Pena de morte no Brasil: diferenças entre revisões
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A '''pena de morte no Brasil'''
O presidente eleito do Brasil, [[Jair Bolsonaro]], apoia a reintrodução da pena de morte para crimes como [[assassinato]] e [[estupro]].<ref>https://www.bbc.com/news/world-latin-america-45780176</ref><ref>https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/12/16/bolsonaro-diz-que-pena-de-morte-e-tema-que-nao-entrara-em-debate-no-governo-dele.ghtml</ref>
== História ==▼
Até os últimos anos do [[Império do Brasil|Império]], o júri continuou a condenar pessoas à morte, ainda que, a partir do ano da execução do escravo Francisco o [[Pedro II do Brasil|imperador Dom Pedro II]] comutasse todas as sentenças de punição capital, tanto de homens livres como de escravos.<ref name=":0" /> Todavia, a prática só foi expressamente abolida para crimes comuns após a [[Proclamação da República Brasileira|Proclamação da República]]. A pena de morte continuou a ser cominada para certos crimes militares em tempos de guerra.<ref>Sobre o assunto, vide: CARVALHO FILHO, Luís Francisco - Impunidade no Brasil - Colônia e Império - in Estudos Avançados - V. 18 - N. 51 - São Paulo, 2004 e RIBEIRO, João Luis - No meio das galinhas as baratas não têm razão - A Lei de 10 de junho de 1835 - Os escravos e a pena de morte no Império do Brasil (1822 - 1889) - RJ, Editora Renovar, 2005.</ref>▼
A última execução realizada pelo Brasil foi do [[Escravidão|escravo]] [[Francisco (escravo)|Francisco]], em [[Pilar (Alagoas)|Pilar]], em [[Alagoas]], em [[28 de abril]] de [[1876]], e a última execução de um homem livre foi, segundo os registros oficiais, de José Pereira de Sousa, em Santa Luzia (atual [[Luziânia]]), em [[Goiás]]. Ele foi [[Forca|enforcado]] em [[30 de outubro]] de [[1861]]. A última execução de uma mulher, até onde pode ser estabelecida, foi Peregrina, uma das escravas de Rosa Cassange em [[Sabará]], [[Minas Gerais]] executada em [[14 de abril]] de [[1858]] (algumas fontes citam que teria ocorrido em 13 de abril). O carrasco era o escravo Fortunato José. Mais tarde foi descoberto que Peregrina era inocente.
▲Até os
A [[Constituição brasileira de 1937|Constituição de 1937]], que governou o país durante a ditadura do [[Estado Novo (Brasil)|Estado Novo]] liderada por [[Getúlio Vargas]], tornou possível à Justiça condenar prisioneiros à morte por crimes civis além dos crimes militares em tempo de guerra. Segundo a crença popular, o [[escritor]] [[Ação Integralista Brasileira|integralista]] [[Gerardo Mello Mourão]] teria sido condenado à morte em [[1942]] sob a acusação de cometer [[espionagem]] para as [[potências do Eixo]]. Como ele disse mais tarde em uma entrevista, ele foi condenado à [[prisão perpétua]] durante esse tempo. Ele alega que "nunca foi condenado à morte, como dizem os sacripantas da história e da má fé".<ref>http://www.confrariadovento.com/revista/numero14/especial.htm</ref> De fato, não há registros de execução que tenham ocorrido durante o período em que o Estado Novo vigorou, até 1946.
De [[1969]] a [[1978]], durante a [[Ditadura militar no Brasil (1964–1985)|ditadura militar]], a pena de morte foi novamente prevista pela [[Lei de Segurança Nacional]] e pelos [[Ato Institucional Número Quatorze|Atos Institucionais nº 14]] e [[Ato Institucional Número Quinze|nº 15]] como uma forma de punição por crimes políticos que resultassem em morte. Como tal, [[Teodomiro Romeiro dos Santos]], um militante do Partido Comunista Revolucionário Brasileiro, foi condenado à morte sob a acusação de ter disparado contra um sargento da [[Força Aérea Brasileira|Força Aérea]] que morreu e um policial federal ferido. Santos, agora um juiz aposentado, é reconhecido como a única pessoa condenada à morte durante a história republicana do Brasil. Sua sentença foi comutada para prisão perpétua em [[1971]]. Não há registros oficiais de execuções ocorridas durante o regime militar, no entanto, o regime militar foi responsável pelo assassinato extrajudicial de pelo menos 300 dissidentes políticos.
A pena de morte para todos crimes civis foi abolida no [[Brasil]] pela [[Constituição brasileira de 1988|Constituição de 1988]]. Atualmente, a pena de morte pode ser aplicável no Brasil apenas para crimes militares como [[traição]], [[assassinato]], [[genocídio]], [[crimes contra a humanidade]], [[crimes de guerra]] e [[terrorismo]] durante guerra. O único método permitido por lei é a morte por pelotão de [[fuzilamento]]. O Código Penal Militar prevê que essa penalidade só deve ser aplicada em casos extremos e que o presidente pode conceder anistia ou indulto ao oficial condenado.<ref>Artigo 56 do Código Penal Militar - Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del1001.htm</ref> No entanto, o Brasil não se engajou em nenhum conflito armado desde o final da [[Segunda Guerra Mundial]]. O Brasil é o único país de [[língua portuguesa]] ainda que prevê a pena de morte para crimes militares na constituição.
O Brasil é membro do Protocolo da [[Convenção Americana de Direitos Humanos]] para a Abolição da Pena de Morte, que foi ratificado em [[13 de agosto]] de [[1996]].▼
A [[Constituição Brasileira de 1988|Constituição Brasileira]] proíbe expressamente o uso da pena de morte pelo sistema de justiça penal.<ref>http://www.v-brazil.com/government/laws/titleII.html - Artigo 5º da Constituição Brasileira, parágrafo XLVII-a</ref> No entanto, a pena de morte pode ser aplicável, de acordo com o [[direito internacional]], em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, parágrafo XIX, da Constituição. Também proíbe, no mesmo artigo que se refere à pena de morte, o uso de [[prisão perpétua]], tornando o Brasil um dos poucos países do mundo que aboliram tanto a prisão perpétua quanto a pena de morte. De acordo com o [[Código Penal Brasileiro]], a pena máxima de reclusão é de 30 anos.
▲O Brasil é um membro do Protocolo da [[Convenção Americana
De acordo com o direito internacional, a "aplicação da pena de morte em tempo de guerra em virtude de uma condenação por um crime grave de natureza militar cometido em tempo de guerra" é admissível. O Artigo 2, parágrafo 1 do Segundo Protocolo Opcional das Nações Unidas ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos visando a Abolição da Pena de Morte, permite que os membros façam uma exceção nestes termos, no momento da ratificação ou adesão ao Protocolo.
▲== Legislação ==
== Opinião popular ==▼
[[Imagem:Poll Death penalty Brazil.JPG|thumb|436x436px|Pesquisas sobre a '''pena de morte no Brasil''' desde 1991:
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O instituto de pesquisas [[Datafolha]], ligado ao [[jornal]] ''[[Folha de S. Paulo]]'', realizou uma pesquisa anual desde o início da [[década de 1990]] sobre a aceitação da pena de morte na sociedade brasileira. A maioria dessas pesquisas indica que a maioria dos brasileiros é a favor dessa forma de punição. A pesquisa mais recente (datada de março de [[2008]]), no entanto, indica que não há mais uma clara maioria sobre o assunto. A diferença entre aqueles que concordam e se opõem ao uso do método é de apenas 1% e, portanto, dentro da margem de erro da pesquisa. Os resultados são semelhantes aos de uma pesquisa de [[2000]] conduzida pelo mesmo instituto, quando a aprovação da pena de morte teve uma queda abrupta, apenas para subir novamente nos anos subsequentes. O jornal indica que casos de assassinato amplamente explorados pela imprensa durante o período da pesquisa, como a [[Caso João Hélio|morte do menino João Hélio]] (que também abriu um debate sobre a [[maioridade penal]]), podem influenciar o resultado das pesquisas.<ref>Carvalho, Mário Cesar. "Cai apoio à pena de morte e país fica dividido". Folha de S.Paulo. 6 de abril de 2008. Cotidiano - página C1.</ref><ref>http://www.angus-reid.com/polls/view/death_penalty_splits_views_in_brazil/</ref>
{{Referências}}▼
Uma pesquisa realizada pelo instituto Sensus em janeiro de [[2010]] indicou que a maioria dos brasileiros é contra a pena de morte. Mais de 55% dos 2.000 entrevistados compartilham essa opinião, praticamente a mesma porcentagem de uma pesquisa realizada pelo mesmo instituto em janeiro de [[2001]].<ref>http://www.angus-reid.com/polls/view/brazilians_remain_opposed_to_death_penalty/</ref>
Em [[2018]], o apoio ao uso da pena de morte cresceu significativamente. De acordo com pesquisa do Datafolha, 57% dos brasileiros apoiam a pena de morte. A faixa etária que mostra o maior apoio à execução dos condenados é a de 25 a 34 anos, na qual 61% afirmam ser a favor.<ref>https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/01/1948659-apoio-a-pena-de-morte-bate-recorde-entre-brasileiros-aponta-o-datafolha.shtml</ref><ref>https://oglobo.globo.com/brasil/datafolha-apoio-pena-de-morte-no-brasil-sobe-para-57-22264931</ref>
▲{{Referências}}
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* {{Link|en|2=http://www.brazil.org.uk/humanrights/deathpenalty.html |3="Pena de morte no Brasil" |4=, texto da Embaixada do Brasil em Londres, Reino Unido}}
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