Dialogismo: diferenças entre revisões

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{{Revisão-sobre|Línguas|data=Fevereiro de 2008}}
 
'''Dialogismo''' ou “relações dialógicas” é o princípio unificador da obra de Mikhail [[Mikhail Bakhtin|Bakhtin]]. Para esse filósofo russo, a língua tem a propriedade de ser dialógica e os [[enunciados]] são proferidos por vozes, pois o discurso de alguém se encontra com o discurso de outrem, participando, assim, de uma interação viva. Mesmo num monólogo, há dialogismo, pois nesse ato, aparentemente individual, há vozes que dialogam. Portanto, o dialogismo não se restringe ao diálogo face a face, mas a todo enunciado no processo de comunicação manifestado em diferentes dimensões.
'''Dialogismo''' é o que [[Mikhail Bakhtin]] define como o processo de interação entre [[texto]]s que ocorre na [[polifonia]]; tanto na [[escrita]] como na [[leitura]], o texto não é visto isoladamente, mas sim correlacionado com outros [[Análise do discurso|discursos]] similares e/ou próximos. Em [[retórica]], por exemplo, é mister [[wikt:pt:Incluir|incluir]] no discurso argumentos antagônicos para poder refutá-los.
 
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Dialogismo se da a partir da noção de recepção/compreensão de uma enunciação o qual constitui um território comum entre o locutor e o locutário. Pode se dizer que os interlocutores ao colocarem a linguagem em relação frente um a outro produzem um movimento dialógico.
 
== Índice ==
Segundo Bakhtin, o diálogo pode ser definido como "toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja". A palavra chave da linguística bakhtiniana é diálogo: "as relações dialógicas são de índole específica:não podem ser reduzidas a relações meramente lógicas (ainda que dialéticas) nem meramente linguísticas (sintático-composicionais).Elas só são possíveis entre enunciados integrais de diferentes sujeitos do discurso". (BAKHTIN, 2010, p. 323)
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# Como se dá o dialogismo
# Os três conceitos de dialogismo em Bakhtin
# Dialogismo e textualidade
# Dialogismo e polifonia
 
== 1. Como se dá o dialogismo ==
 
 
Dialogismo se da a partir da noção de recepção/compreensão de uma enunciação o qual constitui um território comum entre o locutor e o locutário. Pode se dizer que os interlocutores ao colocarem a linguagem em relação frente um a outro produzem um movimento dialógico.
 
Segundo Bakhtin, o diálogo pode ser definido como "toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja". A palavra chave da linguística bakhtiniana é diálogo: "as relações dialógicas são de índole específica: não podem ser reduzidas a relações meramente lógicas (ainda que dialéticas) nem meramente linguísticas (sintático-composicionais).Elas só são possíveis entre enunciados integrais de diferentes sujeitos do discurso". (BAKHTIN, 2010, p. 323)
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== 2. Os três conceitos de dialogismo em Bakhtin ==
 
 
Para Fiorin<ref>{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/212885467|título=Introdução ao pensamento de Bakhtin|ultimo=Luiz.|primeiro=Fiorin, José|data=2006|editora=Ática|isbn=8508105215|oclc=212885467}}</ref> (2016), os três eixos básicos norteadores do pensamento bakhtiniano que constituem a concepção de dialogismo são: unicidade do ser e do evento; a relação eu/outro; a dimensão axiológica.
 
Assim, Fiorin apresenta três conceitos de dialogismo. O primeiro diz respeito ao modo real de funcionamento da linguagem, ou seja, “todos os enunciados constituem-se a partir de outros” (FIORIN, 2016, p. 34). O segundo conceito trata-se da incorporação da(s) voz(es) de outro(s) no enunciado pelo enunciador. É uma forma composicional visível na qual é possível ver o discurso alheio. “São maneiras externas e visíveis de mostrar outras vozes no discurso.” (FIORIN, 2016, p. 37). O terceiro conceito está relacionado ao sujeito, a subjetividade que é “construída pelo conjunto de relações sociais de que participa o sujeito.” (FIORIN, 2016, p. 60)
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== 3. Dialogismo e textualidade ==
 
 
Dialogismo não deve ser confundido com intertextualidade, pois não é qualquer relação dialógica que se pode chamar de intertextualidade. Para Bakhtin, há uma diferença entre texto e enunciado. Veja, nas palavras de Fiorin (2016, p. 57)
 
Enunciado – é um sentido, é uma posição assumida pelo enunciador, marcada pela possibilidade de haver uma réplica.
 
Texto – pertence ao domínio da materialidade, ou seja, a um conjunto coerente de signos verbais e não verbais dentro de uma realidade imediata. É a manifestação do enunciado.
 
Dessa forma, pode haver relação dialógica entre textos e entre enunciados. Assim, nem todo dialogismo é intertextualidade, ou seja, nem toda interdiscursividade implica uma intertextualidade, mas toda intertextualidade implica uma interdiscursividade. Pois há textos que não mostram o discurso do outro, mas possibilita a interdiscursividade.
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== 4. Dialogismo e polifonia ==
 
 
'''Dialogismo''' é o que [[Mikhail Bakhtin]] define o dialogismo como o processo de interação entre [[texto]]s que ocorre na [[polifonia]]; tanto na [[escrita]] como na [[leitura]], o texto não é visto isoladamente, mas sim correlacionado com outros [[Análise do discurso|discursos]] similares e/ou próximos. Em [[retórica]], por exemplo, é mister [[wikt:pt:Incluir|incluir]] no discurso argumentos antagônicos para poder refutá-los.
 
== Bibliografia ==
* BAKHTIN, Mikhail. O problema do texto na Linguística, na filologia e em outras ciências Humanas. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 307-335.)
*FIORIN, José Luiz. Introdução ao pensamento de Bakhtin. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2016