Estação Romana da Quinta da Abicada: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Mais conteúdo, imagens e acertos
Linha 20:
}}
 
A '''Estação Romana da Quinta da Abicada''' localiza-se na [[Mexilhoeira Grande]], em [[Portimão]]. Trata-se de uma villa romana, a qual terá sido uma grande mansão. Foi escavada na encosta por José Leite de Vasconcellos em 1917. Este monumento é conhecido principalmente pelos seus mosaicos de motivos geométricos, que foram no entanto transferidos para museus em Portimão<ref name=Sulinfo2013/> e [[Lagos (Portugal)|Lagos]] para preservação.<ref name=PortugalRomano2012/> A Villa foi ocupada principalmente entre os séculos I e IV d.C., com provas de possível ocupação posterior.<ref>FABIÃO, 1993:249</ref> Está classificado como [[Monumento Nacional]].<ref>{{citar web|título=Época Romana”Romana|url=https://www.cm-portimao.pt/atividades-municipais/cultura/patrimonio/patrimonio-imovel/epoca-romana|publicado=Câmara Municipal de Portimão|acessodata=11 de setembro de 2017}}</ref>
{{TOC-limitado}}
[[File:Abicada römische Villa Gebäudeplan.png|thumb|esquerda|Planta da antiga casa da Abicada.]]
Linha 36:
 
[[File:Estação romana da Quinta da Abicada 3, Mexilhoeira Grande.jpg|thumb|Estação romana da Quinta da Abicada em 2006, vendo-se ainda os vestígios dos mosaicos de solo.]]
[[File:Villa Romana da Abicada 2017 10.jpg|thumb|''Villa'' Romana da Abicada em Novembro de 2017, vendo-se à esquerda um edifício de apoio, e ao fundo as ruínas da exploração agrícola construída no Século XX.]]
==História==
===Ocupação primitiva===
Nos primeiros séculos após o [[Nascimento de Cristo]], a Península Ibérica fez parte da [[civilização romana]], uma organização política, cultural e militar centrada na cidade de [[Roma]], na [[Península Itálica]], que chegou a controlar a quase totalidade do continente europeu, e grandes extensões da Ásia e África.<ref>{{Citar enciclopédia|enciclopédia=História da Vida Quotidiana|título=Cidadãos da orgulhosa Roma|pagina=86-101|ano=1993|editora=Círculo de Leitores|local=Lisboa|isbn= 972-609-089-X|páginas=382|edição=1.ª|dataacesso=24 de Outubro de 2018}}</ref> As primeiras campanhas romanas na Península Ibérica iniciaram-se durante durante as [[Guerras Púnicas]], tendo depois continuado após a derrota de [[Cartago]], até dominar toda a península, processo que demorou cerca de 200 anos.<ref name=KLSPortugal>{{citar enciclopédia| enciclopédia= Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse Seleções|título=Portugal|edição=5.ª|ano=1981| publicado=Selecções do Reader's Digest, S. A.|local=Lisboa|páginas=1678|página=1497-1498}}</ref> A [[Guerra Lusitana]], movimento de resistência aos exércitos romanos, iniciou-se em {{AC|155|x}}, e terminou no {{+séc|I}}, com a derrota dos povos nativos.<ref>CAPELO ''et al'', 1994:9-10</ref>
A ''villa'' romana da Abicada terá sido fundada no Século I e ocupada até cerca do Século IV.<ref name=Sulinfo2013/> Fazia parte de um complexo maior, tendo sido escavada apenas esta parte, que é a única na posse do estado português.<ref name=Sulinfo2013/> A localização, numa pequena elevação junto à ria de Alvor, foi escolhida devido à fertilidade das terras em redor, e da sua proximidade ao oceano, o que fornecia alimento e facilitava o transporte de mercadorias.<ref name=Sulinfo2013/> Com efeito, nessa época a Ria de Alvor era navegável, com um intenso tráfego comercial<ref name=Medeiros2012/>, tendo existido um cais de acostagem para barcos de pequeno calado, junto à casa romana.<ref name=Sulinfo2013/>
 
Desde os primeiros anos do domínio romano que as elites mostraram preferência pelo ponto sudoeste da península, que futuramente iria corresponder ao Algarve, devido à sua estabilidade em relação ao resto da península, ao seu clima aprazível, ao solo fértil, e a uma extensa faixa costeira, que além de ser rica em peixe, permitia o estabelecimento de portos que facilitavam as comunicações com a metrópole.<ref name=Hauschild2002:8/> Assim, formaram-se vários núcleos populacionais ao longo do Algarve, que tinham a dupla função de servir como faustosas residências para as famílias mais ricas, e como grandes explorações agrícolas que aproveitavam o fácil acesso ao oceano, como sucedeu com o [[Cerro da Vila]], em [[Vilamoura]], [[Ruínas romanas de Milreu|Milreu]], em [[Estói]], [[Lacobriga]], em [[Lagos (Algarve)|Lagos]] e na Abicada.<ref name=Hauschild2002:8>HAUSCHILD e TEICHNER, 2002:8</ref> A ''villa'' romana da Abicada terá sido fundada no Século I e ocupada até cerca do Século IV.<ref name=Sulinfo2013/> Fazia parte de um complexo maior, tendo sido escavada apenas esta parte, que é a única na posse do estado português.<ref name=Sulinfo2013/> A localização, numa pequena elevação junto à ria de Alvor, foi escolhida devido à fertilidade das terras em redor, e da sua proximidade ao oceano, o que fornecia alimento e facilitava o transporte de mercadorias.<ref name=Sulinfo2013/> Com efeito, nessa época a Ria de Alvor era navegável, com um intenso tráfego comercial<ref name=Medeiros2012/>, tendo existido um cais de acostagem para barcos de pequeno calado, junto à casa romana.<ref name=Sulinfo2013/>
 
A povoação romana da Abicada pode ter estado sob o domínio administrativo da cidade de [[Lacobriga]], em Lagos.<ref>{{citar web|url=http://www.barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=7418&edid=171&tnid=3|título=Ruínas romanas da Abicada estão ao abandono|acessodata=24 de Outubro de 2009|data=23 de Junho de 2006|autor=TIAGO, João|publicado=Barlavento Online|datali=30 de Outubro de 2018}}</ref>
Linha 46 ⟶ 47:
 
===Escavações arqueológicas e preservação===
====Primeira fase====
A estação da Quinta da Abicada foi alvo de várias intervenções arqueológicas ao longo do Século XX.<ref>VIEGAS, 2011:37</ref> Uma destas escavações foi realizada em 1917, pelo arqueólogo [[Leite de Vasconcelos|José Leite de vasconcellos]].{{carece de fontes}} As primeiras grandes explorações na Abicada foram feitas por iniciativa do arqueólogo [[José Formosinho]] na Década de 1930, como parte da sua iniciativa para a criação do Museu de Lagos.<ref name=PortugalRomano2012/> No entanto, devido às suas escavações expôs os mosaicos, que estavam protegidos pela camada de terra que os encobria, tendo começado a sofrer os efeitos da chuva e da exposição solar, o que levou à sua degradação.<ref name=Sulinfo2013/> José Formosinho retirou um dos mosaicos monocromáticos da Abicada, para o preservar no Museu Municipal de Lagos.<ref name=PortugalRomano2012>{{citar jornal|pagina=8-14|titulo=Boca do Rio (Budens, Vila do Bispo): Paisagem e arqueologia de um sítio produtor de preparados de peixe|autor=MEDEIROS, Ismael|coautor=BERNARDES, João|jornal=Portugal Romano: Revista de Arqueologia Romana|volume=Ano 1|numero=1|data=Abril de 2012|url=https://issuu.com/portugalromano/docs/revista|acessodata=30 de Outubro de 2018}}</ref>
 
Em meados do Século XX, foi construído um extenso complexo agropecuário junto às ruínas romanas, que foi posteriormente abandonado.<ref name=Sulinfo2013/>
 
[[File:Villa Romana da Abicada 2017 10.jpg|thumb|''Villa'' Romana da Abicada em Novembro de 2017, vendo-se à esquerda um edifício de apoio, e ao fundo as ruínas da exploração agrícola construída no Século XX.]]
====Segunda fase====
Nos princípios da Década de 2010, as ruínas apresentavam marcas visíveis de vandalismo recente, devido à falta de protecção e vigilância.<ref name=Sulinfo2013/> Embora tenha sido instalada uma rede em volta das ruínas, o portão metálico tinha sido roubado.<ref name=Sulinfo2013/> Além disso, também foram danificadas pela vegetação e pela água das chuvas, e pela gradual queda das ruínas no sentido da ria, devido ao terreno argiloso, à proximidade da água e à construção de edifícios agrícolas em redor.<ref name=Sulinfo2013/> Apesar disso, o estado tem feito vários investimentos de conservação das ruínas, que impediram a sua total destruição.<ref name=Sulinfo2013/> Várias obras foram feitas por grupos de jovens, integrados no programa de ocupação de tempos livres da Câmara Municipal de Portimão.<ref name=Sulinfo2013/> Um dos investigadores estrangeiros que participou nas escavações na Abicada foi o arqueólogo Felix Teichner, da [[Universidade de Marburgo]], na Alemanha, que se destacou pelos seus trabalhos nas ruínas romanas em vários pontos da região, incluindo no Cerro da Vila em [[Vilamoura]], no [[Estação Arqueológica de Monte Molião|Monte Molião]] em [[Lagos (Portugal)|Lagos]], e nas Ruínas romanas de Milreu, em [[Estói]].<ref>{{citar web|url=http://www.sulinformacao.pt/2014/08/monte-moliao-volta-a-estar-de-portas-abertas-para-mostrar-escavacoes-arqueologicas/|titulo=Monte Molião volta a estar de portas abertas para mostrar escavações arqueológicas|data=11 de Agosto de 2014|publicado= Sul Informação|acessodata=30 de Outubro de 2018}}</ref>
 
Linha 82 ⟶ 86:
== Bibliografia ==
*{{citar livro|autor=BRANCO, Conceição; PRUDÊNCIO, João|titulo=Rotas e Caminhos do Algarve|publicado=Região de Turismo do Algarve|edição=2.ª|ano=2015| local=Faro|paginas=157|url=https://issuu.com/turismo_algarve/docs/rotas_e_caminhos_do_algarve_pt|acessodata=30 de Outubro de 2018}}
*{{citar livro|autor=HAUSCHILD, Theodor; TEICHNER, Felix|tradutor=Rui Parreira|titulo=Milreu: Ruínas|publicado=Instituto Português do Património Arquitectónico|local=Lisboa|ano=2002|paginas=67|serie=Roteiros da arqueologia portuguesa| volume=9| isbn=972-8736-03-7}}
*{{citar tese|autor=MEDEIROS, Ismael Estevens|titulo=O complexo industrial da Boca do Rio. Organização de um sítio produtor de preparados piscícolas.| grau=Mestrado em Arqueologia|universidade=Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve|local=Faro|ano=2012|url= https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/3500/1/TESE%20COMPLETA.pdf|acessodata=31 de Outubro de 2018}}
*{{citar livro|autor=VIEGAS, Catarina|titulo=A ocupação romana do Algarve. Estudo do povoamento e economia do Algarve central e oriental no período romano|publicado=Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa|ano=2011|local=Lisboa| paginas=660|volume=Volume 3 de 3|isbn=978-989-95653-4-0 |url= http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/9775/1/CViegas-2011.pdf|acessodata=30 de Outubro de 2018}}