Guerras romano-latinas: diferenças entre revisões

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== Guerra contra Roma na época de Tarquínio Prisco ==
[[Ficheiro:Crate EnvironsRome Monarchie.png|thumb|direita|upright=1.5|Mapa da vizinhança de Roma na época do [[Reino de Roma]].]]
Quando Roma era governada por [[Tarquínio Prisco]] (r. 616&ndash;579616–579 a.C.), os latinos foram a guerra contra Roma em duas ocasiões. Na primeira, que, segundo os [[Fastos Triunfais]], ocorreu antes de 588 a.C., Tarquínio tomou a cidade latina de [[Apiolas]] e trouxe para Roma uma grande quantidade de espólios.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 1#35|I, 35]]</ref> Na segunda, Tarquínio submeteu todo o [[Lácio]] e tomou diversas cidades latinas ou que se aliaram a eles: [[Cornículo]], [[Ficuleia]], [[Caméria]], [[Crustumério]], [[Ameríola]], [[Medúlia]] e [[Nomento]], antes de concordar com a paz.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 1#38|I, 38]]</ref>
 
== {{Âncora|Guerra entre Clúsio e Arícia}}Guerra entre Clúsio e Arícia==
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Em 493 a.C., um tratado, o ''[[Foedus Cassianum]]'', foi firmado estabelecendo uma aliança militar mútua entre as cidades latinas com Roma como parceiro sênior. Um povo menor, os [[hérnicos]], se juntaram algum tempo depois. Embora não se conheça o funcionamento exato da [[Liga Latina]], seu propósito geral é bem conhecido. Durante o século V a.C., os latinos foram ameaçados por invasões de [[équos]] e [[volscos]], que eram membros de um mesmo grupo [[sabélios|sabélio]] que migraram para o sul desde os [[Apeninos]]. Diversas comunidades parecem ter sido conquistadas e as antigas fontes relatam lutas contra os équos, os volscos, ou ambos todos os anos da primeira metade do século V a.C. Estas guerras anuais eram pouco mais do [[raide]]s e contra-raides e não guerras campais com as descritas anteriormente nas fontes.
 
== Deserção dos latinos (389&ndash;385389–385 a.C.) ==
[[Ficheiro:Carte GuerresRomanoLatines 389avJC.png|thumb|direita|upright=1.5|Guerras romnano-latinas de 389-385 a.C.]]
=== Narrativa antiga ===
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A divisão entre os latinos é também a posição defendida por Oakley (1997), que aceitou substancialmente a análise de Cornell. A contínua lealdade de Ardea, ''[[Gabii]]'', [[Lábico]], Lanúvio e Lavínio ajudariam a explicar como os exércitos romanos operavam na região.<ref>Oakley (1997), p. 353–356</ref> Em suas obras sobre os primeiros anos da República Romana, Lívio e [[Dionísio de Halicarnasso]] geralmente mencionam pessoas de estados formalmente em paz com Roma lutando nos exércitos de inimigos de Roma como cidadãos privados. Embora esta situação possa de fato representar a forma de guerrear da Itália na época, Lívio parece, neste caso, estar utilizado este fato como motivo literário para dar continuidade à sua narrativa da década de 380 a.C.<ref>Oaley, pp. 446–447</ref>
 
== {{Âncora|Guerra romano-prenestina}}Guerra entre Roma e Preneste (383&ndash;379383–379)==
[[Ficheiro:Carte GuerresRomanoLatines 380avJC.png|thumb|direita|upright=1.5|Guerras romano-latinas em 380 a.C..]]
Nos últimos anos da década de 380 a.C., [[Preneste]] emergiu como a cidade latina mais importante. Em termos de território, era a terceira maior cidade do Lácio, mas, entre 499 e 383 a.C., a cidade não foi citada nas fontes e a maior parte da luta contra os [[équos]] por Roma e pela [[Liga Latina]] parece ter se realizado ao sul de seu território. Historiadores modernos propuseram, por causa disso, que Preneste foi conquistada ou, pelo menos, chegou a algum tipo de acordo com os équos. Se este foi o caso, a cidade não fez parte da Liga Latina pela maior parte do século V a.C.. O fim da ameaça dos équos no início do século IV a.C. libertou Preneste.<ref>Cornell, pp. 306, 322–323</ref><ref>Oakley (1997), p. 338</ref>
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== {{Âncora|Destruição de Sátrico}}Destruição de Sátrico (377 a.C.)==
De acordo com Lívio, em 377 a.C., os volscos e os latinos uniram suas forças em Sátrico. O [[exército romano]], comandado pelos [[tribunos consulares]] [[Públio Valério Potito Publícola]] e [[Lúcio Emílio Mamercino (cônsul em 366 a.C.)|Lúcio Emílio Mamercino]] marcharam contra eles. A batalha que se seguiu foi interrompida no primeiro dia por uma tempestade. No segundo, os latinos resistiram aos romanos por algum tempo, pois já conheciam suas táticas, mas uma [[carga (militar)|carga]] de cavalaria desmantelou as linhas latinas e, quanto a infantaria romana deu sequência ao ataque, o exército latino foi derrotado. Volscos e latinos recuaram primeiro para Sátrico e, depois, para [[Âncio]]. Os romanos perseguiram, mas não tinham [[arma de cerco|armas de cerco]] para atacarem Âncio. Depois de uma discussão sobre continuar a guerra ou pedir a paz, as forças latinas partiram e os ancianos renderam sua cidade aos romanos. Furiosos, os latinos atearam fogo a Sátrico e queimaram a cidade toda, exceto o templo de [[Mater Matuta]] &mdash; uma voz vinda do interior do templo teria ameaçado uma terrível punição se o fogo não fosse mantido longe do santuário. Em seguida, os latinos atacaram Túsculo que, tomada de surpresa, foi tomada, com exceção da [[cidadela]]. Um exército romano liderado pelos tribunos consulares [[Lúcio Quíncio Cincinato (tribuno consular em 386 a.C.)|Lúcio Quíncio Cincinato]] e [[Sérvio Sulpício Pretextato]] marcharam com suas forças para libertar Túsculo. Os latinos tentaram defender as muralhas, mas pegos entre o assalto romano e a resistência dos tusculanos na cidadela, acabaram todos mortos.<ref>[[Lívio]], ''[[Ab Urbe Condita libri|Ab Urbe Condita]]'', [[s:en:From the Founding of the City/Book 6#32|VI, 32.4–33.12]]</ref>
[[Ficheiro:Tivoli - Aquae Albulae - Roman baths ruins.jpg|thumb|esquerda|upright=1.5|Ruínas das [[termas romanas|termas]] de [[Tibur]] (Tivoli).]]
[[Mater Matuta]] era um divindade originalmente ligada com a luz da manhã e o templo em Sátrico era o principal de seu culto.<ref>Oakely, pp. 642–643</ref> Porém, Lívio relata também o incêndio de Sátrico, exceto o templo de Mater Matuta, em 346 a.C., desta vez pelos romanos. Historiadores modernos concordam que estes relatos sobre os dois incêndios de Sátrico, em 377 e 346 a.C., são uma duplicação. Beloch, acreditando que os romanos não teriam relatado um ataque latino em Sátrico, considera o incêndio de 377 a.C. como uma retrojeção dos eventos em 346 a.C.. Oakley (1997) defende a opinião oposta, acreditando que os antigos historiadores seriam menos propensos a inventar um incêndio provocado pelos latinos do que um outro provocado pelos romanos. Embora o duplo salvamento milagroso do templo seja descartado como duplicação, não se segue automaticamente que disputada cidade Sátrico possa de fato ter sido capturada duas vezes, em 377 e em 346 a.C.<ref>Oakely, p. 352</ref> O descontentamento dos latinos com a anexação de Túsculo por Roma poderia explicar a guerra, é possível também que eles tenham simplesmente se juntado a uma revolta contra os romanos.<ref>Oakely, p. 359</ref>
 
== {{Âncora|Guerra romano-tiburina}}Guerra entre Roma e Tibur (361&ndash;354361–354 a.C.) ==
[[Tibur]] era uma das maiores cidades latinas, mas pouco citada nas fontes antigas. Como Preneste, Tibur pode ter sido, portanto, invadida ou forçada a ficar fora da [[Liga Latina]] pelos [[équos]] no século V a.C.<ref>Oakley (1998), p. 111-112</ref> Lívio relata uma longa guerra entre Tibur e Roma entre 361 e 354 a.C.. Dois [[triunfo romano|triunfos]] sobre esta guerra estão registrados nos [[Fastos Triunfais]]. De uma nota em [[Diodoro Sículo]], é possível que [[Preneste]] também estivesse em guerra contra Roma neste período, mas, com exceção de uma citação referente à invasão gaulesa de Preneste em 358 a.C., a cidade não é citada no relato de Lívio no período.<ref>Oakley (1998), p. 5-6</ref>
 
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Esta é a única citação conhecida de Empulo ({{lang-la|''"Empulum"''}}) e Sassula, provavelmente pequenas cidades localizadas no território controlado por Tibur cuja localização é desconhecida. Historiadores modernos consideram que dificilmente a captura de locais obscuros como estes seja uma invenção e que Lívio teria tido acesso a registros [[pontífice (Roma Antiga)|pontificiais]] genuínos sobre a captura delas.<ref>Oakley (1998), pp. 6, 193, 196; Forsythe p. 277</ref> Apesar de nem todas as batalhas desta guerra pareçam ter sido muito sérias, Tibur e Preneste estavam já muito desgastadas pelas contínuas guerras quando pediram a paz em 354 a.C.. Ambas desapareceram do registro histórico até a irrupção da grande [[Guerra Latina]], em 340 a.C..<ref>Oakley (1998), p. 6</ref>
 
== Guerra Latina (340&ndash;338340–338 a.C.)==
{{AP|Guerra Latina}}
Com a Guerra Latina, [[latinos (tribo)|latinos]] e [[volscos]] fizeram uma tentativa final de se livrarem do domínio romano, mas, mais uma vez, os romanos se saíram vitoriosos. No tratado de paz subsequente, Roma anexou algumas cidades inteiramente e outras permaneceram como [[cidade-estado|cidades-estado]] autônomas, mas a [[Liga Latina]] foi dissolvida. Ao invés dela, as cidades latinas sobreviventes foram ligadas a Roma por tratados bilaterais diferentes. Os [[campânios]], que haviam se aliado aos latinos, foram organizados como ''"[[civitas sine suffragio]]"'' &mdash; [[cidadão romano|cidadãos]] sem direito a voto &mdash; o que lhes conferia todos os direitos e deveres de um cidadão romano, incluindo o serviço militar, mas não permitia que eles votassem nas [[Assembleia do povo|assembleias romanas]]. Este tratado de paz tornou-se um modelo sobre Roma trataria estados derrotados daí por diante.
 
{{Referências|col=3}}