações genéticas]], sequelas de [[trauma físico|trauma]], [[hemorragia]]s, [[neoplasia]]s ou disfunções orgânicas. Distingue-se da enfermidade, que é a alteração danosa do organismo.<ref>{{citar web |url= http://www.ipv.pt/millenium/millenium25/25_27.htm |título=Saúde e Doença: Significados e Perspectivas em Mudança |acessodata=15 de janeiro de 2012 }}</ref> O dano patológico pode ser estrutural ou funcional.
 
O profissional de saúde faz a [[Anamnese (saúde)|anamnese]] e examina o paciente à procura de [[sinal (médico)|sinais]] e [[sintoma]]s que definem a [[síndrome]] da doença, solicita os [[exame complementar|exames complementares]] conforme suas [[hipótese diagnóstica|hipóteses diagnósticas]], visando chegar a um [[diagnóstico]]. O passo seguinte é indicar um [[Tratamento (saúde)|tratamento]].
 
== Conceitos de doença ==
Doença é um conceito complexo e multifacetado:<ref>Perrez, Meinrad & Baumann, Urs (2005). ''Lehrbuch klinische Psychologie - Psychotherapie''. Bern: Huber.</ref>
* conceito do [[senso comum]]: a palavra tem em linguagem quotidiana diferentes significados, muitas vezes distintos do significado médico;
* conceito jurídico: doenças dão a seus portadores determinados direitos (ex. não ir ao trabalho) e implica deveres para várias instituições (seguros de saúde, [[previdência]] social, empregador);
* conceito social: ser "doente" implica um determinado [[papel social]] que provoca em outras pessoas compaixão, atenção, apoio; além disso certos tipos de comportamento geralmente indesejáveis são aceitos (resmungar, não participar de atividades sociais);
* conceito acional (''Handlungsbegriff''): ter uma doença conduz a um determinado tipo de comportamento e a determinadas ações (procurar um médico, tratamento);
* conceito profissional: a classificação de um fenômeno como doença implica que somente algumas classes profissionais podem realizar seu tratamento
 
=== Conceito médico ===
Por ter tantos usos e significados diferentes faz-se necessária uma definição pelo uso científico do termo. O conceito de doença compõem-se, segundo Häfner (1981,<ref>Häfner, H. (1981). "Der Krankheitsbegriff in der Psychiatrie". In: R. Degwitz & H. Sidow (Hrsg.), ''Zum umstrittenen psychiatrischen Krankheitsbegriff. Standorte der Psychiatrie Bd. 2'', München: Urban & Schwarzenberg, p. 16-54.</ref> 1983<ref>Häfner, H. (1983). "Allgemeine und spezielle Krankheitsbegriffe in der Psychiatrie". ''Nervenarzt, 54'', 231-238.</ref>), de dois componentes:
# o distúrbio de funções, grupos de funções ou de sistemas interpessoais;
# o estado não é proposital – "doença" implica incapacidade. Além disso ele é formado em diferentes níveis:
## a manifestação;
## o desenvolvimento da doença, que caracteriza o "estar doente" (''Kranksein'');
## o conhecimento dos órgãos afetados e do contexto [[patologia|patológico]], de forma a se compreender como os primeiros níveis se influenciam mutuamente;
## o conhecimento das causas do contexto patológico.
 
Somente quando todos esses níveis são conhecidos pode-se falar de [[nosologia]].
 
=== Conceito bio-psicossocial ===
O conceito de doença descrito acima é o chamado "conceito médico". Ele localiza a doença dentro do indivíduo e a define como um fenômeno isolado, com causas biológicas e muitas vezes a ser tratado com medicamentos. Críticas contra esse conceito foram levantadas por várias ciências sociais ([[sociologia]], [[antropologia]], [[ciências da saúde]], [[psicologia da reabilitação]], etc.): uma doença não influencia somente o indivíduo, mas todas as pessoas que estão em contato com ele (família, amigos); além disso ela tem não apenas consequências biológicas, mas sociais (isolamento, preconceito, estereotipificação, etc.) e provocam muitas vezes mudanças no sistema social. Por isso se fala hoje de um conceito bio-psicossocial, ou seja uma doença deve ser vista sob diferentes pontos de vista, de acordo com os diferentes fatores que a influenciam:<ref>Myers, David G. (2008). ''Psychologie''. Heidelberg: Springer.</ref>
* fatores biológicos – como a predisposição genética e os processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal em geral, o funcionamento do organismo e o metabolismo, etc.;
* fatores psicológicos – como preferências, expectativas e medos, reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções, etc.;
* fatores socioculturais – como a presença de outras pessoas, expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, de amigos, modelos de papéis sociais, etc.
 
A literatura sobre sociologia médica em língua inglesa costuma diferenciar esses diferentes aspectos da doença com o uso de três termos distintos (que no inglês [[psicologia do senso comum|quotidiano]] são usadas como sinônimos):<ref>Schweitzer, Jochen & Schlippe, Arist von (2006). ''Lehrbuch der systemischen Therapie und Beratung. Band: 2, Das störungsspezifische Wissen''. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht.</ref>
* ''disease'' é a parte médica e técnica;
* ''illness'' refere-se à experiência pessoal da pessoa doente;
* ''sickness'' refere-se ao aspecto social e relacional da doença.
 
== Significado social da doença ==
[[Imagem:Charles Mellin zugeschr - Porträt eines Herrn - Gemäldegalerie Berlin.jpg|thumb|upright|A [[obesidade]] foi um símbolo de status na cultura do [[Renascimento]]: "O General Toscano [[Alessandro del Borro]]", atribuído a [[Andrea Sacchi]], 1645.<ref>{{Citar web| url=http://www.cab.u-szeged.hu/cgfa/m/m-12.htm | autor=Carol Gerten-Jackson |título=The Tuscan General Alessandro del Borro}}</ref> É agora geralmente considerada como uma doença.]]
 
Uma condição pode ser considerada uma doença em algumas culturas e épocas, mas não em outras. Condições tais como o [[transtorno do déficit de atenção com hiperatividade]] e a [[obesidade]] são consideradas doenças por parte de alguns países desenvolvidos, mas têm sido considerados de forma diferente em outras culturas. Por exemplo, a obesidade também pode representar riqueza e abundância e é um símbolo de status em áreas propensas à fome e alguns lugares mais atingidos pela [[caquexia]] decorrente da [[AIDS]].<ref name=HaslamJames>{{citar periódico|autor=Haslam DW, James WP |titulo=Obesity |jornal=Lancet |volume=366 |numero=9492 |paginas=1197–209 |ano=2005 |pmid=16198769 |doi=10.1016/S0140-6736(05)67483-1}}</ref>
 
A doença confere a legitimação social de determinados benefícios, como auxílio-doença, desnecessidade de comparecer ao trabalho e recebimento de cuidadas por outras pessoas. Em contrapartida, existe uma obrigação por parte do doente a procurar tratamento e trabalho para voltar a ficar bem. Como comparação, considere-se a [[gravidez]], que não é normalmente interpretada como uma doença ou uma enfermidade. Por outro lado, é considerada pela comunidade médica como uma condição que exige cuidados médicos.
 
A identificação de uma condição como uma doença, ao invés de simplesmente como uma variação da estrutura ou funcionalidade humana, pode ter importantes implicações sociais ou econômicas. Os reconhecimentos controversos como doenças do [[transtorno de estresse pós-traumático]], também conhecido como o "coração do soldado", "choque de stress do combate" ou "fadiga do combate", da [[lesão por esforço repetitivo]] e da [[síndrome da Guerra do Golfo]] teve uma série de efeitos positivos e negativos sobre as finanças e outras responsabilidades governamentais, empresas e instituições para indivíduos, assim como sobre os próprios indivíduos. A implicação social de considerar o [[Senescência celular|envelhecimento]] como uma doença pode ser profunda, embora esta classificação não está ainda generalizada. Os [[Hanseníase|leprosos]] eram um grupo de indivíduos socialmente evitados ao longo da história, e o termo "leproso" ainda evoca [[estigma social]]. O medo da doença pode ainda ser um fenômeno social amplo, embora nem todas as doenças evocam um estigma social extremo.
 
{{Referências|col=2}}
 
== Bibliografia ==
* Myers, David G. (2008). ''Psychologie''. Heidelberg: Springer. ISBN 978-3-540-79032-7 (Original: Myers (2007). ''Psychology'', 8th Ed. New York: Worth Publishers.)
* Perrez, Meinrad & Baumann, Urs (2005). ''Lehrbuch klinische Psychologie - Psychotherapie''. Bern: Huber. ISBN 3-456-84241-4
* Schweitzer, Jochen & Schlippe, Arist von (2006). ''Lehrbuch der systemischen Therapie und Beratung. Band: 2, Das störungsspezifische Wissen''. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht. ISBN 3-525-46256-5
* Antonovsky, A. (1979). Health, stress, and coping: new perspectives on mental and physical well-being. San Francisco: Jossey-Bass.
* Aron, E., & Aron, A. (1987). The influence of inner state on self-reported long term happiness. Journal of Humanistic Psychology, 27, 248-270.
* Blaxter, M. (1990). Health and Lifestyles. London: Tavistock.
* Bolander, V.B. (1998). Enfermagem fundamental: abordagem psicofisiológica (pp.32-52). Lisboa: Lusodidacta.
* Breslow, L. (1987). Some fields of application for health promotion and disease prevention. In T. Abelin, Z.J. Brzezinski, & D.L. Carstairs (Eds.), Measurement in health promotion and protection (Nº 22, pp.47-60). Copenhagen: World Health Organization Regional Office for Europe.
* Calnan, M. (1987). Health and Illness: The lay perspective. London: Tavistock.
* Cornwell, J. (1984). Hard-Earned Lives: Accounts of health and illness from East London. London: Tavistock.
* Dean, K. (1990). Nutrition education research in health promotion. Journal of the Canadian Dietetic Association, 51(4), 481-484.
* Diener, E. (1984). Subjective Well-being. Psychological Bulletin, 95 (3), 542-575.
* Dubos, R. (1980). Man adapting. New Haven: Yale University Press.
* Engel, G.L. (1977). The need for a new medical model: a challenge for biomedicine. Science, 196, 129-136.
* Goodstadt, M.S., Simpson, R.I., & Loranger, P. (1987). Health promotion: a conceptual integration. American Journal of Health Promotion, 1 (3), 58-63.
* Helman, C. (1978). Feed a cold and starve a fever: Folk models of infection in na English suburban community, and
* Herzlich, C. (1973). Health and Iillness: A Social-Psychological Analysis. New York: Academic Press.
* Kaplan, R. (1984). The connection between clinical health promotion and health status. American Psycholgy, 39 (7), 755-765.
* Laderman, C. (1987). The ambiguity of symbols in the structure of healing. Social Science and Medicine, 24, 293-301.
* Lalond, M. (1974). A new perspective on the health of Canadians. Ottawa; Minister of National Health and Welfare.
* Mayer, E. (1988). Toward a New Philosophy of Biology. Cambridge: Harvard University Press.
* McIntyre, T.M. (1994). A psicologia da saúde: Unidade na diversidade. In T.M. MacIntyre (Ed.), Psicologia da saúde: áreas de intervenção e perspectivas futuras (pp.17-32). Braga: APPORT.
* McQueen, D. (1987). A research programme in lifestyle and health: methodological and theoretical considerations. Revue of Epidémiology et Santé Publique, 35, 28-35.
* Ramos, V. (1988). Prever a medicina das próximas décadas: Que implicações para o planeamento da educação médica?. Acta Médica Portuguesa, 2, 171-179.
 
== Ver também ==
{{wikiquote|Doença}}
{{commonscat|Diseases}}
{{wikinews|Categoria:Doenças}}
* [[Lista de doenças]]
* [[CID]] - classificação internacional de doenças
* [[Doença mental]]
* [[Salutogênese]]
 
{{Portal3|Saúde|Ciência|Biologia}}
 
{{DEFAULTSORT:Doenca}}
[[Categoria:Doenças| ]]
[[Categoria:Biologia celular]]
[[Categoria:Causas de morte]]