Setevidas: diferenças entre revisões

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No dia 19 de junho de 2014, foi lançada uma entrevista de Pitty sobre cada faixa do álbum para a revista O Grito, ela explicou brevemente os diversos temas das canções.<ref>{{Citar periódico|data=2014-06-19|titulo=Faixa a Faixa: Pitty comenta novo disco SETEVIDAS - Revista O Grito! — Cultura pop, cena independente, música, quadrinhos e cinema|url=http://revistaogrito.com/faixa-a-faixa-pitty-comenta-novo-disco-setevidas/|jornal=Revista O Grito! — Cultura pop, cena independente, música, quadrinhos e cinema|lingua=pt-BR}}</ref>
 
'''Pouco:'''<blockquote>"Minimalismo no som, no papel é poesia concreta. Vontade de tudo. O eterno “vir-a-ser” de Parmênides. Repetição do texto de formas diferentes, como uma afirmação de uma ideia."</blockquote>'''Deixa Ela Entrar:'''<blockquote>"Uma conversa interna. Ficar de bode do próprio existencialismo. Essa briga interna das vozes e personas digladiando; pensar demais, prós e contras, não conseguir evitar de se aprofundar sempre e depois ver como isso é cansativo. No refrão, a constatação do imprevisto, do se abrir ao acaso, do racionalizar menos e intuir mais. Na música, buscamos um flow contínuo, como uma onda, como um diálogo."</blockquote>'''Pequena Morte:'''<blockquote>"Essa foi uma demo que eu e Martin tínhamos feito há um tempo. A música estava pronta, e o pulso e a batida dela me soavam sensuais. Faz parte de uma busca recente pelo “roll” mais do que pelo “rock”, mais pelo blues, a parte curvilínea. E essa coisa sinuosa me fez pensar numa letra sobre instinto, pele, a inevitabilidade de ceder à nossa própria natureza animal. “La petite mort”, o eufemismo que os franceses usam para se referir ao orgasmo."</blockquote>'''Um Leão:'''<blockquote>"Sentei com o violão no colo na intenção de fazer uma música dançante. E saiu esse 5/4. Podem até dizer que ritmo composto não é necessariamente um convite à dança, mas eu discordo. Acho que estava numa fase de reconhecer e tentar traduzir nosso lado animal e instintivo, porque essa letra também tem a ver com isso. Pro refrão eu tinha uma imagem: a natureza da relação de dependência, confiança e um certo sadomasoquismo entre um atirador de facas e sua assistente. E isso aplicado ao contexto de quaisquer outras relações na nossa vida cotidiana."</blockquote>'''Lado de Lá:'''<blockquote>"É um réquiem. E uma pergunta. Sentei ao piano e saiu um blues. Com os meninos, aprimoramos o arranjo; e como gravamos ao vivo, a jam session do final cada vez saía diferente. Esse foi o take escolhido. Patti Smith escreveu um texto e me trouxe a imagem do barqueiro que, em tantas culturas e mitologias, faz a travessia para o outro lado."</blockquote>'''Olho Calmo:'''<blockquote>"Essa fizemos todos juntos no estúdio, durante um ensaio. Fluiu muito rapidamente, todos se encaixando de pronto. Me debati um pouco para fazer a letra depois, porque o espaço do verso e refrão eram pequenos. Precisava construir frases sintéticas e resumir uma ideia em poucas palavras. A ideia de com o tempo, aprender a hora de falar e de calar, de gritar e de ouvir, saber que briga vale a pena brigar. E me veio a imagem de um cão velho e sábio que não gasta tempo ladrando a toa; mas, quando precisa, sabe se defender."</blockquote>'''Boca Aberta:'''<blockquote>"Ansiedade. Estímulo por todos os lados. O Ter para Ser propagado à exaustão. A medida de todas as coisas. A negação do maniqueísmo; tudo é bom e ruim, depende de quanto, como e por quê. Eu tinha escrito como um poema, e guardado. Na época do disco, mandei para Martin e um tempo depois ele apareceu com a música, e uma pegada flamenca que achei muito interessante."</blockquote>'''A Massa:'''<blockquote>"Um texto que eu já tinha, e lapidei a métrica para caber na música. Uma reflexão pessoal; como estamos, e para onde vamos? Como vamos? Estamos desenvolvendo senso crítico ou sendo arrastados pela corrente? E aí pintou a analogia com a culinária; a paciência e o cuidado que se tem quando se quer um bolo bem feito, o processo de fermentação, a qualidade e quantidade dos ingredientes. Que resultado se quer da massa, e como ela está sendo tratada para chegarmos nisso? A música tem uma batida mais dura, buscava a sensação de fábrica, a repetição de um operário na indústria, cenas de ''Tempos Modernos'' de Chaplin."</blockquote>'''Setevidas:'''<blockquote>"Resiliência. Passar pelas coisas e se reerguer. É clichê, mas é o que é. Nunca é fácil pra ninguém. A experiência transformadora de passar por um problema de saúde. Na música, pro refrão, queria achar o balanço do Kinks e Sonics, música de garagem dos anos 60, aquele groove. O pianinho-martelo dos Stooges. Mais uma vez, o “roll”. Deu trabalho, experimentamos variações até chegar nessa levada. Pra estrofe, buscamos uma vibe Miami Bass, Funkadelic, Run DMC, funk carioca old school. Pra dançar, mesmo. O sopro no refrão somando no “wall of sound” pra trazer o soul."</blockquote>'''Serpente:'''<blockquote>"Respirar e ter calma porque amanhã é outro dia e o melhor é ir um de cada vez. Transformar cobre em ouro, como na alquimia. Não se deixar amargurar. Enxergar os ciclos, morte e renascimento, eterno retorno, o mantra de Shiva costurando no final a ideia de há que se destruir para construir. Na música, é a faixa onde a experiência com a música afro é mais evidente. Samba-reggae, e afoxé. Sensação de quarta-feira de cinzas, “corpos ébrios em confusão”, fim de Carnaval e alguém descendo uma ladeira, o dia raiando de volta ao normal."</blockquote>
'''Pouco'''
 
"Minimalismo no som, no papel é poesia concreta. Vontade de tudo. O eterno “vir-a-ser” de Parmênides. Repetição do texto de formas diferentes, como uma afirmação de uma ideia."
 
'''Deixa Ela Entrar'''
 
"Uma conversa interna. Ficar de bode do próprio existencialismo. Essa briga interna das vozes e personas digladiando; pensar demais, prós e contras, não conseguir evitar de se aprofundar sempre e depois ver como isso é cansativo. No refrão, a constatação do imprevisto, do se abrir ao acaso, do racionalizar menos e intuir mais. Na música, buscamos um flow contínuo, como uma onda, como um diálogo."
 
'''Pequena Morte'''
 
"Essa foi uma demo que eu e Martin tínhamos feito há um tempo. A música estava pronta, e o pulso e a batida dela me soavam sensuais. Faz parte de uma busca recente pelo “roll” mais do que pelo “rock”, mais pelo blues, a parte curvilínea. E essa coisa sinuosa me fez pensar numa letra sobre instinto, pele, a inevitabilidade de ceder à nossa própria natureza animal. “La petite mort”, o eufemismo que os franceses usam para se referir ao orgasmo."
 
'''Um Leão'''
 
"Sentei com o violão no colo na intenção de fazer uma música dançante. E saiu esse 5/4. Podem até dizer que ritmo composto não é necessariamente um convite à dança, mas eu discordo. Acho que estava numa fase de reconhecer e tentar traduzir nosso lado animal e instintivo, porque essa letra também tem a ver com isso. Pro refrão eu tinha uma imagem: a natureza da relação de dependência, confiança e um certo sadomasoquismo entre um atirador de facas e sua assistente. E isso aplicado ao contexto de quaisquer outras relações na nossa vida cotidiana."
 
'''Lado de Lá'''
 
"É um réquiem. E uma pergunta. Sentei ao piano e saiu um blues. Com os meninos, aprimoramos o arranjo; e como gravamos ao vivo, a jam session do final cada vez saía diferente. Esse foi o take escolhido. Patti Smith escreveu um texto e me trouxe a imagem do barqueiro que, em tantas culturas e mitologias, faz a travessia para o outro lado."
 
'''Olho Calmo'''
 
"Essa fizemos todos juntos no estúdio, durante um ensaio. Fluiu muito rapidamente, todos se encaixando de pronto. Me debati um pouco para fazer a letra depois, porque o espaço do verso e refrão eram pequenos. Precisava construir frases sintéticas e resumir uma ideia em poucas palavras. A ideia de com o tempo, aprender a hora de falar e de calar, de gritar e de ouvir, saber que briga vale a pena brigar. E me veio a imagem de um cão velho e sábio que não gasta tempo ladrando a toa; mas, quando precisa, sabe se defender."
 
'''Boca Aberta'''
 
"Ansiedade. Estímulo por todos os lados. O Ter para Ser propagado à exaustão. A medida de todas as coisas. A negação do maniqueísmo; tudo é bom e ruim, depende de quanto, como e por quê. Eu tinha escrito como um poema, e guardado. Na época do disco, mandei para Martin e um tempo depois ele apareceu com a música, e uma pegada flamenca que achei muito interessante."
 
'''A Massa'''
 
"Um texto que eu já tinha, e lapidei a métrica para caber na música. Uma reflexão pessoal; como estamos, e para onde vamos? Como vamos? Estamos desenvolvendo senso crítico ou sendo arrastados pela corrente? E aí pintou a analogia com a culinária; a paciência e o cuidado que se tem quando se quer um bolo bem feito, o processo de fermentação, a qualidade e quantidade dos ingredientes. Que resultado se quer da massa, e como ela está sendo tratada para chegarmos nisso? A música tem uma batida mais dura, buscava a sensação de fábrica, a repetição de um operário na indústria, cenas de ''Tempos Modernos'' de Chaplin."
 
'''Setevidas'''
 
"Resiliência. Passar pelas coisas e se reerguer. É clichê, mas é o que é. Nunca é fácil pra ninguém. A experiência transformadora de passar por um problema de saúde. Na música, pro refrão, queria achar o balanço do Kinks e Sonics, música de garagem dos anos 60, aquele groove. O pianinho-martelo dos Stooges. Mais uma vez, o “roll”. Deu trabalho, experimentamos variações até chegar nessa levada. Pra estrofe, buscamos uma vibe Miami Bass, Funkadelic, Run DMC, funk carioca old school. Pra dançar, mesmo. O sopro no refrão somando no “wall of sound” pra trazer o soul."
 
'''Serpente'''
 
"Respirar e ter calma porque amanhã é outro dia e o melhor é ir um de cada vez. Transformar cobre em ouro, como na alquimia. Não se deixar amargurar. Enxergar os ciclos, morte e renascimento, eterno retorno, o mantra de Shiva costurando no final a ideia de há que se destruir para construir. Na música, é a faixa onde a experiência com a música afro é mais evidente. Samba-reggae, e afoxé. Sensação de quarta-feira de cinzas, “corpos ébrios em confusão”, fim de Carnaval e alguém descendo uma ladeira, o dia raiando de volta ao normal."
 
==Formação & Instrumentos==