Vinho: diferenças entre revisões

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Desde o tempo dos romanos, pensava-se que o vinho (eventualmente misturado com ervas e [[mineral|minerais]]) tivesse também propriedades medicinais. Nesses tempos, não era invulgar dissolverem-se [[pérola]]s no vinho para se conseguir mais saúde. [[Cleópatra]] criou a sua própria lenda ao prometer a [[Marco António]] que ela "beberia o valor de uma província" numa taça de vinho, após o que bebeu uma valiosa pérola com uma taça de vinho.<ref name="farlang" />
 
Durante a [[Idade Média]], a Igreja Cristã era uma firme apoiante do vinho, o qual era necessário para a celebração da missa católica. Em locais como a [[Alemanha]], a [[cerveja]] foi banida e considerada [[paganismo|pagã]] e [[bárbaro|bárbara]], enquanto que o consumo de vinho era visto como civilizado e como sinal de conversão.<ref name="Phillips pg 62-63">R. Phillips ''A Short History of Wine'' pg 62-63 Harper Collins 2000 ISBN 0-06-093737-8</ref> O vinho era proibido pelo [[Islão]], mas, após os primeiros avanços de [[Geber]] e outros químicos muçulmanos sobre a [[destilação]] do vinho, este passou a ter outros usos, incluindo [[cosmético]]s e [[medicina]]is.<ref>[[Ahmad Y Hassan]], [http://www.history-science-technology.com/Notes/Notes%207.htm Alcohol and the Distillation of Wine in Arabic Sources]</ref> De facto, o cientista e filósofo persa do [[século X]] [[Al-Biruni]] descreveu várias receitas em que o vinho era misturado com ervas, minerais e até mesmo [[gema (mineralogia)|gemas]], com fins medicinais. O vinho era tão venerado e o seu efeito tão temido que foram elaboradas teorias sobre qual seria a melhor gema para fabricar taças para contrariar os seus efeitos secundários considerados indesejáveis.<ref name="farlang">{{Citar web |url=http://www.farlang.com/content/2007-07-26.3408347790 |título=Wine Drinking and Making in Antiquity: Historical References on the Role of Gemstones|língua= |autor=. |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Muitos cientistas clássicos como Al-Biruni, [[Teofrasto]], [[Georg Agricola]], [[Albertus Magnus]] bem como autores mais recentes como [[George Frederick Kunz]] descrevem os muitos usos talismânicos e medicinais do vinho combinado com minerais.
 
Portugal é um país com uma longa tradição na produção de vinho, tendo sido exportador deste produto desde tempos remotos<ref name=":0" />. A produção de uvas e de vinho é tradicionalmente dispersa, com elevado número de produtores de uvas e um elevado número de pequenas adegas. Nas décadas de 50 e 60 do século XX, houve um esforço de concentração da oferta de vinho, com a criação de mais de uma centena de adegas cooperativas distribuídas por todo o país<ref name=":0" />. Essas adegas, na sua grande maioria, permaneceram ativas até à adesão de Portugal à CEE e transformavam as uvas de milhares de pequenos agricultores, a maioria dos quais em explorações polivalentes. Para muitos desses agricultores, a receita proveniente das uvas que entregavam à adega constituía a verba mais avul‑ tada que entrava na exploração (e, na maioria dos casos, no agregado familiar) ao longo de todo o ano, sendo essa a verba que permitia fazer alguns investimentos de melhoria da exploração ou aquisição de património<ref name=":0" />.
 
== Classificação dos vinhos ==
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Os vinhos de péssima qualidade são designados vulgarmente por "zurrapa".<ref>http://www.dicionarioinformal.com.br/zurrapa/</ref>
 
Cada país e cada região produtora possui uma classificação própria. Veja a classificação italiana em [[DOCG]], a francesa em [[AOC]] e a da [[União Europeia]] em [[Denominação de Origem Protegida]]. Portugal foi um país pioneiro, no que diz respeito à criação de denominações de origem para os seus vinhos, com a criação da região demarcada do Vinho do Porto, em 1756<ref name=":0">{{citar livro|url=https://www.researchgate.net/publication/324925009_Capitulo_15_Produtos_agricolas_transformados|título=Duarte, A. & Costa Freitas, M. 2017. Produtos agrícolas transformados. Em: Cunha, A. (Ed.). Os Capítulos da Adesão, Coleção Parlamento. Assembleia da República, Lisboa, Portugal. p. 301-316.|ultimo=|primeiro=|editora=|ano=|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>. A região foi redefinida em 1907 e logo a seguir, em 1908, ficando nessa altura com os limites muito próximos dos que ainda hoje tem. No mesmo ano (1908), foram criadas as regiões demarcadas do Vinho Verde, de Carcavelos e do Dão. Em 1911, foi demarcada a região de Bucelas (vinhos brancos).<ref name=":0" />
 
Com a adesão de Portugal à CEE (actual União Europeia), o sector vitivinícola foi objeto de medidas de pré‑adesão, pelo que no início dos anos 80 a sua organização em regiões demarcadas (dez regiões tradicionalmente produtoras de vinho que recebiam a designação de “Regiões Demarcadas”, nomeadamente, Douro/Vinho do Porto, Vinho Verde, Dão, Bairrada, Bucelas, Colares, Carcavelos, Setúbal – Moscatel, Madeira e Algarve) sofreu uma importante alteração, visando cumprir as regras da política agrícola europeia – criação de áreas de Denominação de Origem Controlada (DOC) e classificação qualitativa dos vinhos através das categorias VQPRD (Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada), Vinho Regional e Vinho de Mesa. A lei-quadro das Regiões Demarcadas, publicada em 1985, e o consequente decreto‑lei n.º 429 de 1986 alteraram a designação “Região Demarcada” para “Denominação de Origem Controlada” ou DOC<ref name=":0" />. Além disso, foram criadas 28 novas regiões que passaram a designar‑se por IPR (Indicação de Proveniência Regulamentada). Ao mesmo tempo, a Junta Nacional do Vinho foi substituída pelo atual Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), organismo que responde às exigências da política de mercado europeia e que definiu os mapas vitivinícolas nacionais; ou seja, já antes da adesão à CEE, o setor sofreu alterações com vista à integração do país na Comunidade Europeia<ref name=":0" />.
 
No virar do século existiam em Portugal 23 regiões DOC e nove regiões IPR, num total de 32 regiões de produção de vinhos denominados VQPRD<ref name=":0" />.
 
No [[Brasil]] os vinhos são assim classificados: