História dos Estados Unidos (1815-1865): diferenças entre revisões

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O fim do Partido Federalista trouxe confusão ao sistema de escolha de presidentes. À época, o Legislativo dos estados tinha o poder de escolher candidatos. Nas eleições presidenciais americanas de 1824, o [[Tennessee]] e a [[Pensilvânia]] escolheram [[Andrew Jackson]] como candidato à presidência, com [[John C. Calhoun]], escolhido pela [[Carolina do Sul]], concorrendo na chapa de Jackson, ao posto de Vice-Presidente. O [[Kentucky]] escolheu [[Enry Clay]] como candidato à presidência; o [[Massachusetts]], [[John Quincy Adams]]; e uma facção do Congresso americano, [[William H. Crawford|William Crawford]].
 
Personalidade e lealdade aos candidatos foram fatores decisivos na determinação dos resultados finais da eleição. Adams obteve os votos eleitorais da Nova Inglaterra e a maior parte do [[Nova Iorque (Estado)|Estado de Nova Iorque]]; Clay obteve o apoio dos colégios eleitorais do Kentucky, [[Ohio]] e do [[Missouri]]; Jackson obteve o apoio do [[Alabama]], [[Illinois]], [[Indiana]], [[Carolina do Norte]], da [[Carolina do Sul]], [[Pensilvânia]], [[Maryland]] e [[Nova Jérsia]]; e Crawford obteve apoio da [[Virgínia]], [[Geórgia (EUAEstados Unidos)|Geórgia]] e [[Delaware]]. Nenhum candidato obteve uma maioria (50,1%) dos votos no [[Colégio eleitoral dos Estados Unidos|Colégio Eleitoral]], e por isto, como está previsto na Constituição americana, a decisão da escolha do Presidente americano passou à [[Câmara dos Representantes dos Estados Unidos|Câmara dos Representantes]]. Dos quatro candidatos, Clay era o mais influencial na Câmara dos Representantes. Clay decidiu apoiar Adams, fato que deu efetivamente a Adams a presidência do país, e, em troca, Adams indicou Clay como Secretário de Estado. Este evento ficou conhecido como ''A Barganha Corrupta''. Enquanto isto, Jackson e seus seguidores, irritados com este acontecimento, fundaram uma nova asa dentro do Partido Democrata-Republicano. Esta asa posteriormente desenvolveria-se no [[Partido Democrata (EUAEstados Unidos)|Partido Democrata]].
 
Durante o termo de ofício de Adams, novas facções políticas surgiram - além da asa democrata do partido Democrata-Republicano. Os seguidores de Adams tomaram o nome de "Republicanos Nacionais", que posteriormente seria mudado para [[Partido Whig (Estados Unidos)|Whig]]. Embora tenha governado o país honesta e eficientemente, Adams não foi um presidente popular, e seu termo de ofício foi marcado por frustrações, tais como a falha em seus esforços em instituir um sistema nacional de [[Autoestrada|rodovia]]s e de [[canal|canais]]. Seus anos em ofício pareciam ser uma longa campanha para a reeleição, mas seu temperamento frio e intelectual não lhe rendia amigos. Jackson, em contraste, tinha grande popularidade, especialmente entre seus seguidores no recém-formado [[Partido Democrata (Estados Unidos)|Partido Democrata]], que havia separado-se do Partido Democrático-Republicano, com o último tornando-se o atual [[Partido Republicano dos Estados Unidos da América|Partido Republicano]]. Nas eleições presidenciais de 1828, Jackson derrotou Adams, obtendo uma grande maioria dos votos do colégio eleitoral.
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Quando Jackson tornou-se Presidente, muitos ricos americanos possuíam cargos no governo americano que até então eram considerados perpétuos - uma vez indicados pelo Presidente ou pelo Congresso, não eram substituídos até sua morte ou sua aposentadoria. Porém, Jackson, após assumir a presidência, afastou muitos destes oficiais do governo americano, substituindo-os por seguidores seus. Diversos historiadores acreditam que Jackson tenha iniciado o [[Spoils system|Sistema de ''spoils'']], onde um dado partido político, após vencer uma dada eleição, monopoliza pré-requisitos e postos de trabalho no governo através de indicações diretas, politicamente motivadas.
 
Um dos maiores problemas dos termos de ofício de Jakcson fora o [[Second Bank of the United States|Segundo Banco dos Estados Unidos]]. O [[First Bank of the United States|Primeiro Banco dos Estados Unidos]] fora fundado em [[1791]], sob o termo de ofício de Alexander Hamilton, com uma licença do governo americano para poder operar por um período de 20 anos. Apesar de o governo americano controlar parte dos fundos do Primeiro Banco dos EUAEstados Unidos, este não era um banco governamental - ao invés disto, o banco era uma [[corporação]] privada, cujos lucros passavam aos seus investidores e afiliados. O Primeiro Banco dos EUAEstados Unidos fora criado para estabilizar o câmbio e estimular o [[comércio]], mas causou ressentimento na população do Oeste e da classe trabalhadora, que acreditavam que era um "monstro" que dava favores especiais a uns poucos homens poderosos. Quando o período de 20 anos terminou, o governo americano decidiu não renovar a [[carta-patente]].
 
Durante os próximos anos, o comércio bancário esteve nas mãos de bancos controlados pelo Estado, que criavam moeda em quantidades excessivas, gerando grande confusão e alimentando a [[inflação]] e preocupações de que bancos estatais não poderiam dar ao país um câmbio uniforme. Em [[1816]], um segundo Banco dos Estados Unidos, similar ao primeiro, foi novamente criado, e novamente licenciado por 20 anos.
 
Desde sua criação, o Segundo Banco dos EUAEstados Unidos fora impopular nos Estados mais recentes e nos territórios, bem como entre a população da classe trabalhadora. Oponentes do banco alegaram que possuía um [[monopólio]] virtual sobre o crédito e o câmbio do país, e reiterou que representava apenas os interesses da elite. Jackson, eleito com grande apoio dos oponentes do Banco dos Estados Unidos, vetou uma lei para ceder uma nova licença ao banco. Em sua mensagem ao Congresso, Jackson denunciou o monopólio e os privilégios especiais, dizendo que ''"nossos homens ricos não têm estado contente com proteção igualitária e benefícios igualitários, mas têm esforçado-se para tornarem mais ricos através de atos do Congresso"''. Os esforços para anular o veto foram rejeitados pelo Congresso americano.
 
Durante a campanha de eleição de [[1832]], a questão do banco causou uma divisão fundamental entre os setores mercantes, industriais e financeiros, que geralmente favorecia o crédito limitado para controlar a inflação e altas taxas de [[juro]]s; e os setores trabalhistas e agrários, que frequentemente estavam em dívida com os bancos e por causa disto favoreciam um maior depósito de fundos econômicos e menores taxas de juros. O resultado foi a adoção entusiástica da democracia Jacksoniana. Jackson viu as eleições presidenciais de 1832 como um mandato popular para acabar de vez com o Banco, tendo encontrado rapidamente uma maneira de assim fazer - através do uso de uma provisão da licença do governo americano que autorizava a remoção de fundos públicos do Banco por parte do governo americano.
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===Crise de Nulificação===
[[Imagem:Cottonfieldpanorama.jpg|thumb|center|580px|Colheita de [[algodão]] na [[Geórgia (EUAEstados Unidos)|Geórgia]].]]
 
Ao fim de seu primeiro termo de ofício, Jackson foi forçado a confrontar o Estado de [[Carolina do Sul]], quanto à questão da tarifa alfandegária.
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Em [[1830]] o Congresso americano aprovou o [[Ato de Remoção Indígena]], que autorizava o Presidente americano a negociar tratados que trocavam terras indígenas nos Estados do Leste americano por terras a oeste do [[Rio Mississippi]]. Em [[1834]], um território especial, voltado especialmente para a alocação de diferentes grupos indígenas do Leste americano, foi criada. Este território, o ''Território Indígena'', é o atual Estado americano de [[Oklahoma]]. No total, tribos nativos americanas assinaram 94 tratados diferentes nos dois termos de ofício de Jackson, cedendo milhares de quilômetros quadrados ao governo federal.
 
Os [[cherokee]]s, que tinham por direito a propriedade de terras no oeste da [[Carolina do Norte]] e da [[Geórgia (EUAEstados Unidos)|Geórgia]] por causa de um tratado estabelecido em [[1791]], foram expulsos de suas terras quando uma facção cherokee assinou o [[Tratado de New Echota]], um ato que autorizava oficialmente a mudança forçada de todos os cherokee na região para terras no Oeste americano. Apesar de protestos dos cherokee e de vários americanos brancos que suportavam os indígenas, os cherokee foram forçados a realizarem a longa e cruel viagem em direção ao Território Indígena em [[1838]]. Muitos morreram de doenças e subnutrição, no evento que ficou conhecido como [[Trilha das Lágrimas]].
 
A partir da [[década de 1850]], com toda a região dos 48 Estados contíguos nas mãos dos Estados Unidos, o governo federal passou a mover forçadamente tribos nativos americanas para pequenas reservas indígenas. No final da [[década de 1880]], todas as tribos nativos americanas dentro dos 48 Estados contíguos estavam morando dentro de reservas indígenas.
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Durante a [[década de 1850]], os Estados Unidos eram uma nação composta de quatro regiões distintas: O Nordeste, uma região onde a indústria de manufatura e o comércio eram cada vez mais importantes na economia local, o Centro-Noroeste, uma região dependente primariamente da indústria agropecuária, mas com uma indústria de manufatura e uma população em grande expansão, e onde a escravidão fora proibida através da [[Ordinância do Noroeste]]; o Sul, dependente da indústria agropecuária, e com uma economia em declínio, e o Sudoeste, uma região com uma população pequena mas em rápido crescimento, cuja principal fonte de renda era primariamente a indústria agropecuária e a mineração de metais preciosos.
 
Tensões seccionais cresceram rapidamente durante a década de 1850. O [[Partido Republicano (EUAEstados Unidos)|Partido Republicano]] fora estabelecido em [[1854]]. O novo [[partido político]] opunha-se à expansão do trabalho escravo nos territórios do oeste americano. Embora apenas uma pequena parte dos nortistas favoreciam medidas que abolissem a escravidão no Sul, os republicanos foram capazes de mobilizar suporte popular entre trabalhadores do norte e do oeste americano, que não queriam competir contra o trabalho escravo, caso este fosse permitido nos territórios do oeste. Os republicanos rapidamente obtiveram o suporte de muitos políticos do [[Partido Whig (EUAEstados Unidos)|Partido Whig]] e de diversos [[Partido Democrata (EUAEstados Unidos)|democratas]] do Norte americano, que estavam preocupados com a ainda forte influência sulista no governo americano - apesar de serem já minoria, tanto em número de Estados quanto em população.
 
Em [[1850]], um grupo de atos, os [[Compromissos de 1850]], foram aprovados pelo Congresso americano, em uma tentativa em solucionar os atritos entre o Norte e o Sul. Os Compromissos permitiriam o continuamento da escravidão, mas proibiriam-na no [[Washington, DC|Distrito de Columbia]]. O Compromisso admitiria a [[Califórnia]] à União como um estado livre (onde a escravidão seria proibida), mas permitiria a escravidão em territórios recentemente adquiridos ou criados, bem como o direito de decisão entre a permissão ou a proibição da escravidão.
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===Lincoln e a secessão dos Estados do Sul americano===
 
A secessão dos Estados do Sul americano foi desencadeada pela eleição do abolicionista [[Partido Republicano (EUAEstados Unidos)|Partido Republicano]] à presidência americana, nas eleições presidenciais americanas de [[1860]]. Pouco antes das eleições presidenciais, líderes sulistas passaram a pressionar pela secessão do Sul da União, caso Lincoln vencesse as eleições. Muitos sulistas viam com bons olhos a secessão, através da ideia de que os Estados possuem direitos e poderes que o governo federal não poderia proibir através de métodos legais. Os sulistas alegaram que os Estados Unidos por si mesmo eram uma [[liga]] de Estados independentes, e que qualquer destes Estados possuía o direito de tornar-se independente.
 
Em dezembro de [[1860]], após a confirmação da vitória de Lincoln nas eleições presidenciais, a [[Carolina do Sul]] tornou-se o primeiro estado a sair da União, ainda quando Lincoln não havia tomado posse. A Carolina do Sul foi logo acompanhada por outros cinco Estados - [[Alabama]], [[Flórida]], [[Geórgia (EUAEstados Unidos)|Geórgia]], [[Louisiana]] e [[Mississippi]]. Os principais líderes políticos e [[senhores de escravos]], em sucessivas reuniões ainda em dezembro de 1860, aprovaram a constituição confederada, formalizando a criação dos [[Estados Confederados da América]]. Tais Estados elegeram [[Jefferson Davis]], do Mississippi, como presidente do país. Em [[1 de fevereiro]] de [[1861]], mais seis Estados sulistas haviam secedido: [[Alabama]], [[Louisiana]], [[Mississippi]], [[Missouri]], [[Texas]] e [[Virgínia]]. Os Estados Confederados da América declararam oficialmente sua independência em [[9 de fevereiro]] de [[1861]]. Os confederados tomaram então poder de propriedades do governo americano dentro de território confederado. Ironicamente, através da secessão, os Estados confederados enfraqueceram qualquer reivindicação aos territórios que estavam em disputa, cancelaram qualquer obrigação do Norte em devolver escravos fugitivos, e facilitou a aprovação de diversas leis e atos no governo americano, que até então não haviam sido aprovadas por causa da oposição dos Estados do Sul.
 
===Guerra Civil===
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