Orogénese: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Limiteconvergente-continenteycontinente.png|thumb|direita|270px|Levantamento de um orógeno por colisão continental; embora na realidade a placa que inicialmente ''subduz'' é a que acaba cavalgando sobre a outra.]]
# '''Orogénese mecánica''' ou '''paratectónica'''. Ocorre quando o movimento convergente de duas placas tectónicas arrasta um fragmento continental contra outro. As forças e movimentos predominantes são horizontais (patatectónicos) e de origem propriamente tectónica (mecânica), com muito pequena participação de processos especificamente vulcânicos ou, mais geralmente, magmáticos. Chama-se '''orógenos de colisão''' aos que se formam por este mecanismo. Para que a colisão possa chegar a produzir-se é preciso primeiro que a subducção absorva a bacia oceânica entre dois continentes, o que implica que haja sempre uma fase de orogénese térmica antes de se produzir a colisão. A orogénese de tipo mecânico produziu o relevo mais importante do planeta, o formado pelo [[Himalaia]] e o [[Planalto Tibetano]], que se levantaram pelo choque do [[subcontinente indiano]], depois de se ter separado da África Oriental, com o continente eurasiático.
 
== Classificação em relação à temperatura ==
 
Uma importante relação que pode ser estabelecida com a altitude e espessura de uma faixa orogênica é a temperatura registrada no interior do orógeno. Quando [[litosfera]]s espessas estão envolvidas em uma colisão entre blocos continentais, geram-se orógenos do tipo '''quente'''. Este calor é proveniente principalmente das rochas da litosfera, que são ricas em isótopos instáveis que provêm calor durante a [[desintegração radioativa]]. Consequentemente, os orógenos quentes atingem elevadas altitudes e apresentam um importante [[magmatismo]], com um cinturão orogênico largo e com o desenvolvimento de um [[planalto|platô]] orogênico sobre a placa cavalgante. Estes orógenos desenvolvem um perfil simétrico e sua história orogênica possui longa duração. <ref>Jamieson RA & Beaumont C. On the origin of orogens, 2013. In: GSA Bulletin; 2013; v. 125; no. 11/12; p. 1671–1702; doi: 10.1130/B30855.1</ref> Os [[Himalaias]] são um registro atual de orógeno quente, a qual está associado o [[Planalto do Tibete|Platô Tibetano]] e um exemplo antigo é o Araçuaí-Oeste do Congo.
 
Já os orógenos '''frios''' se desenvolvem sob litosferas finas, e ao contrário dos orógenos quentes, caracterizam-se por sua área e altitude reduzidas, com magmatismo insignificante e desenvolvem um perfil assimétrico, com uma história orogênica tipicamente de mais curta duração. Nestes orógenos, a [[erosão]] causada principalmente pelo gelo e pelas [[Chuva orográfica|chuvas orográficas]] são grandes responsáveis pela exumação da montanha. <ref>Jamieson RA & Beaumont C. On the origin of orogens, 2013. In: GSA Bulletin; 2013; v. 125; no. 11/12; p. 1671–1702; doi: 10.1130/B30855.1</ref> São exemplos atuais os [[Alpes|Alpes Europeus]] e os [[Alpes do Sul]] (na Nova Zelândia), e as Caledonides são um exemplo antigo.
 
=== O Orógeno Araçuaí-Oeste do Congo: exemplo de orógeno do tipo quente ===
[[Imagem:Pico da Bandeira - Amanhecer.JPG|thumb|direita|270px|A [[Serra do Caparaó]] é um remanescente do antigo orógeno do Araçuaí.]]
O orógeno Araçuaí-Oeste do Congo faz parte da extensa Província da Mantiqueira, que se desenvolveu ao longo da margem leste da [[América do Sul]], do [[Uruguai]] ao Brasil central durante a colagem do Oeste do [[Gondwana]], se estendendo por algumas centenas de milhões de anos. Ao todo, esta província mostra uma evolução orogênica complexa e duradoura, com uma história de acúmulo de terrenos pré-colisionais. Há evidências de temperaturas muito altas mantidas por um longo período de tempo em toda a província orogênica, o que inclui uma grande quantidade de [[rocha ígnea|rochas magmáticas]]. Há variação ao longo da colisão em termos de tempo de eventos e cinemática, com desenvolvimento de arco extensivo e colisão continental subsequente. Como exemplo temos a parte norte da Província da Mantiqueira, que corresponde a Araçuaí e a sua contraparte pan-africana, conhecida como cinturão do Oeste do Congo.
 
O orógeno Araçuaí-Oeste do Congo é um resultado de colisões contra a margem oeste do [[Cráton São Francisco]] no [[Paleoproterozoico|Proterozoico inferior]] (formando o cinturão de Brasília) e é composto de um cinturão de cavalgamento externo (foreland) e um domínio interno extenso e quente (hinterland) dominado pelo derretimento parcial e magmático e, na região da [[Faixa Ribeira]], ao sul, por [[zona de cisalhamento|zonas de cisalhamento]] transcorrentes. O cinturão externo é de pele fina (não envolve o embasamento) na sua parte marginal. Para dentro da província, o embasamento se envolve, com rejuvenescimento de estruturas de [[rift]]s pré-orogênicas. O domínio quente do orógeno se estabelece de forma gradual e é ajustada onde a temperatura orogênica máxima excede 700 °C. No cinturão central de Araçuaí, estão presentes rochas miloníticas (incluindo paragnaisses com evidência de fusão parcial) da fácies anfibolito, com evidências de envolvimento do embasamento durante o cavalgamento.<ref>Fossen, H., Cavalcante, G. C., & de Almeida, R. P. (2017). Hot versus cold orogenic behavior: Comparing the Araçuaí-West Congo and the Caledonian orogens. Tectonics, 36, 2159–2178. https://doi.org/10.1002/ 2017TC004743</ref>
 
Atualmente não se estabelece uma geomorfologia com a altura esperada para esse tipo de orogenia devido ao colapso orogênico e erosão, mas é possível que estas montanhas tenham ultrapassado 7000 metros de altura.
 
== Ver também ==