Leon Trótski: diferenças entre revisões

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Após a [[deportação]], Trótski passou pela [[Turquia]], [[França]] (julho de 1933 a junho de 1935) e [[Noruega]] (junho de 1935 a setembro de 1936), fixando-se finalmente no [[México]], a convite do [[pintor]] [[Diego Rivera]], vivendo temporariamente em casa deste e mais tarde em casa da esposa de Rivera, a pintora [[Frida Kahlo]]. A medida que aumenta a repressão stalinista, multiplicam-se os lutos familiares. Além da morte dos seus quatro filhos, os genros, noras, netos, e outros parentes próximos de Trótski são igualmente vítimas da repressão por sua ligação com um "[[inimigo do povo]]" e desaparecem nos sucessivos expurgos da década de 1930, com exceção do único filho que Zina pôde levar consigo ao exterior, e que acabou por reunir-se ao avô no México, após complicadas negociações com a mulher francesa de Leon Sedov - que havia se responsabilizado pelo sobrinho até a sua própria morte num hospital parisiense.
 
No seu crescente isolamento pessoal e político, Trótski, a partir desta altura, aumenta consideravelmente a sua produção escrita, escrevendo importantes obras como sua [[autobiografia]], ''Minha Vida'' (1930), a ''[[The History of the Russian Revolution|História da Revolução Russa]]'' (em 2 vols., 1930 e 1932), ''A Revolução Permanente'' (1930) e ''[[A Revolução Traída]]'' (1936), uma crítica violenta ao Estalinismo. Apoiando-se sobre um panfleto de Rakovski, ''Os Perigos profissionais do poder'', Trótski considerava em ''A Revolução Traída'' que a União Soviética se tornara num Estado de trabalhadores degenerado, controlado por uma burocracia não-democrática - derivada, no entanto, da própria classe operária (em um processo descrito como [[Degenerescência Burocrática]]) e que teria eventualmente de ser derrubada por uma 2ª revolução política que restaurasse o caráter democrático da revolução socialista, ou, então, degenerar ao ponto de regressar ao capitalismo.<ref>{{citar web |url=https://teoriaerevolucao.pstu.org.br/prologo-ao-livro-o-veredicto-da-historia-de-martin-hernandez/|autor=Martín Hernández |publicado= marxists.orgTeoria & Revolução |título=''Prólogo ao livro O Veredicto da História de Martín Hernández'' |acessodata=20 de agosto 2018 |língua= pt}}</ref>
 
Trótski rejeitou as teses [[Extrema-esquerda|ultraesquerdistas]] de certos opositores bolcheviques do estalinismo (notadamente os "Centralistas Democráticos" liderados por [[Sapronov]]), que consideravam que o stalinismo era uma restauração do [[capitalismo]], algo similar à restauração da monarquia francesa pelos [[Bourbons]] em 1815. Através desta mesma [[analogia]] com a [[Revolução Francesa]], Trótski considerou que o regime de Stalin era um Termidor soviético, no sentido de que, assim como o [[9 Termidor]] francês havia derrubado o radicalismo pequeno-burguês de [[Robespierre]], [[Louis Antoine Léon de Saint-Just|Saint-Just]] e dos [[jacobinos]], mas preservado o caráter burguês da sociedade francesa, do mesmo modo o estalinismo havia eliminado todos os elementos [[internacionalista]]s e de democracia proletária do regime soviético, mas não havia, de momento, abolido o caráter socialista da economia e das relações sociais na Rússia. Considerando a URSS estalinista, assim, como presa num estágio de transição entre o capitalismo e o socialismo, e não considerando que ela houvesse se convertido num [[capitalismo de Estado]], Trótski opôs-se, no início da [[Segunda Guerra Mundial]], àqueles entre seus seguidores - especialmente fortes no partido trotskista americano, o ''Socialist Workers' Party'' (SWP), mas também figuras isoladas como o [[brasileiro]] [[Mário Pedrosa]] - que propunham retirar apoio à URSS em caso de ataque externo. Para Trótski, a defesa das aquisições da Revolução de Outubro exigia o respeito mais estrito à consigna de "defesa incondicional da União Soviética". Muito embora opusesse-se ao [[Pacto Molotov-Ribbentrop]], que considerava desmoralizante para o movimento operário, orientou seus partidários para que apoiassem a [[expropriação]] dos latifúndios e das fábricas realizadas por Stalin no leste da [[Polônia]] e nos [[Países Bálticos]] quando da sua incorporação forçada na URSS.