Afonso Henriques: diferenças entre revisões

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Provavelmente por esta altura, Afonso terá possivelmente começado a notar algo diferente no seu educador, que provavelmente o ia informando dos cada vez maiores problemas que a corte condal enfrentava. Amiúde lhe deve ter pintado a sujeição em que Portugal ia recuando no caminho da libertação quase conseguida, a dependência cada vez maior dos galegos a que Portugal se sujeitava na pessoa da sua rainha. O infante que Egas criara e agora incitava à revolta, apesar da ainda curta idade, era, desta forma, também afetado pela vinda dos magnates galegos, que lhe passaram a ser apresentados como os seus inimigos e os que mais ameaçavam a sua herança.
 
Por volta de 1120, com cerca de onze anos, Afonso abandona os paços do seu Aio para se juntar à corte condal, onde confirma documentação com a mãe até 1127, em posição superior a [[Fernão Peres de Trava]]<ref>[http://apontamentoshistoriamedieval.blogspot.com/2010/06/afonso-henriques-nascimento.html D. Afonso Henriques "O Conquistador" - 1143 – 1185]</ref>.

Com a influência acrescida do [[Arquidiocese de Braga|arcebispo]] de [[Braga]] [[Paio Mendes, arcebispo de Braga|D. Paio Mendes]], Afonso tomou, provavelmente pela primeira vez, uma posição política oposta à da mãe, cada vez mais influenciada pelos [[Casa de Trava|Travas]], que pretendiam tomar a soberania do espaço galaico-português. O arcebispo, forçado a sair do Condado, levou consigo o infante. No dia de [[Pentecostes]] de 1125 se armou [[cavalaria medieval|cavaleiro]] na [[Catedral de Zamora]].{{Sfn|Baquero Moreno|2006|pp=136-137}}
 
Afonso Henriques mostrou mais abertamente a sua rebeldia contra a mãe a partir dos inícios de dezembro de 1127, na carta de couto à ermida de S. Vicente de Fragoso; em maio do ano seguinte, Egas Moniz volta a apoiar novas rebeldias do seu pupilo (como o foral a Constantim de Panoias, e talvez a doação de Dornelas à [[Ordem do Hospital]]), tendo anteriormente, por exigência de situações delicadas dos rebeldes, levado o pupilo a reconciliações fingidas com a mãe{{Sfn|GEPB|1935-57, vol.17|p=624-629}}.
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O primeiro documento autêntico onde Afonso aparece com o título de rei é de 10 de abril de 1140,{{Sfn|Mattoso|2014|p=168}} quando assina com a fórmula ''Ego Alfonsus portugalensium Rex''.<ref>{{Citar livro|url= http://books.google.com/books?id=LRumIF1TLVkC&pg=PA138 |título= Las lenguas románicas estándar: historia de su formación y de su uso |página= 138 |sobrenome=Metzeltin|nome=Michael|editora=Academia de la Llingua Asturiana|ano=2004|local=Oviedo}}.</ref>
 
OPortugal reconhecimentofoi doreconhecido pelo [[Reino de Leão]] [[Reino de Castela|e Castela]] chegouatravés de um acordo, que se deu em [[Zamora]] entre 4 e 5 de outubro de 1143, comconhecido ocomo [[Tratado de Zamora]], e deve-se provavelmente ao desejo de [[Afonso VII de Leão e Castela]] em tomar o título de ''imperador de toda a Hispânia'' e, como tal, necessitar de reis [[vassalo]]s. Apesar disso, o tratamento do Imperador ao primo parece mais igualitário, quando comparado ao [[Tratado de Tui]], em que o então infante assumira uma posição mais submissa
 
Em dezembro de 1143, Afonso Henriques iniciou o que viria a ser um longo processo. O monarca entregou ao cardeal [[Guido de Vico]], legado papal, uma carta em latim, intitulada ''Chaves do Reino dos Céus'', na qual prestava homenagem ao Papa e se declarava cavaleiro de [[São Pedro]]<ref name="NG"/>. Afonso acabava de ganhar mais um motivo para prosseguir com a conquista de territórioː provar-se valoroso e digno, aos olhos do Papa, de ser reconhecido como ''Rei de Portugal''.
 
Em 1179, a corte portuguesa recebeu a bula papal ''[[Manifestis Probatum]]'', através da qual o [[Papa Alexandre III]] reconhecia, por fim, a independência de Portugal e Afonso Henriques como o seu primeiro rei, louvando a ferocidade com que o rei se batera em defesa da cristandade contra os inimigos da fé, descrevendo como ''intrépido destruidor dos inimigos dos cristãos, diligente propagador da fé, bom filho da Igreja e príncipe católico, exemplo digno de imitação para os vindouros''<ref name="NG"/>.
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====Cerco de Lisboa (1147)====
{{Artigo principal|vt=s|Cerco de Lisboa (1147)|De expugnatione Lyxbonensi}}
 
Após a queda de [[Condado de Edessa|Edessa]], em [[1144]], o [[Papa Eugénio III]] convocou uma nova cruzada para [[1145]] e [[1146]], conhecida como [[Segunda Cruzada]]. O Papa ainda autorizou a cruzada na Península Ibérica, autorizando [[Marselha]], [[Pisa]], [[Génova]] e outras grandes cidades mediterrânicas a participar na guerra da [[Reconquista]].
 
A [[19 de maio]] zarparam os primeiros contingentes de Cruzados de [[Dartmouth (Devon)|Dartmouth]] ([[Inglaterra]]) constituídos por [[Flamengo (povo)|flamengos]], [[normandos]], [[ingleses]], [[escoceses]] e alguns cruzados [[germanos]]<ref name="Phillips2008">{{cite book|author=Jonathan Phillips|title=The Second Crusade: Extending the Frontiers of Christendom|url=https://books.google.com/books?id=xMNfrbxQLCgC&pg=RA1-PR14|date=8 January 2008|publisher=Yale University Press|isbn=978-0-300-16836-5|page=xiv}}</ref><ref name="Falk2010">{{cite book|author=Avner Falk|title=Franks and Saracens: Reality and Fantasy in the Crusades|url=https://books.google.com/books?id=tKSjW-j2G1YC&pg=PA129|year=2010|publisher=Karnac Books|isbn=978-1-85575-733-2|pages=129–}}</ref><ref name="ConstableZurro2012">{{cite book|editors=Olivia Remie Constable, Damian Zurro|title=Medieval Iberia: Readings from Christian, Muslim, and Jewish Sources|url=https://books.google.com/books?id=Np10BAAAQBAJ&pg=PA180|edition=2nd|year=2012|publisher=University of Pennsylvania Press|isbn=978-0-8122-2168-8|page=180}}</ref>, perfazendo cerca 164 navios (valor provavelmente aumentado progressivamente até à chegada a Portugal). A frota, dirigida por [[Arnold III de Aerschot]], [[Christian de Ghistelles]], [[Henry Glanville]] ([[condestável]] de [[Suffolk]]), [[Simon de Dover]], [[Andrew de Londres]], e [[Saher de Archelle]], chegou ao [[Porto]] a [[16 de junho]].
 
{{Citação2|cinzabq=s|
''Ora como tivéssemos chegado ao Porto, o bispo com seus clérigos veio ao nosso encontro. O rei achava-se então ausente com o seu exército, lutando contra os mouros. Feitas a todos as saudações conforme o costume da sua gente, disse-nos o bispo que já sabia que nós havíamos de chegar, e na véspera recebera do rei uma carta, em que se dizia isto:''
 
''«Afonso, rei de Portugal, a Pedro, bispo do Porto, saúde. Se porventura arribarem aí os navios dos Francos, recebei-os diligentemente com toda a benignidade e doçura e, conforme o pacto que com eles fizerdes de ficarem comigo, vós e quantos o quiserem fazer, como garantia da combinação feita, vinde em sua companhia a ter comigo, junto de Lisboa. Adeus !»''
 
'''''Carta do cruzado inglês [[Osberno]] (séc. XII)'''''}}
[[File:Siege of Lisbon by Roque Gameiro.jpg|thumb|300px|right|Representação do Cerco de Lisboa.]]
Afonso terminara a conquista de [[Santarém (Portugal)|Santarém]] (1147), e , inteirando-se da disponibilidade dos Cruzados, convocou as suas forças para o Sul, sobre Lisboa. Ainda em junho, a frota cruzada e o exército português encontraram-se na cidade. Os violentos combates impuseram o cerco cristão à cidade, cujos muros bem defendidos dificultaram o processo.
 
No início de outubro, o muro foi finalmente aberto, uma brecha pela qual entraram os sitiantes. Os muçulmanos, enfraquecidos pelas escaramuças, pela fome e pelas doenças, capitularam a [[20 de outubro]]. Os cruzados saquearam de imediato a cidade, mas Afonso e os seus homens só entraram no dia seguinte, impondo a sua autoridade cristã, que se revelaria definitiva a partir de então.
 
Alguns dos cruzados continuaram a jornada para a [[Terra Santa]]<ref name="run" /> Contudo, a maioria estabeleceu-se na recém-capturada Lisboa, aumentando o número de cristãos na cidade. [[Gilberto de Hastings]] foi mesmo eleito [[Bispo de Lisboa]], marcando o início de uma [[Aliança Luso-Britânica|relação Inglaterra-Portugal]] que se faria oficial séculos mais tarde, por meio do [[Tratado de Windsor]].
 
===As Cruzadas como veículo da política militar portuguesa===