Rei Momo: diferenças entre revisões

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== Mitologia ==
{{AP|Momo (mitologia)}}
Na [[mitologia grega]], Momo (Reclamação) era uma das filhas que a deusa [[Nix]], personificação da noite, teve sem um pai,<ref>[[Hesíodo]], ''[[Teogonia]]'', 211ff</ref>, ou com [[Érebo]].<ref>[[Cícero]], ''[[De Natura Deorum]]'', 3.17</ref>.
 
Momo foi escolhida para julgar qual deus, dentre [[Zeus]], [[Posidão|Poseidon]] e [[Atena]], poderia fazer algo realmente bom. Zeus fez o melhor dos animais, o Homem, Atena fez uma casa para as pessoas morarem, e Poseidon fez o touro. Momo, então, que ainda vivia entre os deuses e tinha o hábito de não gostar de nada, criticou o touro porque não tinha olhos em baixo dos chifres que o permitissem mirar os seus alvos quando ele fosse dar uma chifrada, o homem por não ter uma janela no seu coração para que o seu semelhante pudesse ver o que ele estava planejando, e a casa porque ela não tinha rodas de ferro na sua base para que ela fosse movida.<ref>[[Esopo]], ''[[Fábulas de Esopo|Fábulas]]'', 518</ref>.
 
== História ==
O Rei Momo parece ter surgido em Espanha, sob a forma de um boneco que se queimava, como forma de suavizar um costume antigo mais brutal, simbolizando a morte de [[Jesus Cristo]] propiciadora da sua [[ressurreição]].<ref>{{citation|titletítulo=Revista Bigott|volume=41-44|publisherpublicado=C.A. Cigarrera Bigott, Sucs.|yearano=1997|pagepágina=21}}</ref>
 
Surge na [[literatura espanhola]] já no [[século XVI]], na obra de [[1553]], "''El Momo. La moral y muy graciosa historia del Momo: compuesta en latín y trasladada al castellano por Agustín de Almacan. En Alcalá de Henares''". Correm então várias historietas sobre esta personagem [[burlesca]].<ref name="Ferrera">{{citation|titletítulo=La novela en España: historia, estudios y ensayos|lastúltimo =Ferreras|firstprimeiro =Juan Ignacio|publisherpublicado=Biblioteca del Laberinto|yearano=2009|isbn=9788492492176|pagepágina=203}}</ref> A [[novela picaresca]] espanhola ''La pícara Justina'', publicada pela primeira vez em [[1605]] em [[Medina del Campo]], alude ao Rei Momo, parodiando-o como ''Rey Mono'', ou seja, Rei Macaco: "''Ya guisa del rey Mono, hizo su trono''", e "''Hizo de las capas un trono imperial, poniendo por respaldar dos desaforados cuernos, parecía rey Mono puramente.''"<ref>{{citation|titletítulo=La pícara Justina|authorsautores=Francisco López de Úbeda, Bruno Mario Damiani, Andrés Pérez|publisherpublicado=José Porrúa Turanzas|yearano=1982|isbn=9780935568363|pagepágina=194 (nota 504)}}</ref> [[Salas Barbadillo]] volta a recolher esta tradição e personagem em [[1627]], na sua obra ''Estafeta del rey Momo''.<ref name="Ferrera"/>
 
Esta figura apareceu em [[1888]] no Carnaval de [[Barranquilla]], na [[Colômbia]], como vestígio do Rei Burlesco{{nota de rodapé|''Rey de Burlas'' no original, no mesmo sentido que mascararam [[Jesus]] de rei quando o julgaram.}} da [[Antiguidade]], sob a forma de uma personagem alegre e foliona que substitui o antigo Rei Momo, a qual era coroada nos ''salones burreros'' de Barranquilla{{nota de rodapé|''salones burreros'' eram espaços onde, em tempos antigos, a população de Barranquilla se reunia para festejar o Carnaval.}}. Este concedia a licença que autorizava a desordem carnavalesca{{nota de rodapé|''guachafita'' no original}} com bombos, pratos e maracas, parodiando o cerimonial solene dos ministreis do Palácio que outrora saíam nos tempos coloniais à praça pública a ler os éditos dos vice-reis. Os costumes de nomear o Rei Momo ainda continua até os dias de hoje em Barranquilla, e o rei deve caracterizar-se pela sua permanente alegria e simpatia, estando encarregue de organizar o ''Desfile del Sur'' na ''calle 17'' da cidade.<ref>{{citation|titletítulo=Anuário UNESCO/UMESP de comunicação regional|volume=3-4|publisherpublicado=UNESCO|yearano=1999|pagepágina=175}}</ref>
 
Pela mesma época o enterro do Rei Momo era festejado no Carnaval de [[Montevideu]], sendo-lhe dedicadas quadras, como esta de [[1892]]: "''El Rey Momo ya murió / lo llevamos a enterrar / envuelto en una mortaja / de ajo, pimienta y sal...''".<ref>{{citation|titletítulo=Carnaval y modernización : impulso y freno del disciplinamiento (1873-1904)|lastúltimo =Alfaro|firstprimeiro =Milita|publisherpublicado=Ediciones Trilce|yearano=1991|isbn=9789974321779|pagepágina=86|url=http://books.google.com/books?id=IMb-Jql5zIwC&pg=PA86&dq=%22El+Rey+Momo+ya+muri%C3%B3%22&hl=en&ei=chN-TcvFD5S0sAOFkNz5Ag&sa=X&oi=book_result&ct=book-preview-link&resnum=1&ved=0CC8QuwUwAA#v=onepage&q=%22El%20Rey%20Momo%20ya%20muri%C3%B3%22&f=false}}</ref> Esta figura substitui na abertura dos corsos carnavalescos o clássico [[espanhol]] ''Marqués de las Cabriolas''.<ref>{{citation|titletítulo=Del canon a la periferia: encuentros y transgresiones en la literatura uruguaya|lastúltimo =Aínsa|firstprimeiro =Fernando|publisherpublicado=Trilce|yearano=2002|isbn=9789974322929|url=http://books.google.com/books?id=ATWHgcftap4C&pg=PA43&dq=%22Rey+Momo%22&hl=en&ei=6hZ-TZDSCYnWtQPX672HAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=7&ved=0CEcQ6AEwBjhk#v=onepage&q=%22Rey%20Momo%22&f=false|pagepágina=43}}</ref>
 
=== Na Roma Antiga ===
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Durante muito tempo o Rei Momo fez parte do [[Carnaval do Rio de Janeiro|Carnaval carioca]], como de outros carnavais, sem no entanto incorporar uma figura específica.<ref name="Costa"/>
 
Em [[1910]] o [[palhaço]] negro [[Benjamim Oliveira]] personificou o Rei Momo, pela primeira vez no [[Rio de Janeiro]], numa actuação do [[Circo Spineli]].<ref name="Pinheiro">{{citation|titletítulo=Sob o signo do carnaval|lastúltimo =Pinheiro|firstprimeiro =Marlene M. Soares|publisherpublicado=Annablume|yearano=1996|isbn=9788585596491|pagepágina=92-94|url=http://books.google.com/books?id=2i1CznShDIoC&pg=PA92&dq=%22Rei+Momo%22+%22z%C3%A9+pereira%22&hl=en&ei=fvB9TYbEEpGcsQPivrmQAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=8&ved=0CFsQ6AEwBw#v=onepage&q=%22Rei%20Momo%22%20%22z%C3%A9%20pereira%22&f=false}}</ref>
 
A figura actual do Rei Momo carioca terá surgido em [[1933]], quando Edgard Pilar Drumond, também conhecido por ''Plamenta'', cronista carnavalesco, juntamente com o jornalista Vasco Lima e outros jornalistas do jornal ''[[A Noite]]'', criaram um boneco de papelão a que chamaram ''Rei Momo I e Único'', esculpido pelo artista [[Hipólito Colomb]].<ref>{{citation|titletítulo=Memória do carnaval|publisherpublicado=Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro|yearano=1991|pagepágina=374|isbn=8585386010}}</ref>
 
[[Imagem:Rei-Momo-Rio-de-Janeiro-2004.jpg|thumb|150px|Marcelo Reis, Rei Momo do Carnaval Carioca de [[2005]]]]
Em [[1934]],<ref name="Pinheiro"/> o jornal decidiu passar o rei para carne e osso, sendo consenso que devia ser alguém alegre, bonacheirão, bem falante e com cara de glutão, uma visão peculiar do Rei Momo e diversa da de carnavais como o de [[Nice]], [[Nova Orleães]] e [[Colônia (Alemanha)|Colônia]]. O eleito foi Moraes Cardoso, cronista de [[turfe]] na redacção do mesmo jornal, que prontamente concordou. Pedida a opinião ao maestro [[Sílvio Piergilli]] do [[Teatro Municipal do Rio de Janeiro|Teatro Municipal]] sobre a indumentária do futuro rei, este, ao saber o físico do escolhido, não teve dúvidas em entregar a vestimenta do [[Duque de Mântua]], personagem da ópera de [[Verdi]], ''[[Rigoletto]]''. E assim, entre os gritos de saudação de "''Vive le Roy!''" e "''Evoé Momo!''" de repórteres, linotipistas, contínuos e faxineiros, comandados por Pilar Drumond, nascia para o Rio de Janeiro o primeiro Rei Momo genuinamente carioca. Não é claro se os dois Reis Momos - o de papelão e o de carne e osso - chegaram a coexistir no mesmo Carnaval.<ref name="Costa">{{citation|titletítulo=Cento anos de carnaval|lastúltimo =Costa|firstprimeiro =Haroldo|publisherpublicado=Irmãos Vitale|yearano=2000|isbn=8574071161|pagepágina=153|url=http://books.google.com/books?id=iyKfGMyhCjUC&pg=PA153&dq=%22Rei+Momo%22+%22z%C3%A9+pereira%22&hl=en&ei=fvB9TYbEEpGcsQPivrmQAw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=5&ved=0CEoQ6AEwBA#v=onepage&q=%22Rei%20Momo%22%20%22z%C3%A9%20pereira%22&f=false}}</ref>
 
Moraes Cardoso foi coroado como rei do Carnaval por quase 15 anos, de [[1934]] a [[1948]]. Até ao seu falecimento, participou dos desfiles carnavalescos onde era ovacionado com muitas serpentinas e confetes, além de sempre ser cumprimentado com um "Vive le Roi!" (Viva o Rei, em francês), tanto pelos amigos de redação quando pelos foliões. A partir daí, a escolha do rei do Carnaval foi feita por entidades carnavalescas e jornalísticas, uma vez que a presença do rei havia virado tradição entre os foliões. Uma lei estadual de 1968 oficializou a eleição.
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== Gustavo Mattos ==
|1949
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|align=center|Milton Rodrigues da Silva Júnior
|2009, 2010, 2011,<ref>{{citar web|url=http://www.sidneyrezende.com/noticia/109767|titulo=Para Rei Momo, sambista não pode mais ser visto como alguém 'que não quer nada'|autor=Carnavalesco|acessodata=19..11.2010}}</ref>, 2012, 2013, 2018
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|align=center|Wilson Dias da Costa
|2014,<ref>{{citar web|URL=http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/carnaval/2014/noticia/2013/11/rainha-e-rei-momo-do-carnaval-2014-do-rio-sao-eleitos.html|título=Rainha e Rei Momo do carnaval 2014 do Rio são eleitos|autor=G1|data=09/11/2013|publicado=00h15|acessodata=09/11/2013}}</ref>, 2015, 2016
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|Fábio Damião Dos Santos Antunes