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{{Info/Obra de arte/Wikidata|qid=Q9558737}}
'''''A Redenção de Cam''''' é uma [[pintura a óleo]] sobre tela realizada pelo artista espanhol [[Modesto Brocos]] ([[Santiago de Compostela]], [[9 de fevereiro]] de [[1852]] — [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[28 de novembro]] de [[1936]])<ref name="WIKIPEDIA - Modesto Brocos">{{citar web | autor=Wikipedia| titulo=Modesto Brocos| publicado = Wikipedia| url=https://pt.wikipedia.org/wiki/Modesto_Brocos|titulo=Modesto Brocos|data=|acessodata=28 de outubro de 2018|publicado=Wikipedia|ultimo=|primeiro=|autor=WIKIPEDIA}}</ref>, em [[1895]]. A obra aborda e critica as teorias raciais controversas do fim do [[século XIX]] e o fenômeno da busca pelo "embranquecimento" gradual das gerações de uma mesma família por meio da [[miscigenação]]<ref name="ANA PAULA">{{citar web|url=http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/2712/1/CT_PPGTE_M_Santos%2C%20Ana%20Paula%20Medeiros%20Teixeira%20dos_2017.pdf|titulo=Tranças, Turbantes e Empoderamento de Mulheres Negras: Artefatos de Moda como Tecnologias de Gênero e Raça no Evento Afrochic|data=|acessodata=23 de outubro de 2018|publicado=UFTPR|ultimo=|primeiro=|autor=SANTOS, Ana Paula Medeiros Teixeira}}</ref>. A obra foi pintada enquanto Brocos lecionava na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.<ref name="VASCONCELOS, Flávia Maria">{{citar web|url=https://dadospdf.com/download/sobre-pinoquismos-como-estetica-e-politica-e-a-sindrome-do-vira-lata-criativo-desde-a-educaao-em-artes-visuais-_5a450499b7d7bc891f99865f_pdf|titulo=Sobre pinoquismos como estética e política e a síndrome do vira-lata criativo desde a educação em artes visuais|data=|acessodata=3 de novembro de 2018|publicado=UNIVASF|ultimo=|primeiro=|autor=VASCONCELOS, Flávia Maria}}</ref>
 
Atualmente, a pintura faz parte do acervo do [[Museu Nacional de Belas Artes (Brasil)|Museu Nacional de Belas Artes]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], presente na exposição “Das Galés as Galerias: representações e protagonismos do negro no acervo no acervo do MNBA”, que busca proporcionar um olhar sobre as representações e protagonismos da população negra em 80 obras presentes no acervo do museu.<ref name="Museu Nacional de Belas Artes">{{citar web|url=http://mnba.gov.br/portal/imprensa/novidades-do-museu/145-das-gal%C3%A9s-%C3%A0s-galerias-representa%C3%A7%C3%B5es-e-protagonismos-do-negro-no-acervo-do-mnba.html|titulo=Mostra das Galés às galerias, no MNBA, reflete o papel do negro na arte|data=|acessodata=28 de outubro de 2018|publicado=Museu Nacional de Belas Artes|ultimo=|primeiro=|autor=MUSEU Nacional de Belas Artes}}</ref>
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No [[século XIX]], difundiu-se no Brasil a ideia de “branqueamento” da sociedade, que pretendia apagar os traços negros da população brasileira.<ref name="Vera Lucia Dal Santos da Cruz">{{citar web|url=http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/727-4.pdf|titulo=Refletindo sobre Gênero e Etnia no Ensino de História|data=|acessodata=29 de outubro de 2018|publicado=Dia a Dia Educação PR|ultimo=|primeiro=|autor=CRUZ, Vera Lucia Dal Santos}}</ref> Durante as primeiras décadas do [[século XX]], a industrialização, imigração e urbanização trouxe uma visão mais pessimista e de nacionalismo ao país.<ref name="A eugenia brasileira e suas conexões internacionais: uma análise a partir das controvérsias entre Renato Kehl e Edgard Roquette-Pinto, 1920-1930">{{citar web|url=http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/historiaemreflexao/article/viewFile/1877/1041|titulo=A eugenia brasileira e suas conexões internacionais: uma análise a partir das controvérsias entre Renato Kehl e Edgard Roquette-Pinto, 1920-1930|data=|acessodata=29 de outubro de 2018|publicado=História em Reflexão|ultimo=|primeiro=|autor=SOUZA, Vanderlei Sebastião}}</ref> As duas guerras mundiais trouxeram a expansão do nacionalismo, aliando a ideia de raça à construção das nacionalidades.<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" />
 
[[Imagem:Francis Galton 1850s.jpg|miniatura|Francis Galton, responsável por disseminar o ideal eugenístico.]] No final da primeira década do XIX, começamos a ver os primeiros traços do [[Eugenia|eugenismo]] no Brasil. O ideal eugênico foi disseminado por '''[[Francis Galton]]''' ([[Birmingham]], [[16 de fevereiro]] de [[1822]] — Haslemere, [[Surrey]], [[17 de janeiro]] de [[1911]])<ref name="Francis Galton - Wikipedia">{{citar web|url=https://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Galton|titulo=Francis Galton - Wikipedia|data=|acessodata=19 de novembro de 2018|publicado=Wikipedia, a Enciclopédia Livre|ultimo=|primeiro=|autor=WIKIPEDIA}}</ref> em [[1883]]. Primo de [[Charles Darwin]], afirmava que a [[seleção natural]] também era válida aos humanos. Sua crença era de que a capacidade intelectual não é individual, e sim [[Hereditariedade|hereditária]].<ref name="Tiago Ferreira">{{citar web|url=https://www.geledes.org.br/o-que-foi-o-movimento-de-eugenia-no-brasil-tao-absurdo-que-e-dificil-acreditar|titulo=O que foi o movimento de eugenia no Brasil: tão absurdo que é difícil acreditar|data=|acessodata=29 de outubro de 2018|publicado=Geledes.org|ultimo=|primeiro=|autor=FERREIRA, Tiago}}</ref> Seu projeto analisou a árvore genealógica de aproximadamente 9 mil famílias e tentava justificar a exclusão de diversos grupos: deficientes, negros, asiáticos e todos que não se encaixavam no "padrão europeu".<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" /> Em [[1917]], o médico e farmacêutico [[Renato Kehl]], foi o responsável por ampliar e disseminar o [[Eugenia|eugenismo no Brasil]].<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" /> Kehl acreditava que a única forma do país prosperar era com um projeto que focasse no predomínio da raça branca, prezando pelo branqueamento da população negra.<ref name="Tiago Ferreira" /> Dentro de seus ideias, se encontravam a segregação pela cor da pele e dos deficientes, sejam físicos ou mentais.<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" /> Defendia a esterilização dos criminosos, regulamentação de um exame pré-nupcial (para garantir que a noiva era virgem), exames que assegurassem o divórcio caso a mulher tivesse 'filhos ilegítimos' ou fosse comprovado defeitos hereditários em sua família, educação eugênica obrigatória nas escolas e teste para medir a capacidade mental em crianças de 8 a 14 anos<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" />. Ele apresentou seus pensamentos em diversos congressos, e teve impacto em grupos de professores, médicos e adeptos do [[Higienismo|higienismo social]]. Assim, foi fundada, em [[1918]], a primeira sociedade eugênica da América latina, a Sociedade Eugênica de São Paulo (SESP).<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" /> Alguns nomes conhecidos faziam parte do grupo.<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" />
 
* [[Arnaldo Vieira de Carvalho]]<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" /> (que dá nome à [[Avenida Doutor Arnaldo|avenida Dr. Arnaldo]] em [[São Paulo]])<ref name="Tiago Ferreira" />
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* [[Monteiro Lobato]], responsável pela publicação do livro "Annaes de Eugenia", lançado em [[1919]].<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" />
 
Nos anos subsequentes, a eugenia despertou o interesse da elite brasileira, que criou o estigma do "homem brasileiro", que excluía todos que não se encaixavam no que era idealizado por eles. Havia a crença de que o movimento promoveria uma reforma nos valores estéticos, higiênicos e morais da sociedade brasileira.<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" /> Na época, o movimento trouxe mais à tona ainda a sociedade patriarcal. Aqui, cabia às mulheres o simples papel de "procriar" e realizar as tarefas domésticas atribuídas por seu marido.<ref name="Tiago Ferreira" /> A "identidade nacional" transpassava limites e trazia à tona o racismo presente nas camadas mais altas da sociedade brasileira. <ref name="Performances híbridas no pensamento utópico de Modesto Brocos y Gomez (1852-1936)">{{citar web|url=http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/iberoamericana/article/viewFile/12071/8727|titulo=Performances híbridas no pensamento utópico de Modesto Brocos y Gomez (1852-1936)|data=|acessodata=19 de novembro de 2018|publicado=|ultimo=|primeiro=|autor=CAPEL, Heloísa; Junior, Geraldo}}</ref>
 
==Brocos e o apoio ao eugenismo==
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==Relevância da obra==
[[Imagem:Joao-baptista-de-lacerda.jpg|miniatura|João Batista de Lacerda, [[Medicina|médico]], [[Ciência|cientista]] [[Brasil|brasileiro]] e um dos principais expoentes da "tese do [[Branqueamento racial|embranquecimento]]".<ref name="João Batista de Lacerda - Wikipedia" />]] Além do simbolismo já mencionado, a obra é considerada uma das pinturas mais racistas e reacionárias do século XIX. <ref name="Vanderlei Sebastião de Souza
">{{citar web | autor=RONCOLATO, Murilo | titulo=A tela ‘A Redenção de Cam’. E a tese do branqueamento no Brasil| publicado = Jornal Nexo| url=https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/06/14/A-tela-%E2%80%98A-Reden%C3%A7%C3%A3o-de-Cam%E2%80%99.-E-a-tese-do-branqueamento-no-Brasil| acessodata=3 de novembro de 2018}}</ref> A pintura aparece num processo [[Abolicionismo no Brasil|pós-abolicionista]] da nova república, que buscava pelo progresso usando a [[Europa]] como modelo.<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" /> Aos olhos da elite, o branco, era representava progresso, enquanto o negro, o atraso, passado. Nesse contexto surge o eugenismo e branqueamento mencionado anteriormente, que propunha a miscigenação como solução para deixar a população cada vez com um perfil mais europeu.<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" /> A pintura é simplesmente uma representação visual do assunto presente no discurso dos "intelectuais" da época.<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" />
 
Em 1911, [[João Batista de Lacerda]] ([[Campos dos Goytacazes|Campos dos Goitacases]], [[12 de julho]] de [[1846]] — [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], [[6 de agosto]] de [[1915]])<ref name="João Batista de Lacerda - Wikipedia">{{citar web|url=https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Batista_de_Lacerda|titulo=João Batista de Lacerda - Wikipedia|data=|acessodata=19 de novembro de 2018|publicado=Wikipedia, a Enciclopédia Livre|ultimo=|primeiro=|autor=WIKIPEDIA}}</ref>, um dos principais expoentes da "tese do [[Branqueamento racial|embranquecimento]]", usou A Redenção de Cam como ilustração de um artigo para provar a legitimidade do que acreditava. Descreveu a obra da seguinte forma: “O negro passando a branco, na terceira geração, por efeito do cruzamento de raças”.<ref name="Vanderlei Sebastião de Souza" />.
 
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