Atentados na Noruega em 2011: diferenças entre revisões
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Os '''atentados de [[22 de julho]] de [[2011]] na [[Noruega]]''' consistiram numa explosão na zona de edifícios governamentais da capital, [[Oslo]], e num tiroteio ocorrido poucas horas depois, na ilha de [[Utøya]] (no lago [[Tyrifjorden]], [[Buskerud]]). Os atentados, perpetrados por um militante da [[extrema-direita]] chamado [[Anders Behring Breivik]], resultaram na morte de 77 jovens integrantes do [[Partido Trabalhista Norueguês]] (69 em Utoya e 8 em Oslo).<ref name="UOLnotícias">{{Citar web |url=https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2012/08/24/anders-breivik-e-condenado-a-21-anos-de-prisao-pelo-massacre-de-77-na-noruega.htm |título=Anders Breivik é condenado a 21 anos de prisão pelo massacre de 77 na Noruega |obra=[[UOL]] |data=24 de Agosto de 2012}}</ref><ref name=Loiro>{{Citar web |url=http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/07/23/loiro-cristao-de-extrema-direita-anders-behring-breivik-estava-fora-do-radar-da-policia-norueguesa-924966408.asp#ixzz1T59WVJcO |título=Loiro, cristão e de extrema-direita, Anders Behring Breivik estava fora do radar da polícia norueguesa |obra=[[O Globo]]/[[El País]] |data=23 de julho de 2011}}</ref>
==Explosão
Às 15h20min [[CET]] (13h20min [[UTC]]), houve uma grande explosão junto dos prédios onde se situa o gabinete do [[primeiro-ministro da Noruega]] [[Jens Stoltenberg]], danificando vários edifícios e provocando oito mortes e numerosos feridos.<ref name="publico24"/> Na zona fica também a sede do Ministério do Petróleo e Energia, que foi o edifício mais danificado.
Segundo os meios de comunicação locais, o edifício do governo atingido ficou praticamente destruído e a zona "assemelha-se a uma zona de guerra", pelos danos causados. De acordo com as declarações da polícia, o atentado foi perpetrado mediante um [[carro-bomba]] e pode ter consistido em uma ou mais explosões que atingiram os edifícios, deixando o edifício do gabinete do primeiro-ministro em chamas e os seus dezessete pisos com graves danos. Para uma melhor ação das equipes de emergência, a polícia vedou o acesso à área e evacuou a totalidade do resto dos edifícios governamentais.
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No mesmo dia do atentado, o terrorista publicou na internet um manifesto de sua ideologia de extrema-direita compilada em uma coleção de textos intitulados "''2083 - Uma declaração européia de independência''".<ref>{{citar web|url=https://docs.google.com/file/d/0BwZX2bK7Uc5dY2ExYzc4YjctMDJlZC00M2QzLTk5NDUtNDhiMDhmMzhkZWQ4/edit?hl=en_US&pli=1|título=2083: A European Declaration of Independence|acessodata=12 de março de 2014}}</ref> Em seus escritos, Anders Breivik expressa suas visões de mundo - que incluem [[conservadorismo]] cultural radical, [[ultranacionalismo]], [[islamofobia]], [[homofobia]], [[racismo]] e [[antifeminismo]].<ref>[http://www.theguardian.com/commentisfree/2011/jul/27/breivik-anti-feminism?CMP=twt_gu Anders Breivik's chilling anti-feminism, The Guardian, 27 July 2011.]</ref> Ele também considera o [[marxismo cultural]] e o [[Islã]] como as duas maiores ameaças à [[Cristianismo|Cristandade]] moderna.<ref>{{citar web | url=http://www.dailymail.co.uk/news/article-2017851/Norwegian-massacre-gunman-Anders-Behring-Breivik-right-wing-extremist-hated-Muslims.html | título=Mail.online: Norwegian massacre gunman was a right-wing extremist who hated Muslims }} visualizado em 22 de Julho de 2011 (inglês)</ref><ref>{{citar web | url=http://www1.folha.uol.com.br/mundo/948740-policia-identifica-suposto-autor-de-atentado-como-islamofobico.shtml | título=Folha.com: Polícia identifica suposto autor de atentado como "islamofóbico" }} visualizado em 23 de Julho de 2011</ref>
===Detenção de sobrevivente inocente===
Ao chegar na ilha de Utøya, a polícia prendeu, além de Breivik, Anzor Djoukaev, um inocente sobrevivente de 17 anos que representava a filial do condado de [[Akershus]] da Liga de Trabalhadores Juvenis da Noruega naquele acampamento.<ref>{{citar web|url=https://www.dailymail.co.uk/news/article-2315471/Andrea-Gjestvang-Images-children-caught-horror-Utoya-island-extremist-murdered-77-injured-200.html|título=We survived the Breivik massacre: Children caught in horror of Utoya island where extremist murdered 77 and injured more than 200|autor=Daily Mail|data=|publicado=|acessodata=06-11-2018}}</ref> O jovem foi despido de todas suas roupas e trancafiado em uma cela de prisão localizada a poucos metros de distância da cela que abrigava o assassino confesso do ataque.<ref>Jan Andersson, Lisa Karlsson, [http://sverigesradio.se/sida/artikel.aspx?programid=83&artikel=4643052 Oskyldig 17-åring greps med massmördaren] (Sueco), [[Sveriges Radio]], 12 de Agosto de 2011. Visitado em 06 de Novembro de 2018.</ref> A vítima, que quando criança havia testemunhado assassinatos em massa na [[Chechênia]], foi considerada suspeita de ser cúmplice porque seu corte de cabelo era diferente daquele que aparecia em seu documento de identidade e porque ele não reagiu à carnificina com as mesmas lágrimas e histeria que a maioria dos jovens sobreviventes.<ref>{{citar web|url=http://www.news24.com/World/News/Survivor-held-for-17-hours-after-attacks-20110812|título= Survivor held for 17 hours after attack|autor=News24|data=|publicado=|acessodata=06-11-2018}}</ref><ref name=MarV>Marianne Vikås et al., [http://www.vg.no/nyheter/innenriks/oslobomben/artikkel.php?artid=10097733 Utøya-offer kastet på glattcelle] (Norueguês), ''Verdens Gang'', 12 de Agosto de 2011. Visitado em 06 de Novembro de 2018. {{webarchive |url=https://web.archive.org/web/20110901045108/http://www.vg.no/nyheter/innenriks/oslobomben/artikkel.php?artid=10097733 }}</ref> Anzor Djoukaev foi mantido sob custódia das autoridades por dezessete horas sendo interrogado sem a presença de seu advogado e sem que lhe fosse permitido contatar sua família para informar que havia sobrevivido. O jovem acabou sendo liberado quando as autoridades policiais foram obrigadas a reconhecer seu grave erro procedimental.<ref>{{citar web|url=http://www.dagbladet.no/2011/08/12/nyheter/anders_behring_breivik/innenriks/terrorangrepet/auf/17647110|título=Utøya-offer (17) ble mistenkt og avhørt uten advokat|autor=Dagbladet|data=|publicado=|acessodata=06-11-2018}}</ref>
===O terrorista===
{{Artigo principal|[[Anders Behring Breivik]]}}
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Retratado como [[neonazista]] pela mídia, Anders autoproclamava-se um antinazista e defensor do Estado de Israel como bastião da civilização ocidental no [[Oriente Médio]], ao mesmo tempo em que colocava as ideologias do [[nazismo]], do chamado "[[marxismo cultural]]" e do [[fundamentalismo islâmico]] num mesmo "pacote anti-ocidental".<ref name="jpost.com"/> Segundo o chefe dos [[Serviço de inteligência|serviços de inteligência]], Øystein Mæland, Anders Behring Breivik situava-se à [[extrema-direita]] no espectro político e tratava-se de um [[fundamentalista cristão]].<ref name="jpost.com"/><ref name="PublicoPortugal">[http://www.publico.pt/Mundo/suspeito-detido-e-um-fundamentalista-cristao_1504400 Público: Suspeito detido é um “fundamentalista cristão”] que não gosta do papa Bento XVI. Acesso em 23 de julho 2011</ref><ref>[http://www.redebrasilatual.com.br/multimidia/blogs/blog-do-velho-mundo/inferno-em-oslo-noruega-1 RedeBrasil atual: Inferno em Oslo, Noruega]. Acesso em 23 de julho 2011</ref> Breivik manifestou-se em [[blog]]s, atacando o [[multiculturalismo]] e o [[Islã]]: "''Quando o multiculturalismo deixará de ser uma ideologia criada para destruir a cultura europeia, as tradições e a identidade do [[Estado-nação]]?''", escreveu ele em comentário postado no dia [[2 de fevereiro]] de [[2010]], no site direitista norueguês chamado "''Documento''". O jornal ''DagBladet'' definiu Breivik como "''islamofóbico, pró-Israel, anti-imigração, hipernacionalista e relativamente intelectual, que havia sido criado na zona oeste de Oslo, a parte rica e [[burguesa]]''". Em seu perfil no [[Facebook]], Breivik se declarava solteiro, cristão (porém contrário à política do [[Vaticano]]), conservador, interessado em [[fisiculturismo]], [[francomaçonaria]] e [[caça]]. Devido ao incidente, as contas de Anders B. Breivik no [[Facebook]] e no [[Twitter]] foram bloqueadas por ordem da justiça norueguesa a pedido das autoridades policiais do país.<ref name=Loiro />
==Procedimentos legais==
Após ser capturado e enviado a julgamento, a polícia inicialmente manteve a escolha do advogado de Breivik em segredo após um pedido do próprio advogado. O criminalista Geir Lippestad foi escolhido especificamente por Breivik para que fizesse sua defesa.<ref>{{Citar web |url=http://www.adressa.no/nyheter/innenriks/article1666194.ece |título=Vil ikke opplyse navnet til Breiviks forsvarer |obra=Adresseavisen/NTB
Os debates sobre quais acusações criminais deveriam ser arquivadas foram ferozes. Muitos procuradores da polícia queriam condená-lo por [[alta traição]] e [[crimes contra a humanidade]].
<ref>{{Citar web |url=http://e24.no/lov-og-rett/breivik-risikerer-30-aars-fengsel/20082609 |título=Breivik risikerer 30 års fengsel – Lov og rett – E24 |obra=E24.no
<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/07/massacre-na-noruega-em-prisao-preventiva-suspeito-nao-se-declara-culpado-1.html |título=Massacre na Noruega: em prisão preventiva, suspeito não se declara culpado |obra=[[Globo]]
Em 13 de agosto de 2011, Breivik foi levado à Utøya pelas autoridades policiais com a finalidade de recriar suas ações no dia do massacre. Nem a mídia nem o público foram alertados para a operação e mais tarde a polícia explicou que essa movimentação surpresa foi necessária para evitar comoção social, e que considerava menos ofensivo para os sobreviventes dos atentados fazê-lo antecipadamente do que durante a audiência judicial. Apesar dos muitos barcos e helicópteros da polícia, nenhum dos civis que vieram para deixar flores na praia percebeu o que estava acontecendo a poucas centenas de metros de distância do lago por um total de oito horas. Na noite de 14 de agosto, a polícia realizou uma coletiva de imprensa sobre a reconstrução dos crimes. Foi relatado que Breivik não ficou indiferente ao seu retorno a Utøya, mas que ele não demonstrou nenhum remorso. O inspetor Pål Fredrik Hjort Kraby descreveu o comportamento e a indiferença de Breivik na ilha como "''surreais''", uma vez que ele passou oito horas de bom grado mostrado à polícia exatamente como ele havia realizado todos os 69 assassinatos na ilha.<ref>{{Citar web |url=http://www.vg.no/nyheter/innenriks/oslobomben/artikkel.php?artid=10081294 |título=Politiet om Breivik på Utøya: – Viste ikke uttrykk for anger – VG Nett om Terrorangrepet 22. juli |obra=Vg.no
O julgamento derradeiro aconteceu em 16 de abril de 2012 e durou até 19 de junho de 2012<ref name="UOLnotícias" /> e muitas organizações de mídia foram credenciadas para cobrir os procedimentos. Anders Behring Breivik reconheceu que ele havia cometido as ofensas, mas novamente declarou-se inocente, afirmando que o assassinato em massa se fazia necessário. Para Breivik, seu objetivo principal durante os procedimento jurídicos era que ele não deveria ser considerado "''insano''" ou "''psicótico''", porque isso faria como que o significado de sua mensagem se perdesse.<ref name="IG-SP">{{Citar web |url=https://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2012-08-24/breivik-e-condenado-a-21-anos-de-prisao-por-atentados-na-noruega.html |título=Breivik é considerado são e condenado a 21 anos de prisão por ataques na Noruega |obra=IG São Paulo
==Repercussões==
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