Palestra de São Bernardo: diferenças entre revisões

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===A origem===
 
Em [[1935]], São Bernardo do Campo era uma cidade com aproximadamente oito mil habitantes entre a Capital e a Baixada santista. Embora não fosse mais 'Villa', pois já não era mais comarca[[freguesia]] da vizinha Santo[[São AndréPaulo (cidade)|São Paulo]], alguns moradores ainda se referiam assim à cidade de maneira carinhosa. A Vila compreendia toda a extensão urbanizada da Rua Marechal Deodoro, na época parte do [[Caminhos do mar de São Paulo|Caminho do Mar]], rota entre Planaltoplanalto e litoral.<ref name="Folha do ABC - 80"/>
 
Em um tempo em que o futebol era uma das poucas diversões daquele povo sofrido devido a depressão econômica, Alfredo Sabatini, filho de comerciantes [[Itália|italianos]] vindos da [[Toscana]], era considerado um bom jogador e atuava na ponta esquerda do eterno rival do Palestra, o [[Esporte Clube São Bernardo|EC São Bernardo]], fundado poucos anos antes. Sua equipe faria naquele momento uma viagem à cidade de [[Catanduva]], no interior e Sabatini acabou preterido pelo técnico, ficando de fora.<ref name="Folha do ABC - 80"/> Em seu lugar entraria outro atleta que fosse jogar excepcionalmente naquela partida. Existem outras versões do mesmo episódio que contam que ao invés de viajar, um time grande da Capital viria até São Bernardo do Campo.
 
O fato é que Alfredo Sabatini ficou muito revoltado com a decisão e prometeu que jamais vestiria a 'jaqueta' daquele clube. A passagem decepcionou tanto a família que seu pai, Samuel Sabatini, nome da praça onde fica hoje o paço municipal da cidade, residência da família, já frustrado com o mal andamento do comércio, teria morrido de desgosto. Alfredo reuniu os amigos José de Jorge e Antonio Garcia e prometeu a eles em uma conversa sentado na calçada da praça da Matriz que fundaria um clube que 'bateria neles', se referindo ao antigo clube.
Alfredo reuniu os amigos José de Jorge e Antonio Garcia e prometeu a eles em uma conversa sentado na calçada da praça da Matriz que fundaria um clube que 'bateria neles', se referindo ao antigo clube.
 
Tratou de datilografar cartas junto com os amigos para diversos conhecidos os convocando para uma reunião no Bar e Lanche 'Viarregio' na Rua Marechal Deodoro. O número de imigrantes era grande, principalmente os italianos, e Alfredo sugeriu o nome ''Palestra Itália de São Bernardo'' - uma homenagem à ''Societá Sportiva Palestra Italia'' - posterior [[Sociedade Esportiva Palmeiras]]. Os presentes aceitaram o nome por unanimidade.<ref name="Folha do ABC - 80"/>
 
Após oos títulotítulos Paulistapaulistas do Palestra da Capital em 1928, 1929 e 1930 surgiram vários 'Palestra's' pelo Estado, como o EC Palestra, de [[São José do Rio Preto]] e [[Palestra Itália de São Carlos]]. Porém, nenhum deles conseguiu se manter vivo e ativo como o de São Bernardo, atualmente o único do Brasil disputando o futebol profissional.
 
Segundo o jornalista [[Milton Neves]], o nome 'Palestra São Bernardo' é o mais bonito do Brasil.
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===A italianidade===
 
O Palestra de São Bernardo representa a brava e heroica colônia italiana da cidade. Foi fundado com o nome de ''"Palestra Itália de São Bernardo"'', mas bem como outras entidades foi obrigado, à época da [[Segunda Guerra Mundial]] em 1942 com a criação do [[Estado Novo]] do então presidente [[Getúlio Vargas]] a mudar seu nome para evitar associações com o regime [[fascista]], inimigo do [[Governo do Brasil|governo brasileiro]]. Foi obrigado a retirar o Itália do nome, mas permaneceu Palestra ao ser informado que o nome era de origem grega e significa 'Praça de Esportes' ou 'Academia'. Curiosamente, nem mesmo seu homônimo da capital, a posterior [[Sociedade Esportiva Palmeiras]] conseguiu o feito de manter o primeiro nome. Hoje, o clube é o único 'Palestra' em atividade no futebol brasileiro. Historicamente, a maioria dos nomes de diretores e membros do Palestra são italianos, porém o fato não impediu que outras etnias escrevessem parte importante da história do clube. Recentemente, o Palestra tem estreitado seus laços com os italianos e descendentes da cidade.
Historicamente, a maioria dos nomes de diretores e membros do Palestra são italianos, porém o fato não impediu que outras etnias escrevessem parte importante da história do clube.
Recentemente, o Palestra tem estreitado seus laços com os italianos e descendentes da cidade.
 
===Primeiro estádio===
 
Seu estádio era na [[Rua Marechal Deodoro]], a mais famosa via da cidade, onde hoje está a [[Praça Lauro Gomes]]. Lá o Palestra cresceu e conquistou adeptos. Naquele campo o Palestra disputou os primeiros campeonatos profissionais de sua história de 1949 a 1952, quando teria seu estádio desapropriado para a construção da praça. O episódio foi carregado de histórias e houve até assassinato. Gumercindo Ferreira da Silva levou alguns tiros na tentativa de impedir que funcionários da prefeitura derrubassem os muros do campo e acabou morrendo, fato lembrado com emoção pelos mais antigos torcedores do Palestra. Em 2010, em comemoração aos 75 anos do clube, o prefeito [[Luiz Marinho]] aprovou um pedido do vereador [[Admir Ferro]] (PSDB) - filho do ex-jogador do clube, Ferrinho - e aprovou a construção de um monumento em homenagem ao Palestra no local após 60 anos da saída da equipe de lá.
Gumercindo Ferreira da Silva levou alguns tiros na tentativa de impedir que funcionários da prefeitura derrubassem os muros do campo e acabou morrendo, fato lembrado com emoção pelos mais antigos torcedores do Palestra. Em 2010, em comemoração aos 75 anos do clube, o prefeito [[Luiz Marinho]] aprovou um pedido do vereador [[Admir Ferro]] (PSDB) - filho do ex-jogador do clube, Ferrinho - e aprovou a construção de um monumento em homenagem ao Palestra no local após 60 anos da saída da equipe de lá.
 
===Estádio do Ferrazópolis===
 
Alguns anos depois, sofrendo com a ausência de uma casa, o clube migrou para o bairro [[Ferrazópolis]], onde conquistou um terrenos desnivelado em um bairro periférico. Pois, a vida do Palestra de São Bernardo, começava ali a tomar seu rumo definitivo. Seus diretores, abnegados torcedores, iniciaram a construção de um suntuoso clube social, com ginásio Poliesportivo, campo de futebol e espaço para diversas atividades. Aos poucos o clube então de centro, conquistou aquele bairro humilde e virou referência esportiva.
 
===Outros esportes===
 
O Palestra já representou a cidade em quase todos os esportes. Apesar da grande paixão dos palestrinos ser o futebol, desde os primórdios, no campo da Marechal, o clube já mostrava sua vocação multidesportiva. No antigo campo havia quadras de basquete. Na nova casa, o Colosso Alviverde também possuiu [[Handebol]], feminino e masculino de várias categorias, [[Voleibol]], [[Futsal]], [[Basquete]], [[Judô]], [[Tênis de Mesa]] - foi o berço do mesatenista [[Hugo Hoyama]], [[Aeromodelismo]] - foi tetracampeão sulamericano -, [[Ciclismo]], [[Atletismo]] e mais recentemente disputou o Campeonato Brasileiro de [[Hóquei em campo|Hóquei de Grama]], esporte ainda desconhecido dos Brasileiros, sendo pioneiro no ABC.
 
===Futebol amador===
 
No 'Ferra', o Palestra encheu seus moradores de orgulho. A primeira torcida do clube surgiu com o nome 'Ferrão da Vila'. Chegou nessa época a receber o [[Santos Futebol Clube|Santos]] de [[Pelé]] na [[Estádio Primeiro de Maio (São Bernardo do Campo)|Vila Euclides]] lotada (1974), o [[Sport Club Corinthians Paulista|Corinthians]] de [[Roberto Rivellino|Rivelino]] (1975) e o [[Fußball-Club Bayern München|Bayern de Munique]]-ALE no Baetão. Foi campeão diversas vezes do campeonato municipal com ótimas equipes que ficaram gravadas na memória dos esportistas da cidade, algumas delas inesquecíveis contra o maior rival da época, o Aliança. Destaque para o tricampeonato de 1972, 73 e 74 e as conquistas do time Juvenil.
Foi campeão diversas vezes do campeonato Municipal com ótimas equipes que ficaram gravadas na memória dos esportistas da cidade, algumas delas inesquecíveis contra o maior rival da época, o Aliança. Destaque para o tricampeonato de 1972, 73 e 74 e as conquistas do time Juvenil.
 
===Escolinhas de esporte===
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===Cinquentenário===
 
Em 1985, quando o clube completou seu [[Jubileu de Ouro]], Ademir Médici, historiador do [[Região do Grande ABC|ABC]], presentou o clube com o livro ''Palestra de São Bernardo - Meio Século'', uma bíblia do futebol na cidade que consagra os grandes heróis do Palestra nesta história de grandes lutas para permanecer vivo.
 
===Retorno ao profissionalismo===
 
Um ano após o cinquentenário do clube, o Palestra voltava ao certame Paulista empolgado e sentindo-se preparado para o desafio na 3º divisão Estadual. Desde o primeiro ano mostrou que o espírito brigador de todo palestrino continuava aceso, fez boa campanha. Nos anos seguintes, continuou buscando a 2ª divisão, onde terminou entre os quatro primeiros em 1988, o "Esquadrão do Ferra", time formado quase inteiramente por atletas do seu bairro como Gemada, Ling, Bó, Zanata e outros, mas na época subia apenas o primeiro. Licenciou-se novamente em [[1992]].
 
===1997 - Volta pra ficar===
 
Com a casa em ordem, o Palestra retornaria para nunca mais se ausentar dos profissionais. Logo no primeiro ano com um belo time comandado por [[Chico Formiga]], o time conquistaria acesso na Série B1 como vice-campeão. Um dos destaques na época era o ex-santista [[Paulo Leme]]. Nos anos seguintes, [[Ernesto Lance]] no comando e Formiga novamente, o acesso à A3 bateu na trave. Seguindo fazendo boas campanhas, [[2004]] parecia ser o ano decisivo, comandado pelo técnico Ling, ex-jogador do clube, chegou novamente às finais, mas a troca no comando técnico pelo então badalado [[Rotta]] fez o time desandar.
Seguindo fazendo boas campanhas, [[2004]] parecia ser o ano decisivo, comandado pelo técnico Ling, ex-jogador do clube, chegou novamente às finais, mas a troca no comando técnico pelo então badalado [[Rotta]] fez o time desandar.
 
===Mudanças===
 
Em 2005, numa estratégia de marketing, o clube passou a utilizar somente o vermelho em seu uniforme - cor que o estatuto do clube permite por estar na bandeira italiana - mudou também o escudo, o hino e o mascote - o Periquito virou um cão da raça São Bernardo. Inicialmente deu certo, o 'PSB', sigla oficial do clube e como passou a ser chamado, levou muita gente ao estádio da [[Estádio Primeiro de Maio (São Bernardo do Campo)|Vila Euclides]] nos jogos da [[Copa São Paulo]] e no [[Campeonato Paulista de Futebol - Segunda Divisão|Paulista Série B]]. As mudanças porém, chatearam a velha guarda do clube e em 2006 o clube voltava a adotar o "Palestra" e o verde.
 
Após terceirizar o departamento de futebol profissional, o clube realizou más campanhas em 2006 e 2007. Em 2008, retomando o departamento desorganizado, a diretoria foi obrigada a licenciá-lo. Tristeza profunda para os fieis palestrinos. Apaixonados que são, no entanto, eles acompanharam o clube no Handebol, atividade que o Palestra disputou naquele ano. Ao menos uma boa notícia: o verde retornava no escudo e na camisa para nunca mais sair.
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===Parceria com o Santo André e o quase acesso===
 
Os palestrinos levantaram mais felizes em 19 de abril. O Palestra estrearia fora de casa em um jogo de portões fechados diante do São Vicente no [[Estádio Mansueto Pierotti|Mansueto Pierotti]]. Mesmo assim eles foram ao jogo e novidade: Os portões estavam abertos. A vitória por 3 a 0 era o indício de um grande ano. Em uma parceria bem sucedida com o [[EC Santo André]], o Alviverde, liderado por [[William Amorim Martins de Menezes|William]], [[Júnior Urso]], [[Richard Almeida de Oliveira|Richard]] e [[Jefferson Aparecido de Araújo Siqueira|Jerinha]], fez uma de suas melhores campanhas no Paulista da Segunda Divisão. Terminou a primeira fase na liderança do Grupo 6, com seis vitórias em doze jogos. Na fase seguinte, quatro vitórias em seis jogos e novamente a primeira posição da chave. Na terceira fase, o Palestra se classificou como um dos melhores terceiros colocados, ficando atrás do [[Desportivo Brasil]] e do [[Andradina Futebol Clube|Andradina]]. Por dois pontos, não conseguiu a vaga para Série A-3. Na última partida oficial disputada pelo Palestra, o time comandado por [[Sandro Gaúcho]] encarou de igual para igual o [[Taubaté]] fora de casa, chegou a vencer por 1 a 0 no primeiro tempo, o goleiro Willian pegou pênalti, mas perdeu nos minutos finais, em jogo que terminou de forma conturbada, com invasão de gramado e lançamento de bombas pelos torcedores do time da casa, tumulto dentro de campo e quatro jogadores expulsos, sendo três deles do Alviverde.
 
===Novo licenciamento===
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{{VT|Clássico Batateiro}}
 
O Palestra já nasceu rival do seu conterrâneo, [[Esporte Clube São Bernardo]]. Nos anos 40 e 50 os dois fizeram seus maiores confrontos dividindo a cidade. Os veteranos dizem que era uma espécie de "Palmeiras x Corinthians", mas apesar da rivalidade que perdura, nunca houve incidentes entre torcedores e as diretorias se relacionam de maneira respeitosa e sadia. Com a alternância dos clubes no futebol profissional, os clássicos ocorreram pouco, mas voltaram na década de 90 com o cruzamento das equipes na 3º e 4º divisão, com o rival em franca decadência o Palestra levou vantagem na maioria. <br/>O Alviverde também foi o maior rival de todas as equipes existentes na cidade. Na década de 70 com o [[Aliança Clube]] o time fez grandes disputas na época do Amadorismo. Existiu até mesmo um campeonato entre os dois decidido na Justiça. Deu Palestra! <br/>Contra o [[São Bernardo Futebol Clube]], apenas dois confrontos, realizados em 2005, com uma vitória para cada lado: 2x1 para o Tigre, e 1x0 para o Palestra.
O Alviverde também foi o maior rival de todas as equipes existentes na cidade. Na década de 70 com o [[Aliança Clube]] o time fez grandes disputas na época do Amadorismo. Existiu até mesmo um campeonato entre os dois decidido na Justiça. Deu Palestra! <br/>
Contra o [[São Bernardo Futebol Clube]], apenas dois confrontos, realizados em 2005, com uma vitória para cada lado: 2x1 para o Tigre, e 1x0 para o Palestra.
 
== Revelações ==
 
Ao longo dos anos, o Palestra revelou diferentes atletas para o futebol nacional. A cultura de ser um clube popular e manter as portas abertas facilitou isso. Algumas das maiores contribuições foram o volante [[José Roberto da Silva Júnior|Zé Roberto]], da Seleção Brasileira, do Bayern de Munique - ALE e do Palmeiras, que chegou a ser campeão Paulista de Juniores com o Palestra em 1992. Em 1999 na disputa da Copa São Paulo surgiu o zagueiro [[André Dias]], que sempre relembra com carinho do clube do Ferrazópolis. Outro que surgiu na mesma época foi o volante [[Fábio Alves Félix|Fabinho]], ex-Corinthians e Santos.
Em 1999 na disputa da Copa São Paulo surgiu o zagueiro [[André Dias]], que sempre relembra com carinho do clube do Ferrazópolis. Outro que surgiu na mesma época foi o volante [[Fábio Alves Félix|Fabinho]], ex-Corinthians e Santos.
 
==Títulos==
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'''Segunda maior torcida do ABC'''
 
Em 2006, o site ABC do Esporte, do jornalista Anderson Fattori realizou uma das únicas pesquisas feitas até hoje na região sobre o tamanho das torcidas no Grande ABC. No final, uma surpresa: O [[Esporte Clube Santo André|Santo André]] apareceu em primeiro lugar com 52,87% dos votos, em segundo ficou o Palestra com 18,47%, em terceiro o SBFCL[[São Bernardo Futebol Clube|SBFC]] com 13,03%, em quarto ficou o [[Associação Desportiva São Caetano|São Caetano]] com 11,03% e em último o [[Grêmio Esportivo Mauaense|Mauaense]] com 4,60%. A notícia repercutiu bastante na mídia.
 
'''O Ferrazópolis agradece'''