Joseph Goebbels: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Foram revertidas as edições de 79.168.37.122 (usando Huggle) (3.3.3)
Betopo (discussão | contribs)
Correções ortográficas.
Linha 142:
Um dos principais focos da propaganda era a própria figura de Hitler, o qual era mostrado como um herói e líder infalível, e que se tornaria objecto de um [[culto de personalidade]].{{sfn|Kershaw|2008|pp=292–293}} Grande parte era espontânea, mas alguma era planeada e encenada por Goebbels.{{sfn|Evans|2005|pp=122–123}} A adulação a Hitler foi o centro da atenção no Comício de Nuremberga em 1934, onde todos os seus movimentos foram cuidadosamente coreografados. O comício foi o tema do filme ''[[Triumph des Willens|O Triunfo da Vontade]]'', um de muitos filmes de [[propaganda nazi]] realizados por [[Leni Riefenstahl]]. Recebeu a Medalha de Ouro do [[Festival de Veneza]] em 1935.{{sfn|Evans|2005|pp=123–127}} No congresso do partido nazi de 1935 em Nuremberga, , Goebbels declarou que o "Bolchevismo é a declaração de guerra dos judeus sub-humanos internacionais contra a própria cultura."{{sfn|Goebbels|1935}}
 
Goebbels esteve envolvido no planeamento dos [[Jogos Olímpicos de Verão de 1936]], em Berlim. Foi por volta desta altura que ele conheceu, e começou uma relação, com a actriz [[Lída Baarová]], que durou até 1938.{{sfn|Thacker|2010|pp=184, 201}} Em 1937, um importante projecto organizado por Goebbels foi a [[Exibição de Arte Degenerada]], que teve lugar em Munique entre Julho e Novembro. A exposição foi bastante popular, atraindo mais de dois milhões de visitantes.{{sfn|Evans|2005|pp=171, 173}} No ano seguinte, teve lugar um evento semelhante mas sobre música.{{sfn|Longerich|2015|p=351}} No entanto, Goebbels estava frustrado cocom a falta de qualidade da arte, filmes e literatura do Nacional-Socialismo.{{sfn|Longerich|2015|pp=346, 350}}
 
===Conflitos com a igreja===
Linha 148:
Em 1933, Hitler assinou a ''[[Reichskonkordat]]'' (Concordata do Reich), um tratado com o [[Vaticano]] que exigia que o regime nazi honrasse a independência das instituições católicas e proibia o clero de se envolver na política.{{sfn|Evans|2005|pp=234–235}} No entanto, o regime continuou a atacar as igrejas Cristãs e a tentar diminuir a sua influência. Ao longo dos anos 1935 e 1936, centenas de padres, freiras e líderes leigos foram presos, muitas vezes com acusações forjadas de contrabando de moeda e crimes sexuais.{{sfn|Thacker|2010|p=189}}{{sfn|Longerich|2015|p=382}} Goebbels publicou amplamente os julgamentos nas suas campanhas de propaganda, mostrando os caso da pior forma possível.{{sfn|Thacker|2010|p=189}} As reuniões públicas estavam sujeitas a restrições, e as publicações católicas passavam pela censura. As escolas católicas tiveram ordens para reduzir a instrução religiosa e os crucifixos foram retirados dos edifícios do Estado.{{sfn|Evans|2005|pp=239–240}}{{nota de rodapé|Mais tarde, Hitler retirou a restrição aos crucifixos pois estava a afectar a moral. {{harvnb|Rees|Kershaw|2012}}}} Hitler por vezes ficava indeciso sobre se a ''[[Kirchenkampf]]'' (luta da igreja) devia ser uma prioridade, mas os seus comentários exaltados sobre o assunto eram suficientes para convencer Goebbels a intensificar o seu trabalho sobre o assunto na primeira metade de 1937.{{sfn|Kershaw|2008|p=382}}
 
Em resposta à perseguição, o [[Papa Pio XI]] introduziu, discretamente, a [[Encíclica]] ''"[[Mit brennender Sorge]]"'' ("Com Extrema Preocupação") na Alemanha para o [[Páscoa|Domingo de Páscoa]] de 1937, que foi lida em todos os púlpitos. A Encíclica denunciava a hostilidade sistemática do regime em relação à igreja.{{sfn|Shirer|1960|pp=234–235}}{{sfn|Evans|2005|pp=241–243}} Em resposta, Goebbels reforçou a luta e a propaganda contra os católicos.{{sfn|Evans|2005|p=244}} O seu discurso de 28 de Maio em Berlim perante {{formatnum:20000}} membros dosdo partido, que também foi difundido por rádio, caracterizava a igreja Católica como moralmente corrupta. O resultado da campanha de propaganda levou a uma diminuição acentuada nas matrículas nas escolas confessionais e, em 1939, todas as escolas fecharam ou foram convertidas em instalações públicas. Os assédios e as ameaças de prisão levaram o clero a ser mais cauteloso nas suas críticas ao regime.{{sfn|Evans|2005|pp=245–247}} Parcialmente sem preocupações com a política externa, Hitler deu ordem para voltar atrás na luta contra a igreja no final de Julho de 1937.{{sfn|Longerich|2015|p=334}}
 
==Goebbels em guerra==
Linha 157:
[[File:Bundesarchiv Bild 183-2008-0415-500, PK-Filmberichter an Kamera.jpg|thumb|left|upright|Produção de actualidades cinematográficas nas linhas da frente, Janeiro de 1941]]
 
O Ministério da Propaganda assumiu o controlo das instalações de radiodifusão dos países conquistados após a sua rendição, e começou a emitir material previamente preparado com o apoio de anunciantes já existentes, para assim ganhar a confiança dos cidadãos.{{sfn|Manvell|Fraenkel|2010|pp=185–186}} Muitos aspectos dos meios de comunicação, tanto ao nível interno como dos países conquistados, eram controlados por Goebbels e o seu ministério.{{sfn|Longerich|2015|p=693}} O Serviço Interno Alemão, o Programa das Forças Armadas e o Serviço Europeu Alemão, eram rigorosamente controlados em tudo o que dizia respeito à informação que eram permitidos transmitir até à música que passavam.{{sfn|Manvell|Fraenkel|2010|p=188}} Os comícios do partido, discursos e demonstrações continuaram; os discursos eram transmitidos pela rádio e os pequenos filmes de propaganda eram exibidos utilizando 1500 carrinhas móveis.{{sfn|Manvell|Fraenkel|2010|p=181}} À medida que a guerra foi avançando, Hitler começou a fazer menos aparências públicas, e Goebbels passou a ser a voz do regime nazi para o povo alemão.{{sfn|Manvell|Fraenkel|2010|p=188}} A partir de Maio de 1940, Goebbels passou a escrever editoriais que eram publicados no ''[[Das Reich (jornal)|Das Reich]]'', e mais tarde lidos na rádio.{{sfn|Longerich|2015|p=470}} Goebbels apercebeu-se que o seu meio mais eficaz de propaganda era o filme logo a seguir à rádio.{{sfn|Manvell|Fraenkel|2010|p=190}} Por insistência sua, metade dos filmes produzidos no durante a guerra eram de propaganda (em particular, sobre anti-semitismo) e sobre propaganda de guerra (conquistas da [[Wehrmacht]] e versões de guerras históricas).{{sfn|Longerich|2015|pp=468–469}}
 
Goebbels ficou preocupado com o moral e o esforço das forças na frente de guerra. Ele achava que quanto mais os cidadãos alemães estivessem envolvidos no esforço de guerra, melhor seria o seu moral .{{sfn|Longerich|2015|p=509}} Por exemplo, Goebbels deu inicio a um programa para a recolha de vestuário de Inverno e equipamento de esqui para a tropas na frente oriental.{{sfn|Longerich|2015|p=509}} Ao mesmo tempo, implementou mudanças para para ter mais "conteúdo de entretenimento" na rádio e filmes produzidos para o público decretando, no final de 1942, que vinte por cento dos filmes seriam sobre propaganda e oitenta por cento de entretenimento ligeiro.{{sfn|Longerich|2015|pp=510, 512}} Como ''Gauleiter'' de Berlim, Goebbels teve de lidar com a diminuição de necessidades básicas como comida e roupa, tal como a necessidade de racionar a cerveja e o tabaco, que eram importantes para o moral. Hitler sugeriu aumentar a percentagem de água na cerveja e diminuir a qualidade dos cigarros para que mais fosse produzido, mas Goebbels recusou, argumentando que os cigarros já eram de tal baixa qualidade que era impossível baixar ainda mais.{{sfn|Thacker|2010|pp=235–236}} Através das suas campanhas de propaganda, tentou manter os mesmo níveis de moral entre o público acerca da situação militar, nem demasiado optimista nem muito austero.{{sfn|Longerich|2015|pp=502–504}} A série de revezes militares que os alemães sofreram neste período – o [[bombardeamento de Colónia na Segunda Guerra Mundial|bombardeamento de Colónia pelos Aliados]] (Maio de 1942), vitória Aliada na [[Segunda Batalha de El Alamein]] (Novembro de 1942), e, em especial, a derrota catastrófica na [[Batalha de Stalingrado|Batalha de Estalingrado]] (Fevereiro de 1943) – eram assuntos difíceis de transmitir ao público alemão, que ia tendo cada vez mais consciência sobre a guerra e do rumo desastroso para o qual dese dirigia.{{sfn|Thacker|2010|pp=246–251}} Em 15 de Janeiro de 1943, Hitler nomeou Goebbels para a recém-criada Comissão para os Raides Aéreos, o que significava que Goebbels era o responsável pela defesa aéreas civis e pelos abrigos na Alemanha, tal como pela avaliação e reparação dos edifícios danificados.{{sfn|Longerich|2015|p=567}} Na prática, a defesa das áreas, para além de Berlim, continuaram nas mãos dos ''Gauleiters'' locais, e as suas tarefas principais estavam limitadas ao fornecimento de ajuda imediata aos civis afectados e à divulgação de propaganda para melhorar o moral.{{sfn|Longerich|2015|p=615}}{{sfn|Thacker|2010|pp=269–270}}
 
No início de 1943, a guerra produziu uma crise no trabalho para o regime. Hitler criou uma comissão de três homens com representantes do Estado, o exército e o Partido, numa tentativa de centralizar o controlo da economia de guerra. Os membros da comissão eram [[Hans Lammers]] (chefe da Chancelaria do Reich), o marechal-de-campo [[Wilhelm Keitel]], chefe do ''[[Oberkommando der Wehrmacht]]'' (Alto-Comando das Forças Armadas; OKW), e [[Martin Bormann]], que controlava o Partido. A comissão tinha por função propor medidas, independentemente dos desejos dos vários ministérios, com Hitler a ter o poder de decisão final. Esta comissão, conhecida como ''Dreierausschuß'' (Comissão de Três), reuniu onze vezes entre Janeiro e Agosto de 1943. Contudo, esbarraram com a resistência dos ministros dos gabinetes de Hitler, que construíram toda uma esfera de influências e foram excluídos da comissão. Reagindo a este muro de influências, que viam como uma ameaça ao seu poder, Goebbels, Göring e Speer trabalharam juntos para o derrubar. O resultado foi o impasse e nada se alteraria e, desta forma, a Comissão de Três tornar-se-ia irrelevante em Setembro de 1943.{{sfn|Kershaw|2008|pp=749–753}}
Linha 165:
[[File:Bundesarchiv Bild 183-J05235, Berlin, Großkundgebung im Sportpalast.jpg|thumb|[[Discurso de Sportpalast]], 18 de Fevereiro de 1943]]
 
Parcialmente em resposta ao facto de ter sido excluído da Comissão dos Três, Goebbels pressionou Hitler a introduzir medidas que levassem a uma "[[guerra total]]", incluindo o encerramento de negócios não essenciais ao esforço de guerra, recrutamento de mulheres para a força de trabalho e o alargamento da do recrutamento militar àqueles que, até ali, estavam isentos de tal serviço na [[Wehrmacht]].{{sfn|Longerich|2015|pp=549–550}} Algumas destas medidas foram implementadas num édito de 13 de Janeiro, mas para desalento de Goebbels, Göring exigiu que o seu restaurante preferido em Berlim se mantivesse aberto, e Lammers conseguiu junto de Hitler manter as mulheres com filhos isentas do recrutamento.{{sfn|Longerich|2015|pp=553–554}} Após ter tido uma resposta muito entusiasta ao seu discurso de 30 de Janeiro de 1943 onde falou sobre este tópico, Goebbels acreditava que tinha o apoio do povo alemão na sua chamada para uma guerra total.{{sfn|Longerich|2015|p=555}} O seu discurso seguinte, o [[discurso de Sportpalast]] de 18 de Fevereiro de 1943, foi uma procura apaixonada para que o seu público se entregasse à guerra total, a qual ele a apresentou como o único caminho para acabar com os ataques do [[Bolchevismo]] e salvar o povo alemão da destruição. O discurso também incluiu um tom anti-semita muito acentuado e sugeriu a exterminação dos judeus, que já estava em curso.{{sfn|Thacker|2010|p=255}} O discurso foi transmitido ao vivo pela rádio e filmado.{{sfn|Thacker|2010|p=256}} Os esforços de Goebbels pouco impacto tiveram pois, se Hitler era, em princípio, favorável à guerra total, ao mesmo tempo não estava preparado para implementar mudanças sobre as objecções dos seus ministros.{{sfn|Longerich|2015|p=577}} A descoberta, nesta altura, de valas comuns de oficiais polacos que tinham sido assassinados pelo [[Exército Vermelho]] em 1940 - o [[massacre de Katyn]] - foi utilizada por Goebbels na sua propaganda numa tentativa fazer uma ponte entre os soviéticos e os aliados ocidentais.{{sfn|Thacker|2010|pp=256–257}}
 
==Plenipotenciário para a guerra total==
Linha 171:
Depois da [[invasão aliada da Sicília]] (Julho de 1943) e da vitória estratégica soviética na [[Batalha de Kursk]] (Julho–Agosto de 1943), Goebbels começou a aperceber-se de a guerra estava perdida para os alemães.{{sfn|Longerich|2015|p=594}} No seguimento da invasão aliada de Itália e do derrube de Mussolini em Setembro, Goebbels levantou a possibilidade, junto de Hitler, de propor uma paz separada, fosse com os soviéticos ou com os britânicos. Hitler recusou ambas as propostas.{{sfn|Longerich|2015|pp=607, 609}}
 
À medida que a situação militar e económica piorava, em 25 de Agosto de 1943 o ''[[Reichsführer-SS]]'' [[Heinrich Himmler]] ficou com a pasta de ministro do Interior, substituindo [[Wilhelm Frick]].{{sfn|Longerich|2015|p=611}} ([[H. R. Knickerbocker]] escreveu em 1941 que Goebbels e Himmler eram "rivais na impopularidade", e que Goebbels "teria sorte se permanecesse vivo 24 horas depois da mão protectora de Hitler se ter retirado".<ref name="knickerbocker1941">{{citar livro| url=https://books.google.com/books?id=RwGwpIBHhgcC&lpg=PR2&pg=PA15#v=onepage&q&f=false |título=Is Tomorrow Hitler's? 200 Questions On the Battle of Mankind |publicadopor=Reynal & Hitchcock | author=Knickerbocker, H.R. |ano=1941 |página=15}}</ref>) Uma série de raides devastadores em Berlim e outras cidade alemães tiraram a vida a milhares de pessoas.{{sfn|Thacker|2010|pp=268–270}} A [[Luftwaffe]] de Göring tentou retaliar com ataques aéreos a Londres no início de 1944, mas já não possuíam aviões suficientesuficientes para ter algum impacto significativo.{{sfn|Longerich|2015|pp=627–628}} Ao mesmo tempo que a propaganda de Goebbels neste período indicava que estava em marcha uma retaliação de grande dimensão, as bombas [[V-1]], lançadas contra alvos britânicos em meados de Junho de 1944, tiveram pouco efeito, com apenas de vinte por cento delas a atingir os seus alvos previstos.{{sfn|Longerich|2015|p=634}} Para aumentar o moral, Goebbels continuou a publicar propaganda transmitindo a ideia de que as melhorias por que estas novas bombas estavam a passar teriam um impacto determinante para o resultado da guerra.{{sfn|Longerich|2015|p=637}} Entretanto, estava em curso os [[Desembarques da Normandia|desembarques dos Aliados na Normandia]] (6 de Junho de 1944), nos quais as forças aliadas conquistariam um avanço decisivo em França.{{sfn|Evans|2008|pp=623–624}}
 
[[File:Bundesarchiv Bild 146-1992-093-13A, Offiziere und NS-Führer, u.a. Goebbels und Speer.jpg|thumb|Goebbels (ao centro) e o ministro do Armamento, [[Albert Speer]] (à esquerda de Goebbels) observa os testes em [[Centro de Pesquisas do Exército de Peenemünde|Peenemünde]], Agosto de 1943]]
 
Ao longo do mês de Julho, Goebbels e Speer continuaram a pressionar Hitler para que a economia estivesse toda ela concentrada nos esforço de guerra.{{sfn|Longerich|2015|pp=637–639}} O [[Atentado de 20 de julho|atentado a Hitler em 20 de Julho]], onde este escapou por pouco a uma bomba no seu quartel.general na [[Prússia Oriental]], teve um papel crucial naquelenaqueles que desejavam uma mudança: Bormann, Goebbels, Himmler e Speer. Contra as objecções de Göring, Goebbels foi nomeado para Plenipotenciário do Reich para a Guerra Total em 23 de Julho, com a responsabilidade de maximizar a força de trabalho para a Wehrmacht e a indústria do armamento à custa de sectores da economia menos críticos para o esforço de guerra.{{sfn|Longerich|2015|p=643}} Através destes esforços, Goebbels conseguiu libertar cerca de meio milhão de homens para o serviço militar.{{sfn|Thacker|2010|p=282}} Contudo, como esta mão-de-obra vinha da indústria do armamento, a decisão colocou-o em conflito com o ministro do Armamento, [[Albert Speer]].{{sfn|Longerich|2015|p=651}} Os trabalhadores inexperientes não foram absorvidos na indústria do armamento de imediato, e, da mesma forma, os novos recrutas da Wehrmacht tiveram que aguardar nos quartéis para serem treinados.{{sfn|Longerich|2015|pp=660 }}
 
A mando de Hitler, a ''[[Volkssturm]]'' (Tempestade do Povo) – uma milícia a nível nacional de homens anteriormente recusados para o serviço militar – foi criada em 18 de Outubro de 1944.{{sfn|Evans|2008|p=675}} Goebbels registou no seu diário que, só no seu ''Gau'', foram recrutados {{formatnum:100000}} homens. No entanto, estes homens, muitos entre os 45 e os 60 anos de idade, receberam treino muito rudimentar, e muitos não estavam devidamente armados. A ideia que Goebbels tinha de que estas forças podiam servir de forma eficaz nas linhas da frente contra os tanques e a artilharia soviética era uma ilusão. O programa de recrutamento teve um impacto muito negativo junto da população.{{sfn|Thacker|2010|p=284}}{{sfn|Evans|2008|p=676}}
Linha 182:
Nos últimos meses da guerra, os artigos e discursos de Goebbels ganharam um tom cada vez mais apocalíptico.{{sfn|Thacker|2010|p=292}} No início de 1945, com os soviéticos junto do [[rio Oder]] e os Aliados ocidentais a prepararem-se para atravessar o [[rio Reno|Reno]], Goebbels já não podia disfarçar o facto de a derrota ser inevitável.{{sfn|Kershaw|2008|pp=892, 893, 897}} Berlim tinha poucas defesas em termos de fortificações ou artilharia (ou mesmo de unidades ''Volkssturm''), pois quase tudo tinha sido enviado para a frente.{{sfn|Thacker|2010|p=290}} Goebbels escreveu no seu diário a 21 de Janeiro que milhões de alemães estavam a fugir para oeste.{{sfn|Thacker|2010|p=288}} Ele tentou discutir com Hitler, por várias vezes, a questão de propor a paz aos Aliados ocidentais, mas Hitler recusou. Em privado, Goebbels estava receoso em forçar o assunto com Hitler pois não queria perder a confiança com o seu Führer.{{sfn|Kershaw|2008|pp=897, 898}}
 
Quando outros líderes nazis aconselharam Hitler a deixar Berlim e a estabelecer um novo centro de resistência na [[Baviera]], Goebbels foi contra argumentando que se deveria manter naquela cidade como um último acto heróico.{{sfn|Kershaw|2008|pp=924, 925, 929, 930}} A sua família, à excepção do filho de Magda, Harald, que tinha servido na Luftwaffe sendo capturado pelos Aliados, foi morar para a sua casa em Berlim à espera do fim.{{sfn|Thacker|2010|p=290}} Ele e Magda poderão ter discutido o seu suicídio e o destino dos seus filhos numa longa reunião na noite de 27 de Janeiro.{{sfn|Thacker|2010|p=289}} Goebbels tinha consciência de como o mundo via os actos criminosos cometidos pelo regime nazi, e não queria passar por um julgamento num tribunal.{{sfn|Thacker|2010|p=291}} Queimou os seus documentos particulares na noite de 18 de Abril.{{sfn|Thacker|2010|p=295}}
 
Goebbels sabia como manipular as fantasias de Hitler, encorajando-o a ver a mão da providência na morte do Presidente dos Estados Unidos, [[Franklin D. Roosevelt]], em 12 de Abril.{{sfn|Kershaw|2008|p=918}} Se Hitler olhou pra este acontecimento como um ponto de viragem como Goebbels disse, não se sabe.{{sfn|Kershaw|2008|pp=918, 919}} Por esta altura, Goebbels tinha alcançado a posição que tanto desejava há muito tempo&nbsp;– ao lado de Hitler. Göring acabou desacreditado, apesar de só no dia 23 de Abril terem lhe sido retirados as suas pastas.{{sfn|Kershaw|2008|pp=913, 933}} Himmler, cuja nomeação para o cargo de comandante do [[Grupo de Exércitos Vístula]] o tinha levado ao fracasso no rio Oder, também caiu em desgraça junto de Hitler.{{sfn|Kershaw|2008|pp=891, 913–914}} Muitos do círculo mais privado de Hitler como Göring, Himmler, Ribbentrop e Speer, prepararam-se para deixar Berlim logo a seguir às celebrações do aniversário do Führer a 20 de Abril.{{sfn|Thacker|2010|p=296}} Até Bormann "não estava ansioso" para terminar a sua vida ao lado de HItler.{{sfn|Kershaw|2008|p=932}} Em 22 de Abril, Hitler informou que ficaria em Berlim até ao fim e suicidar-se-ia de seguida.{{sfn|Kershaw|2008|p=929}} Goebbels mudou-se com a sua família para o ''[[Vorbunker]]'', ligado ao ''[[Führerbunker]]'', mais abaixo, sob o jardim da Chancelaria do Reich Chancellery, no centro de Berlim, no mesmo dia.{{sfn|Thacker|2010|p=298}} Ele disse ao vice-almirante [[Hans-Erich Voss]] que não aceitava a ideia de se render ou fugir.{{sfn|Vinogradov|2005|p=154}} Em 23 de Abril, Goebbels fez a seguinte proclamação ao povo de Berlim:
Linha 198:
Mais tarde, nesse dia, o vice-almirante Voss viu Goebbels pela última vez: "...&nbsp;ao despedir-me, pedi a Goebbels que se juntasse a nós. Mas ele respondeu: 'O capitão não pode abandonar o seu navio a afundar-se. Já pensei em tudo e decidi ficar aqui. Não tenho nenhum sítio para onde ir pois com crianças pequenas não consigo movimentar-me, em particular com uma perna como a minha...' "{{sfn|Vinogradov|2005|p=156}}
 
[[File:Bundesarchiv Bild 146-1978-086-03, Joseph Goebbels mit Familie.jpg|thumb|Família Goebbels family. Nesta fotografia manipulada, o afilhado de Goebbels, [[Harald Quandt]], (que se encontrava ausente devido ao serviço militar) foi acrescentado ao retrato de grupo.]]
 
Na noite de 1 de Maio de 1945, Goebbels mandou chamar um dentista das SS, [[Helmut Kunz]], para injectar [[Família Goebbels|os seis filhos]] com [[morfina]], para que ficassem inconscientes quando, de seguida, lhes fosse administrada uma ampola de [[cianeto]] nas suas bocas.{{sfn|Beevor|2002|pp=380, 381}} Segundo o testemunho de Kunz, ele administrou a morfina, mas foi Magda e o SS-''[[Obersturmbannführer]]'' [[Ludwig Stumpfegger]], o médico pessoal de Hitler, quem lhes deu o cianeto.{{sfn|Beevor|2002|pp=380, 381}}