Crucificação: diferenças entre revisões
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No ato de crucificação a [[vítima]] era pendurada de braços abertos em uma [[cruz]] de [[madeira (material)|madeira]], amarrada ou, raramente{{Carece de fontes|geo|si|data=2013-04}}, presa a ela por pregos perfurantes nos [[punho]]s e [[pé]]s. O peso das [[perna]]s sobrecarregava a musculatura abdominal que, cansada, tornava-se incapaz de manter a [[respiração]], levando à [[morte]] por [[asfixia]]. Para abreviar a morte os torturadores às vezes [[:wikt:fratura|fratura]]vam as pernas do condenado, removendo totalmente sua capacidade de sustentação, acelerando o processo que levava à morte. Mas era mais comum{{Carece de fontes|geo|si|data=2013-04}} a colocação de "bancos" no crucifixo, que foi erroneamente interpretado como um pedestal. Essa prática fazia com que a vítima vivesse por mais tempo. Nos momentos que precedem a morte, falar ou gritar exigia um enorme esforço.
O termo vem do [[Latim]] ''crucifixio'' ("fixar a uma cruz", do prefixo ''cruci-'', de ''crux'' ("cruz"), + verbo ''figere'', "fixar ou prender".)<ref>{{citar web|url=http://dictionary.reference.com/browse/crucify |título=Dictionary.com |editora=Ask.com |acessodata=
==Terminologia==
O Grego Antigo possui dois verbos para crucificação: ''ana-stauro'' (ἀνασταυρόω), de ''stauros'', "estaca", e ''apo-tumpanizo'' (ἀποτυμπανίζω) "crucificar numa prancha",<ref>[http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0057%3Aentry%3Da)potumpani%2Fzw&highlight=crucify LSJ apotumpanizo] ἀποτυμπα^ν-ίζω (later ἀποτύμπα^ν-τυπ- UPZ119 (2nd century BC), POxy.1798.1.7), A.
O Novo Testamento Grego utiliza quatro verbos, três deles baseados em ''stauros'' (σταυρός), normalmente traduzido como "cruz". O termo mais comum é ''stauroo'' (σταυρόω), "crucificar", aparecendo 43 vezes; ''sustauroo'' (συσταυρόω), "crucificar com" or "ao lado" aparece cinco vezes, enquanto ''anastauroo'' (ἀνασταυρόω), "crucificar novamente" aparece somente uma vez na Epístola aos Hebreus 6:6. ''prospegnumi'' (προσπήγνυμι), "fixar ou amarrar em, empalar, crucificar" ocorre somente uma vez em Atos dos Apóstolos 2:23.
A palavra portuguesa ''[[cruz]]'' deriva da palavra latina ''crux''.<ref>{{cite web|url=http://www.etymonline.com/index.php?term=cross |title=Online Etymology Dictionary, "cross" |publisher=Etymonline.com |acessodata=
I. Lit. A.
B.
A palavra portuguesa ''[[crucifixo]]'' deriva do [[Latim]] ''crucifixus'' ou ''cruci fixus'', particípio passado de ''crucifigere'' ou ''cruci figere'', significando "crucificar" or "amarrar a uma cruz".<ref>{{cite web|url=http://www.collinsdictionary.com/dictionary/english/crucify|title=Collins English Dictionary, "crucify"|publisher=Collins
==Detalhes==
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Crucificação era muito frequentemente feita para dissuadir suas testemunhas a perpetrar crimes (em particular, crimes hediondos). Vítimas eram algumas vezes deixadas penduradas apóes a morte para alertar potenciais criminosos. Crucificação geralmente tinha como objetivo provocar uma morte que era particularmente lenta, dolorosa (de onde vem o termo ''excruciante'', literalmente "pela crucificação"), horrível, humilhante e pública, utilizando quaisquer meios que fossem apropriados a esse objetivo. Métodos de crucificação variavem consideravelmente de acordo com o lugar e período histórico.
As palavras Gregas e Latinas para "crucificação" correspondiam a aplicação de muitas formas dolorosas de execução, de [[empalamento]] presa em uma árvore, em uma estaca vertical (uma [[cruz simplex]] ou a uma combinação de uma prancha vertical (em Latim, ''stipes'') e uma viga cruzada (em Latim, 'patibulum'). [[Sêneca]] escreveu: "Eu vejo cruzes lá, não somente de um tipo mais feitas em muitas maneiras diferentes: algumas têm suas vítimas com a cabeça no chão; algumas empaladas em suas partes pudendas; outras amarradas pelos braços na
Em alguns casos, o condenado era forçado a carregar a viga cruzada para o local de sua execução.<ref name=":2">{{cite EB1911 |wstitle=Cross and Crucifixion |volume=7 |page=506 |first=Thomas Macall |last=Fallow |authorlink=Thomas Macall Fallow}}</ref> Uma cruz inteira pesaria mais de 135 kg, mas a viga cruzada não seria um fardo tão pesado, pesando em torno de 45 kg.<ref name=Mississippi>{{cite journal|last=Ball|first=DA|title=The crucifixion and death of a man called Jesus|journal=Journal of the Mississippi State Medical Association|year=1989|volume=30|issue=3|pages=77–83|pmid=2651675}}</ref> O historiador romano [[Tácito]] disse que a cidade de Roma possuía um lugar específico para realizar as execuções, localizada próximo da [[Porta Esquilina]],<ref>{{cite web|url=http://www.thelatinlibrary.com/tacitus/tac.ann2.shtml#32 |title=Annales 2:32.2 |publisher=Thelatinlibrary.com |acessodata=
A pressoa executada poderia ser amarrada à cruz por cordas, embora pregos e outros materiais afiados sejam mencionados de passagem pelo historiador judaico [Josephus]], em que ele afirma que no [[Cerco de Jerusalém (70)]], "os soldados tomados por fúria e ódio, ''pregaram'' aqueles que capturavam, um após o outro, outro após o outro, a cruzes, só por pirraça"..<ref>{{cite web|last1=Flavius|first1=Josephus|title=Jewish War, Book V Chapter 11|url=http://www.ccel.org/j/josephus/works/war-5.htm|publisher=ccel.org|acessodata=
Enquanto uma crucificação era uma execução, era também uma humilhação, fazendo o condenado o mais vulnerável possível. Embora artistas tradicionalmente retratem a figura na cruz com uma tanga ou cobrindo os genitais, a pessoa crucificada era geralmente deixada nua. Escritos de [[Sêneca]] afirmam que algumas vítimas tiveram uma vara de madeira enfiada pela virilha.<ref name="Seneca 1946">Seneca, Dialogue "To Marcia on Consolation", in ''Moral Essays'', 6.20.3,
Frequentemente, as pernas a pessoa executada eram quebradas ou esmagadas com uma barra de ferro, um ato chamado ''crurifragium'', que era também frequentemente aplicado em escravos, mesmo sem crucificação.<ref name="Wine">{{cite journal|last=Koskenniemi|first=Erkki|author2=Kirsi Nisula|author3=Jorma Toppari|title=Wine Mixed with Myrrh (Mark 15.23) and Crurifragium (John 19.31-32): Two Details of the Passion Narratives|journal=Journal for the Study of the New Testament|volume=27|issue=4|pages=379–391|publisher=SAGE Publications|year=2005|url=http://jnt.sagepub.com/cgi/content/abstract/27/4/379|doi=10.1177/0142064X05055745|acessodata=
===Formato da Cruz===
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A [[forca]] na qual a crucificação era realizada podia possuir várias formas. [[Flávio Josefo]] descreve múltiplas torturas e posições de crucificação durante o [[cerco de Jerusalém (70)|Cerco de Jerusalém]] conforme [[Tito]] crucificou os rebeldes;<ref name=josephus-jewishwars-5.11.1/> e [[Sêneca]] registrou: "Eu vejo cruzes lá, não de somente um tipo, mas feitas de diferentes maneiras: algumas têm a vítima com a cabeça ao chão; algumas [[Empalamento|empaladas]] pelas partes pudendas; outras com os braços esticados na forca."<ref name="Seneca 1946"/>
Algumas vezes a forca era somente uma estaca vertical, chamada em Latim de ''crux simplex''.<ref>{{cite book |url=https://books.google.com/books?id=bBOqGJc6tpcC&pg=PA78 |first=William |last=Barclay |title=The Apostles' Creed |year=1998 |isbn=978-0-664-25826-9 |page=78}}</ref> Esta era facilmente construída para torturar e matar o condenado. Constantemente, contudo, havia uma peça cruzada amarrada ao top para dar a forma de um T (''crux comissa'') ou logo abaixo do topo, como na forma mais comum do simbolismo Cristão (''crux immissa'').<ref>"A ... mais antiga representação de crucificação ... foi descoberta por arqueologistas mais de um século atrás na [[Colina do Palatino]] em Roma. É uma [[graffiti]] do século II rabiscado em uma parede que era parte do complexo imperial. Ela inclui a inscrição — não por um Cristão
Alguns autores do século II garantiam que os braços da pessoa crucificada deveriam ser esticados e não amarrados a uma estaca simples:
Some 2nd-century writers took it for granted that a crucified person's arms would be stretched out, not connected to a single stake: [[Luciano de Samósata]] fala de [[Prometeu]] crucificado "sobre a ravina com suas mãos esticadas" e explica que a letra 'T' (a letra grega [[tau]]) era vista acima como uma letra ou sinal de mau presságio (similar ao modo como o número treze é visto atualmente como um número de azar), dizendo que a letra conseguiu esse "significado maligno" devido ao "instrumento odioso" que possuía aquela forma, um instrumento no qual tiranos sacrificavam pessoas. [[Testemunhas de Jeová|Testemuha de Jeová]] sustentam que Jesus foi crucificado em uma ''crux simplex'', e que a ''crux immissa'' foi utilizada primeiramente como um símbolo Cristão no período da suposta conversão do [[Constantino|Imperador Constantino]].<ref>{{cite web|title=Why do Watch Tower publications show Jesus on a stake with hands over his head instead of on the traditional cross?|url=http://wol.jw.org/en/wol/d/r1/lp-e/1101989219|publisher=Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania}}</ref> Outras formas eram em forma da letra X e Y.
As passagens do Novo Testamento sobre a crucificação de Jesus não explicitam o formato da crus, mas primeiros escritos que falam sobre seu formato, a partir do ano 100 EC, descrevem sua forma como a da letra T (a letra grega tau)<ref>[[Epístola de Barnabé]], [[wikisource:Epístola de Barnabé#Chapter_9|Chapter 9]]. O documento sem dúvida pertence ao final do século I ou início do século II.[http://www.earlychristianwritings.com/barnabas-intro.html]</ref> ou composta de uma estava vertical e uma viga transversal, algumas vezes com uma pequena projeção para o alto.<ref>"The very form of the cross, too, has five extremities, two in length, two in breadth, and one in the middle, on which [last] the person rests who is fixed by the nails" ([[Irenaeus]] (c. 130–202), ''[[On the Detection and Overthrow of the So-Called Gnosis|Adversus Haereses]]'' II, xxiv, 4 [http://www.newadvent.org/fathers/0103224.htm]).</ref><ref>[[
===Colocação de Pregos===
[[File:CrucifixionSt.Matts.jpg|thumb|upright|left|Janela de Crucificação por [[Henry E. Sharp]], 1872, em [[Igreja Evangélica Luterana Alemã de São Mateus]], Charleston, Carolina do Sul]]
Em representações populares da crucificação Jesus (possivelmente porque em traduções de {{Citar Bíblia |livro=João|capítulo=20|verso=25| citação=Disseram-lhe os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de modo algum hei de crer.}}
as chagas são descritas como sendo "em suas mãos"), Jesus é retratado com pregos em suas mãos. Mas em Grego a palavra "χείρ", normalmente traduzidas como "mão", podia se referia à toda porção do braço abaixo do cotovelo, <ref>No [[Grego
Uma possibilidade que não requer amarração é que os pregos eram fixados logo acima do pulso, entre os ossos do antebraço (o [[rádio (osso)|rádio]] e a [[ulna]].<ref>{{Cite news|first=Jonathan |last=Wynne-Jones |title=Why the BBC thinks Christ did not die this way |url=https://www.telegraph.co.uk/news/
Um experimento que foi tema de um documentário ''Busca pela Verdade: A Crucificação'', do [[National Geographic (canal de televisão)|canal National Geographic]],<ref>{{cite web|url=http://www.
Outra possibilidade, sugerida por [[Frederick Zugibe]], é que os pregos podem ter sido fixados em determinado ângulo, entrando pela palma na área da base do polegar, e saindo pelo pulso, atravesando o [[túnel carpal]].
Um descanso para os pés (''suppedaneum'') preso à cruz, talvez com o propósito de retirar o peso da pessoa dos pulsos, é adicionada às vezes em representações da crucificação de Jesus, mas não é discutida em fontes da Antiguidade. Alguns acadêmicos interpretam o [Grafite de Alexamenos]], a mais antiga representação existente da crucificação, como incluindo o apoio dos pés.<ref>{{Cite book|title=The beauty of the cross: the passion of Christ in theology and the arts, from the catacombs to the eve of the Renaissance |last=Viladesau |first=Richard|year=2006|publisher=Oxford University Press|isbn=978-0-19-518811-0|oclc=58791208|page=21 |url=https://books.google.com/?id=cTFh4tm9cMwC}}</ref> Fontes da Antiguidade também mencionam o ''sedile'', um pequeno acento preso à frente da cruz, aproximadamente no meio, <ref name=":0">{{cite web|url=http://jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=905&letter=C|title=Crucifixion|last=|first=|data=|website=|publisher=Jewish Encyclopedia|archive-url=|archive-date=|dead-url=|acessodata=2018-
Em 1968, arqueologistas descobriram em [[Giv'at ha-Mivtar]] ao nordeste de [[Jerusalém]] os restos de um certo Jehohanan, que fora crucificado no século I. Os restos incluíam um osso do calcanhar um um prego atravessado pelo lado. A ponta do prego era dobrado, talvez para amarrar um nó na viga superiora, o que prevenia de ser extraído do pé. Uma primeira medida incorreta do tamanho do prego levou alguns a acreditarem que ele teria penetrado ambos os calcanhares, sugerindo que o homem tivesse sido colocado em alguma posição lateral, mas a medida real do prego, 11.5 cm, sugere que nesta crucificação os calcanhares foram pregados em lados opostos da estaca vertical.<ref name=":5">{{cite web|url=http://chesterrep.openrepository.com/cdr/bitstream/10034/40813/1/Some%20Notes%20on%20Crucifixion.pdf|title=Some Notes on Crucifixion|format=PDF|acessodata=2009-12-19|archiveurl=//web.archive.org/web/20110718171841/http://chesterrep.openrepository.com/cdr/bitstream/10034/40813/1/Some%20Notes%20on%20Crucifixion.pdf|archivedate=2011-07-18}}</ref><ref>[https://books.google.com/books?id=EdbdQ-5fMr0C David W. Chapman, Ancient Jewish and Christian perceptions of crucifixion] (Mohr Siebeck, 2008), p. 86–89</ref><ref name=":3">{{cite web|url=http://www.joezias.com/CrucifixionAntiquity.html |title=Joe Zias, Crucifixion in Antiquity — The Anthropological Evidence |publisher=Joezias.com|acessodata=2009-12-19|archiveurl=//web.archive.org/web/20040311065035/http://www.joezias.com/CrucifixionAntiquity.html|archivedate=2004-03-11}}</ref> O esqueleto de [[Giv'at ha-Mivtar]] é atualmente o único exemplo encontrado de crucificação na Antiguidade nos registros arqueológicos.<ref>{{cite web|url=http://www.poweredbyosteons.org/2011/11/line-on-left-one-cross-each.html |title=The Bioarchaeology of Crucifixion |publisher=PoweredbyOsteons.org |acessodata=2011-11-04}}</ref>
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