Joseph Greenberg: diferenças entre revisões

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|ocupação =[[Linguística]]
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'''Joseph Harold Greenberg''' ([[Nova Iorque]], {{dtlink|lang=br|28|5|1915}} — [[Palo Alto]], {{dtlink|lang=br|7|5|2001}}) foi um eminente e controverso [[Linguística|linguista]] [[Estados Unidos|norte-americano]], conhecido por seu trabalho tanto na classificação das línguas quanto na tipologia. Nasceu em [[Brooklyn]], e trabalhou por muitos anos na [[Universidade de Stanford]], onde veio a falecer em consequência de [[câncer]] [[fígado|hepático]].<ref name="referência oculta" />
 
==Contribuições para a linguística==
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No final da [[década de 1950]] do [[século XX]], Greenberg começou a examinar os "corpora" de línguas cobrindo uma ampla distribuição geográfica e genética. Ele localizou uma quantidade de interessantes conceitos universais potenciais, assim como muitas tendências fortes da linguística comparada.
 
Greenberg (1963)<ref name=":0">{{citar livro|título=Some universals of grammar with particular reference to the order of meaningful elements|ultimo=Greenberg|primeiro=Joseph|editora=Cambrigde|ano=1963|local=Massachucets|páginas=73-113|acessodata=}}</ref> em seu famigerado livro ''Universals'' ''of'' ''language'' define 45 universais linguísticos. De acordo com Greenberg (1975: 75)<ref>{{citar periódico|ultimo=Greenberg|primeiro=Joseph|data=1975|titulo=Resarch on language universals|url=|jornal=Annual Review of Anthropology|volume=4|pagina=74-94|acessodata=}}</ref>, o conceito de universais linguísticos surgiu de um paper de [[Aginsks]] publicado em 1948, como “a base comum de toda a linguagem humana”, isto é, a pesquisa linguística que deseja vislumbrar os universais deve “delimitar os traços comuns da linguagem humana e descobrir os princípios subjacentes” das línguas.
 
No capítulo 5, entitulado “Alguns Universais de Gramática com Referência Particular à Ordem de Elementos Significativos”, Greenberg<ref name=":0" /> (1963: 58-90) aborda 45 universais linguísticos baseados principalmente em um conjunto de 30 idiomas. Segundo o autor, os universais podem sem classificados em Absolutos ou Estatísticos, Internos ou Externos, Implicacionais bidirecionais ou unidirecionais. Dessa forma, os universais se apresentar em todas as línguas do mundo – absolutos – ou em grande parte delas – estatísticos. Os universais também podem ter motivações internas – intralinguísticas – ou ter motivações externas de cognições mais gerais – externos. Ainda, os universais podem se constituir de regras no formato A implica em B e B implica em A – implicacional bidirecional – ou A implica em B, mas B não implica em A – implicacional undirecional.
 
Em particular, Greenberg inventou a noção de [[conceito universal implicativo]], o qual toma a forma "se uma língua tem a estrutura X, então ela deve também ter a estrutura Y." Por exemplo, X pode ser "vogais redondas meio frontais" e Y "vogais redondas frontais altas" (para terminologia, veja [[fonética]]). Esse tipo de pesquisa foi aproveitado por muitos outros estudiosos, seguindo o exemplo de Greenberg e tem continuado a ser um importante tipo de coleta de dados em linguística sincrônica.
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Greenberg propôs um método controvertido e pouco prático para encontrar relações históricas ao comparar demasiadas línguas pelos métodos tradicionais de estabelecer mudanças regulares de som – uma situação que ocorre especialmente quando se tenta estabelecer famílias históricas de longo alcance em regiões do mundo onde poucas famílias de nível baixo (ou mesmo nenhuma) tenham sido reconstruídas, ou onde a diversidade linguística é especialmente elevada. Esse método foi entusiasticamente abraçado por alguns linguistas históricos (e muitos geneticistas), mas foi rejeitado pela maioria dos linguistas históricos. Q.v. [[comparação léxica em massa]] para uma discussão completa.
 
=== Universais de Greenberg ===
==Referências==
A lista a seguir encontra-se no apêndice III de "Universais da Linguagem" de Greenberg (1963: 88-90) mais especificamente em "Universais Reafirmados", classificados de acordo com o nível da gramática explicitado pelo Greenberg no corpo do texto do já referido capítulo 5.
 
==== '''Ordem de Palavras na sentença''' ====
'''Universal 1:''' Em [[sentenças declarativas]] com [[sujeito]] e [[objeto nominal]], a ordem dominante é quase sempre aquela em que o sujeito precede o objeto.
 
'''Universal 2:''' Em idiomas com preposições<ref name="n12" group="nota">A palavra “preposição” é mencionada aqui não como uma classe gramatical, mas como a posição ocupada pela palavra em questão em relação ao núcleo do sintagma, isto é, preposição é a posição antes do núcleo.</ref> o [[genitivo]] <ref group="nota">Genitivo é o tipo de relação entre palavras deposse em que se tem a coisa possuída  – núcleo – e o possuidor – genitivo. Exemplo: O carro de João. O carro = coisa possuída, de João = genitivo.</ref>quase sempre segue o substantivo governante<ref group="nota">Nome governante é o núcleo do sintagma.</ref>, enquanto em línguas com posposições quase sempre precede.
'''Universal 3:''' As línguas com ordem de [[Verbo-Sujeito-Objeto|VSO]]<ref group="nota">VSO = Verbo + Sujeito + Objeto. É uma possuibilidade de ordem de palvras que exercem determinadas  funções sintáticas em uma sentença. É a utilizada Pelo Árabe padrão, por exemplo.</ref> dominante são sempre preposicionais.
 
'''Universal 4:''' Com uma frequência muito maior do que a chance, as línguas com ordem SOV normal são pós-posicionais.
'''Universal 5:''' Se uma língua tem uma ordem [[Sujeito-Objeto-Verbo|SOV]]<ref group="nota">SOV = Sujeito + Objeto + Verbo. É outra possiblidade de ordem de palvras que exercem determinadas  funções sintáticas em uma sentença. . É a utilizada pelo Alemão, por exemplo.</ref>dominante e o genitivo segue o substantivo governante, então o adjetivo também segue o substantivo.
 
'''Universal 6:''' Todas as línguas com ordem de [[Verbo-Sujeito-Objeto|VSO]] dominante têm SVO<ref group="nota">SVO = Sujeito + Verbo + Objeto. É uma terceira possiblidade de ordem de palvras que exercem determinadas  funções sintáticas em uma sentença. É a utilizada pela Língua Portugesa, por exemplo. </ref>como uma alternativa ou como a única ordem básica alternativa.
 
'''Universal 7:''' Se em uma língua com ordem SOV dominante não há ordem básica alternativa, ou apenas OSV como alternativa, então todos os modificadores adverbiais do verbo também precedem o verbo. (Este é o subtipo "rígido" do III.)
 
==== '''Sintaxe''' ====
'''Universa l8:''' Quando uma questão sim-não é diferenciada da afirmação correspondente por um padrão entoacional, as características entoacionais distintivas de cada um desses padrões são calculadas a partir do final do sentença e não o começo.
'''Universa l9:''' Quando partículas<ref group="nota">A nota a respeito da afirmação.</ref>ou afixos de pergunta são especificados na posição por referência à sentença como um todo, caso essas partículas ou afixos de perguntas forem iniciais, tais elementos são encontrados em idiomas preposicionais e, se forem finais, são encontradas em idiomas posposicionais, com mais frequência que aleatoriamente.
 
'''Universal 10:''' As partículas ou afixos de pergunta, especificados na posição por referência a uma palavra específica na frase, quase sempre seguem essa palavra. Tais partículas não ocorrem em línguas com ordem dominante VSO.
 
'''Universal 11:''' A inversão da ordem de instrução de modo que o verbo preceda o assunto ocorre apenas em idiomas em que a palavra ou frase da pergunta é normalmente inicial. Essa mesma inversão ocorre em questões do tipo "sim-não" apenas se também ocorrer em questões de palavras interrogativas.
 
'''Universal 12:''' Se uma língua possui ordem dominante VSO em sentenças declarativas, sempre coloca palavras ou frases interrogativas primeiro em perguntas de palavras interrogativas; se tem ordem dominante SOV em sentenças declarativas, nunca existe tal regra invariante.
 
'''Universal 13:''' Se o objeto nominal sempre precede o verbo, então as formas verbais subordinadas ao verbo principal também o precedem.
 
'''Universal 14:''' Em declarações condicionais, a cláusula condicional precede a conclusão como a ordem normal em todas as línguas.
 
'''Universal 15:''' Em expressões de vontade e propósito, uma forma verbal subordinada sempre segue segue o verbo principal como a ordem normal, exceto naquelas línguas em que o objeto nominal sempre precede o verbo.
 
'''Universal 16:''' Em línguas com ordem dominante VSO, um auxiliar flexionado sempre precede o verbo principal. Em línguas com ordem dominante SOV, um auxiliar flexionado sempre segue o verbo principal.
 
'''Universal 17:''' Com uma frequência muito maior do que ao acaso, as línguas com ordem dominante VSO têm o adjetivo após o substantivo.
 
'''Universal 18:''' Quando o adjetivo descritivo precede o substantivo, o demonstrativo e o numeral fazem o mesmo, com uma frequência muito maior do que ao acaso.
 
'''Universal 19:''' Quando a regra geral é que o adjetivo descritivo vir depois, pode haver uma minoria de adjetivos que geralmente precedem, mas quando a regra geral é que os adjetivos descritivos vem antes, não há exceções.
 
'''Universal 20:''' Quando algum ou todos os itens - adjetivo demonstrativo, numeral e descritivo - precedem o substantivo, eles são sempre encontrados nessa ordem. Se eles vierem após, a ordem é igual ou exatamente oposta.
 
'''Universal 21:''' Se alguns ou todos os advérbios seguem o adjetivo que eles modificam, então a linguagem é aquela em que o adjetivo qualificativo segue o substantivo e o verbo precede seu objeto nominal como a ordem dominante.
 
'''Universal 22:''' Se em comparações de superioridade a única ordem ou uma das alternativasordens nativas são padrão-marcador-adjetivo, então a linguagem é posposicional. Se a única ordem for um padrão-adjetivo-marcador, a linguagem é preposicional, com uma frequência muito maior do que ao acaso.
 
'''Universal 23:''' Se em aposição o nome próprio geralmente precede o nome comum, então a língua é aquela em que o substantivo governante precede seu genitivo dependente. Se o substantivo comum geralmente precede o substantivo próprio, o genitivo dependente precede seu substantivo governante, com uma frequência muito maior do que ao acaso.
 
'''Universal 24:''' Se a expressão relativa precede o substantivo senão como a única construção ou como uma construção alternativa, de outro modo a linguagem é posposicional ou o adjetivo precede o substantivo, ou ambos.
 
'''Universal 25:''' Se o objeto pronominal vem depois o verbo, o mesmo acontece com o objeto nominal.
 
==== '''Morfologia''' ====
'''Universal 26:''' Se uma língua tiver afixos descontínuos, ele sempre terá prefixação, sufixação ou ambos.
 
'''Universal 27:''' Se uma linguagem tem exclusivamente sufixação, é preposicional; se tem prefixação exclusivamente, é posposicional.
 
'''Universal 28:''' Se tanto a derivação como a flexão seguem a raiz, ou ambas precedem a raiz, a derivação é sempre entre a raiz e a flexão.
 
'''Universal 29:''' Se uma língua tem flexão, sempre tem derivação.
 
'''Universal 30:''' Se o verbo tem categorias de pessoa-número ou se tem categorias de gênero, sempre tem categorias de tempo-modo.
 
'''Universal 31:''' Se o sujeito ou objeto substantivo concordar com o verbo em gênero, então o adjetivo sempre concorda com o substantivo em gênero.
 
'''Universal 32:''' Sempre que o verbo concordar com um sujeito nominal ou objeto nominal em gênero, ele também concorda em número.
 
'''Universal 33:''' Quando a concordância em número entre o substantivo e o verbo é suspensa e a regra é baseada na ordem, o caso é sempre aquele em que o verbo está no singular.
'''Universal 34:''' Nenhuma língua tem um número de trial<ref group="nota">Categoria ou flexão que represente três elementos.</ref>, a menos que tenha um dual<ref group="nota">Categoria ou flexão que represente dois elementos.</ref>.
 
Nenhuma linguagem tem um dual a menos que tenha plural.
 
'''Universal 35:''' Não há língua em que o plural não tenha alomorfos não nulos, ao passo que existem línguas nas quais o singular é expresso apenas por zero. O dual e o trial quase nunca são expressos apenas por zero.
 
'''Universal 36:''' Se uma língua tem a categoria de gênero, sempre tem a categoria de número.
 
'''Universal 37:''' Uma língua nunca tem mais categorias de gênero em números não-singulares do que no singular.
 
'''Universal 38:''' Onde há um sistema de casos, o único caso que sempre tem apenas zero alomorfos é aquele que inclui entre seus significados aquele do sujeito do verbo intransitivo.
 
'''Universal 39:''' Onde morfemas de ambos os números e casos estão presentes e ambos vem depois ou ambos precedem o substantivo base, a expressão de número quase sempre vem entre o substantivo base e a expressão de caso.
 
'''Universal 40:''' Quando o adjetivo vem depois do substantivo, o adjetivo expressa todas as categorias flexionais do substantivo. Nesses casos, o substantivo pode não ter expressão explícita de uma ou todas essas categorias.
 
'''Universal 41:''' Se em uma língua o verbo segue tanto o sujeito nominal quanto o objeto nominal como a ordem dominante, a língua quase sempre tem um sistema de casos.
 
'''Universal 42:''' Todas as línguas têm categorias pronominais envolvendo pelo menos três pessoas e dois números.
 
'''Universal 43:''' Se uma língua tem categorias de gênero no substantivo, ela tem categorias de gênero no pronome.
 
'''Universal 44:''' Se uma língua tem distinções de gênero na primeira pessoa, ela sempre tem distinções de gênero na segunda ou terceira pessoa ou em ambas.
 
'''Universal 45:''' Se existem distinções de gênero no plural do pronome, também existem algumas distinções de gênero no singular.
 
== Leia Mais... ==
Para críticas e defesas de teorias específicas, confira os artigos relacionados com o assunto: [[conceitos linguísticos universais]], [[implicativos universais]], [[comparação léxica em massa]], [[línguas Níger-Congo]], [[línguas nilótico-saarianas]], [[línguas afro-asiáticas]], [[línguas ameríndias]], [[línguas euro-asiáticas]], [[línguas indo-pacíficas]].
 
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== Notas ==
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{{DEFAULTSORT:Greenberb, Joseph}}
[[Categoria:Naturais de Nova Iorque (cidade)]]
[[Categoria:Linguistas dos Estados Unidos]]
 
== Referências ==
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