Catarismo: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Etiquetas: Edição via dispositivo móvel Edição feita através do sítio móvel
m Foram revertidas as edições de 2804:214:82E5:CD38:8CE3:1F89:EA:D685 para a última revisão de 2804:D57:1512:B300:E0EF:72A1:38ED:A246, de 17h52min de 20 de junho de 2018 (UTC)
Etiqueta: Reversão
Linha 2:
{{parcial}}
{{Série Gnosticismo}}
O '''catarismo''' (do [[língua grega|grego]] ''καϑαρός'', ''katharós'', "puro") foi um movimento [[cristão]] de [[ascese]] extrema na [[Europa Ocidental]] entre os anos de 1100 e 1200, estreitamente ligado aos [[bogomilismo|bogomilos]] da [[Trácia]].<ref name="autores2003">Vários autores. ''[http://books.google.com/books?id=swvCVm-0OWcC&pg=PA98 Lexicon - dicionário teológico enciclopédico]''. Loyola; 2003. ISBN 978-85-15-02487-2. p. 98.</ref> O movimento foi tão forte no sul da Europa e na Europa Ocidental que a [[igreja Católica]] Romana passou a considerá-lo uma séria ameaça à religião ortodoxa.<ref name="Drury">Nevill Drury. ''[http://books.google.com/books?id=Zf6laF-fSqMC&pg=PA159 Dicionário de Magia E Esoterismo]''. Editora Pensamento; [cited 28 September 2013]. ISBN 978-85-315-1361-9. p. 159.</ref> As principais manifestações do catarismo centralizavam-se na cidade de [[Albi (França)|Albi]], motivo pelo qual seus adeptos também receberam o nome de '''albigenses'''.<ref name="Ujvari2003">Stefan Cunha Ujvari. ''[http://books.google.com/books?id=eChWPjd7tbUC&pg=PA20 A história e suas epidemias: a convivência do homem com os micro-organismos]''. Senac; 2003. ISBN 978-85-87864-30-7. p. 20.</ref>
 
O catarismo teve suas raízes no movimento [[Paulicianismo|pauliciano]] na [[Armênia]] e no [[bogomilismo]] na [[Bulgária]], que tiveram influências dos seguidores de [[Paulo de Samósata]]. Embora o termo "cátaros" tenha sido usado durante séculos para identificar o movimento, ainda é discutível se o movimento se identificava mesmo com este nome.<ref>Mark Gregory Pegg, ''[http://usna.edu/Users/history/abels/crusades/Pegg_2001_Journal-of-Medieval-History.pdf On Cathars, Albigenses, and good men of Languedoc]'', Journal of Medieval History 27 (2001) 181–195</ref> Em textos cátaros, os termos "homens bons" (''Bons Hommes'') ou "bons cristãos" são os termos comuns de autoidentificação.<ref name="thery">Julien Théry, ''[http://halshs.archives-ouvertes.fr/docs/00/62/44/56/PDF/ThA_ry_L_hA_rA_sie_des_bons_hoéemmes_Heresis_36-37_2002.pdf L’hérésie des bons hommes Comment nommer la dissidence religieuse non vaudoise ni béguine en Languedoc c (XII - début du XIV siècle) ? ]'', "Heresis 36-37 (2002) p. 75-117</ref>
 
A ideia de dois [[divindade|deuses]] ou [[princípio]]s, sendo um [[bem (filosofia)|bom]] e outro [[mal|mau]], foi fundamental para as crenças dos cátaros. O [[Deus]] bom era o Deus do [[Novo Testamento]] e criador do reino espiritual, em oposição ao Deus mau, que muitos cátaros identificavam como [[Satanás]], o criador do mundo físico do [[Antigo Testamento]]. Toda a matéria visível teria sido criada pelopor Deus mauSatanás, e portanto teria sido contaminada com o [[pecado]]. Isto incluía o corpo humano. Esse conceito é oposto ao da [[Igreja Católica]] [[monoteísmo|monoteísta]], cujo princípio fundamental é que há somente um Deus que criou todas as coisas visíveis e invisíveis. Os cátaros também pensavam que as [[alma]]s humanas eram almas de [[anjo]] sem [[sexo]], aprisionadas dentro da criação física de Satanás e amaldiçoadas a se [[reencarnação|reencarnarem]] até os fiéis cátaros alcançarem a [[salvação]] por meio de um [[ritual]] chamado ''[[Consolamentum]]''.<ref name="Schaus2006">Margaret Schaus. ''[http://books.google.com/books?id=aDhOv6hgN2IC Women and Gender in Medieval Europe: An Encyclopedia]''. Routledge; 2006. ISBN 978-0-415-96944-4. p. 114.</ref>
 
Desde o início de seu reinado, o papa [[Papa Inocêncio III|Inocêncio III]] tentou usar de [[diplomacia]] para acabar com o catarismo, mas, no ano de 1208, seu delegado [[Pierre de Castelnau]] foi assassinado quando voltava para [[Roma]] depois de pregar a fé católica no sul da França.<ref name="Sumption2011">Jonathan Sumption. ''[http://books.google.com/books?id=BaXyqeZmZYkC The Albigensian Crusade]''. Faber & Faber; ISBN 978-0-571-26657-9. p. 15–16.</ref> Com a opção de enviar [[Missão|missionários]] católicos e [[legislatura|juristas]] extinta, o papa Inocêncio III declarou Pierre de Castelnau um [[mártir]] e lançou a [[Cruzada Albigense]].<ref name="Sumption2011"/><ref name="Madaule1967">Jacques Madaule. ''[http://books.google.com/books?id=aYgfAAAAMAAJ The Albigensian crusade: an historical essay]''. Fordham University Press; 1967. p. 56–63.</ref>
Linha 52:
 
===Relações sociais===
O [[assassinato]] não era considerado abominável pelos cátaros, historiadores como Rino Cammilleri provam exatamente este ponto. Se fosse necessárioConsequentemente, eles recorreriam a todos os crimes possíveis, pois somente a prática do ato reprodutivo era algo que não seria limpo pelo seu sacramento. Por este motivo, a abstenção de comida animal ([[pescetarianismo|com o ocasional consumo de peixe]]) era praticada pelos perfeitos. Estes evitavam o consumo de qualquer produto que tivesse se originado de [[relação sexual]].<ref>Johnston, William M (2000). ''Encyclopedia of Monasticism''. Fitzroy Dearborn Publishers. p. 252.</ref>. A ascese[[guerra]] cátara buscava, sobretudo,e a destruição total[[pena de tudomorte]] otambém queeram havia sido criadocondenadas, poisem istonítido lhescontraste eracom rastreávela aocultura deusda doEuropa mal,medieval. criadorNum dasmundo coisasem materiais.que Nãopoucos obstante,podiam suicídiosler, abortossua erejeição guerrasaos eram[[juramento]]s praticasos comunsmarcavam entrecomo esta[[marginalizado]]s sociedadesocialmente.
 
Os cátaros também rejeitavam o [[casamento]]. Isso era baseado principalmente na crença de que o mundo físico, incluindo a carne, era irremediavelmente [[diabo|diabólico]], por ter sido criado pelo princípio diabólico ou "[[demiurgo]]".<ref>Weber, Nicholas (1908b), "Cathari", Catholic Encyclopedia, New Advent.</ref> Consequentemente, a reprodução era vista como um mal a ser evitado, pois propiciava a continuação da cadeia de renascimento e sofrimento no mundo material. Era argumentado pelos críticos do catarismo que essa repugnância à reprodução levava os cátaros à [[sodomia]]. Tão forte era essa crítica que, quando um cátaro era acusado de heresia, geralmente bastava a ele provar que era legalmente casado para que fosse absolvido.