Elétricos de Sintra: diferenças entre revisões

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{{geocoordenadas|38_48_14.03_N_9_22_54.73_W_type:landmark_region:PT|38° 48′ 14,03″ N, 9° 22′ 54,73″ W}}
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O '''Elétrico de Sintra''' (oficialmente '''Companhia Sintra-Atlântico''') é uma [[ferrovia]] sazonal de [[via estreita|bitola estreita]] ([[Bitola métrica|1000 mm]]) e tracção eléctrica por [[trole (mecanismo)|trólei]] que liga, desde 1904, a vila de [[Sintra]] à [[Praia das Maçãs (Sintra)|Praia das Maçãs]], na costa do centro de [[Portugal]], ao longo de um trajecto de pouco menos de 13 [[quilómetro|km]], com oito paragens — passando por [[Colares (Portugal)|Colares]], [[Mucifal]], [[Galamares]], e perto da [[Praia Grande (Sintra)|Praia Grande]]. O serviço é operado pela [[Câmara Municipal (Portugal)|Câmara Municipal]] de [[Sintra]], funcionandofunciona tipicamentedurante nostodo finso deano semanamas com reforço significativo da [[oferta durante a época balnear]].
 
==Caraterísticas==
[[Imagem:Sintra tram.jpg|left|thumb|O declive no troço [[Sintra]]-[[Galamares]] é de pendor acentuado (na imagem, carro n.º 3).]]
A via é marcadamente campestre e segue paralela a rodoviasvárias estradas (mormentenomeadamente [[EN247]] e [[EN375]]) em quase todo o percurso, que é apor espaçosvezes bastante sinuoso.<ref name="carv10" /> Apresenta um desnível total apreciável (cerca de 190&nbsp;m), nomeadamente entre a Estefânia e a ponte sobre a [[Ribeira de Colares]], onde desce dos 200&nbsp;m de [[altitude]] para 70 em menos de 3&nbsp;km (pendor médio de 3,7‱).
 
A via é de [[bitola métrica]], a mais habitual neste tipo de transporte, e consiste de carris clássicos assentes em [[Dormente|travessas]] de madeira ou betão sobre [[Balastro (caminho de ferro)|balastro]], onde passa em canal próprio, protegidos por contra-carris ao cruzar passadeiras para acessos particulares em madeira ou terra batida, ou de carris de encastrar nivelados ao pavimento, onde cruza estradas ou segue em espaço urbanizado. — habitual neste tipo de transporte; estaEsta é acompanhada de fiação alimentadora em toda a sua extensão, suspensa sobre a via e esticada maioritariamente de postes metálicos eregidoserigidos para o efeito. A rede, de via única em linha aberta, é topologicamentetopológicamente simples, com duplicações para cruzamento de veículos e apenas com curtos [[Ramal ferroviário|ramais]] técnicos que não fazem serviço regular de passageiros.
 
[[Ficheiro:EletricosSintra(paragem).jpg|thumb|left|Na paragem de [[Galamares]].]]
As oito paragens estão equipadas com abrigos parade passageiros em espera, alguns das quais de construção original do início da linha. Em 2011, planeava-se a recuperação do abrigo da paragem [[Colares (Portugal)|Colares]].<ref name="jr11" />
 
Cada viagem dura aproximadamente 45&nbsp;minutos, com nove carreirasviagens por dia.<ref name="carv10" /> O horário praticado para os serviços regulares é de fim de semana alargado (quintas, ou sextas,<ref name="jr11" /> a domingos), com os restantes dias disponíveis para alugueres, com a exceção das segundas,<ref name="cms12" /> para descanso do pessoal e manutenção do equipamento. O calendário de funcionamento, ainda que formalmente sazonal, tem variado a cada ano, sendo frequente desfasar-se com a [[época balnear]], atrasando-se o início dos serviços regulares até julho, que depois se prolongam até outubro.<ref name="cms12" /> Em 2007-2008 o serviço expandiu-se experimentalmente por todo o ano.<ref name="cms12" /><ref name=pub1207>“[http://www.flickr.com/photos/77743178@N05/7653119070/sizes/l/ <small>Até à Praia das Maçãs:</small> Eléctrico de Sintra volta a circular a 3 de Agosto]” ''Público'' (2012.07.26)</ref>
 
A tripulação é tipicamente constituída por um [[guarda-freio]] e um ajudante.<ref name="carv10" /> Este último cobra e vende bilhetes a bordo e inverte a orientação do [[Trole (mecanismo)|troletróle]]<nowiki/>i nos términos de cada carreira,<ref name="carv10" /> e opera a mudança manual de agulhas. Até à década dos anos 70 este cargo era ocasionalmente confiado a rapazes em período de férias (''trolley boys'').<ref name="boys">Alexandre M<small>ORGADO</small>: “Os «Trolley-boys» de Sintra”. ''Época'' (1972): 5-6. ([http://farm7.static.flickr.com/6181/6059940021_3b57887f3d_z.jpg capa], [http://farm7.static.flickr.com/6202/6059932095_f5d8f1b7ab_b.jpg p.5] ([http://farm7.static.flickr.com/6084/6060494562_05bc3eed7d_z.jpg foto]), [http://farm7.static.flickr.com/6188/6059936365_01fa202d1b_z.jpg p.6])</ref>
 
Diversos contratempos afetam o regular funcionamento da linha, tais como estragos no terreno causados por mau tempo,<ref>“[http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/sintra-praia-electrico-praia-das-macas-mau-tempo-tvi24/1293586-4071.html Mau tempo provoca corte na circulação do eléctrico de Sintra]” TVI24</ref><ref name=pub1207 /> ou roubos de cabos de cobre da fiaçãorede aérea<ref name="publ1207">Luís Filipe S<small>EBASTIÃO</small>: “[http://publico.pt/1553696 Furto de cabos e peças em cobre pára eléctrico histórico de Sintra]” ''Público'' (2012.07.05)</ref>.<ref name="cms12">“[http://www.cm-sintra.pt/Artigo.aspx?ID=3193 Eléctrico de Sintra - Horário e Preçário]” (visita a 2012.06.27)</ref><ref name=pub1207 />
 
O ordenamento territorial da canal da linha está regulamentadoregulado por posturaregulamento camaráriacamarário — Anexo I do “[http://pt.legislacao.org/segunda-serie/aviso-n-o-8810-2008-municipal-obra-operacoes-obras-777517 Regulamento Municipal de Urbanização e Edificação do Concelho de Sintra]”, publicado em ''[[Diário da República]] (2.ª Série)'' '''245''' (2010.12.21): 61959 — “Regulamento da Linha e do Eléctrico de Sintra”, aprovado pela [[Assembleia Municipal]] de [[Sintra]] em 24 de Junho de 2010.
 
==História==
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=== Construção e projetos (1902-1904) ===
 
Iniciou-se a construção da linha na zona da Estefânia em Agosto de 1902. O material circulante foi fabricado sob encomenda pela [[:en:J. G. Brill Company|J. G. Brill Company]] de [[Filadélfia]], e chegou no ano seguinte:<ref name="carv10">Frederico C<small>ARVALHO</small>: “[http://s768.beta.photobucket.c0m/user/mactree/media/elect.jpg.html Valdemar Alves: Guarda-freio][http://i768.photobucket.c0m/albums/xx329/mactree/elect.jpg ] : [http://s768.beta.photobucket.c0m/user/mactree/media/elect2.jpg.html A linha da memória]” [http://i768.photobucket.c0m/albums/xx329/mactree/elect2.jpg ]: ''Tabu'' '''205''' (2010.08.06)</ref> Apesar de inicialmente se prever tracção a vapor, a frota inicial foi constituída por sete [[carro eléctrico|carros eléctricos]], complementados por seis atrelados.<ref name="grilo94:146">[[#Bibliografia|Grilo]], 1994: p.146</ref><ref name="transpor"/> Em outubro, a Companhia previa a conclusão da linha em Maio do ano seguinte, e disponibilizou-se para instalar a iluminação eléctrica nas localidades de Sintra a Colares.<ref name=Gazeta356/> Nessa altura, a autarquia de Sintra já tinha autorizado a expropriação da cadeia e do prédio adjacente à torre, como tinha sido solicitado pela Companhia, para poder prolongar a linha.<ref name=Gazeta356>{{citar jornal|data=16 de Outubro de 1902|titulo=Linhas Portuguezas|jornal=Gazeta dos Caminhos de Ferro|volume=15|numero=356|paginas=314|url=http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/GazetaCF/1902/N356/N356_master/GazetaCFN356.pdf|acessodata=20 de Julho de 2012}}</ref> Nos finais do ano, a Companhia já tinha contratado, à sociedade ''[[Westinghouse Electric Corporation|Westinghouse]]'', a construção, fornecimento e montagem de todo o material circulante e das infra-estruturas necessárias para a circulação eléctrica, no troço entre [[Sintra]] e [[Praia das Maçãs]], e no planeado troço de Sintra a [[São Pedro de Penaferrim|São Pedro]]; também deveria ser instalada a iluminação eléctrica em Sintra, São Pedro, e Colares.<ref name=Gazeta359/> Segundo o contrato, tudo devia estar montado e pronto a funcionar em 31 de Maio de 1903.<ref name=Gazeta359>{{citar jornal|data=1 de Dezembro de 1902|titulo=Linhas Portuguezas|jornal=Gazeta dos Caminhos de Ferro|volume=15|numero=359|paginas=370|url=http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/GazetaCF/1902/N359/N359_master/GazetaCFN359.pdf|acessodata=20 de Julho de 2012}}</ref>
 
[[Ficheiro:Rails(vignole vs broca).svg|thumb||left|90px|Carris: ''vignole'' e de ranhura.]]Nos inícios de 1903, a Companhia pediu, ao Governo, autorização para prolongar a linha até [[São Pedro de Penaferrim|São Pedro]], e para alterar o tipo de carril utilizado, de ranhura para ''vignole'', para facilitar a construção da via.<ref>{{citar jornal|data=16 de Março de 1903|titulo=Linhas Portuguezas|jornal=Gazeta dos Caminhos de Ferro|volume=16|numero=366|paginas=91|url=http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/GazetaCF/1903/N366/N366_master/GazetaCFN366.pdf|acessodata=20 de Julho de 2012}}</ref> O relatório da Companhia, apresentado em 14 de Março, noticiava que, em 26 de Fevereiro, as terraplanagens da via já tinham sido feitas até à [[Praia das Maçãs]], e que os carris já tinham sido instalados entre a [[Estação de Sintra]] e Colares.<ref name=Gazeta367/> Além do assentamento dos carris entre aquela localidade e a Praia, faltava colocar os desvios, e fazer uma entrada na Estação de Sintra; depois de terminar estas obras, o que se calculava que fosse realizado brevemente, devia começar-se a construir os dois ramais, para o centro de Sintra e para [[São Pedro de Penaferrim|São Pedro]], que já tinham sido aprovados e que se previam de construção rápida.<ref name=Gazeta367/> Nesta altura, já tinha sido assinado um contrato com a autarquia de Sintra para prosseguir com a iluminação, e para a compra de um terreno, na Quinta das Marcas, para construir as instalações necessárias.<ref name=Gazeta367/> A Companhia previa que a linha estaria a funcionar no Verão.<ref name=Gazeta367 />